- Katekyo Hitman Reborn® e seus personagens pertencem à Amano Akira.
- Essa é uma fanfic yaoi-lemon, ou seja, contém relacionamento homossexual entre os personagens. Se você não gosta ou sente-se ofendido com esse tipo de conteúdo sugiro que vá ler shoujo.

Gokudera: "Quando percebi que havia algo a mais no idiota viciado em baseball? Hm, provavelmente tudo começou naquele dia de inverno..."

Yamamoto: "Maa~ quando percebi que estava apaixonado pelo Gokudera? Hm, provavelmente tudo começou naquele dia de inverno..."

Yamamoto x Gokudera (8059)


Capítulo 01 - Winter parte I

Gokudera desceu os dois lances de escadas que levavam ao térreo enquanto praguejava aos quatro cantos. Alguns alunos que passaram por ele franziram o cenho ao se perderem entre os xingamentos em japonês e uma segunda língua. Quando estava irritado, Gokudera muitas vezes acabava misturando o japonês com o italiano sem perceber. Naquele dia em especial ele estava facilmente trocando as palavras.
O garoto de cabelos prateados respirou fundo ao deixar o Colégio Namimori pela saída dos fundos. Sabia que precisava se controlar, já que aquela havia sido uma tarefa ordenada diretamente pelo Juudaime.

Ao deixarem a biblioteca, cerca de meia-hora atrás, o celular de Tsuna havia tocado, e o jovem precisava voltar as pressas para casa. Lambo havia destruído a porta de entrada e pelo visto era tarefa de Tsuna colocá-la no lugar.

- Eu posso ajudá-lo, Juudaime! - Gokudera parou na frente de Tsuna e abriu um largo sorriso. Com quem mais ele poderia contar nessas horas além de seu braço direito? Sem mencionar que para Gokudera ajudar Tsuna era uma honra.

- Acho que consigo me virar. - Tsuna coçou a cabeça ainda chocado pelo telefonema. Se as coisas continuassem daquele jeito logo ele não teria uma casa para retornar - Mas eu gostaria de pedir um favor, Gokudera-kun.

As palavras de Tsuna atingiram a mente de Gokudera como um raio.
O Juudaime tinha uma ordem para ele. Justo ele que havia se prontificado a ir ajudar no conserto da porta por não achar que aquele trabalho era digno do Juudaime da família Vongola. Entretanto, havia outra missão para Gokudera. Algo que somente ele poderia realizar. Na mente iludida do Guardião da Tempestade, uma porção de missões impossíveis começaram a brotar.

- O que você quiser, Juudaime! - Os olhos verdes de Gokudera brilhavam.

- Eu preciso ir para casa, mas ao mesmo tempo também preciso entregar as anotações que peguei emprestado com o Yamamoto ou ele não terá como estudar. - Tsuna retirou um caderno da mochila onde uma enorme bola de baseball decorava a capa - Você poderia entregar para ele, Gokudera-kun?

Guarda-costas. Escudo humano. Saltar de um trem em movimento. Ajudar um gatinho em cima da árvore... As missões na mente de Gokudera desapareciam como névoa em um dia de Sol.

- O idiota viciado em baseball? - Gokudera olhava cético para Tsuna.

- Desculpe, Gokudera-kun - Tsuna sorriu sem graça - Eu sei que é pedir demais, se você não pode eu--

- CLARO QUE EU POSSO! - Gokudera pegou o caderno da mão de Tsuna assim que o garoto fez menção de voltar a guardá-lo na mochila - Vou entregar agora mesmo - abraçou o caderno e colocou o melhor sorriso no rosto. Qualquer coisa pelo Juudaime.

Tsuna agradeceu três vezes antes de começar a correr pelo corredor, parando segundos depois quando um não muito humorado Hibari vinha do outro lado. Gokudera permaneceu no mesmo lugar esperando Tsuna desaparecer de vista, pronto para defendê-lo se Hibari decidisse que "morderia o Juudaime até a morte". Quando as costas de Tsuna dobraram o corredor, Gokudera soltou um longo suspiro, segurando a vontade de jogar o caderno pela janela.
Com passos largos, pesados e a boca cheia de palavras não muito polidas, o garoto de cabelos prateados seguiu pelo caminho inverso, decidido a realizar aquela tarefa o quanto antes para seguir direto para a casa do Juudaime.

