Ai suru ni oboeatte
By Palas Lis
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Dai 1kai
Saori estava na cozinha de seu pequeno apartamento em um bairro pobre de Tóquio. Ela mantinha a cabeça apoiada na mão, com o cotovelo na mesa, e seus olhos verdes estavam atentos no papel, cheios com as inúmeras contas que fazia, sobre o móvel. Suspirou desanimada e soltou a caneta que escrevia, endireitando-se na cadeira ao ver que o dinheiro que tinha não daria para chegar até o fim do mês. Estava precisando com urgência de um emprego. Pegou o jornal de alguns dias atrás na fruteira vazia e procurou a parte dos classificados. Dobrou a folha enquanto lia alguns empregos disponíveis.
– Saori!
Ela parou de circular um anúncio no classificado e esticou o corpo para trás, olhando para a porta de entrada do apartamento ao ouvir seu nome ser gritado, seguido pelo som da campainha, alertando a presença de visita.
– Saori, eu esqueci minha chave! Abre para mim, onegai!
– Pra variar você esqueceu as chaves novamente – Saori resmungou, rodando os olhos, e levantou-se da cadeira caminhando para a porta, murmurando ofensas a pessoa que estava a gritando e para a campainha que agora não parava de apitar. Parou frente à porta, rodou a chave na fechadura e abriu, vendo a moça na porta com um sorriso.
– Da próxima vez eu vou te deixar para fora, Shunrey – ela disse, dando as costas para amiga que dividia o apartamento e voltou para a mesma cadeira que estava sentada.
– Que mau humor, Saori-chan! – Shunrey disse antes de fechar a porta e ir para a cozinha. Pegou um copo e abriu a geladeira despejando o líquido gelado de uma garrafa dentro dele. – Como o dia está quente!
Saori fingiu que a amiga não estava ali, voltou para o anúncio que circulava no jornal e resolveu deixar isso para outra hora. Jogou os classificados na fruteira e pegou papel que fazia contas, começando a fazer novos cálculos. Talvez pudesse estar errado e ainda tinha algum dinheiro para o resto do mês.
– O que está fazendo, Saori-chan? – Shunrey perguntou, colocando o copo na pia e aproximando-se da amiga. Olhou o papel que estava com Saori e fez uma careta. – Fazendo contas outra vez?
– Uma de nós tem que se preocupar com isso, não acha? – Saori disse sem olhar para Shunrey.
– Quanta hostilidade – Shunrey disse, puxando uma cadeira para si.
– Ainda mais essa! – Saori ignorou o comentário de Shunrey e levou a mão à cabeça, irritada com a campainha que ainda soava. – A campainha quebrou novamente!
– Viu? – Shunrey disse alegre com um sorriso nos lábios quando a campainha parou de apitar. – Não precisava ficar nervosa.
– Rey – Saori chamou, desviando a atenção de suas contas e olhando a face alegre da amiga.
– Hai?
– Como você consegue ficar calma e alegre sabendo que estamos para ser despejadas?
– Ah! – ela fez um gesto com a mão, como se não se importasse. – Você já se preocupa por nós duas.
– Fez pelo menos o que pedi? – Saori perguntou, voltando os olhos para as contas que deram o mesmo resultado que antes. Suspirou desanimada e olhou para Shunrey. – Deixou meu currículo no balcão de empregos?
– Hai – Shunrey disse, animada. – Disseram que assim que tiverem alguma proposta eles vão ligar.
– Isso se não cortarem o telefone antes – Saori disse, levantando-se e pegando um telegrama que estava preso na geladeira com um imã, colocando frente a Shunrey, que olhou sem entender.
– O que é isso? – ela perguntou pegando o telegrama.
– Eu que devia perguntar, Shunrey – Saori falou, encostando-se na mesa e cruzando os braços, esperando uma resposta da amiga. – Está com sua assinatura.
– Gomen ne, Saori-chan – Shunrey disse, após ler a carta e baixou os olhos com um sorriso sem graça. – Esqueci de te entregar.
– Tudo bem, Rey-chan – Saori virou-se e colocou a mão no ombro da amiga. Shunrey estava realmente sem graça com aquilo e Saori que estava disposta para dar uma bronca na amiga e descontar toda sua frustração de não conseguir um emprego. – Só preste mais atenção da próxima vez, ok? – disse, compadecida.
