Autor:
Amy
Lupin
Beta:
Ivinne
Título:
Verdade? Ou conseqüência?
Par:
Sirius/Remus
Classificação:
slash, PG-13
Nº
de palavras:
3.728
Resumo:
Sirius tem ótimas idéias sobre como passar o tempo na companhia de
seus melhores amigos.
Avisos:
Se alguém, como eu, nunca jogou 'Verdade ou Conseqüência', eu
sugiro ler a explicação do jogo na Wikipédia.
Notas:
Fanfiction escrita para o PSF Tounnament 2008.
Parte:
1 de 3 (porém todos os capítulos podem ser lidos também como
ficlets independentes)
Disclaimer:
Essa história é baseada nos personagens e situações criadas e
pertencentes a J.K. Rowling, várias editoras e Warner Bros. Não há
nenhum lucro, nem violação de direitos autorais ou marca
registrada.
Desafio
n°66:
(detalhes só lá no final)
--oOo--
Já passava das dez horas da noite quando Filch, enquanto patrulhando o corredor do quinto andar, ouviu um barulho como de uma explosão ao longe e um leve tremor. No mesmo instante, chamou sua gata que subiu em seu ombro.
"O que você me diz?" ele questionou o animal, que soltou um miado desconfiado. "Foi o que eu pensei. Aqueles garotos infernais devem estar fazendo uma arruaça no andar de cima. Vamos, depressa" disse ele, já subindo as escadas.
Enquanto isso, na Sala Precisa, quatro garotos tossiam em meio a uma nuvem de fumaça púrpura.
"O que foi isso?" perguntou James, ao mesmo tempo em que conferia todos os membros do corpo, certificando-se de que não faltava sequer um pêlo do sovaco.
"Tem alguma coisa subindo na minha perna!" disse Peter, desesperado.
"Oh, me desculpe, esse foi o meu pé" esclareceu Remus.
"Legal!" exclamou Sirius, excitado, ajeitando os cabelos e espanando a fumaça. "Vamos fazer de novo?"
"Isso não era pra ter acontecido, seu imbecil!" ralhou James, tentando alcançar o livro que tinha servido de guia até aquele momento.
Remus, porém, foi mais rápido, e passou a folheá-o furiosamente.
"Alguém pode dar um jeito nessa fumaça, por favor?" resmungou Peter.
James resolveu o problema, com um aceno de varinha.
"Mas que foi legal, ah isso foi!" Sirius deu de ombros.
Remus interrompeu a discussão que viria em seguida entre Sirius e James:
"Peter, vá checar a porta. Eu não me admiraria se tivermos acordado Hogwarts inteira." E enquanto o garoto gordinho de olhos lacrimosos corria até a porta, continuou: "Aqui não diz nada sobre fumaça púrpura. Nem de qualquer outra cor."
"Oh não!" gemeu Peter, ao que todos olharam para ele. "A porta não quer abrir! Está emperrada!"
"Não seja besta, Wormtail. Será que não consegue nem abrir uma simples porta?" disse Sirius, irritado, caminhando até ele e puxando a maçaneta com desdém. Depois com um pouco mais de força. Então sacou a varinha e testou um repertório de feitiços. "A porta não quer abrir! Está emperrada!" constatou, horrorizado, ao que Peter acenou em concordância.
"O que aconteceu, Moony?" perguntou James, preocupado. Se o lobisomem não soubesse, então estariam mesmo fritos.
Remus franziu o cenho, voltando a analisar os ingredientes.
"Bom, na verdade essa poção é bem parecida com um encantamento... eu suponho que, se Sirius se enganou na quantidade de ovas de peixe-"
"Hey, eu não me enganei coisa nenhuma-"
"Shh!" James calou-o. "O que teria acontecido se Padfoot, sempre tão eficiente, por uma brincadeira de mau gosto do destino, tivesse se enganado na quantidade?"
Remus mordeu o lábio inferior.
