Título: Saindo da Manhã Sombria.
Disclaimer: As personagens, eventos, e lugares reconhecíveis nesta história não pertencem a mim, mas a J. K. Rowling. Eu não pretendo infringir leis de direitos autorais e não estou ganhando dinheiro com esta história.
Advertências: Violência, linguagem, referências a estupro e tortura, mentes destruídas, mortes de personagens no final desta e nas outras histórias da série.
Notas da Autora: Bem-vindos à terceira história deste AU (Alternative Universe/Universo Alternativo) louco que estou escrevendo. Saindo da Manhã Sombria terá referências e semelhanças ao cannon O Prisioneiro de Azkaban, mas se afastará mais do cannon do que as primeiras duas histórias, por que as mudanças no AU continuarão. Então, se você não tiver lido, eu realmente sugiro que leia Salvando Connor e Não uma Voz mas uma Serpente antes desta história. Caso contrário, Saindo da Manhã Sombria será quase incompreensível.
Como advertência para esta história em particular: Com exceção da sétima fic, que cobrirá a Guerra, esta é provavelmente a mais sombria da série. Harry mergulhou no fundo do poço e tem que lutar para subir de novo.
Essa é a razão para o primeiro capítulo ser como é. Harry está narrando ele, e sua mente está... hum... meio bagunçada no momento, por causa do que aconteceu no final de Não uma Voz mas uma Serpente. Melhorará, mas começa quase no fundo do poço. Seguindo!
Capítulo Um: Reintegração
Duas vezes naquela semana, todas as janelas do Solar Malfoy quebraram. Uma vez elas racharam e quebraram e estilhaçaram na forma de raios. A segunda vez, elas formaram serpentes enroladas com marcas de uma Locusta. Harry brincava com elas, a magia curando qualquer ferida que o vidro infligia nele assim que ela era feita.
Narcissa se aproximava dele e consertava as janelas cada vez, então conduzia Harry para longe da bagunça que eles tinham feito. Harry nem sempre conseguia se lembrar do que ela dizia, mas depois ele notava que tinha suco de abóbora nas mãos e a voz de Narcissa contava histórias do que costumava acontecer quando ela era criança na família Black e vivia com suas irmãs Bellatrix e Andrômeda. Estas sempre eram histórias moderadas e alegres. Harry as escutava, e tomava um gole de qualquer bebida que ela lhe dava, e sentia Draco de pé como um sentinela silencioso ao lado da cadeira ou divã, até que ele dormisse.
A estrela tinha cinco pontas, feita de vidro claro no centro e vidro opaco e branco nas extremidades. Harry deslizou um dedo do centro até as pontas. Elas eram afiadas o bastante para cortar. Claro que eram. Não haveria razão para ter um presente em tal formato, se não cortasse.
Harry olhou para cima e para longe da estrela, para o rosto de Lucius. O pai de Draco estava de pé, tenso, no outro lado da sala de estar. Ele tinha levitado a estrela para Harry em vez de tentar levá-la até ele, considerando que Draco e Narcissa estavam nas laterais de Harry e o olhando suspeitosamente. Mas ele tinha trazido isto. Era esperado que trouxesse. A estrela era o presente do Solstício de Verão, o presente do meio do ano, o quinto presente nesta dança estranha que ele estava fazendo com Harry que supostamente proclamava que ele queria uma trégua. Ele tinha enviado um anel com um pedaço de gelo encantado para nunca derreter, e uma pedra verde para simbolizar o crescimento de laços novos. Harry tinha respondido com um pedaço de ébano, indicando sua desconfiança aos motivos de Lucius, e uma pedra vermelha, para fazê-lo lembrar do sangue derramado entre suas famílias.
Mas agora…
Harry contemplou a estrela. A claridade dela lhe dizia o quanto Lucius confiava nele, e o posicionamento da parte clara no centro indicava que sua confiança poderia crescer em qualquer direção. Claro, já que Harry ainda não tinha ideia de porque Lucius tinha escolhido jogar este jogo, fingindo que queria uma trégua quando já havia ferido Harry dando o diário de Tom Riddle a ele, aquele remendo claro poderia significar qualquer coisa. Lucius Malfoy era perfeitamente capaz de cooperar até que algo acontecesse para beneficiá-lo, tal como seu Lord a voltar a vida.
