Querido diário,
Sei que escrever desta forma é algo um tanto infantil, mas não vejo outra maneira de aliviar a sensação de vazio que sinto dentro de mim. Preciso falar de algo que até hoje me atormenta. Preciso falar de Cedrico Diggory.
Não me lembro de Cedrico como o popular do colégio, o íntegro, o inteligente. Me lembro dele como um dos poucos garotos que já mexeram comigo, antes até de chegar em Hogwarts. Como assim? Vou lhe contar...
Copa Mundial. Bulgária x Irlanda. Mamãe nos forçou, à mim e a Gabrielle, a ir admirar a apresentação dos mascotes da Bulgária. Afinal, eram Veelas, os seres cujo o sangue corre em minhas veias.
Fiquei um andar abaixo do camarote de honra e, pra minha indiferença, ao lado de Diggory. Não prestei maior atenção à ele, embora ouvisse duas inglesinhas o exaltando, sentadas à minha direita.
Ele não é perfeito?-cochichou uma delas.
Ambas deram risadinhas.
Me virei e olhei feio pra elas. Elas perceberam e se calaram. As veelas entraram. A influência que elas exerciam sobre os homens era incrível. Vários estavam prestes a se jogarem das arquibancadas, outros tantos gritavam e dançavam bobamente.
Tomada por um forte impulso, me levantei e comecei a dançar. Meus olhos encontraram os de Diggory. Como era bonito! Sua boca estava ligeiramente entreaberta, seus olhos fixos em mim.
"Seus longos cabelos balançavam surreais ao som da música. Seus lindos olhos faiscavam com a luz dos holofotes. Ela era mais linda do que qualquer uma das Veelas que se apresentavam no campo. Era a própria Afrodite, que me presenteava com um breve sorriso."
Ele sorriu também, ao mesmo tempo em que a música acabava. Me sentei. Os mascotes da Irlanda entraram, mas Diggory apenas me olhava. Olhei para o lado e vi as inglesas de cara amarrada. Pelo visto elas haviam percebido...
"Eu não conseguia parar de olha-la. Seus traços eram perfeitos. Ela usava uma calça justa e uma blusa de tecido fino, certamente compradas em lojas de trouxas, que realçavam seu belo corpo e me faziam imagina-lo quase com precisão."
Quando o jogo acabou fui direto pra minha barraca. Estava cansada. Só o que queria era dormir. Pus uma camisola de algodão, num tom claro de azul, e acabei me lembrando do belo garoto que tanto me olhara. Se existissem homens com sangue de Veelas, ele certamente seria um desses.
"Não conseguia parar de pensar nela um instante. Lembrava de seus olhos, de sua boca... Sua imagem não saía de minha cabeça. Precisava vê-la mais uma vez."
Queria vê-lo novamente. Havia algo de especial nele, sem dúvida. Tão especial que me acelerava o coração.
Como será seu nome?-perguntei, olhando a bela lua que estava no céu, parada na porta da tenda.
"Não resisti e fui atrás dela. O acampamento era imenso, mas eu procurava sem pressa. Avistei uma tenda rosa e caminhei até ela. Encontrei-a do outro lado, olhando a lua, usando uma camisola comportada mas que a deixava ainda mais linda. Ah, como se fosse possível..."
Ouvi um ruído de passos. Me virei assustada e me deparei com... Diggory. É claro que ainda não sabia disso, só fiquei sabendo em Hogwarts, uns meses depois. Motivo? A confusão causada pelos Comensais da Morte.
"Perguntei-lhe seu nome mas não obtive resposta, pois começou uma confusão no acampamento e, quando me dei conta, ela havia sido forçada a aparatar por seus pais."
Droga, eu nunca mais o veria!
"Eu a havia perdido..."
Meses se passaram...
"Hora da chegada das delegações de Beauxbatons e Durmstrang. Meus amigos estavam ansiosos para conhecer as francesinhas, mas eu não. Tudo passou tão rápido que, quando me dei conta, estava na hora do banquete."
Me levantei parar pegar uma terrina de Bouilabaisse na mesa ao lado. Um garoto ruivo, até bonitinho, me olhou mudo.
"Festa de Halloween. Corriam boatos de que havia uma francesa linda na delegação de Beauxbatons. Quando meu nome foi escolhido pelo Cálice de Fogo, qual não foi minha surpresa ao ver que a tal garota era a perfeição com quem eu sonhava desde a Copa Mundial. Fleur Delacour. Poderia existir nome mais perfeito pra ela?"
