Título: Reféns de um segredo
Autor: Magalud
Presenteada: Mia Teixeira
Categoria: Het
Gênero: Drama, romance, angst, h/c, AR
Classificação: R
Personagens ou Casais: SS/OFC
Resumo: Depois da derrota de Voldemort, Hogwarts reabre.
Spoilers /Timeline: História é do pós-guerra, mas foi escrita no universo HBP.
Disclaimer: O mundo de Harry Potter, seus personagens e paisagens são de propriedade de J.K. Rowling, Warner Bros., suas editoras e afiliadas. Nenhum lucro foi auferido pela criação dessa história, nem qualquer tipo de má-fé intencionada de qualquer maneira contra a autora ou os atores e atrizes que tão maravilhosamente deram vida a esses intrigantes personagens.
Data: 31/10/2006
Tamanho: 22.650 palavras
Alertas: Alguns palavrões
Agradecimentos: Ivi, minha beta à toda prova. Cris olhou primeiro.
Desafio aceito: "Uma fic bem bonita com Severus e comigo como personagem original. Ele é 2 anos mais velho que eu, então se ele estiver na época dos marotos, eu também estaria nessa fase; se ele estiver no presente, ele e eu estaremos maravilhosos um para o outro e se ele estiver bem velhinho... bem, aí não vai dar pra acontecer muita coisa, não é? A não ser que sejamos dois velhinhos bem assanhados... e espertos... e muito apaixonados! Pense de um jeito: você me conhece? Não! Então eu vou ser do jeito que você quiser! Use sua imaginação."
Nota: Fic escrita para o Amigo Oculto de Halloween das Snapetes.
Nota 1: Para facilitar as coisas, aqui Mia e Severus têm a mesma idade.
Nota 2: Todos os títulos são de músicas do Jethro Tull
Reféns de um segredo
Capítulo 1 – Sem ensaio
Era grande a emoção de estar de volta a Hogwarts tantos anos mais tarde. Agora, ela estaria no staff da escola. Ela procurou não pensar muito nisso. Simplesmente pôs-se à frente da porta, inspirou e falou:
– Jujubinhas!
A grande figura de pedra saltou para o lado, deixando a convidada passar até chegar ao gabinete da Diretora. Ela bateu e ouviu:
– Pode entrar!
O coração ia sair pela boca.
Ela entrou no escritório, e a Diretora ergueu-se da mesa e veio recebê-la com um sorriso:
– Que bom que pôde vir, Madame. Por favor, sente-se. Gostaria de um chá?
– Obrigada, Profª McGonagall.
– Chame-me de Minerva, Madame Stoklos. Ou posso chamá-la de Mia?
– Mia está ótimo. Mas eu voltei a usar meu nome de solteira: Byington. Meu marido morreu há tantos anos, e deixei a Grécia para trás, então não vi muito sentido em usar meu nome de casada.
– Boa opção. – Minerva pôs-se a servir o chá. – Então, está disposta a aceitar o emprego?
– Sim, claro. Estou apenas triste que tenha que ser nessas circunstâncias.
– Claro, eu entendo. Mas Hogwarts vai reabrir pela primeira vez desde a morte do Prof. Dumbledore. Além dos dois anos que passou fechada, a escola perdeu alguns de seus professores na guerra. Portanto, há várias pessoas que, como você, não faziam parte do quadro de staff antes.
– Seremos muitos marinheiros de primeira viagem, então.
– Ah, mas você vai rever pessoas de seu tempo de escola. Lembra-se de Remus Lupin? Foi ele quem indicou seu nome. Vocês eram amigos, não?
– Sim, isso mesmo. – Mia sentiu o coração derreter. – Eu gostava muito de Remus, mas perdemos o contato com o passar dos anos. A coruja dele foi uma surpresa para mim. Ele me disse que é professor aqui.
– Sim, de Defesa contra as Artes das Trevas. Já pela segunda vez. A mulher dele também vai começar a lecionar aqui, na cadeira de Transfiguração. Pode chamá-la de Tonks.
– Tonks? Esse é o nome dela?
– Na verdade não. É seu sobrenome de solteira, mas ela prefere ser chamada assim. Não gosta da idéia de ser chamada de Madame Lupin, e Nymphadora está fora de cogitação. Ela é bem voluntariosa, às vezes. Tonks é filha de Andrômeda Black, e prima de Sirius Black. Ele foi seu amigo, não?
– Isso mesmo! Nossa, como estou por fora das notícias. Depois de todos esses anos vivendo fora, eu soube de muito pouca coisa. Soube que Sirius morreu há alguns anos.
– Sim, é verdade. Vocês não chegaram a ter um namorico na adolescência?