Harry tinha que responder à estrela, ou pelo menos acenar com a cabeça para mostrar que aceitava o presente e acharia uma resposta satisfatória depois. Ao invés disso, ele pôs uma mão na estrela e fechou seus olhos. Sua magia correu ao seu comando. Ela ainda estava próxima a superfície, se agitando e cortando seus pensamentos sempre que ele não a estava usando. Depois de ficar tanto tempo confinada, como Professor Snape tinha explicado em uma das cartas que vinham duas vezes todas as semanas, agora ela tinha uma força própria, quase uma personalidade. Harry tinha que usá-la. Se ele negasse isto, do modo que tinha feito durante anos, então ela simplesmente se libertaria por vontade própria. Ela já tinha feito isso, quebrando todas as janelas do Solar Malfoy, como Harry vagamente se lembrava.
Agora, entretanto, ele poderia colocá-la em um uso produtivo, e ele fez isso, alterando o presente. Enquanto ele contemplava, fios de gelo correram pela estrela, endurecendo ela e obscurecendo o centro, de forma que o vidro estava completamente opaco. Ele levitou-o de volta para Lucius, cuidadosamente. Ultimamente ele tinha que ter cuidado com tudo o que fazia com magia. Precisava de tão pouco para despertá-la em sua força completa e crua, a tal ponto que ele esmagava coisas. Sutileza e controle eram de longe artes mais difíceis do que poder de convocação.
Lucius aceitou a estrela e contemplou à falta de uma parte clara. Então ele elevou os olhos à face de Harry. Ele não parecia ofendido. Ele somente acenou com a cabeça pensativamente, virou e saiu da sala.
Harry fechou os olhos por apenas um momento, enquanto pensava, mas os abriu no quarto que os Malfoy tinham reservado para seu uso. A janela estava aberta, e ele poderia sentir o cheiro de rosas entrando. Luz solar fluía para dentro junto com as canções dos pássaros. Harry se deitou e escutou.
Depois de um tempo, Draco veio e pôs uma mão em seu braço. "Mãe disse que eu deveria sair que se você quisesse," Ele sussurrou.
Harry o deixou ficar. Sua mão estava mais morna que a luz solar, e embora Harry achasse tão difícil de entender as coisas sobre as quais ele falava quanto entender os pássaros, juntos eles faziam um tipo de senso musical.
A memória de Harry estava esfarrapada e enevoada, pedaços de teias se agarrando umas às outras do modo que elas faziam antes de Sylarana morrer e levar uma grande parte de sua sanidade com ela. Mas elas se rasgaram de repente em um dia no fim de junho, quando ele sentou na sala do piano e escutou Narcissa tocar.
Harry piscou e sentou ereto. Narcissa olhou para ele, mas não parou o movimento gracioso e rápido de seus dedos em cima das teclas, ou o baixo e sussurrado zumbido de sua voz que acompanhava a música. Ela estava ensinando uma das canções de história a Draco, uma que os puro-sangues tinham ensinado a suas crianças quando os costumes antigos ainda tinham que ser memorizados e instintivos. Draco estava sentado ao pé do piano e contemplava atentamente sua mãe, declamando as palavras junto com ela. Ele estava aprendendo sobre a dança, os direitos e regras de um anfitrião ou um bruxo ou bruxa puro-sangue em suas próprias terras, os meios corretos que se tratava um convidado, e todas as outras cortesias para viver a vida entre pessoas poderosas com recurso da magia que poderia encerrar a vida de outros em um estalar de dedos. Atualmente eles raramente eram usados em rituais. Draco tinha pedido para aprendê-los. Harry tinha a vaga lembrança de que o pedido tinha algo a ver com ele.
Mas a música. A música.
Harry caiu para trás contra o sofá no qual estava sentado, e escutou a voz de Narcissa acariciar as notas. Ela estava contando a história que pretendia marcar as noções de matrimônio para a maioria das crianças puro-sangues, a trágica história de amor de Pomona Ironbrand e Septimus Prince. Eles não haviam sido iguais; Pomona tinha escolhido Septimus porque estava apaixonada pela fraqueza dele, nada que pudesse se comparar a força dela, e Septimus tinha matado ela por ciúme e a si mesmo em aflição. A lição, repetida em todo refrão, era escolher apenas um companheiro de poder igual, ou ter certeza de que o verdadeiro amor existia entre um par desigual.
