N/A: Divirtam-se, ok?
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Regrets are all you left on your lipstick stains(Arrependimentos são tudo o que restam em manchas de batom)
Take a picture of our past there in that ashtray
(Tire uma foto de nosso passado, alí naquele cinzeiro)
We had our fun, I used to light your flame
(A gente se divertiu, eu costumava acender sua chama)
Like the dancing smoke that rose we tried to find our way
(Como aquela fumaça dançante que se levantou, nós tentamos encontrar nosso caminho)
No one told me, she told me
(Ninguém me disse, ela mesma me contou)
Acho que nem sei porque vim aqui, certamente só vou faze-lo sofrer um pouco mais. Mas ir embora sem nem ao mesmo dizer "Adeus" estava acima da minha capacidade de ser frio com as outras pessoas. Principalmente com ele.
Remexendo-se entre as cobertas da cama, parece tão perdido em sonhos o meu lobinho loiro. Ele não é tão fraco quanto aparenta, provavelmente lidaria melhor com essa situação do que eu estou lidando agora.
O que será que ele sonha?
Pode ser que reveja em suas memórias aqueles nossos tempos de glória, o auge dos marotos. Pode ser que não. Pelo menos é com isso que eu sonho. Éramos tão felizes e apaixonados naquela época, que é simplesmente impossível esquecer assim.
Nós. Eu, Remus, James e Peter... James morto, e me chamam de culpado. Como poderia? Não. A culpa é de Peter. Arrependo-me de ter tentado resolver tudo com as próprias garras. Agora estamos todos envolvidos nisso. Todos menos Remmy. E como eu retribuo? Venho caça-lo até no pequeno chalé que ele comprou pra se livrar dos problemas. Mas mesmo assim, eu lhe trago problemas. Não queria envolve-lo nisso. Mas como era possível? Ele também é um maroto, afinal. O que atinge a um atinge a todos com mesma forma e intensidade. Somos os marotos e somos como um só. Ou éramos.
Levo novamente aquele cigarro meio gasto aos meus lábios gélidos. Péssimo hábito adquirido em algum ponto da minha adolescência, algum ponto que a minha mente fez questão de apagar da memória.
Ele sempre reclamou do cheiro. Remus sempre estava perfumado, acho que tinha todo o direito de reclamar.
Mas a fumaça me acalma, me traz a realidade e me faz pensar. Na maioria das vezes em coisas passadas a muito muito tempo atrás. Coisas que se foram e não voltarão mais. Nem sei porque penso nelas. Tudo isso eu vejo naquele pequeno objeto branco, seguro entre meus dedos frios.
Your
love's like one last cigarette
(Seu amor é como um último
cigarro)
Last
cigarette, I will savor it
(Último cigarro, eu vou
saborea-lo)
The
last cigarette
(O último cigarro)
Take it in and
hold your breath, hope it never ends
(Trague e segure, reze
para que nunca acabe)
But
when it's gone, it's gone
(Mas quando acabar, acabou)
The
last cigarette
(O último cigarro)
Só esse cigarro e eu vou embora então. Muita gente daria um bocado pela minha cabeça agora. Tudo por causa de uma única suspeita errada. Mas eu nunca mataria James e Lilly. Eu os amava de verdade. É como dizer que eu mataria Remus. Não... Remus é diferente. Ele é meu amor, meu amante, e sempre foi. Mesmo assim eu nunca os mataria.
Encosto a mão na janela embaçada pela chuva. Não consigo ver praticamente nada lá fora. Maldita tempestade que cai o dia inteiro lá fora. Não podia me deixar impune, e as minhas roupas secando ao calor da lareira estão lá para provar. Nunca gostei muito de chuvas de qualquer forma.
Remus ainda dorme profundamente.
Oh merlin, eu juro que só esse cigarro e eu vou embora. Eu sei que nem deveria ter vindo, mas eu não podia deixa-lo sem garantias de retorno. Não sem antes poder sentir aquela pele alva perto de mim novamente. Eu não iria sem ter a minha última noite com aquele que é meu amado e por quem eu lutei tanto.
