Disclaimer: Naruto e todos os personagens pertencem a Masashi Kishimoto. Oops!... I Did It Again É uma música de Britney Spears.
Notas: esta história contém uso de álcool e drogas recreativas leves.
Segundo Andar
Capítulo 1: Oops!... I Did It Again
Hinata era um dos tipos de garota dos quais os romances nunca se cansavam de falar sobre. Tímida, solitária, vinda de família rica, a mãe morrera muito cedo e o pai era rígido demais. Queria ser livre, ter o próprio dinheiro, provar que conseguia se virar sozinha... Uma história clichê, na verdade. Se fosse uma escritora (coisa que já tinha tentado ser algumas vezes na vida), não ousaria escrever sobre si mesma porque se achava muito desinteressante.
Apesar de que para um observador mais atento, havia muito mais do que os olhos podiam ver de primeira. Não era só mais uma "pobre menina rica". Tinha lá suas façanhas. Era muito inteligente e esforçada, péssima em matemática, ótima cozinheira na frente de todos e dançarina quando escondida do mundo, fã de Beatles, Rolling Stones, Britney, Avril Lavigne e muitas outras bandas de rock alternativo e cantoras pop. Calada e meiga por fora, rebelde por dentro.
Dos tempos de escola tinha dois únicos e fiéis amigos: Shino, um garoto mais estranho que ela e Kiba, que se tornara meio que um galã de faculdade que encantava várias mocinhas enquanto fazia corridas pelos parques da cidade com seu cachorro Akamaru. Eram um trio bem esquisito no colégio. Ela não dizia quase nada na frente dos outros, mas planejava os trotes que os dois garotos executavam (e que nunca caíam na conta deles porque eram espertos demais).
Shino agora fazia faculdade de biologia ("Fala sério que você quer mesmo ser cientista forense e analisar insetos. Cara, a vida não é CSI!") numa cidade a quase 1000 quilômetros de distância e Kiba estudava veterinária na cidade vizinha.
Fora eles havia seu primo Neji, que se aproximara um bocado depois que ela decidira sair de casa. (Ele a achava um tanto doida e dava a impressão de que não acreditava que ela fosse conseguir aguentar muito tempo sozinha, mas gostava dela e sentia que a prima precisava de alguém da família por perto). Estava na metade do curso de arquitetura e era bem o tipo "cabeludo carrancudo que encanta corações, mas é tapado demais para perceber isso".
E Naruto era o típico garoto de filme de faculdade. Trabalhava numa loja de artigos esportivos de dia, fazia faculdade de geografia de noite e morava numa república bagunçada com os amigos Sasuke, Tenten, Temari e Shikamaru. Tinha umsorriso de comercial de creme dental e uma tatuagem enorme de raposa nas costas, que contribuíam muito para que ele derretesse alguns corações por aí.
Não era o cara mais inteligente do mundo, mas estaria entre os primeiros colocados se a categoria fosse esforço. Tentara o vestibular três vezes antes de finalmente conseguir e agora estava no segundo semestre.
Conhecia Sasuke e a namorada dele, Sakura, desde a pré-adolescência, quando estudaram juntos numa academia de artes marciais. Os dois amigos acabaram cruzando com Tenten quando fizeram uns bicos de seguranças numa festa de formatura onde ela era bar tender. Aquela garota sabia fazer drinks alcoólicos como ninguém. Temari era a melhor amiga dela, estudante de ciências políticas, muito brava, detestara Shikamaru já na primeira vez que se falaram (bem provável que tenha se apaixonado por ele no mesmo momento). Gaara era seu irmão gênio, esquisito e antissocial que fizera uma matéria do curso de direito com Sasuke e acabara ficando amigo dele (sabe-se lá como, já que os dois não abrem a boca para falar).
Decidiram morar juntos há quase um ano, porque estavam todos perdidos, sem dinheiro e funcionavam melhor em conjunto. De início Shikamaru não estava nos planos, mas passava tanto tempo lá que acabou se mudando também. O apartamento, que ficava em cima de uma garagem alugada, se tornou o ponto de encontro de muita gente da universidade, com festas, reuniões de grupos de estudos (que normalmente envolviam tudo menos a matéria). Recebiam algumas reclamações dos vizinhos por causa da barulheira, mas tentavam não cansar tantos transtornos nos dias seguintes e ficava tudo bem.
Hinata já tinha sonhado com aquele momento tantas vezes, que agora que estava acontecendo, nem sabia o que fazer com ele.