Harry tinha conhecido a história antes mesmo de completar seis anos. Ele havia lido as canções em livros de história, já que sua própria mãe era uma Nascida-Trouxa e seu pai não estava interessado em se agarrar a costumes puro-sangues que pensava serem antiquados e provavelmente mais do que um pouco das Trevas. Havia algo diferente em ouvir ela cantada.
Lily. James.
Não pense neles.
Por um momento, a raiva de Harry estremeceu no limite do controle, e se seus pais estivessem lá, ele teria lhes feito as perguntas que pairavam atrás da raiva. Por que eles tinham sentido a necessidade de tecer teias em sua mente do jeito que tinham feito? Por que eles não o fizeram controlar seu poder, em vez de negar ele? Por que tinham pensado que o único lugar que ele possivelmente poderia ter na família era como guardião e guia de seu irmão Connor? Sim, Connor era o Menino-Que-Sobreviveu, o inimigo de Voldemort, mas isso realmente significava que a infância de Harry e ele próprio tinham que ser sacrificados no altar da necessidade? Por que eles não pegavam um papel maior em defender Connor? Por que eles nunca foram visitá-lo quando ele esteva na ala hospitalar depois que Tom Riddle saiu de sua cabeça dezembro passado? Ele sabia agora que Riddle tinha prontamente possuído seu irmão, e essa era a razão que Connor não tinha ido visitá-lo. Qual era a desculpa de seus pais?
E batalhar era todo o treinamento que ele tinha recebido até este ponto de sua vida, ou as sobras quebradas dela, argumentando que haviam feito o que fizeram pelas melhores razões, que ele tinha que entender, que ele nunca poderia entender completamente até que ele os confrontasse e escutasse sua explicação, que, que, que…
Ele não percebeu que a música tinha parado até se ouvir fazendo pequenos rangidos, como um cachorro com um osso na boca. Então Draco estava ao seu lado, uma mão em seu ombro. Ele guiou Harry por alguns aposentos, cada um menor que o outro, e finalmente por uma porta feita completamente de vidro e um pequeno jardim. Este jardim era a fonte das rosas e o do som os pássaros que davam a Harry tanta alegria através da janela de seu quarto. Parecia quase super-crescido agora, rosas se enrolavam em profusão selvagem nos portões e nas paredes e nos arbustos, rosas de todas as cores, brancas como a alegria e vermelhas como o sangue e amarelas como a dor.
Draco deitou em uma parte de gramado esquentado pelo sol no centro do jardim e puxou Harry firmemente em seu abraço. Harry teve que deitar com seu corpo estendido ao lado de Draco e sua cabeça enterrada no ombro e no cabelo pálido do outro menino, porque ele não tinha escolha. Ele poderia ter lutado para se livrar no princípio, especialmente pelo calor abafado.
Mas, gradualmente, ele relaxou. O calor estava abafado, e somado a luz do sol e ao suor que cobriam sua pele e a de Draco. Mas aquela mesma proximidade deixava isto confortável. Não havia modo dela puxá-lo de volta e deixá-lo sozinho no centro do gelo que ele ainda lembrava da sua derrota para Tom Riddle. A respiração de Harry desacelerou, e ele se mexeu para pôr um braço ao redor do ombro de Draco. Ele podia sentir o outro menino sorrindo, mas sua voz estava triste quando ele falou.
"Ainda não?" Ele sussurrou.
Harry balançou a cabeça e se afastou ligeiramente, de forma que sua cabeça ainda descansasse no ombro de Draco, mas ele pudesse ver apenas um pedaço do céu azul.
Ele tinha tentado desde que veio ao Solar Malfoy, embora não tivesse feito isto durante anos. Draco e Narcissa pareciam convencidos de que, se ele pudesse fazer isto, representaria uma vitória sobre seus anos de treinamento. E ele tinha muito a lamentar - o transcurso de uma fase de sua vida, a morte de suas ilusões sobre seus pais, Sylarana.
Mas ainda não tinha acontecido. Harry não conseguia chorar.
Uma coruja de celeiro entrou no meio da noite no fim de junho. Harry abriu os olhos e a achou esperando por ele no batente de sua janela. Ela piou suavemente quando viu que tinha a atenção dele e pulou para frente, oferecendo uma garra. Harry levantou e vagou pelo tapete até ela, esquisitamente consciente do modo que o pano apertava contra seus pés nus e de como a brisa pela janela mexia seus pijamas.
