Prólogo

Grécia, Montes Pindo, outubro de 1990.

Cinco pessoas entram nas ruínas de um templo antigo, escondido no coração da cadeia montanhosa. A entrada do templo não passa de uma pequena rachadura, o que ajudou a mantê-lo escondido da civilização pr centenas de séculos.

Apesar da decadência devido ao tempo, o lugar não deixou de ser magnificamente belo. Altas pilastras de cinco ou seis metros sustentavam o teto, mas não deixavam de ser objetos de decoração devido ao seu formato de ninfas e das bases de ouro puro.

Além das belas pilastras, havia diversas pinturas nas paredes, todas representando a natureza.

-Não toquem em nada, não gritem e não retirem nada do lugar sem a minha autorização- falou um dos homens, o líder deles. -Todo o cuidado é pouco, não sabemos em que condições este lugar se encontra.

Aos poucos eles foram se espalhando em busca do que vieram procurar.

Nas paredes e pilastras havia gravações rúnicas. O líder, único ali capaz de interpreta-las, caminhava lentamente tentando encontrar algo de útil, mas pelo visto só havia registros idiotas de grandes feitos de heróis mortos há séculos.

"Tem que haver algo por aqui!".

-Chefe, dá uma olhada aqui!- Um de seus homens o chamou até a parte mais funda do templo.

À medida que ele andava, um sorriso ia aparecendo em seus lábios. À sua frente ele viu ir surgindo das sombras uma gigantesca estátua de uma mulher em marfim, que ocupava todo o espaço entre o chão e o teto, sentada em um trono de ouro; com uma das mãos ela acariciava um lobo negro, e com a outra ela segurava um enorme cajado com a ponta em forma de um pentagrama, às suas costas havia uma pintura de uma majestosa árvore.

-Gaia!- Ele deu um sorriso de satisfação antes de se aproximar e tocar a base do trono, onde encontrou mais runas. Ele tinha certeza de que ali estavam as respostas que tanto ansiara. -Tragam luz- ordenou, e um dos homens se aproximou com uma lanterna.

Sim, ele estava certo, aquela runas falavam sobre a lenda. Seria ela verdadeira? Finalmente chegara a hora de descobrir.

-E então?

-Quietos! Eu preciso me concentrar- ele suspirou observando as runas. -Algo aqui está diferente, não é igual à escrita que eu conheço- ele falava consigo mesmo. -Além das runas estarem mais apagadas... mais antigas, eu diria. Mas acho que devem seguir a mesma linha de raciocínio.

Um ruído fez ele se virar para seus homens.

-Olha que legal- disse um deles, que segurava um estranho artefato nas mãos, algo que lembrava um crânio de ouro.

-Onde você encontrou isso?

O homem apontou para uma pequena porta, escondida por ramos de uma planta, no fundo do templo, que parecia levar para uma segunda câmara.

-Será que eu não fui claro o suficiente quando disse para não tocarem em nada?!

-Eu pensei que...

-VOCÊ NÃO ESTÁ SENDO PAGO PARA PENSAR!- Enfureceu-se o líder, o que fez todo o templo tremer ameaçadoramente. -Deixe-me terminar com isso, antes que este templo venha a baixo.

Ele voltou a se concentrar na leitura das runas. Não demorou muito para que ele pudesse compreender algo. Uma onda de alegria, ou talvez desejo, se apoderou dele ao se afastar indo em direção à porta que levava para a outra câmara, que era bem menor e circular. Seus olhos quase saltaram das órbitas quando ele viu um alçapão, no centro da sala, quase imperceptível a olhares desatentos devido à grande quantidade de poeira que se acumulara durante os anos.

-A lenda é verdadeira!- Ele quis gritar estas palavras, mas conteve-se em apenas murmura-las. -Finalmente vou encontrar o que tenho buscado por anos!

Com muito cuidado ele abriu o alçapão, que levava a uma passagem subterrânea através de uma escada íngreme e irregular.

-Esperem aqui ele- ordenou aos quatro homens que o observavam, e passou a mão na lanterna que um deles segurava.

A decida foi longa e a escuridão logo o envolveu. Não demorou muito para a entrada do alçapão se transformar em um pequeno ponto luminoso e a lanterna se transformar na única fonte de luz. A cada degrau a escada parecia ficar mais irregular e perigosa, mas isso pouco importava àquele homem, agora que chegara tão perto do seu objetivo não desistiria facilmente.

Mais de uma hora se passara, quando ele finalmente chegou ao fim da escada e se viu em uma gruta fracamente iluminada por um brilho dourado, vindo do interior de um pequeno lago. Não era possível ver o que tinha além da luz, mas isso também não interessava naquele momento.

Ele caminhou até à margem do lago e o que viu fez seu coração bater acelerado em seu peito. No centro do lago, submersa sob a água cristalina, estava uma arca de ouro que emanava um brilho distinto.

O homem não pensou duas vezes, atirou-se na água e mergulhou em direção à arca. Ele teve um pouco de trabalho para tira-la do lago, mas a satisfação que sentia suprimia qualquer dificuldade. Era uma arca pequena, com uns 50 cm de comprimento por 30 cm de altura e um peso considerável, toda trabalhada em ouro e com um enorme pentagrama desenhado na tampa.

Ele tentou abrir a arca assim que a colocou em terra firme, mas ele sabia que não conseguiria, pois era preciso ter a chave.

Se descer fora difícil e demorado, subir foi ainda pior. Quando já estava perto da saída, ele chamou seus homens para ajuda-lo com a arca.

Ao sair do alçapão ele precisou sentar e respirar antes de tomar o próximo passo.

-Tragam a arca até a Deusa.

Eles voltaram para diante a estatua. E foi com um sorriso maquiavélico que ele escalou a estátua até alcançar uma corrente de ouro em seu pescoço com um pingente de formato curioso, a chave!

Em frente à arca novamente, ele inspirou ao por aquela estranha chave em sua fechadura e girar. Teve que fazer um esforço sobre-humano para conter um grito vitorioso ao ouvir o CLICK da arca se abrindo. Mas logo o seu rosto foi tomado por uma expressão de medo.

De dentro da arca saiu uma massa etérea e brilhante que espalhou névoa por todo o templo.

-Mas que droga é essa? Gritou um dos homens.

Aos poucos a névoa foi se dissipando e então eles puderam ver a massa etérea subir pela estátua da Deusa e a envolver. Logo em seguida os olhos de Gaia brilharam e uma estranha luz dourada saiu de seu cajado e se dirigiu para fora do templo com uma velocidade assustadora.

O líder precisou de alguns minutos para se recuperar do espanto. Só então voltou seus olhos para o interior da arca, e a decepção tomou conta de todo o seu ser.

-PERGAMINHOS? Depois de tudo isso, a única coisa que eu encontro são "pergaminhos"!

xxXxx

Muito longe da Grécia, uma senhora de certa idade acorda de um transe.

-Gaia manda seu sinal. Sua escolhida chegará em breve!