4:30 a.m.

Olhos azuis-escuro fixos no horizonte. Nada. Ninguém. Só o que lhe fazia companhia era um ressonar pesado logo atrás de si. Deu seu típico sorriso de lado, aquele que instigava a própria luxúria a sentir-se tentada, ao constatar que só o que ouviria pelo resto de sua vida seria aquele ressonar. Porque esperar por resgate? Porque olhar pro horizonte? Todos morreram. Tudo era incolor, insípido. Não restara ninguém. Só ele. SÓ ele.

- Saia da janela. Nem a lua tem direito de mirar esse corpo...

- Delicioso – completou pelo moreno. Ele sempre ressaltava o quanto ela era... Deliciosa.

Ele a encarava apoiado serenamente em um dos braços. Estava nu em sua cama, olhando-a mais uma vez com cobiça. Não cansa nunca, pensou a ruiva. Saiu de perto da janela, fechando as leves cortinas. Não sentia mais frio. Para ser sincera, não sentia mais, somente. Não desde que se entregara por vontade própria ao monstro que a torturava todo dia. Ginevra tornara-se a masoquista mais sádica que já pisara na face da terra. Face. Ele agora acariciava sua face. Um tapa. Um gemido. A cama. Nus. Sexo no sexo. Suor.

Gina procurou o relógio. 4:30 a.m.

- Sempre pontual – murmurou, meio gemendo meio falando.

Tom riu e, sem dó, pegou a navalha e abriu mais um corte em Gina, ao mesmo tempo em que a penetrava. Um grito em êxtase. Seu pequeno pássaro engaiolado não poderia estar mais em chamas do que naquela hora. E era SEMPRE aquela hora.