A coruja esperou pacientemente enquanto Harry tirava a carta dela e procurava desajeitadamente um Knut da mesa perto da janela para pôr em sua bolsa. Então se foi. Harry assistiu ela deslizar pelo jardim e então ganhar altura, virando para norte, para a Escócia. Ele piscou, então apalpou a carta.
Era breve, mas, todas as cartas que Snape tinha lhe enviado durante o feriado de verão tendiam a ser.
Sr. Potter:
Você notará que poucas coisas esgotarão sua magia do modo como a destruição consegue. O próprio poder dos feitiços das Trevas mostra isto. Eles o cansarão, e o permitiram descansar com a cabeça mais leve. Faça o que você precisar para se manter são e inteiro. Se isso significa a destruição de cadeiras e janelas, que assim seja.
Severus Snape.
Harry fechou os olhos e apertou as mãos na carta. Ele sabia que essa era uma resposta satisfatória à carta que ele tinha escrito para Snape cinco dias atrás, pedindo poções ou alguns outros meios para se manter sob controle sem destruir as coisas. Sua magia se enfurecia dentro dele e queria aquele caos. Harry não. Ele mal ousava enfrentar a fúria que sentia contra seus pais e contra Dumbledore. Ele queria usar sua magia para vigiar, proteger, defender, curar, criar, como Snape tinha lhe prometido que ele poderia quando tinha salvado Harry da tempestade. Por que ele teria que destruir?
Mas esta resposta era simples, clara, fria, e a verdade. Caso contrário, ele teria que destruir porque sua magia o destruiria. Negar e engaiolar ela eram o que tinha permitido que crescesse a tais proporções tenebrosas, que criasse a voz fria que Harry ouvia sussurrando em seus sonhos. E então, quando ele enfrentou Tom Riddle na Câmara Secreta, sua magia tinha absorvido o poder do diário e a memória de Voldemort de um modo que ainda Harry não entendia. De qualquer modo, ele estava mais forte do que já tinha sido.
Ele tinha que deixar isso se libertar.
Ele suspirou, vestiu um robe, e então deslizou para fora do Solar e para o gramado. Ele poderia sentir o brilho das proteções ao seu redor, mas os Malfoy tinham lhe dado carta branca como convidado enquanto ele ficasse com eles. Ele passou por elas sem muita dificuldade e entrou no campo selvagem que cercava o Solar.
Sua magia chamejou, poder cru que mal obedecia ao confinamento dos feitiços, muito menos sua varinha, e criou várias figuras de madeira leves a sua frente. Perturbava Harry que algumas das figuras parecerem humanas, mas ele poderia fingir elas realmente não eram, no labirinto de luzes de estrelas e luar. Ele fechou seus olhos, e isso ajudou também.
Ele lançou o primeiro feitiço.
A noite brilhou com luzes quando o fogo acendeu, e então Harry estava lançando outros feitiços, feitiços para congelar ou explodir ou mutilar ou cortar as pernas sob as figuras de madeira, e ele não parecia conseguir parar. Sua magia surgiu nele, alta e cantando. Seria tão fácil continuar usando ela, ou até mesmo se virar e focalizar sua atenção em um desafio de verdade, como as proteções ao redor do Solar.
Harry apertou firmemente seus lábios, ouvindo sua magia selvagem tentar persuadir esses pensamentos, e se recusou a escutar. Ele lançou feitiços para destruir as figuras, criou mais, e as destruiu novamente, protegendo a grama e as árvores o tempo todo dos efeitos destrutivos de seus feitiços.
Até que ele desmoronou, arquejando, no chão, ele percebeu que Snape tinha razão: ele tinha usado a magia, e, ao mesmo tempo, acostumado ela a se integrar com ele, em vez de calá-la em uma caixa em um canto de sua alma ou mente. Ele podia sentir o toque da magia queimando em baixo de sua pele, debaixo de suas costelas. Ele supôs que estava melhor do que antes. Um pouco melhor.
As palavras de Snape voltaram novamente a ele, quando Harry tinha dito que não queria ter o poder que tinha. "Mas você tem ele. E você deveria usá-lo, Harry. Caso contrário, causará um impacto no mundo, e não um que você queira. Ela tem sua própria personalidade no momento, e seu próprio desejo de liberdade. Se você tentar negá-la, a mesma coisa acontecerá novamente. E talvez desta vez você matará alguém, em vez de tentar escapar disso…Você está agora mais perto de se tornar outro Lord das Trevas do que alguma vez esteve."
