N.A.: REPOSTANDO!

Bom, essa fic é algo diferente do que eu normalmente faço. Quem me segue no twitter, no face e tal, sabe que comecei a estudar Libras e Francês, e isso por si só já é lindo, porque Libras é lindo demais e Francês é incrível. Porém, como sempre, minha mente criou um plot baseado em Libras. Então, please, olhem primeiro as explicações aqui embaixo:

1 - É uma fic Daryl/OC, ou seja, as personagens originais são minhas e só minhas, e elas são exatamente como as imagino.

2 - O tempo e os acontecimentos param de seguir o seriado logo após chegarem na Fazenda, ou seja, eles nunca saem de lá, nem vão para a prisão e nem conhecem o Governador.

3 - Sei que a Michonne só aparece lá na prisão, mas eu a adoro, e a coloquei na fazenda, e pronto.

4 - Libras não é uma língua fácil de aprender ou de ensinar, então o que coloco aqui é meramente um oitavo do esforço de aprender/ensinar que essa língua realmente requer. Eu bem sei hoje.

Sem betagem, sorry! Li o capítulo algumas vezes para tirar os piores erros, mas vocês sabem, né?!

Agradecendo a Dahi lindo que leu os capítulos prontos e o plot e sempre comenta e me faz rir.

Nada disso me pertence, apenas o plot e as personagens originais. Quais amo amo amo. Usei o nome de uma música do Nightwish que eu adoro, na verdade adoro quase tudo que eles fazem. Mas essa música, esse nome, sei lá, encaixaram bem demais. Então, obrigada Nightwish.

Boa leitura, povo!


We are dead to the World

"Heaven queen, carry me away from all pain.

All the same take me away, we're dead to the world."

Capítulo 1

Havia passado em duas faculdades. Poderia escolher entre as duas, e mesmo assim tudo seria exatamente como planejara. Seria exatamente como deveria ser. Tornaria-se uma advogada, seu namorado começava a mostrar sinais de que a pediria em casamento logo após terminarem a faculdade, seus pais estavam orgulhosos e mostravam isso a cada sorriso, seu irmão estava sendo condecorado nas Forças Armadas e subia rapidamente de patente. Tudo em seus eixos. O mundo girava a seu favor. E Kira sorria enquanto a música alta tocava dentro do carro de Paul, suas amigas cantavam no banco de trás e ele dirigia pela estrada, saindo da cidade, para chegarem a fazenda de sua família, fazerem um churrasco e se divertirem um pouco com o final das férias.

O último fim de semana livre pelos próximos 5 anos. Já no próximo fim de semana deveria ter escolhido sua faculdade, enviado todos os papéis e mudar-se para os dormitórios. Começar uma nova vida, uma nova história. Fazer história, como seu pai um dia dissera que ela faria. E agora Kira estava convencida disso, e não soltaria esse sonho.

Observava as amigas no banco de trás, rindo, cantando e dançando. Estava de lado no banco, sem cinto, cantava e dançava junto, rindo, quando viu Jenna arregalar os olhos e assustar-se com algo à frente. Kira virou o rosto no momento em que um caminhão vinha na direção de seu carro. Gritou com Paul, mas ele apenas olhou-a, por um segundo, ainda mais assustado do que já estava e Kira sentiu o peso de todo o seu corpo desaparecer, era leve como uma pena, flutuava como se tivesse pulado de uma grande altura. E todo seu peso apareceu logo após quando foi lançada no teto do carro, o Sedan azul girando no ar, metal partindo-se e raspando, torando-se lanças. Vidro quebrando, gritos, o caminhão tombando parcialmente na estrada vindo novamente em direção ao carro, o barulho ensurdecedor de metal contra o asfalto, mais gritos perto e longe. Mais gritos seus, de Paul, de Jenna e Cris.

Kira apenas lembrava-se de mover a cabeça para os lados, tentar entender quem gritava que ela havia morrido, tentar entender o que tinha acontecido, e porque nada parecia sentir, mas então era negro. Não consegui mover a cabeça para os lados e tudo tornou-se negro e a última visão que teve foi de alguém do lado de fora do carro abaixar-se e aparecer pela janela de seu lado, gritando ainda mais enquanto a olhava.


