Disclaimer:Inuyasha não me pertence,e eu não tenho lucros com isso.Não me processem.
Férias , por Mari Moon
A carta acabou de chegar.Não paro de cheirar a carta, ela tem um cheiro que me faz chorar.Não!Não é nenhuma carta de um admirador secreto.Longe disso.A carta tem cheiro da minha amada e distante, muito distante, Paris.E na verdade e carta nem é minha.É de minha mãe, exatamente como está no remetente ''Sra. Higurashi,rua das Cerejeiras casa numero 8''.E eu já decorei cada linha desta carta, porque ela traz, nas mesmas palavras, a alegria de uma pessoa e a tristeza de outra.A parte da tristeza é, felizmente ou infelizmente,minha.A carta é do emprego novo da minha mãe, da admissão dela numa loja de perfumes parisienses.Até ai,eu estava quase explodindo de alegria.Até que eu descobri que minha mãe não ia me levar junto.
Mas o pior é que eu vou ter que passar as férias com meu pai.
Não que isso seja ruim, eu amo meu pai!O Problema é que onde ele trabalha não tem férias.Então, trabalha em um antigo castelo lá no oeste desolado do Japão, nas montanhas,onde eu vou ficar bem livre,já que eu tenho claustrofobia.
Não, a parte ruim é que ele trabalha num reformatório.Interno.Para GAROTOS.
Não que eu não goste de garotos.Não me entenda mal.Mas ficar longe das minhas amigas, para ficar cercada de garotos BURROS e BAGUNCEIROS não é bem a minha idéia das férias perfeitas.Garotos, sem exceção,são sinônimo de problemas.Imagine um bando deles desesperados para achar a saída de um reformatório, usando táticas na maioria das vezes sujas?
Infelizmente, isso não serviu de argumento para minha mãe.
Então lá estava eu, sendo arrumada pela minha mãe com meu mais belo vestido branco e babado,com o bilhete de trem na mão,que dizia:''Trem das 20:00,estação Greenload terminal 14,dia 27 de novembro''.Para mim,ele deveria dizer:''Trem dos infernos,estação ,dia em que minha felicidade acabou''.Melodramático, mas fazer o que.
Mamãe me olhou risonha,os cabelos negros e sedosos caindo nos olhos azuis bem escuros,depois que havia acabado de me maquilar com camadas de pó rosado,batom chamativo e um pouco de sombra verde nos olhos.Mamãe era muito bonita (ao contrário de mim),mas sua noção de ridículo deveria ser examinada,pois estava acima do cabível.Entendo as intenções dela (deixar-me com mais atrativos),mas assim não dava.Sorri de volta,sentindo as camadas cremosas de pó seco vergarem em minhas bochechas.Meu deus,ela tinha exagerado.
-Filha, como você está linda!Papai vai ficar tão feliz em te ver!Vamos logo,entre no carro ou vamos nos atrasar para chegar à estação.
Pressionei as mão na vidraça, vendo a chuva escorrer livremente,molhando a toda Tókio.A visão das pessoas andando pelas ruas comerciais,felizes sob o colorido de seus guarda-chuvas parecia quase irreal,enquanto eu estava sendo arrastada para as piores férias da minha vida.Pousei as mãos sobre o ridículo vestido,brincando com meus dedos.A viagem até a estação não era muito longa,já que em apenas alguns minutos,eu já estava entrando no estacionamento.Desci com pressa do carro,vendo as mulheres passarem rapidamente por mim,tentando quase inutilmente proteger os cabelos da chuva que ameaçava desaba-los.Puxei com dificuldade a mala de couro marrom e surrado de dentro do porta-malas e,com um último beijo de despedidas de mamãe, fui andando de cabeça baixa até o terminal de embarque.Olhei o relógio.Meia-hora.Dava tempo.
Corri até o banheiro,abrindo com urgência a torneira prateada e sentindo quilos de maquilagem aliviarem meu rosto.Quando finalmente senti alguma sensibilidade nas bochechas antes enterradas em pó,olhei para o espelho.Uma garota de uns 14 anos, de pele branca,olhos castanhos e cabelos negros me encarou de volta.Dei língua pra ela,enquanto pensava que o estado não deveria permitir meninas tão ''sem sal'' e desarrumadas andarem livremente pelas ruas.Olhei para o relógio.15 minutos.Droga.eu passara 15 minutos para me aliviar dessa maquiagem toda?
Igualzinha a uma loca,atravessei a estação,onde uma locomotiva vermelho vivo vomitava densas nuvens cinzentas para o céu nublado.O cobrador franziu o bigode com cara de poucos amigos quando lhe apresentei meu bilhete, amassado e surrado pelas minhas mãos.Um outro guardinha pegou sem delicadeza a minha mala e a levou para o compartimento de bagagem.Perguntando-me porque não pegava o trem da estação do lado,que ia direto para o cais com destino a Paris,subi as desmanteladas escadinhas,o cheiro de cigarro me deixando tonta.Joguei-me em uma das duras poltronas duplas,obstinada em não olhar as vidraças embaçadas.
-Moça...Moça...
Acordei com uma daquelas mulheres de sorrisos eternos sacudindo suavemente meus ombros.
-Chagamos a sua estação...