Harry soltou o ar, falou a si mesmo que, sim, isso era para o melhor, e se espojar em pena de si mesmo não mudariam que ele era mágico ou quão mágico ele era, e foi para cama. Pela primeira vez desde sua chegada ao Solar, ele dormiu sem sonhar com Câmaras sombrias ou cobras douradas.
"Sr. Potter."
Harry gelou, então deliberadamente apanhou o Sapo de Chocolate que Narcissa tinha dito que ele poderia pegar depois do almoço e abriu-o. Ele pegou o sapo quando ele tentou escapar e colocou-o devagar na boca. "Sr. Malfoy," Ele disse, quando tinha mastigado e engolido o sapo e Lucius ainda não tinha ido embora. Ele estava começando a não considerar uma coincidência que um dos elfos domésticos havia tido um acidente que exigia a supervisão de Narcissa e que Draco, pensando em uma pergunta para fazer a sua mãe, tinha corrido para achá-la. Um ou os dois estiveram a toda hora com ele desde que ele chegou no Solar Malfoy. Eles nunca tinham lhe permitido ficar a sós com Lucius.
Eu acho que isso está a ponto de mudar, Harry pensou, e se forçou a se recostar em sua cadeira e olhar monotonamente para Lucius através da mesa pequena e altamente polida. Ele se forçou a ver o reflexo de Lucius na mesa e achar isto divertindo, em vez de amedrontador ou como se ele de repente tivesse dois ex-Comensais da Morte poderosos, impacientes, assassinos para enfrentar. Ele soltou o ar cuidadosamente de seus pulmões, e olhou para o rosto Lucius.
"Você viu o Profeta Diário hoje?" Lucius segurou o jornal em frente a ele como se fosse uma proposta de paz.
Harry piscou, então lamentou ter feito isto quando viu um músculo apertar na bochecha de Lucius. Ele tinha acabado de perder um passo na dança mostrando sua surpresa. Ele não poderia dispor de perder mais nenhum.
"Eu imaginei que ele poderia ter informações de pouca importância," Ele disse distantemente quando olhou nos olhos de Lucius novamente, "já que eu saberia imediatamente se algo tivesse acontecido a meu irmão."
Os olhos de Lucius estreitaram. Harry o assistiu. Deixe-o meditar sobre isso, tentar descobrir o quanto é verdade e o quanto é mentira.
"Há notícias de outra importância," Disse Lucius, e então avançou mais ao redor da mesa, se aproximando de Harry silenciosamente. "Por exemplo, se alguém que uma vez agiu em nome do Lord das Trevas estivesse vindo matar você, o Profeta poderia publicar a reportagem. Certamente, você iria querer saber."
Harry sentiu sua magia acordar, e pensou, também distantemente, se Lucius percebia o quanto ele estava colocando sua vida nas mãos dele. Draco parecia determinado a proteger Harry de seu pai. Harry sabia que Narcissa era mais sábia do que isso, e às vezes tinha temido achar seu marido morto e sangrando no chão se ele fosse muito longe.
"Eu certamente iria querer saber," Disse Harry, "se algo assim acontecesse. E se quem tinha agido uma vez em nome do Lord das Trevas me desse a cortesia de me deixar descobrir antes de acontecer algo pior." Ele elevou mais sua magia. Ele sabia que Lucius, assim como Draco, sabia sentir outros bruxos se eles fossem poderosos o suficiente. Normalmente, proteções os protegiam de dores de cabeça e as outras conseqüências infelizes disso. Deixe-o sentir dor transbordando pelas proteções, então.
Os olhos de Lucius se alargaram, e então ele acenou com a cabeça e retrocedeu, se sentando em uma cadeira ao outro lado da mesa. "Sr. Potter," Ele disse, derrubando toda pretensão da dança agora que a queda de sua própria máscara tinha tirado sua vantagem, "você deveria saber que eu não falo sobre mim mesmo."
"Então este não é outro daqueles artigos que falam sobre o irmão do Menino-Que-Sobreviveu ficar com a família Malfoy, e quão impróprio isto é, e como você certamente me matará e usará meu sangue para algum ritual para recriar seu Lord?" Harry perguntou. Ele poderia se fazer de cego, também.
