Boa leitura,pessoal! - Jokul Jotun(autora - poxa ninguém sabia...)

"Assim como na ética o mal é uma consequência do bem, igualmente, na realidade, da alegria nasce a tristeza. Ou a lembrança da felicidade passada é a angústia de hoje, ou as agonias que existem agora têm sua origem nos êxtases que podiam ter existido..." - Edgar Allan Poe

Prólogo – Loucura versus Nostalgia

Num sofá grande e vermelho estava sentado um velho, suas rugas estavam por todo o rosto e seu rosto parecia cansado. Tirou os óculos e esfregou os olhos. Ultimamente tinha se sentido muito cansado. Talvez devesse falar com alguém. Mas não queria. Na sua idade, já sabia o que era e não queria terminar num quarto de hospital.

Sorriu. Um sorriso nostálgico. Lembrando-se de um tempo mágico em sua infância.

–Vovô! Vovô!-Veio correndo uma menina de trancinhas, não aparentando ter mais de nove anos.

O vovô então abriu um sorriso com os dentes amarelados pelo tempo a mostra. Um sorriso gentil de um gentil velhinho.

–Oi querida, como está à princesinha do vovô?

A menininha de trancinhas, balançou a cabeça dando uma careta adorável.

–Que princesa nada, quero é ser mesmo uma espiã!

O vovô levantou uma sobrancelha curioso, a poucos dias ela adorava que a chamassem de princesa, até mesmo se comparava a aquela princesa Merida, por terem o mesmo cabelo cacheado. Ele perdeu alguma coisa?

Espiã...De onde veio isso? De algum vídeo game novo ou filme?

A netinha riu do avô, ele era realmente muito velho, um ancião na opinião dela. Será que ele estava esquecido? Lembrou então de sua mãe falando para ela não se importar se o vovô esquecesse algumas coisas. "Era coisa da idade avançada", tinha dito ela.

–Lembra do ataque alienígena que aconteceu? Então...Mostraram umas imagens hoje de uma mulher lutando contra aqueles monstros, ela era tão bonita, roupa preta, cabelos vermelhos e matava todos que podia, para nos proteger...Ela é uma heroína.. Uma espiã..-Os olhos de sua neta brilhavam de admiração.

Uma assassina. Completou o vovô em pensamentos, não prestando mais atenção no que a neta dizia sobre a mulher ou sobre os novos super-heróis do mundo. Talvez estivesse ficando velho e rabugento, mas não queria que sua netinha tivesse como heroína alguém que mata, mente sem remorso como trabalho.

Quando era criança, acreditava em seres invisíveis aos adultos. Uma crença pura. Que parecia ter sido arrancada das gerações depois da sua por causa de guerras, doenças, fome...

Agora homens se fantasiavam e lutavam para salvar o mundo de seres intergalácticos.

Na sua época eram apenas pesadelos.

–Vovô...-voltou a prestar atenção em sua neta-Mamãe queria te convidar para ir numa festa de caridade e já comprou o convite!-Gritou no final saindo correndo gargalhando. Havia contado algo que não devia. Onde seria aquela bendita festa?

A cabeça pequena com duas tranças apareceu de novo com um sorriso travesso.

–Eu disse que era na Suíça, querido vovô?-E finalmente foi embora correndo dando careta, se esconder do provável castigo que sua mãe iria colocá-la por falar demais. O que na verdade só tinha feito porque seu avô não estava prestando atenção no que ela estava falando, então queria irrita-lo como um tipo de vingança.

Suíça?

–Quando foi que o planeta enlouqueceu?-Disse pra si mesmo, levantando.

Alguns minutos depois sua filha chegou, com a talharin impecável e um coque loiro perfeito na cabeça.

–Oi pai!-Ela disse beijando lhe a face, querendo ser o mais carinhosa possível. Tinha que preparar o terreno,certo?

–Filha...Que história é essa de festa de caridade que eu vou? Não lembro de ter dito sim...Ainda não estou velho o suficiente para esquecer de algo assim.- A boca de sua filha abriu num perfeito O de surpresa.- E como diabos você pode pensar que eu vou pegar um avião e ir para a Suíça?

Paizinho querido...-Agora sim seria um inferno para convence-lo ir. Droga.- Quem contou...?

–Minha adorável e sincera netinha e sua travessa filha...-Disse o vovô, se segurando para não rir da cara de peixe de sua filha agora.

A única coisa que a mulher de coque loiro conseguiu pensar no momento não era em como convencer o pai a ir e sim, qual o pior castigo para sua filha linguaruda.

Deu meia volta e começou a gritar o nome da filha e quando ouviu passos, começou a correr de salto atrás de sua menina de tranças.

–Bom isso vai me dar alguns dias para me livrar dessa festa ...-Riu o vovô, com um sorriso mais travesso do que sua neta. Anos de experiência. Jack se orgulharia.

Bocejou e sentou na poltrona.

Enquanto voltava a ler, não passou da vigésima sétima página, seus olhos se fecharam, num sono profundo.

Um sono um sonho nostálgico e mágico.

Ele estava do lado de seus grandes heróis da infância, adolescência, maturidade e velhice.

Sandman, Fada do Dente, Papai Noel, Coelhão e ... Jack Frost.

Talvez não fosse tão ruim sua neta ter uma heroína assassina...Jack nunca esteve na lista dos bonzinhos também, pelo menos era o que Papai Noel havia falado.

Um sorriso enrugado se formou enquanto dormia. Parecia o sorriso de uma criança que havia sido pega fazendo o que não devia.

A mulher de coque loiro - agora completamente desfeito– gritou puxando a menina de tranças - que agora mais parecia um ninho de rato– que também gritava ,tentando se soltar e então o gentil velhinho - com a cara amassada pelo livro– acordou.

"Nós podemos passar nossa vida deixando o mundo nos dizem quem somos. São ou insano. Santos ou viciados em sexo. Heróis ou vítimas. Deixando a história nos dizer o quão bom ou ruim somos. Deixar nosso passado decidir o nosso futuro. Ou podemos decidir por nós mesmos. E talvez seja o nosso trabalho de inventar algo melhor. " - Chuck Palahniuk,Choke

Continua...

Essa é a minha primeira Fic então sejam gentis(please)...

Espero que tenham gostado!