Gustav ainda vestia seu uniforme quando entrou pelas portas do Hospital Geral de Atlanta. Seus pais estavam no corredor da área intensiva, sentados, abraçados. O chão desapareceu por debaixo dos pés dele. Aproximou-se quase flutuando, parecia que a resposta estava escrita em seus rostos. Quando eles o viram, se levantaram, sua mãe com os olhos inchados, seu pai com o rosto devastado.

"Eu não consegui vir antes, eles não tinham vôos até ontem de manhã." Disse enquanto os abraçava. O vôo de Pahala, no Hawaii, para Atlanta demorou mais de doze horas, e Gustav aprendeu que mesmo com atrasos e conexões, nada fazia sua viagem maior do que o desespero. Sua mãe apertou seu corpo e chorou em seu ombro, sem conseguir lhe dizer nada. Segurou-a contra si com mais força ainda, acariciando seus cabelos negros, como os de Kira. Seu pai afastou-se um passo, olhando-o sério. Ele sabia o quanto Gustav e Kira eram unidos e que aquilo acabaria com seu filho, assim como estava acabando com eles. Gustav viu isso em seu rosto. "Onde ela está? Como ela está?"

Gustav sentiu sua mãe tremer com sua pergunta e seu pai sentou-se novamente, olhando para o chão. Gustav sentiu o corpo todo gelar, não podia acreditar que ela estava morta. Tinha que escutar aquilo de seu pai, tinha que escutar aquilo de sua boca, ouvir aquelas exatas palavras, ou viraria o Hospital Geral de cabeça para baixo para encontrá-la.

"Onde ela está, pai?" perguntou mais firme.

Seu pai o olhou sério e Gustav observou como ele analisava seu rosto antes de responder, como se quisesse ter certeza de que não perderia o filho.

"Gustav, ela passou por uma cirurgia, está... fora de perigo, eles dizem." Aquilo fez o peito de Gustav aliviar, mas algo no modo como sua mãe chorava e seu pai estava sério dizia que ainda não havia terminado. "Foi um acidente horrível, eu vi o carro." Sua mãe soluçou, o choro mais forte. "É um milagre que ela esteja viva. Ela... está em coma. Teve duas paradas cardíacas durante o trajeto para cá. Teve cortes profundos e perdeu muito sangue. A cirurgia de emergência que fizeram foi para fechar e reconstruir parte do pescoço dela que foi perfurado por uma das laterais do carro." Gustav olhou seu pai ficar ainda mais devastado. "Ela... não pode mais falar. Gustav, sua irmã não pode mais falar."

Por alguns segundos pareceu para Gustav que ele apenas estava sonhando. Parecia que o que seu pai tinha acabado de lhe falar era mentira. Olhou para ele novamente e então apertou mais sua mãe contra seu peito. Muda. Kira, sua irmã de 16 anos, futura advogada criminalista, com uma bela voz, forte, corajosa, inteligente, linda... muda. Era como se estivessem lhe contando que o mundo acabaria em apenas alguns anos, como se contassem algo que ele não poderia acreditar. E então respirou fundo, precisava aliviar a mente ou enlouqueceria e não ajudaria seus pais, nem Kira e nem a si mesmo.

E então Gustav pensou que dos males, aquele era o menor; tinha que pensar assim. Sentou sua mãe ao lado de seu pai e começou a conforta-los, sabendo que nada do que fosse falar seria o suficiente naquele momento, mas teria que ser forte - por todos eles -, e cuidar de Kira como nunca cuidara antes.


Quatro anos depois...

O inferno estava na Terra. As pessoas voltavam dos mortos, levantavam-se e comiam quem estava vivo. O Exército, as Forças Armadas, Marinha, FBI, CIA, todo o poderio Americano estava nas ruas, mas a população ganhava terreno com o medo, violência e morte. Pessoas morriam e voltavam, algumas tinham febres e então se transformavam em mortos-vivos, outras conseguiam escapar por algum tempo, mas então alguém lhes arranhava e em horas estavam mortos, caminhando e sem consciência alguma do que estavam fazendo. E tinham aquelas que simplesmente nada tinham, não eram mordidas, não eram arranhadas, não tinham febre, mas perdiam a cabeça, transformando-se gradualmente, dia após dia e então era uma daquelas coisas e atacava tudo e todos.