– Ok, Saori-chan! – Shunrey disse, levantando os olhos, sorrindo pela compreensão da amiga. – Mas era uma ótima oportunidade de emprego, eu sinto muito mesmo.
– Vamos esquecer isso – Saori disse com um sorriso.
– Ah! Adivinha o que aconteceu – Shunrey levantou da cadeira que estava sentada com um largo sorriso, nem lembrando mais que tinha feito Saori perder um emprego em uma grande empresa. Era incrível a capacidade que ela tinha para esquecer as coisas.
– O que, Rey-chan? – Saori hesitou um pouco em falar, só conseguia pensar que mais coisas ruins poderiam estar para acontecer. – Não me diga que são mais problemas e...
– Iie! – Shunrey disse ainda sorrindo. – Como você é pessimista, Saori-chan.
– Estamos quase sendo despejadas, estão para cortar o telefone e a água e eu estou desempregada, sem previsão de quando vou ter dinheiro novamente – Saori sorriu como se não se importasse de tudo de errado que estava acontecendo e andou para a sala da casa. Shunrey foi atrás querendo contar as novidades. – O que você quer que eu pense?
– Isso são detalhes, apenas detalhes – Shunrey disse, vendo Saori jogar-se no sofá e olhar para ela, depois pegar o controle da televisão e a ligar.
– Vou assistir televisão enquanto ainda temos energia elétrica, já ligaram aqui e disseram que essa semana vão cortar.
– Posso contar? – Shunrey disse sem se importar com a reclamação da amiga.
– Desde que não seja mais um problema para eu resolver – Saori disse, olhando para a televisão e passando todos os canais. – Maravilha, nem na televisão tem algo bom para assistir.
– Saori! – Shunrey falou, brava. – Eu estou falando com você!
– E eu estou ouvindo – Saori disse e virou-se para Shunrey, a fazendo sorrir satisfeita ao ver que Saori esperava ela falar.
– Eu conversei com o Shiryu!
– É? – Saori perguntou, voltando os olhos para a televisão, e fingiu achar interessante o que a amiga lhe contou e disse desanimada: – Nossa!
– Saori-chan! – Shunrey esbravejou, cruzando os braços. – Você poderia pelo menos fingir que gostou do que eu contei!
– E eu fingi! – Saori disse, apertando sem parar o botão do controle remoto da televisão mudando de canal. – Não tenho culpa se não te convenci.
– Estou tão feliz! – Shunrey disse, ajuntando as mãos e fechando os olhos. – Ele é tão bonito e simpático.
– Bom para você – Saori disse no mesmo tom desinteressado de antes.
– Você poderia pelo menos ficar feliz por mim – Shunrey disse abrindo os olhos ao ouvir o comentário da amiga.
– A única coisa que me faria ficar feliz seria esse telefone tocar agora e... – Saori calou-se quando o telefone tocou na cozinha e ela olhou incerta para o cômodo, com as sobrancelhas arqueadas. – E alguém estivesse me oferecendo uma proposta de emprego.
– Eu atendo! – Shunrey disse espevitada como sempre e correu para atender ao telefone. – Saori é para você!
– Para mim! – Saori piscou duas vezes e levantou. – Quem é?
– É do balcão de empregos! – Shunrey gritou depois de tampar o fone para a pessoa não ouvir do outro lado da linha.
– Mesmo? – Saori disse abrindo um sorriso e apressou-se até o telefone. – Moshi moshi?
– Kido Saori?
– H-hai... Sou eu – ela respondeu enquanto enrolava o fio do telefone no dedo, num ato de total nervosismo.
– Ohayo, sou Polaris Hilda do balcão de empregos, sua ficha foi selecionada, temos um emprego disponível para você.
– Nani? – Saori quase gritou, surpresa.
– Precisamos que venha aqui o mais rápido possível, Kido-san.
– Certo, certo – Saori disse ainda incrédula. – Já estou indo para aí.
