Disclaimer; Os personagens não me pertencem, mas esta fic sim. Boa leitura.


A casa dos Black se encontrava em seus dias de glória, Cygnus e Druella Black haviam convidado a toda alta sociedade bruxa para assistir o enlace matrimonial entre sua primogênita Bellatrix Black e Rodolphus Lestrange; um jovem de descendência quase tão pura e nobre quanto à da jovem noiva. Sim, quase, pois duvidavam que houvesse família de ancestralidade tão magicamente pura quanto à dos Black, mas de toda forma era uma união esplendida para ambas as famílias. Incontáveis festas, bailes e banquetes já foram oferecidos naquele local, a cena era sempre a mesma; glamour, pessoas importantes circulando com ares de nobreza, risos, conversas que iam do banal ao trivial e tudo isso regado a bebidas e iguarias da melhor qualidade. A decoração era impecável, cortinas de seda branca pendiam do teto até roçarem suas bainhas no chão, ao lado de cada uma das amplas janelas de vitrais decorados havia uma armação metálica; em prata, eram trabalhadas em delicados arabescos e ostentavam velas que conferiam ao local um ar de pura magia. As rosas vermelhas depositadas em jarros de prata, dispostas estrategicamente pelo amplo salão também decoravam as mesas que mais tarde receberiam seus ilustres convidados. Na parede defronte a lareira fora colocada uma mesa tão finamente decorada quanto o restante da mobília, sobre ela se depositavam duas cascatas; uma de vinho, e a outra de champagne. Era tradição da família Black, oferecer vinho tinto a seus convidados em ocasiões especiais, assim como era a dos Lestrange oferecer a outra bebida. Mas hoje a cena era um tanto diferente, os convidados eram ainda mais selecionados. Se é que isso era possível. E estava formada uma típica festa na Mui antiga e nobre casa dos Black.

O jovem Lestrange preparava-se para adentrar aquele salão, seria a ultima vez que pisaria naquele lugar como um homem solteiro, a aliança de prata que usava daria lugar a uma dourada e depois daquilo seu destino estaria selado para todo o sempre. — Você tomou a decisão correta meu filho, não tenha dúvidas disso. — Samuel Lestrange, o pai, lhe saudava com leves palmadas nas costas, as feições ostentando um sorriso sincero, os olhos transbordando orgulho. — É o melhor para todos nós. — Rodoplhus assentiu positivamente, sendo deixado sozinho logo após receber um abraço do pai. Finalmente podia ler a carta que recebera há algumas horas atrás. Escorou-se na janela, fitando a paisagem, era entardecer, e pelo visto a noite seria estrelada, pensou. Pegou o envelope sem remetente e com surpreendente delicadeza puxou a tira de seda vermelha que lhe envolvia. Abriu o pergaminho com evidente curiosidade, mas hesitou por um momento quando reconheceu a quem pertencia aquela caligrafia fina e desenhada; era uma carta dela.