Eu não quero ir, mas fugir sempre foi a minha sina, não é mesmo? Fugir do meu sangue, dos meus pais e do meu destino. É um histórico muito grande para alguém com a minha idade. Eu só tenho vinte e poucos e não acho que vou viver muito mais que isso. Não se me pegarem agora.
Ou talvez só me tranquem numa cela, onde eu nunca mais poderia ver meu loirinho. E nunca mais é muito tempo para viver longe de quem se ama. Oh, por favor, faça com que eu possa rever esses olhos cor de mel novamente. Pode demorar cinco, dez, vinte anos. Não me deixe morrer sem ver Remus sorrir para mim de novo.
A cada trago o cigarro vai diminuindo entre meus dedos.
Just to breathe reminds me of what used to be
(Só de respirar eu me
recordo de como éramos)
The
smoke's the ghost that keeps you close when I can't sleep
(A
fumaça é o fantasma que te mantém perto de mim
quando não consigo dormir)
Don't ask the past to last; it's
about to change
(Não peça que o passado dure,
está prestes a mudar)
The
memories don't answer when I call your name
(As memórias
não respondem quando eu chamo seu nome)
No
one told me, she told me
(Ninguém me disse, ela mesma
me contou)
Eu sinceramente não consigo ver quando os marotos, os meninos de ouro da grifinória chegaram a esse ponto. Qualquer um percebe que hoje não somos nem a sombra do que fomos um dia. É besteira dizer que tudo melhora com o tempo. Senão um dia chegaríamos a perfeição, e ai então o que mais iríamos procurar?
Não resta nada da velha coragem que era um ponto tão marcante na nossa personalidade. Se você pensar bem, estou aqui, olhando para a chuva que cai lá fora e morrendo de medo do que virá no futuro. A alguns anos eu diria foda-se o futuro e encararia tudo de frente. Hoje não. Hoje eu tenho medo de não poder voltar a vê-lo e isso freia minha impulsividade de uma forma assustadora. Eu tenho muita coisa em jogo para arriscar com besteiras.
Dos tempos de escola, herdei apenas três coisas das quais me orgulhar. Primeiro, as lembranças. Pouca gente pode ter lembranças tão perfeitas como as minhas. Segundo, os amigos. Mas hoje meu melhor amigo está morto e isso me dói muito. E em último, o namorado. Ninguém pode ter uma pessoa que lhe apóie tanto por perto. Remus é maravilhoso.
Talvez por isso me doa tanto deixa-lo. Ou talvez seja pelo fato de que não me conformo em vê-lo sofrer. De qualquer forma meu cigarro está acabando e a chuva está se tornando mais fraca. Pode ser que seja hora de parar de chorar e de alguma forma partir.
Your love's like one last cigarette
(Seu amor é como um último
cigarro)
Last
cigarette, I will savor it
(Último cigarro, eu vou
saborea-lo)
The
last cigarette
(O último cigarro)
Take
it in and hold your breath, hope it never ends
(Trague e
segure, reze para que nunca acabe)
But
when it's gone, it's gone
(Mas quando acabar, acabou)
One I can't forget, the last cigarette
(Aquele que não consigo
esquecer, último cigarro)
Right
there at my fingertips, I got your taste still on my lips
(Bem
lá na ponta de meus dedos, ainda sinto seu sabor em meus
lábios)
Right
or wrong
(Certo ou errado)
Encosto meus pés descalços no chão de cerâmica extremamente frio que a tempestade me deixou. Acho que fiquei por tanto tempo sentado naquela cadeira, que provavelmente já deve estar para amanhecer. É hora de deixar o passado para trás e seguir em frente.
E, neste momento, meu passado dorme tão aconchegado nas cobertas quentes, que nem percebe minha aproximação. Curvo-me para beijar uma última vez aquelas bochechas rosadas que eu tanto amo e que me fizeram tão feliz.
Não sei se voltarei a vê-las um dia.
E pode ser que demore tanto, que quando eu voltar ele já esteja apaixonado por outro. Não vou mentir dizendo que ficaria alegre se ele encontrasse outra pessoa e fosse feliz. Tentar me enganar nunca deu muito certo. Na minha mente perturbada, eu sou a única pessoa que pode fazer esse lobinho sorrir.