Os jogadores de baseball treinavam praticamente todos os dias, e Gokudera sabia que se tinha um lugar onde Yamamoto poderia estar, esse lugar era atrás do Colégio Namimori.
Gokudera avistou os garotos logo que seus olhos pousaram no campo. Não havia barulho de tacos tocando bolas, nem de garotos correndo e se sujando de terra. Pela forma como estavam cortando o campo, o treino estava no fim e ele precisaria correr se quisesse entregar logo o caderno.
"Idiota! Fazendo com que eu corra por nada."

O inverno havia começado há algumas semanas, mas a neve que caiu não foi suficiente para cobrir a paisagem. Entretanto, o vento estava gelado e enquanto corria, Gokudera sentia que suas bochechas estavam ficando vermelhas assim como a ponta de seu nariz.
"Não acredito que estou passando frio por causa daquele idiota, Yamamoto, onde você está?!"

Os olhos verdes de Gokudera pousaram no vestiário ao lado do campo, e sem nem ao menos pensar, o jovem de cabelos prateados continuou seu caminho, respirando fundo ao parar próximo a porta que estava encostada. As vozes que vinham do local denunciaram que era ali o ponto final de sua busca, e sem fazer barulho, Gokudera entrou procurando qualquer alma que fosse para entregar o caderno.

- Ahh~ Yamamoto, não seja estraga-prazeres, você é o único que não quer ir.

- Eu já disse que não tenho interesse.

- Não precisa ter, mas nós precisamos de você.

Gokudera parou ao ouvir a conversar, encostando o corpo em um dos armários. Ele não fazia idéia de que diabos de conversa era aquela, mas estranhamente toda a pressa que ele tinha em devolver o caderno era inferior a vontade de ouvir o restante da conversa.

- Vocês não precisam de mim - a voz de Yamamoto estava risonha.

- Não seja modesto, Yamamoto, todos sabem que você é um imã natural para garotas.

- Nunca ouvi sobre isso.

A risada sem graça de Yamamoto fez com que Gokudera juntasse as duas sobrancelhas.
Sua mente tentava processar o que seus ouvidos haviam acabado de escutar: Yamamoto + garotas. Isso era algo que ele nunca havia pensado.
Uma vontade incrível de rir fez com que Gokudera levasse a mão até a boca, abaixando-se para abafar o riso. A simples menção de Yamamoto saindo com uma garota fez com que todo seu corpo quisesse rir. Era simplesmente ridículo.
"Como se alguma garota fosse sair com um idiota desses!"

- Gokudera?!

Gokudera arregalou os olhos assim que ouviu seu nome ser pronunciado por uma voz que ele conhecia. De repente, toda a vontade de rir havia desaparecido, e quando seus olhos encararam Yamamoto parado ao lado do armário com o uniforme de inverno de baseball, era como se a piada não fosse tão engraçada por um motivo que ele desconhecia.

- Aqui - Gokudera colocou uma mão no bolso, e com a outra empurrou o caderno na direção do peito de Yamamoto, andando em direção a saída - Juudaime pediu para entregar, até!

- Gokudera! - Yamamoto segurou o caderno, mas caminhou às pressas em direção ao Guardião da Tempestade. - Você já está indo embora? Em cinco minutos eu estou trocado e podemos ir juntos, está frio e--

- Eu passo! - Gokudera abriu a porta e tirou um cigarro do bolso - Estou muito ocupado, tenho que ajudar o Juudaime com a porta nova.

- O que houve com a antiga?

- Nada do seu interesse, idiota! - Gokudera lançou um olhar rápido para Yamamoto. Seu humor havia piorado, e simplesmente saber que Yamamoto estava atrás dele o fazia sentir ainda pior.

O garoto de cabelos prateados deixou o vestiário e acendeu o cigarro. Uma longa tragada fez com que o frio desaparecesse momentaneamente. Enquanto se afastava com passos largos, Gokudera questionava o motivo de tamanha surpresa. Yamamoto era um saudável rapaz da mesma idade que ele, era natural que tivesse interesse em garotas, não? Então por que a simples menção desse pensamento fazia com que Gokudera tivesse vontade de explodi-lo com dinamite?
"Contanto que ele não negligencie seu trabalho ao lado do Juudaime pouco me importa o que ele faça com a vida dele."