Encarou o apartamento praticamente vazio. Era uma quitinete dessas sem divisória nenhuma no segundo andar de um predinho velho sem elevador. As únicas coisas que ela tinha, além da mala cheia de roupas e objetos pessoais eram um colchão de solteiro forrado com um lençol florido que ela trouxera de casa, uma panela e um fogãozinho de acampamento que pegara emprestado com Kiba.
"Você tem certeza de que vai ficar bem?" Neji perguntou alguns minutos antes, quando estava para ir embora, a olhando como se ela fosse maluca. Hanabi também passara os últimos dias a olhando daquele jeito e, sinceramente, ela entendia o porquê.
O apartamento era muito pior do que a mansão Hyuuga. Quanto a isso não havia nem como argumentar. Mas... A liberdade era a melhor coisa do mundo (e a única que ela queria). Sentia uma pressão enorme em casa, dos pais, da família e, é claro, dela mesma. Só queria poder fazer sua faculdade de história em paz sem receber centenas de olhares acusatórios todos os dias.
Ainda sem saber direito o que fazer, ela abriu a mala azul de rodinhas e pegou a nécessaire com as coisas de banho. Colocou uma playlist da Britney Spears pra tocar no celular, tirou as roupas e se enfiou debaixo do chuveiro, logo soltando um gritinho de susto porque no meio da água quente que caía, havia um fiozinho de água gelada muito irritante. Saiu do banheiro enrolada na toalha, cantando I Love Rock N' Roll e dançando sensualmente como se estivesse no palco do Karaokê do filme Crossroads.
Riu, usando a escova de cabelos como microfone e demorando a escolher um pijama para vestir. Sem muita opção do que comer, pegou todos os ingredientes que tinha (um pacote de macarrão instantâneo, um tomate, uma cebola e uma latinha de molho vermelho) para fazer uma receita. Aproveitou que a rua estava vazia para ir comer na varanda, sentada no chão com uma almofada no colo para apoiar a panela com a comida e o celular ainda tocando as músicas bem baixinho. O poste de iluminação ficava a algumas casas de distância, então mesmo estando escuro ainda conseguia ver mais ou menos o movimento da rua.
E de repente, tornando realidade as fantasias de ter um vizinho bonito que ela tinha na adolescência, havia um loiro com pinta de surfista pendurado numa árvore na frente do sobrado vizinho, a olhando com uma expressão muito, muito esquisita.
Naruto meio que amava e odiava seu emprego ao mesmo tempo. Amava porque gostava de vender pranchas de surf, porque sempre conhecia gente legal e porque, bem, era bom ter dinheiro. Mas odiava porque... Trabalhar e estudar era um saco.
Todos os dias saía da faculdade se perguntando porque insistia em manter aquela jornada dupla (como se tivesse outra escolha) e contando quantas horas de sono conseguiria ter antes do dia seguinte.
Naquela noite, como em todas as outras, desceu do ônibus perto das onze horas, atravessou as duas quadras que separavam a parada de ônibus da república e gastou vários minutos mandando mensagens para os colegas afim de que alguém abrisse a porta. Normalmente eles o faziam esperar algum tempo, segundo Temari, para incentivá-lo a fazer logo uma chave (mas ele sabia que era só para irritar mesmo), mas daquela vez ninguém deu o menor sinal de vida. Nem quando mandou uma mensagem de áudio ameaçando Sasuke de morte. Pensou em gritar por eles, mas o grupo já carregava muitas reclamações dos vizinhos nas costas e não queria ser responsável por mais uma.
Parou e pensou um pouco. Qual era a dificuldade de simplesmente aparecer na sacada e jogar a chave? Cansado, sonolento e muito aborrecido, analisou as opções e decidiu que a melhor coisa que podia fazer era subir naquela árvore da calçada. Ok, não era lá a ideia mais genial de todas, mas havia um galho que parecia perto o bastante da varanda e não havia nenhum vizinho olhando, então podia arriscar.
Olhou em volta de novo, só para ter certeza, ajeitou as alças da mochila nas costas e subiu, com mais dificuldade do que esperava. De lá de cima, notou que a porcaria do galho não era tão próximo da casa quando parecia e, a não ser que aprendesse a voar, não o colocaria dentro de casa. Olhou as luzes coloridas que atravessavam a porta de vidro da sala. Pra variar, Shikamaru devia estar dormindo na frente da televisão. Se pelo menos alguém resolvesse atender o telefone...
Bufou, se preparando para descer. Só então reparou na luzinha, provavelmente a tela de um celular, que vinha do apartamento da frente, vazio há algumas semanas.