"Isso somado à intensidade da força do seu encantamento, James-"
"Ah-há, viu só, eu não fui o único que estragou tudo-!"
"Shh!!"
"... provavelmente lançou um encantamento de proteção na sala."
"Mas e agora? Como vamos reverter isso?" exasperou-se James. "Amanhã tem jogo de quadribol! Eu não posso passar a vida inteira preso numa sala que ninguém sabe que existe!"
"Quanto tempo dura esse encantamento?" a gravidade da situação fez Sirius questionar, com seriedade.
"É difícil ter certeza" Remus massageou a ponte do nariz. "Tanto pode demorar alguns minutos como algumas horas. Não tenho como medir a margem de erro..."
"Oww" James gemeu, largando-se no chão.
Peter e Sirius voltaram para seus lugares, fazendo um círculo no chão ao redor do caldeirão de poção inutilizada.
"Tudo por culpa daquele leão-marinho!" resmungou Sirius.
"Na verdade, não" ponderou Remus. "O Prof. Slughorn pediu apenas que nós pesquisássemos sobre a poção de encolhimento. A idéia de experimentarmos foi sua e de James."
"Então a culpa foi sua, Moony, por ter deixado que nós levássemos a cabo uma idéia estúpida como essa!" acusou James.
"Alguém se habilita a testar a poção?" ofereceu Remus, a guisa de resposta.
Sirius deu de ombros.
"Depois eu despejo no suco de abóbora do Snivellus."
"E agora?" questionou Peter num quase sussurro.
Remus deu de ombros.
"Agora nós esperamos."
"Owww!" James voltou a gemer. "Eu quero minha cama!" E no mesmo momento uma cama muito parecida com a de James surgiu num canto da sala. "Boa tentativa" ele deu palmadinhas afetuosas no chão da Sala Precisa.
"Hey, que tal se nós fizermos algum jogo?" sugeriu Peter, ao que os outros três responderam um 'não' desdenhoso em uníssono.
"Pensando bem, sabe que não é má idéia?" exclamou Sirius, ao que Peter olhou esperançosos para James, torcendo para que ele também aprovasse, porém o garoto de óculos limitou-se a gemer mais uma vez.
"Que tipo de jogo?" perguntou Remus, desconfiado.
"Na verdade, dois jogos" Sirius se levantou, arrastando o caldeirão para fora do círculo, deixando o meio livre. Então disse a ninguém em particular: "Vamos precisar de uma garrafa."
No momento seguinte, havia uma garrafa no chão, próximo deles.
"Ah, não. 'Verdade ou Conseqüência' não!" Remus reclamou prontamente. Suas experiências que envolviam Sirius e jogos de verdade não eram exatamente o que se podia chamar de 'lembranças felizes'.
"Ah... até que pode ser divertido..." animou-se James, empertigando-se. "Mas você disse que eram dois jogos?"
Sirius sorriu, satisfeito. "'Verdade ou Conseqüência' e 'Eu Nunca'"
Foi a vez de Remus gemer, porém os outros ficaram empolgados. Principalmente James.
"Hey, Padfoot, por acaso você ainda tem aquela amostra de Veritasserum na sua mochila?"
"É isso aí, você pegou o espírito da coisa, Prongs!" exclamou Sirius, remexendo sua mochila até retirar um frasco honestamente roubado da sala de Horace Slughorn. "Acho que dá pra todos. Mas se eu tiver que ficar sem... paciência, né?"
Porém os outros não lhe deram esse gostinho. Dividiram igualmente os goles e tomaram – alguns com certa relutância - sob os olhares atentos dos outros para que não houvesse trapaças.
"Eu sou tão lindo" exclamou Sirius, orgulhoso. "Viu só como é verdade?"
"Eu começo" ofereceu-se James, segurando a garrafa. "Eu nunca lavei minhas meias" afirmou e, ignorando os protestos de 'covarde!' e 'até o Wormtail sabe fazer melhor do que isso', girou a garrafa, que apontou para Peter. Este pareceu excitadíssimo. "Verdade ou conseqüência?" perguntou.
