Era errado.
Vergonhoso e condenável. Olivia tinha consciência.
Mas era também irresistível, intoxicante e necessário, de uma maneira visceral e indispensável à própria vida - ninguém sabia o quanto, apenas ela. Tudo o que lhe restava, então, era manter e alimentar em segredo seu vício. Era o que se costumava fazer com vícios, não era? Esconder de todo mundo, negar sempre, até o fim, jurar a si mesmo acabar com tudo, quando se sofria uma ressaca forte demais. Então, beber outra vez, apenas mais um gole, porque parecia tão inofensivo, agora, à luz do dia... e depois, o fim inevitável: cair de novo e se afundar em vergonha e culpa. Em suas próprias resoluções e morais, destroçadas e inúteis, lembrando-a de como havia sido fraca.
Perdidamente apaixonada. Arrastando-se por ele, sobrevivendo apenas das migalhas que ele lhe jogava, muito de vez em quando.
Por um homem que não só era seu parceiro no trabalho, mas era casado e católico e completamente fiel às suas responsabilidades.
É. Uma vergonha.
Como quase todos os vícios aquele havia começado de uma forma que pareceu inofensiva. Um flerte ou outro nos primeiros anos, uma negação em resposta, não podiam porque trabalhavam juntos e ele era casado e ela não precisava realmente de um homem. Então, calmaria pelo tempo suficiente para que ela se achasse segura e abrisse espaço para mais um flerte. E tudo recomeçava, e muitos anos depois ela descobriu que aquele era o pior tipo de mau-hábito: o que parecia inocente e incrivelmente fácil de se livrar, e por esse mesmo motivo o fim poderia ser adiado e adiado e adiado outra vez... apenas para se descobrir, quando já era tarde demais, que ela não podia mais parar. Que havia se acostumado, e mais. Que não sobreviveria sem a intensidade dos olhos dele e de sua simples presença, não sobreviveria sem a sensação de embriaguez, de felicidade tola e sem motivo algum que não fosse seu corpo se intoxicando com ele.
Completamente dependente de Elliot Stabler.
Ele havia se tornado necessário como alguma coisa até mais forte que a bebida, talvez morfina, fazendo-a esquecer a dor que agora ela sentia quando encarava sua própria solidão.
Havia dias em que Olivia não sentia vergonha apenas pelo julgamento que fariam dela, mas pelo que havia feito a si mesma. Em que havia se transformado, por deus? Jogado fora sua auto-estima, sua independência, sua vida própria... por ele. Mas, na maior parte do tempo, ela dizia a si mesma, amarga e irônica, que seria impossível lutar contra a herança alcoólatra que a mãe lhe havia deixado - porque, ao contrário do que todo mundo acreditava, ela havia, sim, herdado os genes ruins. Ela era tão fraca, porque perder seu tempo resistindo? Então Olivia se entregava, e se embriagava, durante suas noites solitárias, quando ninguém estava vendo, com patéticas fantasias com ele. Mas nunca era suficiente para saciar por completo sua sede. Aquilo aconteceria, apenas quando pudesse sentir Elliot queimando-a por dentro como o mais forte dos uísques.
Queimando-a, fazendo-a delirar, preenchendo toda e cada uma de suas células, que clamavam por ele, até se acabar em um coma alcoólico.
Uma vergonha.
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addiction = vício ;)
to escrevendo uma fic graaaaaande e outra mais ou menos, e enquanto não termino vou postando essas coisas minúsculas (e vergonhosas), só pra não perder o hábito ;D
