Mommy

Fechou os olhos e se deixou voltar no tempo, buscando em sua mente qualquer lembrança de Mary que não fosse aquela, com ela grudada no teto, queimando.

Sorriu de leve, lembrando-se do cheiro bom que tinha o café que ela fazia, lembrando dela cantando 'Hey, Jude', porque era a canção favorita e ficava ainda mais linda na voz dela, lembrou-se dos biscoitos de chocolate. Gargalhou lembrando do rosto adorável dela quando lhe comprou aquela camiseta azul com um urso na frente, tinha guardado aquela camisa em algum lugar, sabia disso, mas não tinha certeza onde.

_Mãe... – a voz soou machucada.

Ela lhe fazia tanta falta. Imaginou quantas coisas não teriam sido diferente se ela apenas não tivesse ido ao quarto de Sam aquela noite. Quantos conselhos lhe teria dado, quantas lágrimas suas ela não teria secado, quantos machucados não teria cuidado e quantos beijos não teria recebido.

_E sempre que você sentir dor... – uma lágrima rolou dos olhos verdes. – Ei Jude, detenha-se não carregue o mundo nos seus ombros. – a voz já estava carregada de tristeza.

Tristeza. Uma palavra que lhe definia por completo, essa era a única coisa que parecia ter sobrado para ele.

_Você bem sabe que é um tolo que finge estar numa boa... – não agüentou mais.

Desatou a chorar como nunca se permitia, querendo que algum modo aquela dor passasse e não restasse mais nada, querendo que de algum modo, aquela canção (a preferida dela) e aquelas lágrimas fizessem o milagre de impedir que Mary entrasse no quarto aquela noite, a impedisse de ser queimada, a impedisse de passar o resto da vida sem eles.

Seria tudo tão diferente. John continuaria sendo John, e não o soldado que foi obrigado a se tornar. Sam seria o Advogado mauricinho que ele tinha visto naquela realidade alternativa que o Djin havia criado, Sam ainda estaria com Jess, ele seria feliz. John e Mary estariam juntos.

Dean seria a pessoa mais feliz do mundo, não seria quebrado e sem conserto, como era agora, Dean seria... Dean.

_Na na na na na na na na. – enxugou a lágrima que descia, sua mãe não ia gostar de lhe ver chorando, ainda mais no dia que era dela.

Dirigiu cinco horas direto, parou apenas para abastecer, mas quando chegou ao lugar que tinha ido visitar sentiu que não podia ir até lá, porque ela não estava ali, não tinha nada dela ali, porque não tinha sobrado nada depois do fogo, nem mesmo... Pó.

Mordeu os lábios, sentindo o coração pequeno diante daquela dor, um passo de cada vez, até finalmente conseguir chegar à frente do túmulo dela.

_'Adorada mãe e esposa.' – Dean suspirou. – Isso não é suficiente. – disse apenas, colocando um buquê de flor. – Não é o bastante pra você, mãe. Não tem nenhuma palavra no mundo que pode descrever o que você foi para nós.

Uma brisa fresca soprou e Dean por reflexo olhou para os lados, esperando ver a mãe de camisola branca, os olhos fixados em sua face e os lindos cachos loiros ao redor do rosto, mas ela não estava ali.

_Então é... – e limpou a garganta. – Até qualquer dia... Mamãe.

Deu as costas e se foi, mas antes pode ouvir, no soprar do vento algo como 'Até, meu anjinho'.


N/a: Ahhh, hoje é dia das mães e eu simplesmente tinha que fazer algo pra Mary, porque... Porque *cry* eu sou louca e estava revendo todos, eu disse TODOS, os episódios em que ela aparece e eu só tinha que fazer .n.