N/A: Escrita para o projeto Álbum do Bebê, no 6V.
Belezas.
Rose.
Ela escutava seu nome por todos os cantos, mesmo que ninguém estivesse chamando. Vai doer, pensava na mesma instância em que não pensava. Era impossível evitar aquele som dentro de sua própria cabeça. Sentia-se já em dor.
O problema era exatamente aquele: acreditou que seria para sempre, como os sentimentos de James por Dominique o eram, como os perdões de Victoire para com Teddy, como os sorrisos de seu pai para sua mãe.
Acreditou que Albus jamais encontraria em outra pessoa o que ele via nela. Acreditou que seu primo a amaria, para sempre, na mesma proporção que a amara aos treze anos. E Albus se foi.
Encolheu ainda mais as pernas contra o corpo e chorou entre os joelhos. Doía demais, mas algo dentro dela dizia que aquilo não havia de ser nada, que a dor viria mais tarde – exatamente quando a rotina tivesse que acontecer sem Al.
- Rose?
- Me deixe sozinha... – sussurrou. Mais uma batida e Ron chamou por ela.
Me deixe sozinha, pensava. Dizia baixinho para crer que assim seria de fato o melhor. Al... Seus olhos verdes reluziam dentro daquele quarto. Cadê o Albus? Aquele que lhe estendia a mão para subir as colinas em Hogwarts? Aquele que a apoiou na decisão de estudar os costumes dos muggles?
Aquele que lhe dava uma rosa a cada aniversário?
- Rose! – Ron tentou mais uma vez antes de encostar a cabeça na porta e, então, suspirou. Rose sofria e ele sentia. Virou-se contra a porta e deslizou até o chão. – Al veio aqui em casa, mas eu não o deixei falar com você. Sua mãe magicamente não me deixou dar um soco na boca dele. - Do outro lado da porta Rose sentiu um sorriso só com a possibilidade de aquilo ser verdade. – Mas se você me disser que quer, eu vou lá e dou um trato neste rapaz.
Ouviu a filha rir – ou assim pensou. Um riso falho, inconstante, rápido, mas tinha certeza de que ouvira. E teve mais certeza ainda ao ver a filha rindo quando ele caiu assim que a porta foi aberta.
- Você está bem, pai? – Rose segurou o outro riso para ajudar o pai a se levantar.
- Só quando você me garantir que está. Agora ajude seu velho a ficar de pé porque se Hermione me ver com dor nas costas novamente[Z1] , vai querer me internar, de novo.
Rose o ajudou e ambos sentaram-se na cama. Ron encarou por alguns segundos os olhos azuis da filha até estender a mão e fazer um carinho no rosto dela.
- Se eu pudesse, juro! Jamais te deixaria sofrer.
- Eu não quero falar sobre isso, Pai.
- Eu também não. Tem tanta coisa mais importante para ser dito, querida, tanta coisa mais importante para ocupar sua mente e coração.
- Com a mente eu concordo, mas com o coração...
- Querida – Ron a puxou para perto de si e, desta maneira, pôde abraçá-la. – Al é um bom rapaz e meu sobrinho, todos nós gostamos dele, mas ele jamais será bom o suficiente para ser a escolha definitiva de minha filha. Você é jovem, cheia de planos, e, para minha desgraça, muito bonita. – Parou um instante para ver as bochechas salpicadas de sardas avermelharem-se levemente. – Você é cheia de belezas, Rose.
Houve um silêncio e algo em Ron se arrependeu daquelas palavras. Os olhos de Rose marejaram-se e ela tentou escondê-los baixando a cabeça. Ficou quieta tempo o suficiente para que o pai compreendesse que ela precisava falar. Precisava chorar.
- Como ele foi se apaixonar por outra, pai? Por que ela e não a mim?
- Porque eu sempre achei que olhos verdes possuem defeitos! Veja o seu tio: em que realidade alguém se casaria com Ginny e aquela geniosidade toda? – Rose riu, mais pelas bobagens que seu pai agora dizia do que pela graça.
Mas tudo bem, pensava, ele quer te ver sorrir mesmo e vai tentar de todas maneiras.
- Eu sei que não vai ser agora e nem daqui um mês, mas você verá que assim foi o melhor e, de quebra, vai encontrar alguém que nunca enxergará em outra pessoa as belezas que você possui. Você é jovem, querida, tão jovem que um amor não pode ser o suficiente para fazê-la desistir.
Pai. Ron era pai de Rose. E ela só o sentia assim agora, enquanto ele a abraçava e permitia que sua filha chorasse um pouco em sua camisa.
- Você sabe que, ao se realizar um sonho, é preciso encontrar outro, mas, quando a gente desiste de um, é preciso muita coragem para ter um outro sonho.
- Pai, isso não faz o menor sentido aqui.
- Faz sim, querida, sempre faz...
Agradecimentos, mais uma vez, à Pam Weasley (pelo lindo projeto *-*) e à Zara Watson pela betagem ^.^. Morganada, sempre.