Agora não tão vazio assim, pensou, ao ver uma garota que parecia muito bonita à distância, o olhando com uma cara de assustada e um olhar no mínimo desconfiado. Não conseguia vê-la direito por entre as folhas, mas podia perceber que tinha cabelos longos e, bem, peitos. Provavelmente ela agora achava que ele era um assaltante ou no mínimo um maluco.
- O que você tá fazendo em cima dessa árvore, seu imbecil? - uma voz feminina veio da sacada, junto com a luz da lâmpada. Durou só um segundo, mas houve um momento em que Hinata pôde jurar que o rapaz olhou diretamente pra ela. Caramba. Ele era tipo a síntese de todos os sonhos de adolescência dela.
Naruto ficou lá, congelado naquela posição constrangedora, tentando equilibrar a mochila nas costas, explicar a situação para Temari e dar um jeito de consertar a impressão que provavelmente causara na nova vizinha. Agora que não estava mais tão escuro, dava para vê-la melhor. Ela parecia uma boneca de porcelana, com a pele tão clara e os olhos arregalados de susto.
- Ei, idiota! - Temari gritou novamente.
- Abre a porta pra mim. - Pediu, aborrecido. Quando finalmente chegou ao chão, a garota não estava mais na varanda e todas as luzes do apartamento dela estavam apagadas.
- Qual é o teu problema? - a loira perguntou, tentando manter a cara emburrada, embora desse pra ver de longe que segurava o riso.
- Ninguém atendia o telefone! - respondeu, quando ela jogou a chave pra ele. Subiu as escadas apressadamente, logo vendo Shikamaru dormindo no sofá, exatamente como imaginou que estaria. A porta do quarto de Tenten estava fechada, a do de Gaara também e Sasuke estava no quarto que dividia com ele, deitado na parte de baixo do beliche usando um par de fones gigantescos e parecendo ver alguma coisa muito importante no notebook (provavelmente uma partida de Call Of Duty).
- Cara, eu odeio muito todos vocês. - Naruto bufou, mesmo sabendo que ninguém iria ouvir. Não, ele não odiava. Na verdade morar com eles era uma das melhores coisas que aconteceram na vida dele.
(Mas isso não significava que não podia acha-los uns bostas de vez em quando)
Olhou desanimadamente para a janela do próprio quarto. Tinha estragado a chance de causar uma boa primeira impressão em uma garota bonita. De novo.
Bom, ele tinha feito isso com quase todas as garotas que conhecia.
No outro dia ele acordou decidido a consertar aquela desastrosa primeira impressão. Então, quando estava casualmente saindo de casa (porque não, ele não passara quase meia hora de pé atrás da porta de vidro da própria casa esperando) e um dos donos dos apartamentos de cima saiu para fazer uma corrida, ele decidiu entrar no prédio e tocar a campainha.
Não estava indo bisbilhotar a nova vizinha. Claro que não. Ele apenas queria checar se haviam correspondências para a senhora Yoshida, que morava no apartamento antes dela e lhe pedira esse favor. Além do mais, não fazia mal ser educado.
Ensaiou mentalmente alguma coisa bem convincente para dizer e abriu seu melhor sorriso, decidido a ser o melhor vizinho que a humanidade já viu. Porém, de repente, todos os seus planos para o momento foram por água abaixo, quando um cachorro imenso e um moreno de cabelo espetado apareceram na porta.
- Amor, tem um Brad Pitt japonês na sua porta! - ele gritou, abrindo um sorriso desafiador. O cachorro latiu, entortando a cabeça pro lado como quem espera por alguma coisa muito importante.
Hello, y'all!
Depois de muitos anos sem escrever fanfics (e mais alguns sem postar nada), bateu uma saudade desse universo de Naruto e cá estou.
Essa história se passa em um universo alternativo inspirado na realidade das faculdades brasileiras e por isso em alguns momentos pode soar um pouco OOC. (Outras coisas, no entanto, foram bem inspiradas no anime)
Esse capítulo foi curtinho porque é só uma introdução ao nosso amado casal NaruHina e seus hábitos. Em breve outros personagens também farão sua entrada triunfal na história.
Ah, uma nota importantíssima: as músicas que abrem os capítulos fazem parte das playlists secretas da Hinata! (tentem imaginá-la ouvindo-as nos fones de ouvido e fazendo a maior cara de quem tá escutando Mozart.)
Bom, é isso.
(feliz ano novo, se não estou atrasada demais!)
Beijos, Mia.
