O toque de uma borboleta.

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_Você tem certeza disso? – Perguntou o adolescente de praticamente treze anos de idade, naquela tarde de inverno.

Seus cabelos eram prateados e longos, faziam contraste com seus olhos cor de âmbar, mas, acima de tudo, o que mais chamava atenção em si, eram suas orelhinhas brancas e caninas, localizadas no topo de sua cabeça.

_Lembre-se, depois não haverá mais como voltar atrás.

Incapaz de responder, a garotinha sentada no balanço ao lado apenas fez que sim com a cabeça. Seus cabelos eram lisos e negros, e mal alcançavam à altura de seus ombros, mas Inuyasha já havia percebido que no sol eles assumiam certo tom azulado, e que suas pontas começavam a ficar onduladas, seus olhos, eram grandes e brilhantes, cor de chocolate.

_E este será sempre o seu primeiro.

_Eu sei. – murmurou.

_E você nunca mais esquecerá. – continuou a falar – Estará para sempre marcado a fogo em sua memória.

As bochechas da menina, antes tão alvas, agora se tingiam com um tom cada vez mais intenso de vermelho.

_Não importa qual seja a sensação, que você sentir, seja boa ou ruim, você se lembrará disso para sempre. – avisou o adolescente – E se você não gostar, não vai consegui fingir que nada aconteceu.

_Eu sei. – murmurou novamente.

Ele estava tentando faze-la desistir?

_Se você quiser. – argumentou o adolescente – Eu posso esquecer o que você me pediu, e então poderemos ir tomar um sorvete.

_Você não quer? – ela teve coragem de pergunta-lhe, olhando-o com um sorriso triste – Eu entendo.

_Não é isso. – respondeu de imediato. – Só não quero que se arrependas depois.

_Eu prefiro me arrepender por ter feito, do que por nunca ter feito, Inuyasha. – respondeu desviando o olhar, para que ele não visse que ela havia ficado ainda mais vermelha.

Inuyasha sorriu, a garota era determinada, e sua língua afiada, certamente, se não fosse pelo tamanho e por seu rostinho infantil, ela nunca o convenceria de que ela tinha apenas dez anos de idade.

_Então... Você tem certeza mesmo? – voltou a perguntar, e teve vontade de rir quando ela olhou-o zangada – Foi só para confirmar.

_Mas você já esta "confirmando" há duas horas! – reclamou.

_Não exagere.

_Não estou exagerando! – exclamou apontando para o horizonte – Já está até escurecendo. E está esfriando, mais ainda!

_É verdade. – murmurou.

O silencio pairou ali, até que, minutos depois, foi quebrado pela garota.

_E então? – ela perguntou.

_Feche os olhos. – ele lhe disse.

A menina obedeceu. Respirando fundo o adolescente inclinou-se em sua direção, tocou os doces e meigos lábios rosados com os seus, foi apenas um simples toque, demorou coisa de segundo apenas, e não passou de um tocar de lábios, mais ainda assim fez com que ele sentisse algo estranho em sua barriga... Algo como... Borboletas... Isso. Era exatamente isso o que ele sentia: borboletas.

Na verdade, o toque dos lábios de Kagome era tão singelo e puro, quanto o toque de uma borboleta, talvez a menina, tivesse borboletas em seus lábios.

Depois os dois se separaram.

Envergonhado o adolescente virou o rosto, para que a garotinha não o visse vermelho.

_Satisfeita? – indagou.

Encantada, e ainda de olhos fechados, a garotinha levou a mão até os lábios, havia acabado de dar seu primeiro beijo.

_Muito. – respondeu após algum tempo.

_E... – começou hesitante – O que você sentiu?

Kagome abriu os olhos, eles pareciam rir de felicidade, e com toda a inocência e pureza que apenas uma criança poderia ter, a menina respondeu:

_Borboletas.

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Fim.

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E ai, chegou até aqui, porque não comentar?