Ao chegar ao portão da escola, Gokudera deu uma última tragada no cigarro antes de jogá-lo fora, seguindo em direção a sua casa, aborrecido demais para encarar Tsuna e os pirralhos.

Os dias que seguiram o incidente no vestiário foram significativos para Gokudera. Ele nunca havia se tornado tão consciente em relação a Yamamoto.
Ele não sabia, por exemplo, que mesmo o idiota não sabendo absolutamente nada de Matemática, que algumas garotas o procuravam para receber explicação, mesmo Yamamoto respondendo todas as vezes que "Não sei nada hahaha".
E não era apenas com Matemática, mas Yamamoto era bastante popular até mesmo com garotas de outras turmas. Ele também não sabia que algumas garotas traziam lanches a mais simplesmente para oferecerem ao idiota viciado em baseball quando a oportunidade surgisse. Era como se de repente as garotas decidissem mostrar interesse por Yamamoto.

Naquele dia em especial, a neve havia caído um pouco mais forte, e os alunos tirariam suas melhores roupas de inverno do armário. Gokudera havia saído mais cedo de casa para evitar os caminhos escorregadios, mas não acreditava que estivesse tão adiantado em relação ao horário. Trocou os sapatos e seguiu em direção a sala, torcendo para que Tsuna também tivesse tido a idéia de sair mais cedo de casa, mesmo sabendo que para o Juudaime isso seria impossível. Ao se aproximar da classe, Gokudera parou com a mão na porta. Vozes.

A principio tudo o que ele conseguiu ouvir foram sussurros, mas logo as vozes tornaram-se claras.
Gokudera encostou-se na parede e virou o rosto para ouvir. Uma parte dele achava aquilo ridículo e dizia para subir até a cobertura, acender um cigarro e enrolar até o Juudaime chegar. Porém, a parte dele que queria ficar e escutar, era a mesma que havia se aborrecido dias atrás no vestiário. Essa parte ele não entendia, mas nem por isso moveu um centímetro de onde estava.

- Eu sei que não devo ter sido a primeira a dizer, mas eu realmente gostaria que você reconsiderasse - a voz era feminina e parecia um pouco agressiva.

- Eu agradeço as palavras, mas eu realmente não posso corresponder os seus sentimentos, Ami-chan. - Yamamoto tinha a voz estranhamente séria.

Silêncio.
Gokudera encarava o tênis que usava, tentando guardar na memória que deveria amarrar mais firme o cadarço do pé esquerdo.

- Você está namorando outra pessoa, não é? - A garota agora tinha a voz chorosa.

Silêncio novamente.
Gokudera esqueceu o tênis desamarrado.

- Não - Yamamoto respondeu após um tempo de hesitação - Eu não estou namorando.

- Então por que não pode sair comigo? Eu tenho te observado faz tempo, eu sei toda a sua agenda eu--

- Ami! - a voz de Yamamoto estava mais alta, e fez com que Gokudera se surpreendesse. Ele nunca havia ouvido aquele tom de voz. Na realidade, ele nem sabia que Yamamoto era capaz de ficar realmente sério - Eu... sinto muito, mas não posso sair com você. Eu não menti quando disse que não estava namorando, mas isso não quer dizer que eu não esteja interessado em alguém. Existe... uma pessoa. Alguém muito importante para mim, e mesmo que eu não esteja saindo com essa pessoa, mesmo que isso que eu sinta seja impossível de ser correspondido, eu não conseguiria me envolver com você pensando... naquela pessoa. Sinto muito.

Gokudera não conseguiu ouvir os soluços que a tal Ami-chan soltou ao ouvir a confissão de Yamamoto. O guardião da Tempestade estava ocupado demais se afastando da sala, praticamente correndo pelo corredor em direção a cobertura da escola. A cada passo ele conseguia ouvir seu coração bater cada vez mais forte, enquanto sua mente repassava a última parte da conversa várias vezes.