"Conseqüência!" exclamou Peter, entusiasmado com a idéia de fazer o que quer que James mandasse.
Sirius fez um gesto desdenhoso e Remus parecia aliviado demais por ter se safado dessa vez para demonstrar alguma outra reação.
"Hmmm" James pensou. "Você vai ter que dar um peteleco na cabeça do Sirius."
"Há-há, quero ver você tentar" desafiou Sirius.
Toda a empolgação de Peter tinha se evaporado. Ele abriu a boca para desistir, mas teve medo do castigo. E se, ao invés de dar um peteleco, ele tivesse que lhe beijar o vão dos dedos do pé – na melhor das hipóteses? É, seria bem pior.
Foi uma confusão. James se acabava de rir enquanto Peter dava investidas pouco corajosas sem conseguir sequer se aproximar o suficiente do outro maroto, que rosnava e fazia ameaças. Remus relaxou o suficiente para se divertir – e até mesmo encorajar – Peter. Quando finalmente conseguiu cumprir sua missão quase-impossível, Peter foi imobilizado e derrubado no chão com uma rasteira, arregalando os olhos quando Sirius ameaçou acertar o punho em seu estômago, porém desistiu na última hora.
"A última coisa que eu preciso é de um rato com dor de estômago, tsk..." desdenhou Sirius, voltando a se sentar.
Peter ainda demorou alguns minutos para normalizar a respiração antes de tomar seu lugar novamente.
"Sua vez, Pete" disse Remus, prestativo e apreensivo ao mesmo tempo.
"Eu nunca... eu nunca..."
"Ta bom, nós já sabemos que você é virgem, gira logo essa garrafa!" impacientou-se Sirius ao que James repreendeu-o.
"Em vez de ficar apressando ele, vai pensando em alguma coisa criativa pra quando chegar a sua vez" provocou, encaixando melhor os óculos no rosto.
"Já sei! Eu nunca esquiei no gelo!" disse Peter vitorioso, girando a garrafa.
"E no asfalto, você já esquiou?" perguntou Sirius, sarcástico, porém com os olhos fixos na garrafa... que apontou para Remus.
Peter pareceu decepcionado. O lobisomem franziu a testa. Pelo menos era Peter...
"Verdade ou conseqüência?"
"Verdade" arriscou-se Remus.
"É verdade que você esconde montes de chocolate debaixo de uma taboa atrás do seu malão?" perguntou Peter.
Ao que Sirius pareceu desconsolado:
"Desperdiçando ótimas oportunidades... esse é o Peter Pettigrew que eu conheço... Por que você pergunta algo que você já sabe?"
Peter deu de ombros. Remus sorriu.
"Era verdade, Pete. Mas, de duas semanas pra cá, eu tive que mudar meu esconderijo, já que minhas barras de chocolate estavam desaparecendo misteriosamente."
"Mas onde-?" começou Peter, porém foi repreendido pelos outros, que disseram que sua vez já tinha passado e que ele devia esperar pela próxima oportunidade.
Finalmente foi a vez de Remus.
"Eu nunca tive catapora" disse, sem se importar com o coro de desapontamento - liderado por Sirius – que se seguiu a sua declaração. Girou a garrafa.
Assim que a garrafa apontou para James, Remus já atalhou:
"Posso pedir uma situação? Posso?"
Remus olhou para Sirius em busca de uma aprovação ao que Sirius acenou afirmativamente com a cabeça.
"Manda ver, Moony!"
Remus pensou por um breve instante.
"Se você fosse mandado para uma cabana no meio do nada, sem varinha, sem lareira e sem previsão de voltar pra casa, quem você escolheria por companhia – sem ser Lily Evans" ele acrescentou rapidamente, quando os olhos de James brilharam e a resposta já estava na ponta da língua.