-o-o-o-
Saori desceu do ônibus e rodou os olhos quando Shunrey pulou para fora, com um sorriso imenso e começaram a andar pela calçada do bairro mais rico de Tóquio. Saori insistiu quem ela não precisava vir, mas Shunrey queria acompanhá-la. A jovem olhou novamente no papel que deram no balcão de emprego e leu o nome da rua, olhou na placa na esquina, pelo menos estava na rua certa.
– Que legal! – Shunrey exclamou alegre, adorando a idéia de que Saori já tinha um emprego. – Agora temos um emprego!
– Eu tenho um emprego, Rey – Saori a corrigiu.
– Você é tão chatinha, Saori-chan – Shunrey disse um pouco desanimada.
– E nem sei se vão me contratar, estou apenas em experiência – Saori disse procurando com os olhos à casa que deveria estar a uns quinze minutos, tinha acabado se atrasando por causa de Shunrey.
– Tenho certeza que você consegue! – Shunrey disse otimista.
Saori riu da amiga, ela era sempre tão despreocupada, tudo aos olhos de Shunrey era alegria e felicidade. Saori ainda olhava para a amiga e arqueou uma sobrancelha quando Shunrey deixou o queixo cair e a puxou pela roupa, apontando para frente.
– O que foi, Rey-chan? – Saori perguntou preocupada.
– Olha, Saori-chan!
Saori virou-se e ficou boquiaberta com o que viu. Uma mansão branca e imensa que pegava quase todo o quarteirão, com um jardim encantador na frente, cheio de flores e árvores, com um portão dourado grande. Saori olhou novamente o papel e depois para o número da casa, confirmando o local. Ainda sem palavras as duas caminharam até a campanhia e Saori apertou o botão, insegura.
– Agora você tem que ir, Rey-chan – Saori falou ainda olhando para a casa, estava fascinada com o tamanho do lugar.
– Você ficará bem sozinha, Saori-chan? – Shunrey perguntou levando a mão ao ombro da amiga fazendo Saori olhar para ela.
– Claro Rey-chan! – Saori falou confiante. – Tenho tudo sob controle!
– Tente pelo menos não ficar nervosa – Shunrey preveniu, levantando o dedo indicador. – Você sabe o que acontece quando você fica nervosa.
– Hai, Rey-chan – Saori falou murchando o tom confiante – Por que você tinha que me lembrar?
– Então fique calma, vai dar tudo certo.
– Por que será que eu também não consigo acreditar em suas palavras? – Saori falou desanimada e Shunrey deu de ombros com um sorriso.
– Agora vai, Saori-chan – Shunrey falou. – Um novo emprego a espera.
– Hai! – Saori falou e respirou fundo, preparando-se.
– Amiga! – Shunrey abraçou Saori, como se nunca mais fosse a ver.
– Também não precisa de tudo isso, Shunrey – Saori falou quando a amiga se afastou.
– Ok, ok – Shunrey falou, beijando a face da amiga que olhou para ela e acenou quando deu alguns passos para voltar para casa. – Boa sorte!
Saori sorriu e acenou. Em seguida voltou sua atenção para o portão, esperando alguém vir atendê-la. Sorriu nervosa assim que viu um homem loiro aproximar-se e respirou fundo "Eu tenho que ficar calma, eu preciso desse emprego".
– O que quer? – ele perguntou, parado a alguma distância do portão, olhando a garota.
– Trabalho – ela falou e ficou sem graça quando ele sorriu "Kuso! Por que quando eu fico nervosa eu tenho que ficar atrapalhada?". – Eu vim pela vaga de emprego.
– Já me avisaram que ia chegar uma moça aqui – ele sorriu para ela, podia perceber que a jovem estava nervosa. Pegou um papel no bolso e leu o nome, voltando os olhos para ela. – Você é Kido Saori?
– Hai – ela falou.
– Entre – ele disse após pegar uma chave e abrir o portão, estendendo o braço para ela passar. – Vou te levar até Marin-san.
– Domo arigatou – Saori sorriu para ele e passou pelo portão da mansão, sentindo as pernas bambearem a cada passo que dava.
– Não precisa ficar nervosa – Saori olhou rápido para ele, vendo ele sorrir para ela, tentando acalmá-la. – Eu sou Yukida Alexei Hyoga.