Então Yamamoto tinha alguém, e por incrível que parecesse ele não era correspondido. Gokudera não sabia o que era aquilo. Ele nunca havia se apaixonado, nunca havia recebido uma declaração daquelas. Para o garoto de cabelos prateados, era como se Yamamoto estivesse em um local onde ele jamais poderia tocar.
Assim que alcançou a cobertura, Gokudera levou a mão até o bolso e só então percebeu que estava tremendo. Praguejando, o garoto culpou o vento frio, e acendeu as pressas o cigarro, aproximando-se da grade. Como ele iria encarar Yamamoto daqui para frente ele não sabia. Se as funções de Guardião da Chuva seriam afetadas ele também não sabia. Gokudera não sabia de nada enquanto encarava o pátio vazio embaixo de seus olhos. Não sabia o que fazer com suas mãos trêmulas enquanto seguravam o cigarro. Não sabia que aqueles tremores não eram causados pelo frio. Não sabia que aquele aborrecimento não era por causa das tarefas que Yamamoto negligenciaria se de repente começasse a sair com garotas. Não sabia que aquele incomodo do lado esquerdo de seu peito era algo que sempre esteve ali, mas que só precisava de um empurrão.
Gokudera.
Goku... dera.
Gokudera!
Gokudera...?
G-o-k-u-d-e-r-a~
Ah, bom dia Tsuna!

- Juudaime, bom dia!

Gokudera virou o rosto automaticamente ao ouvir o nome de Tsuna. Seus olhos encararam um par de olhos castanhos que estavam muito próximos. Seus pés deram um passo para trás, o cigarro caiu de sua boca. Seu tênis estava desamarrado...
Uma mão estava em sua cintura. Braços fortes o seguraram antes que ele caísse, e os olhos castanhos de repente estavam sérios e preocupados.

- Gokudera, você está bem?

Yamamoto tinha a voz séria, e mesmo Gokudera não caindo, sua expressão ainda era de preocupação.

- Me larga, idiota!

Gokudera disse a primeira coisa que lhe veio à mente, e se desvencilhou o quanto antes do braço de Yamamoto. O frio que ele sentiu minutos antes havia desaparecido, e onde o idiota tocara parecia pegar fogo.
Yamamoto encarou Gokudera, e em seguida colocou o habitual sorriso no rosto.
O Guardião da Tempestade tremeu.

- Eu estava te chamando há horas, Gokudera, em que planeta você estava? Hahaha

- Um bem longe de você, idiota - Gokudera procurou o maço de cigarros no bolso de maneira nervosa - O que você quer? E onde está o Juudaime? - seus olhos fizeram uma rápida busca, verificando que ele havia sido enganado.

- Tsuna ainda não chegou, é muito cedo - Yamamoto caminhou em direção a grade da cobertura. - Álias, o que você faz aqui? Achei que fosse o único a chegar essa hora.

"Obviamente não foi o único", Gokudera apertou o punho ao lembrar da garota e da confissão.

- Não tenho que dar satisfações para um idiota como você! - Gokudera desistiu do cigarro. Seu humor estava pior.

Yamamoto riu como resposta assim como fazia sempre.
Se Gokudera não tivesse presenciado a conversa na sala de aula, ele jamais saberia que por trás daquele sorriso, Yamamoto conseguia ser uma pessoa séria e até mesmo madura. Por um momento o garoto de cabelos prateados se perguntou o que mais poderia haver por trás daquele sorriso idiota e aquele bom humor ilimitado. Raiva? Frustração? Mau humor?

- Você está afiado logo cedo, Gokudera!

- Você me irrita, idiota - Gokudera coçou a cabeça. Aquela conversa não estava levando a lugar algum e mesmo respondendo com respostas atravessadas, Gokudera não tinha coragem de olhar Yamamoto nos olhos.

Silêncio.
Somente quando tudo ficou silencioso que Gokudera percebeu que começava a esfriar. A neve caia fina, quase imperceptível, mas ele podia senti-la. Naquela manhã ele podia sentir praticamente tudo.

- É só isso que eu te faço sentir, Gokudera?

Por um instante Gokudera achou que tivesse escutado demais, que o frio havia feito seus ouvidos e sua mente começarem a delirar. O tom de voz de Yamamoto estava diferente, e assim que Gokudera finalmente o encarou, pôde ver a expressão que ele somente havia imaginado.
O sorriso desaparecera do rosto de Yamamoto. As sobrancelhas estavam quase juntas, formando uma ruga que não combinava em nada com seu rosto sempre sorridente. Os olhos castanhos o fitavam com algo que ele não entendia, ou não podia entender. Havia algo que aqueles olhos estavam procurando, e isso fez com que Gokudera sentisse novamente os tremores e o calor.