Gustav estava caminhando há dois dias, tentando chegar em sua casa, no subúrbio de Atlanta. Parecia que sua casa estava mais longe do que nunca agora que precisava chegar. Apenas pensava em Kira e em seus pais. Esperava que eles estivessem dentro de casa, trancados e seguros. Pensava em tudo que poderia lhe acontecer, e em todas as recomendações que tivera enquanto estava em serviço. Pensava na ordem de prisão e na dispensa que receberia, quando tudo se acalmasse, por deserção. Abandonara seu posto, desobedecera seu oficial superior imediato. Dissera que iria atrás de sua família e era exatamente isso que estava fazendo. As pessoas corriam pelas ruas, escondendo-se, sujas de sangue. Gustav matou alguns mortos que vieram a seu encontro, acertando-os na cabeça com tiros certeiros.

Chegou em sua rua, vendo sua casa com um carro parado no gramado, de qualquer jeito, com a porta aberta. Aquilo gelou seu sangue, mas não havia ninguém dentro do veículo. Uma mancha de sangue corria toda a lateral da casa, até a porta dos fundos. Aproximou-se devagar, a arma levantada, pronta para atirar, tentando fazer o mínimo de barulho possível. A porta de vidro de correr totalmente aberta, o ar abafado escapando de dentro do cômodo. Sabia que seria difícil não desesperasse caso seus pais ou sua irmã fossem uma daquelas coisas, mas faria o possível para terminar com o sofrimento deles o mais rápido possível.

Sua cozinha estava bagunçada, sangue por todo o balcão e ainda pingando grossas e fétidas gotas no piso branco de sua mãe; e então viu o corpo de seu pai estendido no chão. Abaixou-se desesperado colocando as mãos no pescoço dele, mas ele estava morto. Não era mais um daqueles monstros, pois alguém lhe amassara um lado da cabeça, acabando com aquilo. Talvez tivesse se transformado e alguém o acertara. Engoliu em seco e seguiu o rastro de sangue para fora da cozinha e encontrou o corpo de sua mãe na sala. O tapete empapado de sangue seco, os braços de sua mãe esticados e semi-comidos, como se tentassem alcançar algo que não estava mais ali. Abaixou-se ao lado dela e observou atentamente como a cabeça dela também estava afundada do lado esquerdo, alguém também a impedira de seguir sendo aquilo.

Voltou a se levantar quando ouviu um paço abafado atrás de si, virou-se rápido, a arma levantada, pronta para atirar e então ela foi tirada de sua mão por um golpe forte. Olhou quem o acertara e então viu Kira. Sua irmã estava suja de sangue e pedaços de algumas coisas, os olhos arregalados e os cabelos bagunçados, mas parecia bem, não parecia um daqueles monstros. Ela, quando o viu e o reconheceu, soltou a panela de ferro que segurava e pulou em seus braços, sujando-o de sangue.

"O que houve? Foi mordida?"

Kira soltou-se dele devagar, lhe dizendo que não, e contando que seus pais chegaram com mordidas e que pouco tempo depois transformaram-se e só pararam quando ela os acertou na cabeça. Os sinais eram rápidos, mas Kira sabia que Gustav os entendia. Ele fora o primeiro a aprender com ela a linguagem de sinais após o acidente, e a ajudara muito a aceitar sua nova condição. Questionou-o sobre o que ele estava fazendo ali.

"Vim tirá-los daqui, a cidade será incinerada."

Kira arregalou os olhos e fez apenas um sinal de que ele deveria esperá-la. Subiu as escadas correndo, pegou duas mochilas, colocou algumas peças de roupas suas e correu ao velho quarto do irmão, colocando roupas velhas dele na outra. Passou no quarto dos pais, da penteadeira da mãe puxou alguns frascos, sem ver bem quais, e dois retratos, jogando-os dentro das mochilas. Puxou um par de tênis da ponta da escada, desceu correndo e sinalizou para o irmão que olhava-a sério, que pegara roupas e que deveriam ir embora.

"Sim, temos que sair da cidade, evitar as estradas principais também. Tudo está um inferno, Kira. O mundo está mesmo acabando."

Kira assentiu devagar sem querer pensar muito e terminou de colocar os tênis. Pegou a mão do irmão, olhou uma última vez para sua mãe e para seu pai na cozinha, mortos, e começou a chorar enquanto abandonavam a casa que cresceram e viveram por mais de 15 anos. Enquanto abandonava sua vida inteira mais uma vez.


