Perdida nos Seus Olhos

I get lost in your eyes

(Eu me perdi nos seus olhos)

And I feel my spirits rise

(E sinto meu espírito se elevar)

And soar like the wind

(E subir como o vento)

Is it love that I am in?

(Será amor o que estou sentindo?)

Kagome não entendia porque ainda cumprimentava seu vizinho. Ele nunca respondia. Desde o primeiro dia.

~/~ Flashback ~/~

Kagome estava curiosa. Um caminhão de mudança parou em frente a seu prédio e depois ela vira carregadores levando a mudança para o apartamento em frente ao seu. Finalmente ocupariam aquele lugar.

Enquanto imaginava como seria seu vizinho, viu um youkai de longos cabelos prateados e olhos dourados se aproximando dos carregadores e lhes dando algum dinheiro.

- Obrigado, senhor Sesshoumaru. – Disseram enquanto se afastavam. "Então este é meu novo vizinho". Pensou Kagome, e notou que ele se aproximava para entrar em casa.

- Bom dia. – Disse Kagome. – Eu... – Mas Sesshoumaru batera a porta antes que ela pudesse terminar de falar.

A jovem não entendeu nada. Por que ele fizera isso se nem a conhecia? Ela entrou em casa um pouco triste e decepcionada.

~/~ Fim do Flashback ~/~

O problema é que apesar disso, toda vez que o via, ela lhe cumprimentava e ele continuava a não lhe responder. Kagome tentou parar de fazer isso, mas era mais forte que ela. Pelo menos não poderiam dizer que ela não tentara.


I get weak in a glance

(Um simples olhar me deixa fraca)

Isn't this what's called romance?

(Não é isso que chamam de romance?)

And now I know

(E agora eu sei)

'cause when I'm lost I can't let go

(Porque quando estou perdida não consigo me entregar)

Naquele dia Kagome não estava bem. Seu chefe fora super grosseiro com ela, tivera vários contratempos durante o dia, estava encharcada, pois começara a chover e ela estava sem guarda-chuva. Tudo dera errado. E para completar, enquanto abria a porta para entrar em seu apartamento, vira Sesshoumaru se aproximando. Talvez fosse a hora de ignorá-lo. Talvez devesse parar de tentar ser gentil.

- Boa noite. – Ela dissera, sem poder se conter, e novamente ele a ignorou. Era demais para Kagome. Era a gota d'água. Largando sua bolsa no chão, ela se encostou à parede, escorregou até sentar no chão e começou a chorar. Sesshoumaru que estava prestes a fechar a porta, parou e se aproximou dela. Infelizmente ele não gostava de ver mulheres chorando.

- Alguma vez eu já te respondi? – Ele perguntou. Surpresa, Kagome tentou conter o choro.

- Não. – A jovem disse em meio a soluços baixos.

- Se você nunca chorou por causa disso, não vejo lógica em começar depois de tanto tempo. – Kagome deu um pequeno sorriso, depois de conseguir conter as lágrimas.

- Não foi isso. – Respondeu ele. Sesshoumaru começou a entrar em seu apartamento. – Ei!

- Se não é por minha culpa que você está chorando, já posso ir. – Kagome franziu o cenho.

- Seu grosso! Você também é culpado!

- Ora, eu nunca lhe fiz nada. – Ela se levantou e pegou suas coisas.

- Exatamente! O que custa me dizer oi. – Kagome começou a abrir sua porta e Sesshoumaru se prostou atrás dela.

- Eu não sou obrigado a falar com você. – A jovem não conseguia abrir a porta de tão zangada que estava. – O que está fazendo?

- Tentando entrar em casa para não ter que falar com você. – Sesshoumaru não pôde se conter e caiu na gargalhada.

- Pra quem vivia tentando falar comigo, você se cansou bem rápido. – Kagome também começou a rir.