– Arigatou, Yukida-san – Saori percebeu a intenção dele e agradeceu.
Os dois andaram em direção a casa. Ela olhando sempre para os lados, era muito grande aquele lugar, ainda estava abismada com a casa e com a esplêndida construção da mansão.
– Grande aqui, não? – ele falou percebendo os olhos dela brilharem com a beleza do local.
– Hai, muito.
– E só moram duas pessoas aqui – ele disse voltando os olhos para a casa.
– Duas? – Saori perguntou, pelas suas contas poderia morar uma multidão ali e ainda sobraria espaço. – Uma casa desse tamanho e só moram duas pessoas?
– Hai – ele acenou com a cabeça confirmando – Moram dois irmãos.
– Eles devem ser milionários – Saori disse, imaginando o que fazia se tivesse tanto dinheiro também, talvez nunca mais trabalhasse ou conheceria o mundo todo, viajaria para muitos países...
– Está brincando? – ele riu. – Aqui moram os irmãos Ogawara.
– Os irmãos Ogawara? – Saori parou de andar subitamente e Hyoga se virou para ela. – Os donos da Ogawara Company?
– Hai – Saori levou a mão à boca, mais surpresa ainda com a resposta dele – A empresa mais famosa do mundo.
– Eu vim trabalhar na casa da família mais rica do Japão e uma das mais ricas do mundo – Saori murmurou estremecendo. Talvez se soubesse disso antes nem teria se dado o trabalho de ir até a casa, isso não ajudou em nada seu pequeno problema de nervosismo.
– Vamos que Marin-san não gosta de atrasos – ele disse a empurrando levemente para partes dos fundos da mansão, vendo ela enrijecer o corpo não querendo sair do lugar. – O que foi?
– Eu quero ir embora! – ela disse urgente, tentando correr de volta todo o longo jardim para ir embora.
– Qual é o problema? – ele perguntou antes que ela fugisse.
– Iie... Eu...
– Por acaso essa é Kido Saori?
Os dois viraram-se para frente ao ouvir a voz da mulher que tinha a mão na cintura e olhava Saori da cabeça aos pés. A garota apertou a alça da bolsa que trouxe consigo, nervosa.
– Eu a estava levando para conversar com você, Marin-san – Hyoga disse.
– Minha jovem – Marin lançou um sorriso para Saori e a puxou pelo braço para entrarem na mansão. – Não precisa tremer, querida.
– Gomen ne, mas estou nervosa – Saori falou, sem graça com o comentário.
– Tudo bem – ele disse soltando o braço dela e abrindo a porta da cozinha passando por ela primeiro. Saori a seguiu. – Vou pegar sua ficha e conferir algumas coisas.
Marin saiu do cômodo deixando Saori sozinha nele. Ela olhou atentamente os móveis caros e bonitos do local e puxou uma cadeira para si, sentindo ainda as pernas bambas "Aonde eu vim parar?".
– Vejamos... – Marin entrou no local e sentou-se frente a Saori, folheando alguns papéis. – Vinte e três anos, solteira, trabalhou com várias coisas diferentes – Marin parou de ler e olhou para Saori que acenou com a cabeça, confirmando tudo que a mulher tinha dito. – Bem... Estamos precisando de alguém que trabalhe de doméstica, o salário é bom e o serviço é geralmente pouco.
– Hai – Saori sorriu, estava precisando muito de um emprego e ainda iria ganhar um bom salário.
– Vou colocar por alguns dias você em experiência, se for bem, você será contratada – Marin sorriu. – Mas se for contratada, precisarei que durma aqui.
– Nani? – Saori disse, desfazendo o sorriso. – Não tinham me dito isso.
– A escolha é sua, é pegar ou largar.
Saori pensou um pouco, não tinha outra escolha, precisava de dinheiro e não saberia quando teria outra proposta de emprego. Ignorou sua imaginação que anunciava que Shunrey iria destruir o apartamento fazendo festas quando ela não estivesse em casa e acenou.
– Eu aceito.
– Ótimo, eu sou a governanta da casa, Kotaru Marin – Marin disse, levantando. Saori fez o mesmo. – Você logo se acostuma com o ritmo de trabalho, a casa fica durante a manhã só com os empregados.
