Gon, Killua, Kurapika e Leorio estavam hospedados em um hotel em uma pequena cidade. Leorio encontrava-se trabalhando, Gon e Killua permaneciam assistindo à televisão e Kurapika estava se ajeitando para sair. Ele, então, perguntou se algum deles gostaria de acompanha-lo. Gon e Killua disseram que iriam, pois não havia nada para fazer.

-E você, Leorio? - perguntou o menino loiro olhando para seu amigo
-Não. Eu estou muito ocupado. Fica para a próxima. Podem ir vocês. - respondeu ele

Kurapika ficou meio triste, mas conseguiu disfarçar. Então eles partiram. Gon perguntou aonde iriam e Kurapika respondeu que não sabia, que só iriam dar um passeio e visitar algumas lojas. Eles caminharam por uma rua e passaram em frente a uma lanchonete. Na lanchonete havia uma garota sentada ao balcão vestindo uma capa comprida e preta, bastante estranha para aquele calor, e bebendo suco de canudo. Ela ergueu a cabeça e olhou para os lados como se procurasse alguma pessoa, avistando os garotos. Em seguida voltou a olhar para frente e continuou bebendo seu suco.

-Grrrr... - o estômago de Gon havia roncado.

-Hã? O que foi isso, Gon? – indagou o jovem de cabelos prateados a seu amigo

-Foi meu estômago - respondeu Gon sorrindo e colocando a mão na barriga - Eu estou com fome.

-Aff. Eu te avisei para comer antes de sairmos! – exclamou apontando para Gon

-Não é minha culpa. – retrucou o moreno – Eu não comi porque não estava com fome, Killua.

-E daí?! – posteriormente o estômago de Killua também roncou.

-Hum.- e Gon deu uma risadinha – Parece que eu não fui o único. Então não pode falar de mim! – mostrou a língua para Killua

-Ah... – Killua virou para trás e cruzou os braços – Isso é diferente.

-Gente! – interrompeu Kurapika apontando para a lanchonete onde a garota estava – Ali tem uma lanchonete. Vocês querem ir lá?

Então o jovem de olhos azuis foi andando em direção à lanchonete. Gon e Killua se entreolharam, concordaram em ir e correram até Kurapika, que já estava na frente. Entraram na lanchonete, andaram até o balcão. Não estava muito cheia a lanchonete. A garota que estava lá já havia finalizado seu suco, pagou, se levantou e se dirigiu para a saída. Andava séria, com a cabeça baixa e as mãos nos bolsos das calças. Ao sair, se cruzou com Killua, Gon e Kurapika. Gon e Killua a observaram, a seguir se olharam.

-Hum? – disseram os dois desentendidos depois que a menina já havia saído

Logo, eles sentaram ao balcão. O balconista, que estava enxugando um copo, perguntou o que eles iriam querer. Os garotos fizeram o pedido e, após poucos minutos, o balconista entregou. Perguntou se eles gostariam de mais alguma coisa.

-Quem era aquela garota que acabara de sair? – perguntou o ex-assassino

-Vocês devem ser novos por aqui. –disse o balconista - Ela é uma caçadora que acabou de se mudar para capturar uma criminosa extremamente perigosa.

-Mas ela vai capturá-la sozinha, sem ajuda? – inquiriu Gon

-Claro que sim.

-O que?! O Sr está falando sério?! – perguntou impressionado

-Por eu ficou assustado? Não se engane pelas aparências, ela pode parecer inofensiva, mas só parece. Ela é jovem, mas já é uma caçadora profissional. Seu nome é Lee, Lee Yikita. Já ouviram falar?

-Hum? – perguntaram Gon, Killua e Kurapika. Kurapika falou que esse nome não era estranho.

-Ela faz parte de uma das melhores e mais privilegiadas famílias de caçadores que existe. – disse o balconista – Se quiserem mais informações, a casa onde ela está fica no final dessa rua. É só tocar no portão e responder as perguntas.

-O Sr está supondo que a visitemos? – questionou Kurapika – Por que?

-Essa é a única coisa que se sabe sobre ela, em outras palavras, ninguém da cidade sabe mais nada. – falou um homem de terno que estava mexendo em uns papéis - Se estiverem curiosos é só irem na casa dela, mas é muito difícil de entrar.