- Certo. – Disse a morena quando conseguiu parar de rir. – Já que você, aparentemente está de bom humor e está falando comigo... E já que não pude perguntar isso no dia que você se mudou... Você quer jantar comigo? – Sesshoumaru a encarou com seus belos olhos âmbar e Kagome teve que desviar os seus, envergonhada. O olhar dele era muito intenso.

- Eu não...

- Não estou te pedindo em casamento, Sesshoumaru. É só um jantar. – Ele suspirou.

- Tudo bem.

- Ótimo. Venha daqui uma hora. – Ela entrou no apartamento e estava fechando a porta.

- Espera aí. – Pediu ele. – Uma hora vai dar tempo da comida ficar pronta?

- Claro. Eles entregam as pizzas, no máximo, em 40 minutos. – E assim ela fechou a porta. Sesshoumaru entrou em seu apartamento sorrindo, sem entender aquela mulher, que num momento estava chorando e no outro sorria e brincava como se nada tivesse acontecido.


I don't mind not knowing what I'm heading for

(Não me importo de não saber qual o meu destino)

You can take me to the skies...

(Você pode me levar os céus...)

It's like being lost in heaven

(É como estar perdida no paraíso)

When I'm lost in your eyes

(Quando estou perdida nos seus olhos)

Uma hora depois Sesshoumaru estava na porta dela. Ele tinha prendido o cabelo com um elástico.

- Oi. – Sesshoumaru disse quando ela abriu a porta.

- Oi. – Kagome lhe deu um lindo sorriso. – Pode entrar. – Ela o guiou até a sala. – Sente-se. – Ele sentou no sofá. – Vou trazer a pizza. – A morena trouxe a pizza e a colocou na mesa de centro ao lado de algumas latas de refrigerante. – Você se importa se eu colocar um filme?

- A casa é sua. Faça o que quiser. – Sesshoumaru pegou um pedaço da pizza.

- Ser gentil deve ser um martírio pra você, né? – Disse a jovem sentando-se no tapete e pegando um pedaço de pizza, após dar início ao filme.

- Por que sentou no chão? Está com medo de mim?

- Sentei no tapete porque sempre faço isso quando vou comer. Não tenho medo de você. – Sesshoumaru sentou-se no tapete também, mas um pouco afastado dela.

- Então, qual é o filme? – Sesshoumaru já estava no segundo pedaço de pizza.

- "Janela Indiscreta" do Alfred Hitchcock. Já viu?

- Não. É bom?

- Sim. É com James Stewart e Grace Kelly.

- O único filme que vi com esse cara foi "Um Corpo que Cai".

- Eu não sabia que você gostava desse tipo de filme.

- Claro que não sabia. Você não me conhece. – Kagome o fuzilou com os olhos.

- Foi só um modo de falar. – Depois disso os dois assistiram ao filme e comeram em silêncio, apenas fazendo alguns comentários no decorrer do mesmo. Quando o filme terminou Sesshoumaru se levantou.

- Valeu pela pizza e pelo filme.

- De nada. – Disse Kagome acompanhando-o até a porta. Os dois não sabiam como se despedir, então Kagome esticou a mão na direção dele e ele a apertou. – Tchau.

- Tchau. – E assim ele saiu e ela começou a fechar a porta. Mas não conseguiu fechá-la, pois ele segurou a mesma. – Por que você não desistiu, ...? Eu nem sei seu nome.

- É Kagome.

- Por que você não desistiu de falar comigo, Kagome?

- Eu me fiz essa pergunta algumas vezes, mas ainda não sei a resposta. – Depois disso Sesshoumaru soltou a porta dela e entrou em seu próprio apartamento.


I just fell, don't know why

(Eu acabo de perceber, não sei como)

Something's there we can't deny...

(Há algo que não conseguimos negar…)

And when I first knew

(E a primeira vez que eu soube)

Was when I first looked at you

(Foi quando te vi pela primeira vez)

Durante a semana seguinte Kagome não encontrou com Sesshoumaru nenhuma vez. Era estranho. Parecia que ele a evitava.