Hershel saiu de sua casa olhando ao redor, vendo todos trabalhando, ocupados, mas atentos. Parecia que o medo os deixavam atentos, mas os deixavam também corajosos, protetores de tudo e de todos. Aproximou-se de Rick, vendo-o conversar com Gleen e Daryl. Eles pareciam sérios e pareceu apropriado que participasse da conversa.

"Hershel, como está?"

Rick lhe perguntou e Hershel sorriu enquanto parava ao lado dele, vendo Glenn e Daryl apenas acenarem com a cabeça. Sorriu. Glenn talvez nunca se acostumasse com ele saber sobre ele e Maggie e aceitar sem lhe exigir uma conversa sobre suas intenções com sua filha. Gleen havia provado ser um bom homem para Maggie várias e várias vezes, e após o que acontecera com Ottis, Patrícia, Shane e Dale, ele ainda assim havia defendido Maggie com sua própria vida, sem importar-se se fosse mordido.

"O que houve?"

Daryl balançou nos próprio pés, mordendo o dedão e observando Rick olhar para Hershel e logo após para a estrada. Entregou o binóculos para ele, apontando para onde deveria olhar. Hershel não sabia o que esperar e por isso, quando viu Maggie, sorriu. Ela vinha devagar no cavalo, mas então viu o que Rick queria lhe mostrar, mais duas pessoas vinham com ela. Não as reconheceu e olhou para Rick, abaixando o binóculos.

"Quem são eles?"


Maggie já havia andando por quase uma hora debaixo do sol quente, e observou pegadas na estrada. Sabia que algumas eram suas e de Gleen, de quando iam até a casa na árvore que tinha ali perto, para ficarem sozinhos, terem um pouco de privacidade, já que o celeiro havia tornado-se um lugar impossível de viver após os acontecimentos recentes. Mas então, algumas delas pareciam novas demais, pareciam recém feitas. Parou seu cavalo e observou atentamente as pegadas, olhando para as árvores e vendo que haviam duas pessoas ali tentando se esconder. Puxou sua arma, apontando na direção deles e falando não muito alto, não queria atrair atenção de alguns errantes que poderiam estar próximos.

"Vocês dois. Saiam devagar daí."

Maggie apontava a arma sem tremer, já estava se acostumando a atirar, a proteger quem amava. Viu que de trás das árvores saíram duas pessoas. No começo, Maggie pensou que seriam errantes, mas eles vinham devagar e com as mãos para cima, apesar de que um deles segurava a arma, mas essa solta na mão apontada para baixo. No momento em que viu o uniforme das Forças Armadas, apontou a arma para o homem, tomando muito cuidado com ele.

"Podem parar aí."

Maggie viu que ambos pararam há cinco passos de seu cavalo, mas olhavam a todo momento para as árvores e para a estrada. Via que a garota, estava suja de sangue, e o homem tinha o uniforme sujo de sangue, terra e outras coisas que ela sabia bem o que eram.

"Hey. Essa é sua terra?" O homem perguntou e Maggie assentiu, ainda com a arma levantada e apontada para ele. "Não queríamos invadir, mas minha munição acabou e alguns deles estavam atrás de nós."

Maggie olhou ao redor vendo que alguns corpos estavam no chão, sem se mover, e que aqueles eram corpos que, em sua ronda anterior, não estavam ali. Olhou novamente o homem, vendo-o sorrir fracamente, como que lhe pedindo desculpas mais uma vez.

"Onde estavam?"

"Estamos andando há algum tempo. Ficamos alguns meses na estrada, alguns meses na Floresta, mas a situação está piorando. Minha munição acabou e temo pela minha irmã."

Maggie olhou para a garota que agora franzia as sobrancelhas para o homem. Parecia que ela não tinha gostado daquela frase. Conhecia aquele sentimento muito bem.

"São apenas vocês dois?" Viu o homem assentir. "Venham, estamos em um grupo aqui perto na fazenda da minha família." Virou o cavalo na direção da casa. "Não estou prometendo nada, mas essa noite podem ficar... tudo bem?"

O homem assentiu e a garota também, sorrindo enquanto andavam a seu lado. Olhou-a atentamente. Maggie sentia que ela era diferente, ainda não havia escutado uma palavra dela. E estranhou ainda mais o fato dela usar um lenço enrolado com força no pescoço apesar do sol escaldante. Deu de ombros, precisava agora voltar a fazenda e enfrentar Rick e seu pai quando trouxesse mais forasteiros.