N/A: Olá! Apenas alguns avisos: NÃO há spoilers de Lua Nova, Eclipse ou Breaking Down, apenas de Crepúsculo.

Teoria

Abri os olhos quando os primeiros raios de sol de domingo apareceram por entre as nuvens. Virei de um lado para o outro, me espreguicei e então lembrei da noite anterior.

Maldita noite anterior!

Desde o acontecido, que Charlie costuma chamar de "O grande acidente que quase tirou a minha vida", ele não tem me deixado muito sozinha e apareceu no meu quarto umas sete vezes durante a noite.

Depois da terceira, Edward decidiu que era melhor ir embora antes que de alguma maneira, que eu não sei qual, ele se distraísse com o cheiro do meu cabelo e acabasse não percebendo que meu pai estava fazendo a ronda noturna novamente.

O relógio na cabeceira estava marcando nove horas.

Tentando me equilibrar, eu me livrei das cobertas e corri rapidamente até o topo da escada para verificar se Charlie já tinha saído. Eu o chamei duas ou três vezes e ninguém respondeu. Sorri. Então me virei para chamar o Edward, sabendo que provavelmente ele já estaria perto de casa, mas a minha surpresa foi maior.

Ele estava materializado na minha frente, os pés quase colados aos meus antes que eu pudesse pensar em dizer o nome dele.

- Edward! – como agora.

Ele riu e segurou minha cintura sem dificuldades quando eu quase ia caindo escada abaixo.

- Ei, Bella, você mal se recuperou do outro tombo e já está querendo cair de novo?

Eu revirei os olhos, mas isso só piorou a tontura que eu já estava sentindo. Não tenho culpa se ele estava tão perto de mim daquela maneira.

- Tombo, não é? – eu disse ironicamente.

- O que quer dizer? – ele pareceu confuso.

- Não foi exatamente um acidente o que aconteceu.

Eu comentei e me arrependi tremendamente de ter feito isso. Eu não queria dizer aquilo, mas aquela proximidade toda estava me afetando demais.

O olhar de Edward pareceu endurecer por um momento, enquanto ele me observava por um tempo como querendo desvendar alguma coisa. Então, seu sorriso torto apareceu e ele aproximou os lábios da minha orelha:

- Você não vai conseguir me afastar de você assim. - Como se eu quisesse isso... Ele encostou os lábios na curva do meu pescoço e eu não pude evitar tremer. Senti sua risada em minha pele. – Você sabe... Você pode ser sincera e me dizer a qualquer hora que não está mais agüentando. – ele deu um beijo no meu queixo e então olhou nos meus olhos, um brilho de pura diversão brincando nos dele.

Senti meu rosto esquentar e tentei encontrar algo para responder, mas a minha cabeça parecia girar mais e mais naquela hora.

- Eu... – baixei a cabeça para esconder o rubor e foi então que eu percebi que meus pés não estavam no chão. Edward me segurava com uma tranqüilidade enorme, como se pesasse como uma pena ou algo assim. – Eu acho que você já pode me colocar no chão.

Não olhei, mas senti seu sorriso e então, demorando-se um pouco e agindo com todo o cuidado, ele me soltou, mas sua mão envolveu a minha enquanto descíamos a escada.

- Como está sua perna?

Não estava mais enfaixada, apenas com uma atadura que fazia cócegas o tempo todo.

- Está ótima. – respondi e tentei me afastar, mas ele me pegou no colo rapidamente e me colocou sentada no sofá.

- Me deixa ver. – antes que eu pudesse evitar ele pegou meu pé e puxou a calça comprida de moletom para cima, encontrando meu tornozelo roxo.

Ele passou o dedo com todo cuidado sobre o machucado e tentou folgar a atadura para que pudesse ver melhor. Suas mãos agiam com todo carinho do mundo e ele volta e meia olhava para mim para ver se eu estava bem ou se sentia alguma dor.

- Acho que Carlisle podia dar uma olhada nisso. – ele comentou.

- Por que, não vejo nada de errado com meu pé? – eu encolhi a perna para analisá-la. Estava igual ao que eu me lembrava quando troquei o curativo na noite anterior. A mancha roxa parecia mais inchada, mas eu não queria mesmo que ele percebesse isso. Edward tendia a ficar culpado e carrancudo quando via as marcas de "sua irresponsabilidade".

- Dá aqui. – Edward puxou meu pé de volta.

- Ai! – eu reclamei. – Você é médico ou o quê?

