N/A: Griz é cinza em espanhol. POV da Narcissa. Fanfic feita para Lucas Cefeu, que divide comigo uma curiosidade sobre o Nazismo. Lu, você é mel bébézinhu :) te adoto agooora!
GRIZ
Cinza doentio. Tinta antiga. Olhos vidrados. Nuvens de chuva. Desamor.
.x.
Nunca fomos uma família, éramos um esquete, um rascunho, éramos fantoches de um sobrenome que, há tempos, estava manchado de sangue e crueldades, mas éramos tão crentes de que aquilo era o mais certo a ser feito, que não víamos o quão infelizes nos tornávamos, cada dia mais.
Lembro-me do jardim, de histórias contadas pela minha mãe, de minhas irmãs trançarem meu cabelo. Lembro-me de tantas coisas que passo a esquecer cada uma delas, uma a uma, devagar, mas constantemente. São flashes que se perdem em tardes claras de verão.
Porque, por mais que tentássemos, não passávamos de uma convenção, tínhamos os mesmos ideais e sangue, mas talvez isso não fosse o suficiente. Não fosse o bastante para manter uma unidade verdadeira. Os Black nunca deram certo, mas tampouco assumiram essa derrota.
Era um cinza morto e apodrecido. Era um gosto amargo na boca. Eram objeções, ordens, invasões. Eram aceitações em cinza grafite; cinza chumbo correndo em nossas veias, como a pólvora dos canhões. Um antro de desunião e mentiras.
Andromeda nunca se sentiu parte da família, seus sermões sobre o bem da humanidade e suas investidas para salvar algum judeu sempre era falha. Ela não fazia parte daquilo, e nem se esforçava para fazer. Família para ela era algo que eu desconhecia. Todos desconheciam.
Os demais faziam parte do jogo, e fazíamos do sangue que tanto prezávamos o elo mais forte e indestrutível que havia. Assim foi comigo e com Bellatrix, até o final, até eu perceber que o que existia em minha vida era aquele sobrenome manchado, sujo, desgastado. Eu fazia parte, eu gostava, eu aprendi a chamar aquilo de felicidade.
Eu nunca soube ir contra, nunca quis, faltou-me coragem e curiosidade, mas eu sempre fui feliz com o pouco que me davam, e os poucos beijos que me foram dados durante a infância representavam aquilo que eu acreditava. Eu acreditava que éramos uma família. Eu acreditava em uma melhora.
Eu acreditava que pertencer àquela farsa, àquelas maldades, era sinônimo de alegria, e cada vez mais aumentava o orgulho em meus olhos fazendo um discurso anti-semita, tentando com essas sórdidas palavras me igualar ao potencial de Bellatrix e descobrir um pouco mais do meu valor naquela família.
Eu era uma célula daquele conjunto. Eu era tão podre e descartável quanto eles. Hoje eu não me orgulho mais, hoje eu sinto nojo disso. De ter acreditado que pertencer àquele pacto sanguíneo era ser feliz.
Hoje eu percebo que tudo aquilo era tão cinza e tão morto, que fazer parte daquela família era o mesmo que pertencer a lugar nenhum. Cinza infeliz, pálido, opaco, insensível, morto. Cada vez mais cinza, mais perdido, mais sujo.
.x.
N/B: Amei essa fic demais, Tai, você não tem noção, acho que foi a melhor que eu já li, das do chall de drabbles. Se você não ganhar, não sei quem ganha, sério. Está linda demais, super orgulhinho de ter betado 8D escreve outra, escreve!
xoxo, brenda :
N/A: B. sem vc eu nunca ganharia nada, obrigada por betar mais essa ;) e deixe de ser exagerada, te aaamouô! Espero que tenham gostado!
REVIEWS?