James murchou instantaneamente.
"Oh, droga..."
"Também não vale levar a McGonagall" zombou Sirius.
Porém James não lhe deu atenção.
"Eu levaria a minha mãe" James deu de ombros e aguardou os 'Ohhh's e 'Argh's e 'Eww's de seus companheiros antes de completar: "Cara, sem varinha? Quem vai fazer minha comida? Lavar minhas meias e cuecas? Arrumar a minha cama?"
"Mandar você lavar atrás das orelhas... Cara, você me assusta às vezes, sabia?" admirou-se Sirius.
James ignorou-o novamente e exclamou:
"Eu nunca tive espinhas" antes de girar a garrafa.
"Isso porque você ainda nem atingiu a puberdade, Prongs, bebezinho da mamãe" espetou Sirius, porém arrependeu-se no momento em que a garrafa lhe apontou o gargalo, ameaçadoramente.
"Verdade ou desafio, amigão?" James balançou as sobrancelhas diabolicamente.
"Verdade."
"É verdade, oh Garanhão de Hogwarts, que você, em seus tenros quinze aninhos de idade, ainda é virgem?"
Sirius fez uma careta ameaçadora para o melhor amigo antes de fingir indiferença novamente, dando de ombros, ao que os outros já começaram a rir. James principalmente.
"Isso é um sim, Pads?"
"Você também é!" acusou Sirius, ao que os outros riram ainda mais. "E eu nem preciso desperdiçar uma pergunta pra saber disso."
"Eu nunca beijei um garoto" disse Sirius, irritado pelas risadas dos colegas. Tinha aguardado tanto esse momento, onde os outros demonstrariam sua adoração perante sua criatividade, porém James tinha que ter estragado seu momento triunfal! Ignorou o comentário de James sobre estar 'aproveitando a oportunidade para divulgar seus fetiches' e girou a garrafa com força, praguejando quando ela parou em Peter. Quem sabe, se assoprasse um pouquinho ela não viraria uns trinta graus para a esquerda, para que ele pudesse se vingar apropriadamente de seu melhor amigo?
"Verdade ou desafio?" perguntou, desanimado.
Peter reuniu coragem para responder:
"Verdade."
"É verdade que as únicas – e rápidas - experiências sexuais que você já teve nunca envolveram uma garota de verdade?" questionou, amargo.
"Isso é o que você chama de criatividade, Padfoot?" alfinetou James.
"Só porque eu não quero desperdiçar minha criatividade com Pete não quer dizer que eu não tenha nenhuma, James."
"Oh-oh..." exclamou Remus e os outros dois interromperam a discussão para seguir seu olhar. Peter parecia prestes a explodir de vergonha, sua coloração passando de vermelho intenso para uma tonalidade perigosa de roxo.
"Peter? Está tudo bem?"
"Peter, responda a pergunta do Padfoot" disse James, alarmado.
"Bem, eu... na verdade... teve uma garota nas férias de verão..."
"Ohh, não!" James estava chocado.
"Eu acho que eu vou vomitar..." Sirius levou a mão ao estômago.
"..." Remus limitava-se a encará-lo, boquiaberto.
"Alguma chance de o efeito da Veritasserum estar passando?" James cutucou Sirius.
Sirius consultou o próprio relógio.
"Não é possível... deixa eu testar: eu sou virgem, tenho uma cueca de coraçõezinhos – que eu só me atrevi a usar uma vez, que isso fique bem claro – e odeio o Snape. Viu só? Ainda está funcionando!"
"Oh, não!" exclamou James novamente.
Peter deu de ombros.
"Eu nunca contei isso pra ninguém..."
"Ótimo, gira logo essa garrafa, em nome da cueca de coração do Pads" implorou James.
Peter girou. E Sirius gemeu.
"De novo eu?"
"Então, o que vai ser?" perguntou Peter, apreensivo.
"Eu também quero uma situação" disse Sirius, arqueando uma sobrancelha em desafio.