As duas caminharam para um corredor ao lado da cozinha e Marin abriu uma porta, mostrando um quarto grande, com uma cama, um guarda roupa e um banheiro no canto.
– Esse será seu quarto – Marin respondeu, caminhando até o guarda roupa.
Saori olhou incrédula para o cômodo, tinha o dobro do tamanho do quarto de seu apartamento e era também maior que o quarto que tinha na casa de seus pais "Se esse é o quarto de empregados, imagina o quarto do dono da casa".
– Tome, esse deve servir, depois pegue algum sapato que sirva em você no guarda-roupa – Marin voltou-se para ela e entregou um uniforme. – Você tem que trabalhar com ele e tem que estar com os cabelos presos – ela sorriu e andou até a porta. – Vou chamar alguém para te mostrar a casa, enquanto isso você se troca.
Saori acenou que 'sim' com a cabeça e pegou o uniforme, vendo Marin sair e fechar a porta. Ela deixou a bolsa sobre a cama e sentou-se tirando os tênis que calçava e sua roupa, colocando vestido azul escuro do uniforme, que nem chegava à altura de seus joelhos, com um avental branco. Levantou-se e foi até o guarda-roupa e abriu a porta, a procura do sapato branco que teria que usar. Olhou alguns pares, vendo a numeração, e pegou um sapato que tinha o número que calçava.
– Posso entrar? – Saori se virou para a porta ao ouvir batidas leves e uma moça colocar a cabeça dentro do quarto. – Marin-san me mandou vir aqui para te mostrar a casa, está pronta?
– Estou quase – Saori voltou a sentar na cama, colocou o sapato e prendeu os cabelos num rabo de cavalo. Olhou para a garota com a mesa roupa que ela e com os cabelos presos em dois rabos. – Podemos ir.
– Eu sou Bakeshino Minu – ela fez uma reverência para Saori e saíram do quarto.
– Sou Kido Saori – Saori sorriu virando o corredor atrás de Minu.
– Prazer, Saori-chan – Minu sorriu amigavelmente. – Espero que possamos ser boas amigas.
– Espero que sim – Saori sorriu para a gentileza da garota enquanto entravam novamente na cozinha.
– Mas antes de mostrar a casa para você, tenho que levar água até o quarto de Ogawara-sama – Minu disse com uma cara de que se não fizesse aquilo, fosse acontecer a Terceira Guerra Mundial e pegou uma bandeja, a forrando com um pano bordado em azul, em seguida abriu a geladeira e pegou uma linda jarra com água que colocou sobre a bandeja junto a um copo.
– Há alguma coisa que eu preciso saber sobre os Ogawara? – Saori perguntou, desconfiada. Não gostou do tom que Minu usou para se referir ao dono da casa.
– Seika Ogawara, a mais velha, é uma boa pessoa, quase não fica em casa, ela que cuida da Ogawara Company, demo...
– Demo...? – Saori perguntou assustando-se com o tom que ela usou.
– Mas o problema é irmão mais novo, Seiya. É... – Minu parou de falar quando Marin entrou na cozinha e fez um sinal para que elas parassem de conversar e fossem trabalhar.
– Já estamos indo, Marin-san – Minu disse saindo da cozinha, seguida por Saori.
– O que tem esse tal de Seiya? – Saori perguntou, curiosa, se esforçando para subir os muitos degraus da escada com a mesma rapidez com que Minu o fazia.
– Minu! – elas pararam no meio da escada ao ouvir Marin chamar. – Estou precisando de você aqui.
– Marin-san, vou levar a água para o quarto de Ogawara-sama – Minu disse com urgência.
– Peça a Saori que leve – Marin disse antes de voltar para a cozinha.
– Pegue Saori-chan – Minu disse, empurrando a bandeja para Saori, que não sabia o que fazer. – Leve para o quarto dele.
– Espere Minu! – Saori pediu assim que ela começou a descer a escada. – Eu não sei onde fica o quarto.
– É a... – Minu ficou calada, enquanto contava mentalmente as porta. – É a décima porta a direita – Minu não esperou Saori dizer mais nada, desceu correndo para a cozinha.