Olhei pela janela.Só o campo e montanhas,lá no final.Estávamos ao pé de uma grande colina com uma construção encarrapitada lá no alto.A estrada que levava até lá no alto era de terra,e cruzava com os trilhos do trem.A estaçãozinha era apenas uma cobertura para chuva ali fora .Senti-me tentada a voltara a dormir,mas a moça continuou me cutucando até que eu saísse do trem.Um bruto homem,de fuligem da cabeça aos pés,jogou minha mala sob a cobertura de telhas transparentes,onde fez um ''splash'' ao se mergulhar em uma poça rasa.Puxei o ar com força pelo nariz.''Pelo menos não pode piorar.''
Eu e minha boca grande.
Vi uma carruagem, isso mesmo,carruagem em pleno século XXI, vindo na minha direção,espalhando lama com as rodas de MADEIRA.Parou ao meu lado,onde reconheci meu gordo e bigodudo pai sentado num banco de almofadas mofadas púrpura,de onde ele conduzia pela rédea dois cavalos de aspecto magro e doentio.Decidindo entrar no clima,eu joguei displicente a mala sobre o chão de madeira úmida e pulei no banco ao lado de meu pai.
-Ola papai!Que saudade!
Eu estalei um beijo nas bochechas moles e rosadas dele.As rugas denunciavam a expressão cansada de diretor que pelejava contra seus alunos.
Merda de Férias.
Aquele com toda a certeza,foi o pior jantar de toda a minha vida.Ser apresentada a uma turba de meninos,no mais profundo silêncio,pelo diretor,não foi exatamente um bom começo de férias.Pude ver a luxuria refletida em vários daqueles olhos,como se eu fosse um coelho no centro de um círculo de lobos famintos.Meu pai não seria de muita ajuda.Então pensei que a pior coisa que eu poderia fazer seria me intimidar.Se bem que era a solução mais lógica.Meninos bestas!Vocês não vão conseguir me botar medo!
Cheguei no meu quarto.Olhei para a porta.Tosca, mal pintada, uma maçaneta de latão que precisava de polimento.Suspirei, agarrando-me mais a minha única mala e empurrando a porta, que se abriu com um rangido agourento.Não me surpreendi com o tamanho.Era da dimensão de um closet grande, uma cama de edredom azul profundo (odeio azul),lençóis azul sabonete (eu já disse que odeio azul?) ,papel de parede mostarda-desbotado e uma cabeceira de madeira mole,provavelmente servia de esponja à muita chuva derramada,pois ficava bem embaixo das janelas embaçadas.O cheiro era de leve mofo.Fiquei pensando qual seria a fisionomia do cômodo se meu pai não o tivesse mandado arrumar.
Era simples, mas era como seria meu refugio durante um mês e meio,mais ou menos, era melhor eu me a noite já ia alta,decidi que queria dormir.Cavei o pijama mais próximo no amontoado de roupas na minha mala,prendi os cabelos numa trança e deitei-me exausta na cama encalombada,dormindo apesar do rugido do vento lá fora.
Acordei da maneira mais desagradável possível, com o ruído de vidro se espatifando.E surpresa!Ainda era noite.Carrancuda, empurrei a porta,a procura do causador do barulho.
-Tem alguém ai?
O silêncio me respondeu.Curiosidade ainda vai me matar.Abandonar o quarto de repente pareceu o mais lógico.No escuro corredor era impossível de se perceber alguém.Mas de repente eu fui ao chão com toda a força, empurrada por alguém.
-Stomples,é você?Você deveria estar no seu posto, seu folgado!
Uma voz masculina sussurrou cautelosa e raivosa ao mesmo tempo, procurando tatear meu vulto derrubado as cegas.Atrevido!
-HEI!Não sou Stomples nenhum para você ficar tateando assim!Tire a mão de cima de mim agora!
Um tapa cortou o ar.Belo erro, ein Kagome?
Eu devia estar BÊBADA.No que eu estava pensando em abandonar aquele maldito quarto, e ainda xingar um garoto muitíssimo mais forte que eu?
O animo do garoto, fosse ele lá quem fosse, se apaziguou.Eu quase pude ver seu sorriso (tarado) na minha direção.
-Um, o que temos aqui.Uma menina.Oh me desculpe.Não apenas uma menina.A filha do nosso Querido diretor.
O garoto chegava mais e mais perto,bem lentamente,talvez para saborear meu pânico.
Já se sentiu igual a uma galinha indefesa amarrada, prestes a ser jogada em um caldeirão de óleo fervente? Agora decididamente eu via seu sorriso, que igualzinho ao daquele gato maluco e narcisista de ''Alice no país das maravilhas''. Pode ter certeza de que aquilo não me reconfortou muito.Na verdade nem um pouco.Agora que meus olhos tinham se acostumado à escuridão, eu via reflexos dourados na minha direção, completo com duas esferas cor-de âmbar,que brilhavam intensamente como...como olhos!Meu Deus.Se você me salvar deste demônio (na forma de um menino)eu prometo nunca mais enterrar as cartas de amor de mamãe no nosso quintal.Juro.
Ah, é claro.Se eu sobreviver para contar a história.
Oie gente!
Tá,eu sei que deveria estar escrevendo o próximo capitulo da minha outra fic,mas vagueando pelo velho computador eu achei esse troço e decidi posta-lo.O primeiro cap é bem curtinho,mas é só o primeiro.A kagome ainda vai sofrer muito MUHAHAHA!(riasada macabra U.U).O inuyasha é bem do tipo bad boy,eu acho que ele seria assim se ele pertencesse a nossa era.Stomples é um apelido para o miroku(muito retardado,mas foi de última hora), e ele vai aparecer na fic,junto com o bankotsu.
Espero que gostem!
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Mari Moon