Peter torceu as mãos, desesperado. Não tinha idéia de situação alguma. Estava começando a entrar em pânico quando James se curvou, sussurrando algo em seu ouvido.
"Hey, isso não vale!" protestou Sirius, porém Peter parecia extasiado.
"Se você tivesse que escolher entre lavar as cuecas de Snape e ser jogado numa jaula de quimera sem varinha, qual você escolheria?"
Sirius fulminou-o com o olhar. Abriu a boca para dizer que preferia mil vezes ser despedaçado pela quimera, porém era como bater a cabeça contra o concreto.
"Eu lavaria as cuecas de Snape" acabou resmungando por entre os dentes cerrados. "James Potter, você me paga."
James sequer ouviu a ameaça de tanto que ria. Remus mordia os cantos da boca e Peter parecia orgulhoso e temeroso ao mesmo tempo.
Sirius bufou e girou a garrafa com força ao dizer:
"Eu nunca dormi num colchão d'água"¹.
A garrafa rodopiou várias vezes antes de apontar para Remus. Sirius esfregou as mãos, ao mesmo tempo em que Remus engolia em seco.
"Moony..." ele disse, manhoso. "Você prefere verdade ou conseqüência?"
Remus não preferia nenhum dos dois. Queria estar na segurança de sua cama, com as cortinas muito bem fechadas, comendo chocolate e lendo algum livro. Mas, como não tinha escolha, preferiu a alternativa menos pior:
"Verdade...?"
Sirius sorriu, predador, antes de despejar:
"Moony, você é virgem, toma banho todas as manhãs e aproveita para descascar umas bananas..." e nesse ponto Sirius completou com um gesto bastante insinuante com a mão, fazendo Remus corar até a unha do dedão do pé "... fica excitado quando come chocolate, tem arrepios quando cochicham em seu ouvido e acha a cor vermelha extremamente sexy. Tudo o que eu falei é verdade, não é?"
"Mas... Isso não vale!" protestou Remus. "James, diga para ele que isso é golpe sujo!"
James, que estivera de olhos arregalados, piscou.
"Bem... sem dúvida que foi um golpe bem sujo, mas..." e quando os ombros de Remus já estavam quase relaxando, ele voltou a retesá-los. "Mas ainda assim, eu creio que você deva responder à pergunta dele, Moony."
"E então, Moony? Sim ou não?" cantarolou Sirius.
Remus se sentiu traído. Estava prestes a dizer que desistia quando pensou que ir para o 'poço'² poderia ser muito pior do que isso. Gaguejou, praguejou quando não conseguiu mentir e escondeu o rosto nas mãos.
"É tudo verdade! Merda."
Sirius fez uma dança da vitória enquanto James exclamava:
"Remus, seu lobo safado!!"
Peter parecia ainda estar tentando entender o que as bananas tinham a ver com a história toda.
Remus respirou fundo e se preparou para girar a garrafa.
"Eu nunca... me senti tão humilhado em toda a minha vida."
A garrafa rodopiou algumas vezes antes de apontar cambaleante para James, mais uma vez. O maroto encaixou melhor os óculos no rosto e jogou-lhe beijinhos.
"Também te amo, Moony! E eu me refiro aqui a amor fraternal, ok, Padfoot? Não precisa me olhar desse jeito. Eu escolho verdade, a propósito."
Remus parecia ainda estar abalado demais para pensar em algo. Sirius se aproximou e passou um braço por seus ombros.
"Hey, Moony, não fique assim. Eu sei de uma coisa que vai te animar" e dizendo isso, aproximou a boca do ouvido do lobisomem, fazendo-o se retrair, e cochichou em seu ouvido.
"Invejoso... tsk..." murmurou James, tentando parecer despreocupado enquanto observava: Remus fungou; olhou descrente para Sirius; resmungou um 'Você está brincando...?'; Sirius acenou negativamente; Remus voltou seu olhar cético para James. Foi a vez de James engolir em seco.