– Kuso! – Saori resmungou, subindo os restantes dos degraus, e parou frente ao enorme corredor, vendo dezenas de portas de ambos os lados. – Kami! Aqui dever ter centenas de portas!
Saori passou pelo corredor e contou as porta até chegar na que Minu disse ser a do quarto de Seiya. Equilibrou com muita dificuldade a bandeja em uma só mão, batendo na porta com a mão desocupada.
– Ogawara-sama? – Saori chamou, esperando alguns minutos, e não ouviu resposta. – Ainda deve estar dormindo – ela levou a mão à porta e virou a fechadura, sorrindo ao ver que estava destrancada, e abriu uma das partes da porta dupla. – Com licença...
O quarto estava todo escuro e, com a luz que entrava da porta entreaberta, Saori só conseguia ver um pouco da cama no centro do cômodo.
– Ogawara-sama? – Saori chamou em um sussurro, aproximando-se da cama onde podia ver um homem deitado com o tórax à mostra e um lençol jogado sobre o corpo adormecido. – Acorda vagabundo! – resmungou e fez uma careta receosa quando ele se moveu na cama "Será que ele ouviu?".
Saori franziu a testa e ficou boquiaberta quando ele virou de bruços da cama, deixando o bumbum aparecendo. Ela arregalou os olhos e levou as mãos para cobri-los, totalmente envergonhada "Kami! Ele está nu!", deixando assim a bandeja com água cair no chão, estraçalhando a jarra, molhando o chão com o líquido e ainda fazendo muitobarulho.
– Hã? O que está acontecendo? – ele disse sonolento, levando a mão à cabeça ao ouvir o barulho do vidro quebrando.
Saori viu o dono casa sentar na cama, olhar para os lados e, antes que ele a visse ali, correu para fora, fechando a porta rapidamente e ficou encostada nela "Por que eu sempre me meto em confusão?".
– Saori-chan, deixou a água no quarto? – Minu perguntou, aproximando-se dela e Saori abanou a cabeça que 'sim' várias vezes. – Você deixou a bandeja também, me deixe pegar e...
– IIE! – Saori quase gritou a impedindo de tentar abrir a porta e empurrando levemente Minu para a direção da escada. – Depois você faz isso Minu-chan, ele pode acordar.
– Você tem razão – Minu disse, levando a mão ao queixo. – Ele fica de péssimo humor quando é acordado.
– Sério? – Saori perguntou temerosa, pegando uma mexa do cabelo e enrolando no dedo, num gesto de nervosismo.
– Hai – Minu falou.
– O que aconteceu aqui e...? – Seiya gritou do quarto. Ao levantar-se da cama com o lençol, pisou no chão, sentindo-o molhado.
– Saori-chan! – Minu disse urgente. – Você o acordou!
– ITAI! – elas ouviram o grito dele e o som de algo pesado cair no chão.
– Kami! – Saori gemeu. – Ele deve ter escorregado na água!
– Que água, Saori-chan? – Minu perguntou aflita, ouvindo palavrões serem dados dentro do quarto.
– Depois eu falo! – Saori disse segurando a mão de Minu, para correrem dali.
Saori e Minu tentaram correr para a escada, mas a duas partes da porta se abriram com força e do quarto saiu um homem com o tórax a mostra, segurando com uma das mãos um lençol tampando suas partes baixas e com a outra mão esfregando as costas molhadas que doíam com o tombo. O cabelo bagunçado também estava molhado e olhos escuros refletiam pura raiva. Saori mordeu o lábio inferior para não rir dele. Além da cena ser muito cômica, ainda estava nervosa.
– Que foi o maldito que derrubou água no meu quarto? – ele gritou e percebeu a presença das duas jovens no corredor. Deu alguns passos na direção delas com os olhos estreitos. – Foi você, Minu?
– Sumimasen, Ogawara-sama – Minu deu um passo na direção dele e fez uma reverência.
– Você quase me matou, sabia? – ele gritou dando mais um passo na direção dela, fazendo Minu se encolher ao vê-lo parado a sua frente. – Agora entre naquele quarto e limpe aquela bagunça! – Seiya apontou para o quarto e Minu abaixou a cabeça e foi entrando para o quarto.
– Não foi ela não, baka – Saori disse, não conseguindo segurar o riso, e gargalhou. – Não acredito que você escorregou e...