Mia riu, enrubescida:
– Sirius bem que tentou. Mas meu coração pertencia a outro na ocasião. – Ela disfarçou o nervosismo cuidadosamente, com um sorriso ensaiado durante anos a fio. – Coisas de adolescente.
– Sim, claro. Mas você terá outro contemporâneo de Hogwarts no quadro de professores: Severus Snape.
Antes enrubescida, em questão de segundos Mia tinha perdido toda a cor de seu rosto. A postura ensaiada de anos ruiu na hora. Discretamente, ela pousou a xícara, para que Minerva não percebesse o quanto suas mãos tremiam.
– Sev-Severus? Mas eu... pensei... Achei que ele estaria...
– Então você não soube sobre o perdão?
– Perdão? Ele foi perdoado?
– Severus atuou secretamente como espião e ajudou Harry Potter a derrotar Você-Sabe-Quem. Até o retrato de Albus testemunhou a seu favor. Ele cumpriu dois meses em Azkaban, mas foi perdoado e liberado para prática de Poções. Nosso Mestre de Poções está de volta.
Mia tentou esconder o impacto que a notícia lhe causou. Ela teria que trabalhar ao lado de Severus, conviver com ele, vê-lo todos os dias.
Depois de tudo que acontecera. Depois de 25 anos.
E mais do que tudo isso, Severus estava atuando do lado do bem o tempo todo. Ele tinha sido um espião.
"Oh, por favor, Mia, controle-se", ralhou consigo mesma. "Você tem mais de 40 anos, ele também. É óbvio que os dois já superaram as picuinhas do passado."
Aparentemente sem perceber as emoções de Mia, Minerva continuou dizendo, tentando tranqüilizá-la:
– Quero lhe assegurar que Severus é completamente inocente das acusações. Sei que há pessoas que não gostam de vê-lo aqui em Hogwarts, mas se eu não o considerasse o melhor para a escola, não o teria contratado. Além do mais, ele já lecionava aqui, como deve saber. Gostaria que ficasse tranqüila quanto a isso.
– Faz uns 25 anos que não vejo Severus, diretora – disse Mia, com sinceridade. – Não posso fazer qualquer julgamento sobre ele. Sei apenas o que os jornais publicaram, mas sei também que nem tudo que os jornais publicam é verdade.
– De qualquer forma, ainda assim, se você sentir qualquer desconforto por trabalhar ao lado dele, sendo ex-Comensal da Morte e ex-espião, gostaria que me informasse com sinceridade. E me chame de Minerva.
– Não prevejo nenhum problema por este motivo, dire... quero dizer, Minerva. Mas ainda não entendo por que me chamou.
– Ora, você é muito boa no que faz. Tem uma sólida formação acadêmica, experiência tanto aqui quanto no exterior...
– Agradeço os seus elogios, mas eu sou psiquiatra. Sim, também sou médica, mas minhas especialidades são a psiquiatria e psicologia. Ainda assim quer que eu seja a enfermeira da escola? Faz alguns anos que não atendo a parte médica comum.
Foi a vez de Minerva pousar a sua xícara de chá e encarar a moça:
– Um psiquiatra é exatamente o profissional de saúde de que essa escola precisa, Mia. Vamos ter alunos que ficaram órfãos recentemente, outros que perderam colegas, alguns que foram eles mesmos alvos de bruxos das Trevas... Calculo que você vá ter que enfrentar muitos alunos com insônia, terrores noturnos, estresse pós-traumático. Estamos todos em processo de cura, querida, e precisamos desesperadamente de seus serviços para que Hogwarts possa se sentir segura novamente.
Mia não tinha pensado por esse ângulo. Minerva pegou sua xícara e deu de ombros:
– Claro, haverá ainda o atendimento normal para as crianças: gripes, ossos quebrados, reações alérgicas, acidentes com poções...
– São muitas responsabilidades. Mas pelo menos não tenho que dar aulas.
– Na verdade, a enfermeira da escola deverá dar um curso extracurricular de uma semana para os alunos do terceiro ano. Educação Sexual e Reprodução Mágica.
A moça sorriu. Falar de "pássaros e abelhas" a adolescentes de 13 anos não devia ser muito diferente do que foi com seu próprio filho, Heitor, alguns anos antes.
A entrevista de emprego terminou com o compromisso de Mia voltar no dia seguinte para a primeira reunião de professores. Afinal, as aulas estavam para começar, e ela tinha que se familiarizar com muita coisa antes de enfrentar os alunos.
Naquela noite, Mia dormiu na estalagem de Hogsmeade, onde deixara os pertences encolhidos que trouxera da Grécia. Ela demorou a pegar no sono, claro. As novidades eram muitas, e ela percebeu que tinha ficado mais abalada do que inicialmente percebera.
Havia tanta coisa do passado a recordar...