Eu quero que ele me espere. Mas se não puder e se o amor que ele tem por mim um dia acabar, eu espero que escolha alguém decente. Quando voltar talvez possa avaliar pessoalmente. Se eu voltar.
De qualquer forma, me sinto no direito de guardar comigo a sensação dos lábios dele colados aos meus. Só pra saudade não ser tão forte.
Puxo a argola que pende da minha orelha, a mesma que ganhei muitos anos atrás de dia dos namorados, exatamente da mesma pessoa que eu observo dormir nesse momento. Coloco-a na mesa de cabeceira, mas não antes de pedir com toda minha alma que ela, de alguma forma, mantenha meu lobo seguro enquanto eu não puder faze-lo. É como um presente de despedida que eu deixo-lhe. Uma coisa para ele se lembrar de mim e para protege-lo se for possível.
Com algo que me pareceu mais um suspiro que sopro, apago as velas que iluminaram a noite inteira aquele velho quarto. Está na hora.
Arrasto-me em direção a lareira da sala, onde minhas roupas estão a noite inteira. Secando devagar. Mas não interessa se estão secas, a chuva lá fora vai molha-las novamente. De qualquer forma, me enfio nelas.
Pego o pequeno objeto que repousa sobre a lareira. A mesma varinha que eu usei os sete anos de Hogwarts, acho que nunca quebrei uma varinha sequer. Mamãe costumava se orgulhar da minha habilidade com feitiços. Ela se orgulhava de muitas coisas antes de eu deixar aquela vida para trás.
Jogo o resto do cigarro no chão, esmagando-o com o bico da minha bota. Acho que vou lembrar desse cigarro por muito tempo ainda.
One last cigarette, last cigarette
(Um último cigarro, último
cigarro)
Last cigarette, I will savor
it
(Eu vou saborear, o último cigarro)
Take
it in and hold your breath, hope it never ends
(Trague e
segure, reze para que nunca acabe)
But
when it's gone, it's gone
(Mas quando acabar, acabou)
One
last cigarette, last cigarette
(Um último cigarro,
último cigarro)
Cruzo a porta de madeira do charmoso chalé de Remus. Acho que estacionei minha moto no quintal, mas não tenho muita certeza. Nunca senti tanta dor ao me despedir de um lugar quanto sinto agora. Nem mesmo de Hogwarts.
Fechando a porta atrás de mim, atravesso o longo jardim bem cuidado e florido. As roupas, cabelos e praticamente tudo completamente encharcados pela chuva que, parece, durará por muito tempo ainda. Não dá pra fugir da tempestade, mas encara-la de frente nunca é a melhor opção.
Mas agora eu não tenho escolha alguma. Eu nunca me senti atraído pela melhor opção.
Passando uma perna pelo banco de couro, giro a chave, subindo ao céu como tantas vezes já havia feito. Mas pela primeira vez eu sinto tanto medo. Ah, eu sinto tanto medo.
Agora, eu não sei exatamente para onde ir. Eu posso fazer algumas paradas antes de fugir de vez, e talvez eu as faça. Mas a mais importante já se foi.
Oh merlin, não deixe nunca que o Remus se machuque de verdade.
Eu sinceramente espero que ele possa se virar sozinho. Eu nunca pedi isso antes. Cuide-se, Remmy. Agora você só pode contar com si mesmo, meu amor. Espero que meu presente te mantenha seguro. Como um amuleto, uma lembrança de épocas melhores.
Quando eu voltar, vou acender um cigarro enquanto observamos o pôr-do-sol e você vai reclamar do cheiro da fumaça. Só ai vou saber que tudo está bem novamente. Se um dia voltar a estar.
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N/A: Olá .Em primeiro lugar deixe-me agradecer ao Bon Jovi, afinal a música é dele e sem ela não tinha song. Pra quem quiser procurar é "One last Cigarette".
Se a fic estiver com muitos erros, me perdoem. É que o meu computador simplesmente se recusou a me deixar trabalhar na versão final e ela acabou saindo sem revisão mesmo. Vou tentar arrumar isso antes de postar o capítulo 2.
Sim, é uma song com dois capítulos. Músicas diferentes, capítulos diferentes.
Reviews me fariam muito feliz... Vamos lá! Dois minutos não vão matar ninguém.
Beijos e obrigada.