"É verdade que você fez xixi na cama até os dez anos?"
"Sirius Black! Eu te esgano!" ralhou James, os punhos fechados, o olhar assassino. "Você disse que nunca contaria a ninguém!"
"Ora, mas quem acabou de confirmar foi você mesmo!" zombou Sirius, saboreando sua vingança.
Remus se esqueceu de seu drama por alguns segundos enquanto ria. Peter entendeu a piada dessa vez e tentou não rir em solidariedade a James, mas o riso dos outros era contagiante.
"Você não perde por esperar, Sirius. Você vai ver só quando chegar aos ouvidos de Snivellus uma história sobre uma cueca de coraçõezinhos" prometeu James, girando a garrafa com força depois de dar sua última alfinetada: "Eu nunca usei cuecas de coraçõezinhos."
A garrafa girou loucamente, foi diminuindo a velocidade sob o olhar atento dos quatro. A expectativa parecia fazer a cena rodar em câmera lenta. A garrafa ameaçou parar em Remus, porém continuou mais alguns graus até apontar... para Sirius Black.
"Uhhh!" fez Remus aliviado, ao mesmo tempo em que Sirius arregalava os olhos e sorria angelicalmente para o melhor amigo.
"James, você sabe que é o meu melhor amigo, certo? Não faça nada que você vá se arrepender depois, amigão..."
James estava jubiloso. A justiça não tinha falhado e nem sequer tardado.
"Verdade ou conseqüência?"
"Hmmm conseq- não! Eu acho que prefiro uma situa- não, espere! Ok, verdade. Eu escolho verdade."
James estralou os dedos. "Padfoot, querido amigo, eu estou curioso. Com quem você estava sonhando ontem à noite? Ou melhor, pra quem você 'armou a barraca' ontem à noite? Parece-me que eu ouvi um nome, meio gemido, meio implorado, algo que soava como Moo-"
"NÃO! Cala essa boca!" Sirius interrompeu, assustando os colegas com o grito desesperado. "Eu me recuso! Não há nada no mundo que me faça responder. Pode me castigar. Eu faço qualquer coisa."
"O Pads vai para o poço! O Pads vai para o poço!" James começou a cantarolar, fazendo sua própria versão de dança da vitória.
"Mas..." Remus tinha o cenho franzido em curiosidade. Repassava as palavras de James mentalmente, com a impressão de ter deixado passar algum detalhe importante.
Enquanto isso, Sirius se aproveitou da distração dos outros para se arrastar até Peter, que parecia ainda mais confuso do que Remus, e cochichar em seu ouvido. "Pete, se você me avisar discretamente quando James apontar para o Moony e depois para a boca do Moony, eu te dou quantas barras de chocolate você agüentar comer. Entendeu? Moony; boca. Certo?"
Peter acenou positivamente, os olhos brilhando à menção de doces. Sirius murmurou um "Bom garoto" antes de se levantar, sacudir a poeira das calças e dirigir-se a James, carrancudo:
"Vamos, ande logo com isso. Quer vedar meus olhos?"
"Não, não é preciso" disse James, levantando-se também e limpando as lágrimas dos olhos. "Apenas encoste a testa na parede. Eu vou saber se você olhar."
Levando os dedos aos lábios, James pediu que os outros ficassem em silêncio. Em seguida apontou para Peter:
"É este?"
Sirius ficou em silêncio por alguns segundos antes de responder:
"Não."
James bufou, levemente decepcionado. Seria tão mais divertido... Apontou para Remus.
"Então é este?"
No mesmo instante, Peter foi acometido por um acesso de tosse ao que Remus deu tapinhas em suas costas enquanto Sirius exclamava um "Sim!"
Com outro gesto, James pediu que Remus se levantasse e começou a apontar para diversas partes do corpo do lobisomem enquanto questionava Sirius: axilas, pés, coxas, traseiro, nariz – e nesse momento Peter quase tossiu, porém se refreou a tempo – virilha e, finalmente, boca.