Minu olhava para ela e depois para ele. Saori gargalhava e limpava as lágrimas que se formavam em seus olhos de tanto que ria, enquanto Seiya dava um passo na direção dela, ficando a sua frente com uma veia saltando na testa e fechando a mão em punho.
– Que imbecil e... – Saori levou a mão na boca, tentando conter a crise de riso, quando percebeu Seiya a sua frente, com uma cara muito brava. – Gomen nasai, não agüentei.
– Quem você pensa que é para me chamar de baka? – Seiya perguntou com olhar assassino.
– Sou Kido Saori, sua nova empregada – Saori disse batendo continência e completou com um sorriso amarelo: – Eu gostaria muito de ficar e dar mais risada, mas tenho que trabalhar... – ela tentou dar um passo, mas ele a segurou pelo braço.
– Se não foi a Minu que derrubou a água, então foi você – ele disse – Você me fez cair e ainda está rindo de mim!
– Foi sem querer – ela com jeito infantil tirando a mão dele de seu braço e completou corada: – Não tenho culpa se você dorme nu!
– Nani? – Minu disse completamente corada. – Ogawara-sama dorme nu?
– Hai – Saori disse sem graça, sentindo o rosto aquecer.
– A casa é minha, o quarto é meu, e durmo como eu quero! – Seiya gritou. – E você ainda coloca a culpa em mim?
– A culpa foi sua, baka!
– Pare de me chamar de baka!
– Iie! – Saori tentou falar. – Não tenho culpa se você é um baka que escorregou... – Saori levou a mão na boca, com vontade de rir de novo, mas se conteve. – E caiu!
– Cale a boca! – Seiya gritou bravo. – Você sabe quem eu sou?
– Sei sim – Saori acenou com a cabeça. – O baka que caiu com o bumbum no chão!
– Eu mandei você ficar calada!
– Eu ouvi, demo...
– Aqui eu mando e você obedece! – Seiya disse autoritário, a cortando. – Essas são as regras na mansão Ogawara.
– Demo... – Saori tentou de novo.
– Eu devia demiti-la e...
Saori mordeu a língua, praguejando pela boca grande que tinha. Foi discutir logo com seu patrão, no seu primeiro dia de trabalho... Choramingou mentalmente: "Burra! Burra! Agora você vai ficar sem emprego, sem apartamento, sem água, luz e telefone!".
– Sumimasen, Ogawara-sama – Minu se colocou entre os dois, puxando Saori para trás de si. – Ela não sabia, a culpa foi minha.
– Isso não vai mais acontecer, Ogawara-sama – Saori lamentou ser tão desastrada.
– Se a garota não quer ser demitida, então suma as duas da minha frente e vão trabalhar! – ele disse se virando para ir para o quarto.
– Quer dizer que eu posso ficar? – Saori disse com os olhos brilhando.
– Eu mandei você ir trabalhar, vá antes que eu a demita – Seiya falou rudemente, entrando no quarto e fechando a porta atrás de si.
– Sugoi! Sugoi! – Saori disse dando pulinhos de alegria e com os braços para cima. – Eu ainda posso ficar! Não vou mais ser despejada, nem ficar sem água, luz e telef...
– ITAI!
Saori parou de pular e virou lentamente para o quarto ao ouvir o grito masculino e o som de algo pesado cair no chão novamente e Minu arregalar os olhos, apontando para a porta de Seiya, com a mão trêmula.
– Maldita garota!
– Corre Minu!
N.A – Konnichiwa minna-san!
Aqui está mais uma de minhas histórias /o/. Eu me divirto muito escrevendo essa fanfic e espero se divirtam lendo. Ah! E se tiverem um tempinho, deixe um review, onegai!
Outra coisinha, 'Ai suru ni oboeatte' quer dizer 'Aprendendo a amar', que seria o título da fanfic, mas pedi a ajuda a minha amiga e ela me falou como ficaria em Japonês.
Agradeço a Madan Spooky que revisou para mim e a Shampoo-chan que me ajudou com o nome da fic. Domo arigatou gozaimasu, amigas, você são muito gentis!
Kisus no Lis-sama
Ja mata ne