Lucius estremeceu. Então respirou fundo e deslizou o papel pela mesa até o menino. "Leia isto, Sr. Potter," Ele sussurrou. "Apenas o artigo na primeira página. Eu acho que você entenderá."
Harry olhou para baixo. Ele não precisou ler o artigo, de fato. Ele só precisou ler a manchete, e entendeu quão errado ele estivera em pensar que Connor estaria seguro em Godric's Hollow e que ele poderia se afastar pelo verão.
PETER PETTIGREW ESCAPA DE AZKABAN
Harry podia ver a foto em baixo, uma velha fotografia na qual Pettigrew, pego entre dois Aurores, lançava sua cabeça ao redor em várias direções como se procurando uma fuga. Harry sabia que era ele pelas descrições de seus pais, entretanto nunca tinha visto uma foto inteira. Logo após a apreensão de Peter, Sirius tinha repassado as fotografias velhas de todos os Marotos e tinha recortado o traidor delas.
Ele elevou sua mão e se concentrou. Isto era algo ele poderia deixar a magia destruir, e alegremente.
A magia criou uma estranha chama sobre o jornal, queimando-o, rasgando-o, e o fazendo desaparecer. Harry se entregou completamente àquela breve explosão de poder, e ficou mais tranqüilo quando terminou. Ele acenou com a cabeça e olhou para Lucius, que estava novamente inclinado para ele. Ele não respirava rapidamente. Sua face não estava mais pálida que habitual. No entanto Harry podia senti-lo, preparado para golpear, e soube que Lucius verdadeiramente havia notado quanto perigo estava correndo.
"Entenda," Harry sussurrou. "Eu me preocupo com a minha segurança. Eu não teria vindo aqui se tivesse pensado que estaria em perigo perto de você, ou melhor, que você se importava mais com minha morte do que com a felicidade de seu filho. Mas eu me importo com meu irmão mais do que qualquer coisa no mundo, e agora é sete de julho. Eu deveria voltar para casa em breve."
"Não, Harry. Você não está completamente recuperado ainda."
Harry suspirou quando Draco correu para dentro da sala e pôs os braços ao redor dele. Draco não tinha feito nada de mal, claro, mas tinha acabado de revelar o que ainda poderia ser uma fraqueza importante em frente a alguém que Harry ainda considerava um inimigo. Harry pôs uma mão nas costas dele e encarou Lucius com um olhar duro por sobre a cabeça do filho dele.
Lucius não se moveu. Ele não disse nada. Ele observou. Seus olhos cinzas tinham ficado tão vazios e sua face tão imóvel que Harry não tinha mais certeza do que ele estava sentindo.
Harry desviou sua atenção para confortar Draco, que estava olhando para ele com olhos implorantes. "Você só ficou aqui um mês," Ele disse. "Nós íamos celebrar seu aniversário no Solar. Os elfos domésticos iam fazer uma refeição especial só para nós, e você não vai nem mesmo acreditar no presente que eu comprei para você. Seria a primeira vez que você teria um aniversário só seu, sem Connor, não é?"
Harry sorriu suavemente. "Seria," Ele disse. "Mas Peter Pettigrew está livre, Draco -"
A face de Draco prontamente assumiu uma expressão levemente culpada. Harry elevou suas sobrancelhas. "Você sabia sobre isto?"
"Eu não queria que você se preocupasse," Disse Draco naturalmente. Ele se afastou de Harry e sentou na cadeira ao lado dele. "As proteções no Solar não o deixariam passar, e você não precisa se preocupar com ele tentando atacar você. Por que ele iria querer machucá-lo?"
"Esse é o problema," Disse Harry. "Ele quer machucar Connor. E pelo que sei eu, ele poderia passar pelas proteções ao redor de nossa casa. Nossos pais já provaram que não podem nos proteger." O veneno em sua voz o chocou, mas ele se forçou a ignorar isso e continuar falando racionalmente com Draco. Racionalidade teria que penetrar naquele cranio teimoso alguma hora. "Eu tenho que estar lá quando Pettigrew chegar, por via das dúvidas, se ele tentar ferir Connor."
"Ele já poderia ter aparatado lá," Draco disse. "Por favor, Harry, eu não quero que você se preocupe com isto." Ele se inclinou para frente com seriedade nos olhos. "Connor não teria que se proteger cedo ou tarde, de qualquer maneira? Deixe-o fazer isto uma vez."