Ele sorriu de leve e voltou a massagear meu pé, agora mais para aquecê-lo do que qualquer outra coisa. Eu queria dizer a ele que pouco adiantava, pois suas mãos eram muito frias, mas estava gostando muito daquilo.

- Digamos que, andei estudando algumas coisas da área.

Eu ergui uma sobrancelha.

- Ah é? Você nunca me falou nada sobre isso...

- É porque... Bem, já faz um tempo. – eu esperei, e ele continuou – Você sabe, nós temos tempo de sobra e uma época eu me interessei pelas anotações de Carlisle sobre seus pacientes. Então comecei a dar uma lida e a estudar um pouco de anatomia, embriologia... Encontrei alguns tratados antigos, e esses são os melhores, com uns desenhos de 1630 de um médico alemão. Ele conseguia desenhar o corpo humano com uma perfeição incrível, você devia ver.

Eu estava deslumbrada. Como aquele garoto poderia saber de tanta coisa... E com a saúde de apenas dezessete anos, ele podia fazer o que quisesse, sem muitas limitações.

Muitas vezes eu me perguntava que tipo de interesse ele tinha em mim. Além do meu cheiro, é claro. O meu lado intelectual era desfalcado, pelo menos comparado a ele. Ele já tinha vivido muito, passado por várias experiências e o que eu poderia saber da vida, afinal? Tudo isso acabaria, acho, se eu pudesse me tornar igual a ele.

- Está melhor? – ele perguntou e então percebi que ele estava no sofá ao meu lado.

- Muito. – estiquei o pescoço e beijei seu rosto. – Obrigada.

Ele sorriu e eu passei o braço dele por trás de mim para que pudéssemos ficar mais próximos.

- Então... – comentei. – Você disse que estudou embriologia... Como é, para os vampiros, quero dizer?

Ele respirou fundo, pensando no assunto.

- É igual. Apenas com algumas diferenças na formação do bebê, é claro. Ele já nasce como um de nós, se é o que quer saber. – ele pareceu incomodado. – Por isso Esme e Carlisle optaram por não terem filhos. Não é algo muito bom pensar numa criança sem controle algum... Ela nunca vai conhecer seu lado humano e não terá como viver com a gente... Com o nosso estilo de vida. Eu não sei como é o coração de uma criança que nasce da gente...

Eu senti um leve arrepio passar por minha espinha. Pensar em um bebê, frio, com sede de sangue não estava me deixando muito bem. Eu me encolhi nos braços de Edward, sentindo meus olhos esquentarem e tentei ao máximo fazer com que ele não percebesse isso. Mas foi inevitável.

- Bella? Você está bem? – ele se afastou e segurou meu rosto entre as mãos. Eu estava me sentindo tonta. – Desculpa, foi idiotice minha ter dito isso. Eu não devia ter falado nada.

Fechei os olhos e respirei fundo algumas vezes, enquanto Edward acariciava meu rosto, esperando que aquilo passasse. Depois de um momento, ele pegou meu pulso para verificar o batimento. Como se ele já não pudesse escutar...

- Eu estou bem. – disse.

- Eu sei. A cor do seu rosto está voltando. – ele disse e eu pude sentir alívio em sua voz de veludo.

Quando eu voltei a abrir os olhos ele me abraçou. Senti-o pensativo enquanto passava os dedos por meu cabelo, da nuca até as pontas.

Um tempo depois, ele riu e voltou a olhar para mim. Só de vê-lo sorrir eu já me sentia tremendamente melhor.

- O que foi? – eu perguntei.

- Você não faz idéia, não é, Bella?

Eu senti a curiosidade tomar conta de mim.

- Do quê?

- Nós somos o oposto um do outro, Bella.

Talvez se ele parasse de falar o meu nome daquela maneira eu conseguisse entender melhor o que ele queria dizer.

- O que está dizendo?

Ele riu de novo.

- Você é muito lerda.

Eu fingi uma risada. Ele sorriu e então pegou minha mão e a envolveu com as mãos frias dele.

- Você é humana, eu sou um vampiro.

Senti um arrepio ao ouvi-lo dizer aquilo com tanta frieza.

- Tudo bem, mas isso não é novidade nenhuma.

- Me deixa explicar... – ele mordeu o lábio inferior, me deixando com uma inveja tremenda.

Quero dizer, Edward até hoje não deixou que os dentes dele sequer encostassem nos meus lábios enquanto nos beijávamos. Afinal, ele pode acabar não se controlando e mordendo mais do que deveria. Não que eu ache que ele não possa, mas não vamos irritar um vampiro, não é?