"Sei que já faz um ano que decidimos seguir caminhos diferentes, selamos um acordo silenciosamente mútuo de enterrar e esquecer o que se passou entre nós. Me desculpe por quebrá-lo, mas que seja, preciso lhe dizer algumas coisas, pois não posso deixar isso me matar. Aqui está uma carta para você. Saiba que ainda ouço sua voz no escuro, ela acompanha as noites de tempestade que me remetem ao dia em que me prometeu o mundo, ao olhar a lua me recordo de teus olhos, e até mesmo as estrelas são gatilhos para as indecorosas memórias das quais você é o principal personagem. Por mais que tente não consigo me desvencilhar do passado, enquanto o mundo desmorona ao nosso redor tento segurar o meu próprio universo, que como um castelo de cartas ameaça a ruir sob a mais leve brisa; e a brisa é você, são as memórias que a simples menção de seu nome traz. Deveria te pedir perdão pelo passado, caso soubesse jamais teria cruzado seu caminho naquela mal fadada noite. O céu estava estrelado, a lua radiante, aquela estrela cadente levou consigo meu pedido, mas ele não se realizou. Por sua causa odeio o som de violinos, não suporto olhar para girassóis e desejo ver em brasa todo e qualquer cetim verde. A verdade é que preciso de um tempo para esquecer tudo isso, mas não posso guardar o que sinto; não posso deixar que isto me sufoque. Sei que deveria lhe odiar, me levantar e te esquecer. Mas ainda assim eu não consigo, a verdade é que nada mais faz sentido. Tudo o que tenho de fazer é continuar, mas ainda preciso de um tempo para concertar isso. Minhas palavras se confundem enquanto a conversa morre, a última estrela deixou o céu e está caindo sobre a terra; e eu sei que se sente da mesma maneira. Sempre que tocar os cabelos dela vai se lembrar dos meus, e ao procurar a luz em seus olhos enxergará a mim. Sempre que sentir o seu perfume o cheiro das camélias irá te perseguir. Faça uma coisa por mim esta noite, quando a primeira gota de chuva cortar os céus lembre-se do que vou lhe pedir, quando nos encontrarmos mais uma vez não me olhe com os olhos de quem amou um dia. Quando a primeira gota de chuva tocar o chão estarei pensando e você. Posso não ter lhe esquecido, mas ao encontrá-lo novamente estaremos em lados opostos do campo de batalha e neste sai eu estarei pronta. E fique sabendo; odeio o som dos violinos, pois me fazem chorar ao recordar a melodia que fizestes para mim. Não suporto girassóis, pois foi deles o buque que me deras ao dizer eu te amo pela primeira vez. Adoraria ver qualquer tira de cetim verde em brasa, mas simplesmente não posso queimá-las, pois simplesmente carrego uma envolta em meu pulso por onde quer que eu vá. Aqui está uma carta para você, e se tiver coragem queime depois de ler. "

Marlene D. McKinnon.

Sentiu os olhos queimarem, permitindo que apenas uma única lágrima percorresse seu rosto antes de secá-la e recompor-se. Com um riso sem humor algum dobrou a carta guardando-a no interior das vestes; não teria coragem de queimá-la. — Talvez em outra vida. — Deixou o aposento, o relógio acabara de soar a sétima badalada, era à hora de encarar seu destino: dali a poucas horas seria o Sr. Lestrange, o homem casado, comensal dedicado o fiel; um grande general. E nada poderia mudar isso. Esperou que a noiva entrasse em seu campo de visão e não teve surpresa alguma a constatar que Bellatrix estava belíssima. Os cabelos negros em um belo penteado, as curvas de seu corpo perfeitamente realçadas no vestido branco, os olhos escuros e imperscrutáveis. Naquele momento a voz de Marlene atingira seus ouvidos, ela não tinha o brilho nos olhos, aquele azul ciano e magistral. Bellatrix cheirava a rosas, ele pode notar quando estavam próximos, mas ele gostava do cheiro das camélias. E foi com resignação que dissera o definitivo sim, as taças tilintavam em brindes aos noivos, aplausos e desejos de felicitações enchiam o local com seu som, tudo em homenagem a eles. Por um instante Rodolphus sorriu, pensando em como seria a vida dali para frente, sabia que a mulher que estava ao seu lado era com quem dividiria o resto de sua vida. Porém, a mulher de sua vida estava agora em algum lugar fitando o negro céu do qual agora caiam grossas gotas de chuva, contrariando a todas as previsões. — Eu também estou pensando em você. — Sussurrou para si mesmo antes de caminhar pelo salão com sua esposa ao lado, dançariam a sua primeira valsa como marido e mulher. Quando o som dos violinos tocou sentiu um incomodo interior; a partir daquele dia Rodolphus passou a odiar violinos, girassóis e cetim verde. Pois tudo lhe lembrava a ela. Quem sabe em uma outra vida.


N/A: Bom pessoal, essa é minha terceira fic postada. Na verdade Letters to you pode ou não ter continuação. Tive essa idéia numa dessas madrugadas de ócio produtivo. Os capítulos provavelmente não terão relação entre si, por isso não haverá problemas se levar algum tempo para atualizar. Sei que o primeiro shipper foi bem incomum e pode não agradar a todos, mas quem ler poderia deixar reviews? Por caridade? Kkk

Beijokas e até a próxima.

LLB.