- Do que você está falando? - Foi a única coisa que o Guardião da Tempestade conseguiu pronunciar.

Yamamoto olhou-o e coçou a cabeça, virando o rosto em direção a grade. Seus lábios se alargaram e ele soltou uma longa risada, mas não parecia natural. Nada ali parecia como antes.

- Não é nada, Gokudera - Yamamoto virou-se e sorriu - Acho que o frio está afetando minha cabeça, melhor eu entrar.

Ao ver Yamamoto virando-se, Gokudera sentiu que tinha duas opções em mãos: ele podia fingir que acreditava naquele sorriso e deixar que aquele comentário passasse despercebido, ou ele podia tirar a verdade - seja lá qual fosse - de Yamamoto. Ele mesmo não sabia o que estava acontecendo, mas sentia que se deixasse o idiota ir embora, deixaria muito mais do que ele podia imaginar.

- Yamamoto!

Yamamoto virou-se ao ouvir seu nome ser chamado, e arregalou os olhos ao ver os punhos de Gokudera segurando sua roupa. O Guardião da Tempestade o encarava sério, sem saber se o motivo pelo qual suas mãos tremiam era pela raiva, curiosidade ou ambas.

- O que você acha que eu sou? Idiota? Que você começa algo e não termina? Pois pode terminar o que ia dizer!

Gokudera precisava erguer um pouco os olhos já que Yamamoto era mais alto. Suas palavras pareciam ter surtido efeito, pois assim que as disse, o sorriso falso desapareceu por completo, e novamente a expressão séria tomou conta do rosto do Guardião da Chuva.

- Você não vai entender, Gokudera.

As palavras de Yamamoto soavam baixas e ele parecia estar se esforçando para dizê-las.
Gokudera continuou em silêncio, suas mãos apertando ainda mais a gola das vestes de Yamamoto.

- Ao contrário de um certo alguém eu não sou um idiota!- o garoto de cabelos prateados ergueu uma sobrancelha, presunçoso.

Yamamoto não respondeu a provocação como Gokudera esperava. Ao invés disso, o Guardião da Chuva levou as mãos frias até as de Gokudera, retirando-as de suas vestes. Gokudera viu suas mãos abaixarem, mas percebeu que Yamamoto ainda as seguravam junto com suas próprias mãos. Rapidamente seus olhos foram das mãos para o rosto de Yamamoto, pronto para soltar meia dúzia de palavrões por causa daquele gesto, mas era tarde demais.

Assim que Gokudera ergueu o rosto e entreabriu os lábios para começar seu discurso, outros lábios calaram suas palavras. Os lábios que tocavam os seus eram quentes, e parecia que todo seu corpo havia se aquecido naquele instante. Ele podia ver os olhos fechados de Yamamoto, e como segundos depois eles se abriram, e os lábios que até então aqueceram todo seu corpo, se afastaram.
Gokudera não fazia idéia da expressão que tinha, mas sabia que seu rosto deveria estar vermelho que um tomate. Entretanto, ele não pensou em si naquele instante. Na realidade, ele não tinha como pensar quando a pessoa a sua frente tinha uma expressão tão triste.
Era a primeira vez que Gokudera via aquele rosto. Os olhos de Yamamoto estavam úmidos e brilhavam. Era como se ele chorasse, mas sem derramar lágrimas. Um choro calado e reservado.

- Eu gosto de você, Gokudera. Eu estou apaixonado por você. Agora você pode ir e ter um motivo real para me odiar.

Aquelas palavras foram ditas com um sorriso. Um triste sorriso que mais soava como uma despedida.
A confissão da garota. A rejeição. A declaração sobre gostar de outra pessoa. O sentimento não correspondido. O beijo.
Gokudera ignorou o tênis desamarrado, o vento frio e praticamente qualquer coisa que estivesse em seu caminho naquele momento, e correu.
Ele passou por Yamamoto com uma velocidade que nem ele sabia que conseguiria alcançar e desceu as escadas tropeçando. Cruzou o pátio e deixou a escola Namimori sem olhar para trás. Tudo o que tinha eram frases desconexas em sua mente, seu peito que parecia ser capaz de explodir e seus lábios que pareciam estar em chamas.

Continua...