Enquanto isso, Lee, a garota, estava no mercado comprando mantimentos. Sua cesta já estava quase cheia. Olhou para a lista: "Agora só faltam os ovos" - pensou ela. Então andou até o lugar onde eles estavam. Pegou uma dúzia mais dois, colocou a dúzia na cesta e jogou os dois no chão, que se quebraram e formaram uma poça.

-Roubaram minha bolsa!! – gritou uma mulher – Minha bolsa!! Socorro!!

Logo, apareceu o sujeito correndo com a bolsa da Sra no corredor em que estava Lee, que permanecia tranqüila. O homem não havia visto os ovos quebrados no chão, por isso escorregou neles e perdeu o equilíbrio, caindo com a cabeça dentro da lata de lixo. Lee olhou para o homem, agitou a cabeça para os lados e pegou a bolsa. "Esse truque é tão velho. E as pessoas ainda caem. Hum? Essa bolsa não está com um peso normal. O que será que tem aqui?" – pensou ela. A dona gritava pela bolsa e corria para alcançá-la, mas como também não havia percebido a pequena poça, escorregou, mas a jovem a segurou.

-Minha bolsa! – e pegou ligeiramente a bolsa das mãos da menina – Obrigada. A Srta é uma pessoa muito gentil.

Então se virou e preparou-se para sair, porém um colar caiu de sua bolsa. A mocinha se abaixou, pegou-o, observou-o e o examinou com um olhar desconfiado. Levantou-se e chamou a Sra para devolvê-lo. Ela olhou assustada, o pegou com cuidado e o pôs na bolsa. "Aquele é o colar que foi roubado. Ela é a criminosa, mas não posso pegá-la nem aqui, nem agora. O que eu faço?" – pensou Lee. A dona ia embora.

-Espere. – disse a garota – Hum. Onde conseguiu o colar? É muito bonito.

-Obrigada – respondeu – Eu o comprei um dia desses. Por que?

-Sei. Eu pensei em obter um para mim. Falando nisso, a Sra faz negócios, não é? – e falou em tom bem baixo – Negócios no mercado negro, estou certa?

Com isso, ela se assustou ainda mais. "Como essa garota descobriu? E agora? Eu não tenho mais como disfarçar."– pensou ela. Então, ela chamou a garota até um corredor que estava vazio e perguntou o que ela queria. Estava começando a suar.

-Fique calma – disse Lee – Eu vou ser direta. Conheço você, sei que é boa no que faz e está sozinha. Tem algum telefone para contato?

-Hum – falou a mulher com olhar de estar interessada, mas meio desconfiada – Por que? Esta querendo fazer alguma encomenda, ou melhor, se juntar a mim? Você pode ganhar muito dinheiro, mais do que possa imaginar. Mas não sei se posso acreditar em você. Eu já te vi em algum lugar.

-Não se incomode. Eu já disse que conheço você. Olha para mim e responde: eu pareço duvidosa? Você acha que sou confiável?

-Se você sabe quem eu sou, se me conhece, toma. – e a entregou um cartão – Aqui estão meu nome, número, e-mail e os horários que entro. Vou entrar hoje daqui a uns 50min.

Dizendo isso, a mulher foi embora. A garota olhou para o cartão. "Se juntar a ela? Em o que será que ela estava pensando? Foi muito fácil. Ela devia estar pensando em algum plano. Talvez já tenha me descoberto. Eu preciso me preparar." – pensou ela. Depois levou os mantimentos para o caixa. Pagou, colocou tudo em um carrinho de mercado e foi embora. Gon, Killua e Kurapika já haviam terminado de comer. Estavam saindo da lanchonete e Killua perguntou aonde eles iriam. Gon deu sua opinião de irem no centro de informática da cidade. Killua concordou com a idéia.

-Podem ir vocês – disse Kurapika apontando para uma loja – Eu vou naquela loja. Nos encontramos em duas horas no parque ao lado da fonte?