Depois de mais uma semana, Kagome teve certeza. Não era possível que em duas semanas não o visse nem de relance. Pensando nisso entrou em seu apartamento, e ao fazer isso, viu um papel no chão. Abaixou-se e pegou-o.

"Quer jantar comigo?

Toque a campainha."

Sesshoumaru

Kagome não pôde deixar de sorrir, embora já não o visse há duas semanas. Era estranho querer ver tanto alguém que não conhecia direito.


And if I can't find my way

(E se eu não puder achar meu caminho)

If salvation seems worlds away

(Se a salvação parece a mundos daqui)

Oh, I'll be found

(Oh, eu serei encontrada)

When I am lost in your eyes

(Quando eu me perder em seus olhos)

Kagome tomou um banho rápido e se arrumou da melhor maneira que pôde, mantendo um estilo simples. Em seguida tocou a campainha do apartamento de seu vizinho. Percebeu que era a primeira vez que fazia isso. Sesshoumaru não tardou a abrir a porta ele e Kagome ficaram se encarando.

- Oi. – Disse Kagome ruborizada.

- Oi. – Respondeu Sesshoumaru lhe dando passagem. Kagome entrou no apartamento e ele lhe indicou o sofá. A jovem sentou-se e Sesshoumaru sentou no sofá em frente. O silêncio dominava a sala.

- Então, o que tem feito? – Perguntou a jovem, puxando assunto.

- Trabalhando.

- Você trabalha com o que?

- Numa empresa.

- Que tipo de empresa?

- Por que tantas perguntas, Kagome? Pretende me pedir dinheiro emprestado? – Os dois riram e isso pareceu quebrar um pouco da tensão entre eles.

- Não. Só estou tentando entender porque você esteve desaparecido por duas semanas. – Sesshoumaru desviou seus olhos dos dela e suspirou. – Não estou tirando satisfações ou algo do tipo. Só achei estranho.

- Eu só... Não sei lidar com pessoas que me deixam nervoso. – O youkai passou a mão direita pelos cabelos, que estavam soltos, e Kagome deu um leve sorriso incrédulo.

- Eu não te deixo nervoso.

- Deixa sim. Enfim, é um fato. – Kagome não compreendia a situação.

- Mas por quê? O que eu fiz?

- Não sei. Nada. – A jovem nunca imaginou ver Sesshoumaru envergonhado, mas era isso que estava acontecendo. – Não gosto do fato de quase perder o controle só por ficar perto de você. – Kagome arregalou os olhos surpresa.

- Mas você nunca deu nenhuma indicação disso, nenhuma demonstração ou atitude nesse sentido.

- É bom saber disso. Mas eu estava a um passo de perder o controle e te beijar. – Kagome mal podia respirar.

- Nossa! – Ela se sentia atraída por Sesshoumaru, mas nunca lhe passou pela cabeça que essa sensação poderia ser recíproca.

- É por isso que eu não falava com você. – Explicou Sesshoumaru, aparentemente um pouco aliviado, após contar tudo. – Para evitar qualquer aproximação. Eu odeio o fato de que quando conheço uma mulher atraente, eu tenho que começar a fingir que não tenho o desejo de fazer amor com ela. – Kagome engoliu em seco. Qualquer outra coisa dependeria de sua resposta.

- O que te faz pensar que deve agir assim? – Kagome resolver fazer o que seu coração achava melhor. Sesshoumaru a fitava um pouco incrédulo.

- Ela pode ter objeções à ideia.

- E também pode não ter. – Sesshoumaru e ela se encaravam como se estivessem famintos.

Nenhum dos dois lembraria depois quem deu o primeiro passo, mas um minuto depois, o youkai estava em cima de Kagome no sofá que ela antes ocupava sozinha. Eles se beijavam afoitamente e não conseguiam tirar as mãos um do outro.