O campeão de Hogwarts adentrou na saleta. Meu coração disparou dolorosamente. Era o garoto da Copa Mundial. Era Cedrico Diggory.
Não vou detalhadamente o que sucedeu depois desse reencontro. Pularei para a noite do Baile de Inverno...
"Ela estava maravilhosa naquele vestido prateado. O tecido era fino, modelando suas curvas perfeitas. Ela era uma linda garota, no auge dos seus 17 anos. Seus cabelos estavam presos em um elegante coque, com várias mexas soltas ao seu redor. Um belo colar chamava atenção para seus volumosos seios. A beleza de seus lábios estava destacada por uma camada de gloss, e seus olhos brilhavam mais do que qualquer estrela."
Cedrico estava lindo. Usava um elegante smoking, realçado por uma gravata borboleta. Seus cabelos estavam levemente arrepiados, certamente com a ajuda de algum fixador. Ele havia ido com uma japonesinha. Éramos campeões por isso não podíamos ir juntos.
"Eu sentia vontade de voar no pescoço do cara que estava com ela. Cho estava linda, mas eu mal a olhava. A cada sorriso que Fleur dava para o garoto, eu me dissolvia por dentro. Parecia que corria ácido por minhas veias, ao invés de sangue."
Ele olhava pro Davies como se quisesse matá-lo. Pra dizer a verdade, eu também me sentia assim com relação à Cho. É claro que dissimulava mais.
Depois da abertura do baile, despistei Davies e fui para o jardim. Era entediante sair com ele. Nem falar ele conseguia...
Nesses meses eu havia me aproximado muito de Diggory mas nada havia rolado. Será que ele não sentia nenhuma atração por mim?
"Eu me sentia completamente atraído por ela. Cada sorriso seu, cada jogada de cabelos, eram suficientes pra me fazer sorrir bobo por horas. Ela exercia tanto domínio sobre mim que, assim que a vi saindo do salão, a segui. Ela foi em direção ao jardim, que havia sido feito especialmente para o Baile, e se sentou em um banco, ficando escondida por alguns arbustos."
Atrapalho, srta. Delacour?
Virei o rosto e avistei Cedrico. Ele sorria.
Em absoluto.-respondi, tentando parecer apenas relativamente contente, quando no fundo eu sentia vontade de me jogar em seus braços.
Ele sentou-se ao meu lado. Meu coração parecia que ia explodir.
"Meu coração estava acelerado. A cada rajada de perfume que lhe escapava do corpo e cabelos, aumentavam meu desejo de beijar-lhe. Olhei para o banco e vi sua mão descansando sobre ele. Tomei coragem e a peguei."
Pegou em minha mão.
Cadê a Cho?-perguntei, com um Tom quase desafiante na voz.
Deve estar por aí. E seu Davies?-perguntou-me, no mesmo Tom de voz que eu usara, embora com um sorriso sarcástico no rosto.
Puxei minha mão e me levantei, irritada.
Deve estar tentando fechar a boca.-disse, antes de me virar e sair.
"Saiu. Ela ficou uma gracinha irritada. As maçãs de seu rosto coraram e seus olhos se estreitaram perigosamente. Me levantei e fui atrás dela."
Senti que ele me seguia. Apertei os passos.
"Apertei os passos."
Alcançou-me.
"Segurei em seu braço. Ela se virou e nossos olhos se encontraram. Aproximei o rosto do dela."
Aproximou o rosto do meu.
"Ela corou um pouco; A beijei."
Abracei-o, ao ter seus lábios nos meus. Ele segurou em minha cintura, com uma delicadeza que eu nunca imaginaria possível em um garoto.
"Um ruído. Fleur desvencilhou-se de mim. A enlacei pela cintura, trazendo-a novamente para perto."
Quer ir para outro lugar?-perguntou-me.
Sim.
Fomos para a Sala Precisa. Ela estava com a aparência de um lindo quarto, com pequenos jasmins espalhados pelo chão e também pela cama, que era envolvida por uma cortina de seda, que esvoaçava com a brisa magicamente existente. O chão era coberto por um imenso tapete branco, feito certamente com pele de urso polar, e haviam várias almofadas espalhadas pelo quarto.
"Enquanto Fleur admirava o quarto, tranquei a porta. Ela despertou do devaneio e me olhou. Eu realmente queria ficar a sós com ela, mesmo que não fosse para fazermos nada. Queria muito abraçá-la, beijá-la."