-Ta bem! – falaram Gon e Killua e se puseram a correr

Kurapika foi caminhando pela rua até a butique. Andava lentamente e parecia um tanto triste, com olhar infeliz. Não estava prestando atenção em nada. Lee estava bem longe na mesma rua correndo com o carrinho. Ela o empurrou com força e o carrinho foi na frente em grande velocidade. Ela correu para alcançar e, quando alcançou, pulou dentro dele e ficou em pé, como se patinasse com ele. A seguir olhou para o relógio, depois para frente. Estava próximo indo direto a Kurapika. "Eu vou me atrasar. Não posso parar, nem desviar. Mas se não me esquivar, vou atropelar aquele garoto. Hum. Eu já sei." – pensou ela.

-Sai da frente, garota!! – gritou ela – Menina, presta atenção!!

Kurapika imediatamente olhou para o lado e se assustou. O carrinho já estava muito perto, não havia mais tempo de fazer nada. Ele pensou rápido, pulou e caiu dentro do carrinho. Quase que desequilibrou e caiu. Ela olhou para trás, o viu no carrinho e continuou.

-O que você estava fazendo?! – perguntou ela – Você não olha por onde anda?!

-Hei! – exclamou Kurapika - Não sou eu que estou em um carrinho descontrolado em alta velocidade!

-Tem certeza?! E, além disso, eu estou controlando!

-Ok! Então não ERA eu que estava! E você controla muito mal! Quase me atropelou! E quando você chamou minha atenção, você me chamou de garota?!

-Pelo menos, controlo melhor que você! E eu chamei sim! Você não gostou?!

-O que você acha?! Para sua informação eu sou HOMEM!

-Eu não sou burra, eu sei disso! Foi só para tirar você do "mundo da Lua"! Em que estava pensando?! Queria morrer?!

-Sei! – disse, ironicamente, o garoto de olhos azuis – Não é da sua conta! Pára o carrinho! Eu quero descer! Pára agora!

-Não! Você não manda em mim! Aliás, eu não posso e não vou, porque vou me atrasar! Se quiser sair, pode pular! Eu não vou te impedir, não me importo com o que vai acontecer com você! Mas eu não vou parar não importa o que aconteça, entendeu?!

-Cuidado! – disse desviando, depois voltando ao caminho – Você é maluca ou alguma coisa do tipo?! E como pode estar tão tranqüila nessa situação?! Pode machucar alguém, sabia?! Você quase me atropelou!

-Você não sabe nem a metade do que eu posso fazer! Eu sei, mas sou diferente de você, porque eu sei como controlar as situações! Eu sei que tenho capacidade, por isso sou tão tranqüila! Se eu quase te atropelei, a culpa foi sua! Não te contaram que sou uma caçadora profissional?! Já que você não tem coragem de pular, segura firme!

O carrinho estava se aproximando de um portão de madeira enorme. Kurapika começou a gritar porque eles iam bater. Ela olhou para ele ¬¬. Perguntou se ele era mesmo homem e disse que estava começando a desconfiar que isso seja verdade. Quando estava a 30 cm do portão o carrinho parou de repente e ele foi jogado para frente, em cima dela. Ela o empurrou e disse que preferia homens. Ele se afastou, ajeitou a roupa, falou que não era mulher e claro que era um homem e que ia embora. Na hora em que ele ia sair apareceu uma passagem secreta exatamente debaixo do carrinho, que caiu. Ela o segurou, pois sabia que Kurapika se machucaria. O carrinho corria em uma velocidade ainda maior. Corria para os lados, para cima e para baixo como se fosse uma montanha russa. Kurapika perguntou gritando por que.

-Só estou fazendo isso porque eu não sou má. – disse ela – Mesmo você sendo um grosso e irritante, se eu te deixasse, você iria se machucar.

-Você disse que não se importava comigo! Se não quer que eu me machuque, por que você disse para eu pular?! E eu não sou nem grosso, nem irritante!

-Pára de gritar. Isso foi lá fora. Eu não me importo com você. Se acontecer alguma coisa, o problema vai ser seu. Por mim você pode fazer o que quiser. Mas se você cair por aqui, você morre, entende?

-Ahhhh! - e caíram do teto até o sofá de uma sala, ela o olhou novamente '¬¬ – Hum? Onde nós estamos? – perguntou ele, assustado.