Harry suspirou. "Nós podemos ir para outro lugar, Draco?" Ele perguntou, olhando para Lucius.
Draco avançou e apertou sua mão. "Você pode falar em frente a ele, ele não tentou machucá-lo, Harry. A minha mãe e eu assistimos. Você pode confiar nele." Ele hesitou por um momento, então somou, "eu li alguns dos livros mais antigos, e eu posso reconhecer os presentes de trégua agora. Ninguém os troca até este ponto se pretendem romper o trato e ferir o outro bruxo." Ele olhou para seu pai.
"Muito bom, Draco," Disse Lucius, em uma voz educada. Ele estava olhando para Harry, e não parecia inclinado a parar. "Eu fico feliz de vê-lo aprofundando sua educação. Realmente, é verdade que eu realizei a uma troca de seis presentes de trégua com Sr. Potter até agora. Isso deixa apenas dez faltando. Neste ponto, os dois bruxos são quase forçados a continuar, a menos que um deles envie ao outro um sinal inconfundível para romper as negociações." Ele pausou, para dar efeito, Harry tinha certeza. "Eu não tenho intenção de enviar tal sinal por enquanto."
Draco sorriu para seu pai, então se virou para Harry. "Você não terminaria com isso, também, não é?" Ele sussurrou. "Por favor?"
Harry entendeu o impulso que levou Draco a fazer a pergunta. Afinal de contas, se Harry e seu pai fossem aliados, não havia como Draco se sentir dividido entre eles. Draco nunca teria que confrontar, completamente, o que Harry sabia que ele estava começando a suspeitar: que Lucius tinha agido como Comensal da Morte por sua livre vontade, sem estar sob a Maldição Imperius. Ele poderia seguir a decisão que tinha tomado ao enfrentar Tom Riddle ao lado de Harry, sem perder sua família.
Harry sabia disso, se houvesse uma ruptura aberta entre eles no momento, Draco o escolheria ao invés de seu pai.
Não havia palavras para descrever o quanto o honrava saber disso, e quanto o aterrorizava e fazia seu estômago doer. Ele não queria tanto controle sobre a vida de outro ser. Ele praticamente não conseguia suportar dar ordens aos elfos domésticos desde o incidente na Câmara, e ele sabia que a maioria deles (Dobby era uma enigmática exceção) estava desesperadamente ansiosos para servir. Como ele poderia colocar alguém sob compulsão quando ele próprio havia estado sob ela, através da possessão e da teia em sua cabeça?
Ele não queria. Então ele contou a outra coisa, o segredo que ele vinha esperando para contar a Draco até o último momento.
"Não é só a fuga de Pettigrew, Draco," Ele disse suavemente. "Eu estou sentindo uma força me puxando em direção a meu irmão." Ele ergueu sua mão e tocou sua nuca, batendo na parte de trás de seu crânio. Ele esperou a dor, e suspirou em alívio quando nada veio. Uma semana atrás, fazer isso teria feito reverberações percorrerem por sua cabeça durante uma hora. Parecia que ele estava finalmente começando a curar. "A-a coisa dourada sobre a que eu lhe falei." Ele ainda não estava pronto para revelar a Lucius, de todas as pessoas, que ele tinha uma teia que brilhava num tom dourado e tinha a voz de uma fênix em sua mente. "Está me puxando, me dizendo para ir para casa. Eu já estou perdendo o sono e a fome. Eu não acho que parará até eu estar de volta na mesma casa que Connor. Me desculpe," Ele somou.
"Mas ela não fazia isso antes," Draco sussurrou.
Harry acenou com a cabeça. "Eu sei. Mas não estava então danificada, e eu acho que este é o modo com o qual ela está se reafirmando. Me desculpe," Ele repetiu.
Draco baixou sua cabeça e deu um longo suspiro. "Mas seus pais," Ele sussurrou. "Você acha que pode lidar com eles?"
Harry acenou com a cabeça novamente. "Eu acho que sim. Contanto que eu exercite minha magia, eu posso me privar de machucá-los. E já que eles me ignorarão de qualquer maneira - " ele tinha contado para Draco sobre o feitiço Fugitivus Animus que ele lançou em seus pais e que os fez dedicar toda sua atenção e percepção a Connor "- eu terei muito tempo para praticar meus feitiços."