Peter quase acabou com a própria garganta de tanto que tossiu. Porém dessa vez Remus não foi ao seu socorro, pois estava muito ocupado tentando segurar o próprio queixo.
"O quê?"
James também não parecia muito satisfeito. Era pra ser um castigo, ora! Agora Sirius ainda conseguiria tirar uma casquinha de sua punição!
"Onde eu vou ter que beijar?" perguntou Sirius numa inocência tão obviamente fingida que James teria percebido se não estivesse se lamentando pela sorte do melhor amigo.
"Vai ter que beijar Moony na boca. Anda, acaba logo com isso."
"Mas... e eu?" indignou-se Remus. "Ninguém está interessado em minha opinião sobre iss-"
"Não!" disseram James e Sirius em uníssono.
James sentou-se ao lado de Peter para assistir enquanto Sirius se aproximava de Remus como um felino, enlaçando sua cintura.
"Hey, tire essas mãos de mim. O castigo não envolve mão, só bmphh!"
O protesto de Remus foi abafado pela boca de Sirius, que tomou seus lábios com gula. De olhos arregalados, Remus se deixou levar, sem conseguir reagir – talvez por causa do choque. Quando Sirius segurou seu rosto com ambas as mãos, Remus soltou outro protesto abafado, porém não conseguiu se desvencilhar – ou não tentou com vontade suficiente. Quando a língua atrevida de Sirius invadiu sua boca, ele já nem percebera que fechara os olhos e entrara na dança, as mãos caídas ao lado do corpo em sinal de derrota – ou entrega.
James bufou, quebrando o clima.
"Tá, tá, já chega, ou será que eu vou ter que jogar um balde de água fria pra vocês dois desgrudarem?"
Então três coisas aconteceram de uma só vez: um balde d'água se materializou ao lado de James; Sirius desgrudou os lábios dos de Remus com um barulho estalado; e ouviu-se um barulho como o de uma tranca.
"Vocês ouviram isso?" perguntou James, correndo até a porta.
Remus aproveitou a distração para se desvencilhar dos braços de Sirius e se dirigir até a porta também, acompanhado de um Peter tão corado quanto ele. Sirius fez cara de abandono, mas ninguém lhe deu atenção.
"Está aberta!" comemorou James. "O feitiço acabou! Ohh, doces sonhos me aguardam!"
"Cuidado pra não molhar a cama de tanta felicidade" alfinetou Sirius, porém James estava feliz demais para cair na provocação.
James tirou o Mapa do Maroto do bolso. "Vamos, Wormtail. Moony, eu levo o caldeirão, vocês levam os livros. Padfoot, recolha a sua mochila. Vamos logo antes que Filch apareça!"
Mal-humorado, Sirius se demorou em arrumar suas coisas e esperou James e Peter saírem para colocar-se entre a porta e Remus Lupin.
"Moony, que tal se nós continuássemos com o jogo? Heim?" propôs, como se oferecesse um punhado de galeões.
"Ah, claro!" disse Remus, sarcástico. "Minha vez: eu nunca gostei de jogar Verdade ou Conseqüência."
E dizendo isso, Remus passou por debaixo do braço do outro, saindo para o corredor e deixando um Sirius atônito para trás.
--oOo Fim oOo--
¹
É, eu ando assistindo muito House mesmo... Live the dream, Wilson!
²
Segundo a Wikipédia: "Se o jogador escolhido não conseguir dizer
a verdade, nem fazer a conseqüência, o jogador estará sujeito ao
poço!".
Desafio
n°66:
Um feitiço (ou qualquer outra coisa) os deixou presos na sala
precisa. Para passar o tempo, eles resolvem jogar 'Eu nunca' e/ou
'Verdade ou Conseqüência'. (AU)
Par:
em aberto.
Desafio
proposto por:
N. Morrighan