- Vamos para o quarto. – Pediu Kagome e imediatamente Sesshoumaru pegou-a no colo, ainda beijando-a e levou-a para seu quarto.


I don't mind not knowing what I'm heading for

(Não me importo de não saber qual o meu destino)

You can take me to the skies...

(Você pode me levar os céus...)

It's like being lost in heaven

(É como estar perdida no paraíso)

When I'm lost in your eyes

(Quando estou perdida nos seus olhos)

Quando Kagome acordou não conseguia acreditar no que havia acontecido na noite anterior. Tudo fora tão de repente e maravilhoso, que era difícil acreditar. Sesshoumaru dormia ao seu lado, segurando-a pela cintura e ela estava aconchegada a ele, deitada sobre o outro braço dele.

O que ele estaria pensando dela agora? Devia achar que ela era uma oferecida e que agia dessa maneira com todos. Kagome tentou se levantar. Estava envergonhada de sua atitude. Porém, quando tentou erguer o braço do youkai para sair, ele a apertou contra si.

- Já cansou de mim? – Perguntou Sesshoumaru e ao voltar a sua antiga posição, Kagome se viu encarando os belos olhos dourados de Sesshoumaru. Kagome não sabia o que dizer.

- Tenho que trabalhar. – Respondeu e o youkai deu um sorriso de lado.

- Hoje é domingo. – A jovem corou.

- Bem, eu...

- Parece que você está procurando uma desculpa para se livrar de mim. – Kagome ainda fitava os olhos dele. – Talvez a noite passada não tenha lhe agradado. – Ele especulou.

- Agradou sim! – Ela respondeu apressadamente. Tinha sido muito além das expectativas dela. Sesshoumaru não pôde deixar de rir.

- Então, por que quer fugir de mim? Nem parece a mesma pessoa que vivia tentando falar comigo pelos corredores. – Kagome ficou ainda mais vermelha.

- É que... Eu fiquei com medo que você pensasse que eu vou pra cama com todos os caras que conheço.

- Não vejo como o fato de você ir embora evitaria que eu pensasse isso. – Falou ele, sem entender a lógica dela. – Mas eu sei que você não faz isso pelo seu cheiro. – Kagome franziu o cenho confusa. – Nesses meses que tenho morado aqui, eu nunca senti o cheiro de nenhum homem misturado com o seu.

- Isso é invasão de privacidade. – Kagome escondeu o rosto com as mãos. – Você deve ter pensado que eu era uma encalhada. – Os dois riram.

- Não. Eu sabia que você estava esperando por mim. – Ela lhe deu um tapa no peito.

- Convencido presunçoso. – Sesshoumaru e Kagome ficaram se encarando em silêncio por alguns segundos.

- Eu já tenho uma resposta para a sua pergunta. – Falou a jovem quebrando o silêncio.

- Que pergunta?

- Porque eu não deixei de tentar falar com você, mesmo que você não me respondesse. – Ela passou a mão pelo rosto dele, ajeitando alguns fios prateados atrás de sua orelha.

- E qual é a resposta? – Kagome o encarava docemente.

- Eu me perdi nos seus olhos, desde a primeira vez que te vi e não pude evitar me apaixonar.

- A recíproca é verdadeira. – Respondeu Sesshoumaru sério como sempre. Kagome riu.

- Por que você não pode responder de maneira normal, tipo "Eu também" ou sei lá.

- Porque pareceria idiota e meloso demais. – Kagome balançou a cabeça ainda rindo e o beijou. Gostava dele do jeito que era.

I get weak in a glance

(Um simples olhar me deixa fraca)

Isn't this what's called romance?

(Não é isso que chamam de romance?)

Oh, I'll be found

(Oh, eu serei encontrada)

When I am lost in your eyes

(Quando eu me perder em seus olhos)

[Lost in Your Eyes – Debbie Gibson]