Draco mordeu o lábio mais algumas vezes, então pôs os braços ao redor de Harry e o segurou apertado. Harry retribuiu o abraço, e ignorou o olhar fixo que podia sentir vindo da direção de Lucius. Lucius não saberia se Harry realmente estaria mostrando afeto, ou só fingindo para não ferir os sentimentos de Draco. Lucius não sabia nada sobre a garrafa que ele tinha dado a Draco, a qual brilhava com as verdadeiras emoções que Harry sentia por ele.
"Eu lhe enviarei seu presente de aniversário por correio, então," Draco sussurrou. "Eu acho que posso fazer isso."
Harry acenou com a cabeça. "Obrigado." Ele se afastou de Draco e se virou para Lucius. "Como não sou velho o bastante para aparatar sozinho, Sr. Malfoy," Ele disse, "Posso lhe dar o trabalho de lhe pedir uma Chave de Portal?"
Lucius abriu a boca para responder, mas uma voz fria por detrás de Harry respondeu por ele. "Eu lhe darei uma, claro, Harry. Não é trabalho nenhum." Narcissa avançou, encarou duramente seu marido, e então olhou para Harry. "Se você tem certeza de que tem que nos deixar?" Ela somou, seu sorriso triste.
Harry acenou com a cabeça. "Eu tenho, Sra. Malfoy. Obrigado por sua hospitalidade. Tem sido maravilhoso ficar aqui. Se você puder direcionar a Chave de Portal para o Beco Diagonal, eu vou mandar uma coruja a Remus Lupin, que é um amigo da família e lhe pedir que me encontre lá." Não seria nada bom tentar direcionar uma Chave de Portal para Godric's Hollow, já que Harry não estava disposto a contar aos Malfoys mais velhos onde seu irmão vivia, e as proteções não os deixariam passar, de qualquer maneira.
"Não seus pais?" Narcissa murmurou, mas ela já estava saindo da sala para procurar algum objeto que poderia virar uma Chave de Portal satisfatória, e não ficou para escutar a resposta dele.
"Mas amanhã, certo?" Draco sussurrou. "Você não partirá hoje?" Agora seu sorriso estava fraco, pelo menos até Harry acenar com a cabeça para ele. Ele agarrou a mão de Harry. "Bom. Então você terá tempo para tentar adivinhar seu presente de aniversário."
Harry piscou. "Eu pensei que você não queria que eu adivinhasse meu presente de aniversário."
"Eu ainda quero que você adivinhe," Disse Draco, o arrastando para a porta da sala de jantar. "Eu só não quero que você acerte."
Harry acenou com a cabeça, então olhou uma vez para Lucius. O puxão na parte de trás de sua cabeça tinha aliviado no momento que ele falou que estava indo para casa com seu irmão, mas ele ainda podia sentir os olhos do outro bruxo o fatiando.
"Parece que meu filho achou um verdadeiro amigo," Lucius disse, seus lábios quase não se movendo. "É tão maravilhoso quando alguém acha um amigo ainda tão novo, e uma pena quando alguém os perde."
Harry inclinou sua cabeça para trás. Ele podia entender muito bem aquela declaração: era o começo de uma dança nova, e enquanto Lucius dificilmente romperia as negociações de trégua nesse momento, isso não lhe impedia de fazer qualquer outra coisa que quisesse fazer.
Harry tinha esperado isto. Lucius ainda era um Comensal da Morte. E Connor ainda era o Menino-Que-Sobreviveu, e irmão de Harry.
E então havia Draco, Harry pensou, como um obstáculo, o qual deu um puxão forte o suficiente em seu braço para quase o jogar no chão. Alguém que sempre está me arrastando para algum lugar.
"Venha, Harry," Disse Draco, lhe dando outro puxão. "Está até mesmo escondido no meu quarto. Eu vendarei você, e você tenta achar ele."
Harry balançou a cabeça e se rendeu à maravilha de ter um amigo como este, por algum tempo.
N/T: Eis a terceira fic da Série Arco dos Sacrifícios, espero que tenham gostado do primeiro capítulo. Esta fic é mais pesada que as outras duas, mas é também muito legal de traduzir e tenho certeza que vocês gostaram muito de ler.
Gostaria de agradecer por todas as Reviews que me mandaram na fic anterior e espero que vocês não se acanhem nesta XD (eu, como todos que postam fics aqui, adoro receber reviews)
Até a próxima semana!
Próximo Capítulo: O Cartógrafo