- Não é só pelo fato de sermos de naturezas diferentes. Eu costumo ser mais rápido do que qualquer um de minha família. Mais forte também, só perco para o Emmet. Eu não sou só um vampiro... Sou um vampiro ao extremo, entendeu? E você não é uma humana comum... – eu ergui uma sobrancelha, fazendo-o rir. – Não, não é isso. É só que... Você é frágil demais... – ele tocou meu rosto com a ponta dos dedos e eu fechei os olhos para senti melhor o toque. – Você sente qualquer mínimo toque, você sente dores facilmente também... Fica tonta toda hora.

Eu sorri, sem abrir os olhos enquanto ele ainda passava os dedos por minha testa.

- Isso não é exatamente minha culpa.

Eu podia senti-lo sorrir. Tentei manter minhas idéias no lugar quando ele passou o dedo sobre meus lábios, mas meu coração disparou.

- Eu não disse? Você reage tão facilmente.

Eu senti o hálito dele próximo demais, de modo que não quis me mexer, esperando pelo o que viria a seguir.

Nossos narizes se tocaram e eu senti como se uma grande onda de eletricidade me percorresse dos pés a cabeça. Até que nossos lábios se tocaram e o mundo a volta acabou para mim. Os lábios de Edward eram frios, mas, de alguma forma, eu os sentia queimando os meus. E eu tinha certeza que nada disso era causado por veneno algum.

Quando ele entortou a cabeça, para se adaptar melhor, não consegui impedir que meus lábios se abrissem e minha língua encostou-se aos dele instintivamente. Ele ficou parado por um momento, talvez para se testar, mas quando eu tentei de novo ele segurou minha nuca e puxou minha cabeça levemente para trás.

- E é tão impulsiva... – ele comentou, e quando eu ia reclamar, ele impediu que eu o fizesse com outro beijo, dessa vez permitindo que sua boca se abrisse. Depois de um tempo, ele nos separou e sorriu. – Estou aprendendo a me controlar.

Eu puxei meus pés para cima novamente, sentando de pernas cruzadas.

- Quer saber? Eu não concordo com você.

Ele pareceu alarmado.

- O quê, que eu estou aprendendo a me controlar?

- Não! – eu disse rapidamente. – Que...Nós somos tão opostos como você diz.

Ele pareceu interessado.

- Hum... E qual é a sua teoria?

- Não acho que você seja tão vampiro assim. – ele ergueu uma sobrancelha. – Claro, você é muito forte, muito rápido e... Bonito. – ele riu. – E realmente nisso tudo a gente difere, mas não acho que só eu seja a frágil e a sentimental.

- Aonde quer chegar?

Eu respirei fundo:

- Você é muito humano ainda, Edward. Quando você pára, tenta controlar seus instintos... Tudo isso por quê? – ele não respondeu. Abaixei minha cabeça para que ele não visse com vergonha. – Porque você gosta de mim, não é?

Ele sorriu e então me abraçou.

- Eu já te disse que você é a minha vida, Bella.

- Então... Como poderia ser mais humano do que isso? E mais igual a mim do que isso? Ou vai concordar finalmente comigo que eu que gosto mais de você do que você de mim?

Ele pareceu pensar no assunto e eu esperei, sentindo meu rosto voltar a esfriar.

- Você tem razão.

- Tenho?

Ele afagou minha bochecha.

- Tem sim. Exceto por um fato.

Ergui meus olhos.

- Qual?

- Você é muito bonita, Bella. – eu revirei os olhos e abaixei a cabeça novamente. – É sério! – ele passou os dedos finos por meus braços nus. – Já chegamos a conclusão de que você não se enxerga direito. Eu te acho incrível...

Senti meu rosto esquentar de novo e meu coração acelerar. Nossa... Será que isso nunca vai passar?

Edward pareceu perceber, eu tenho certeza que ele conseguia ouvir meu coração como num estetoscópio, então ficou um tempo acariciando meu cabelo até que minha pulsação diminuísse.

- Tem ainda outra coisa. – eu disse ao me lembrar, depois de um tempo.

- O quê?

- O que seria de alguém tão desequilibrada como eu se não tivesse alguém incrivelmente rápido para me segurar o tempo todo? – ele riu com gosto. – Sei que é clichê, Edward, mas no nosso caso é funcional: "Os opostos se atraem".

Sua risada foi a melhor do mundo de se ouvir.

- Bella, você é absurda!

N/A: Está aí! Escrevi TUDO hoje e espero que vocês tenham gostado! Algum dia desses eu ponho outra ceninha!

Reviews são muito bem-vindas!

Beijos

Kel Minylops