Chegava a ser ridículo lembrar da maneira que ele me tocava.

Sempre que eu o via lembrava da maneira tola, impulsiva que ele me tocava. Me lembrava de como éramos humanos. Mas não mais. Tenho plena certeza de que não devemos mais. Não poderia mais ser daquela maneira. Daquele belo amor, perfeito que antes nunca parecera. Doía.

Minha coxa rasgada não me deixava esquecer: nunca mais seria o mesmo. Não poderia tê-lo de novo. A maldita verdade ainda me irritava.

- A beleza às vezes nos seduz em direção à verdade.

Sua voz, sua resposta, seu pensamento direto novamente em minha frente. E pela primeira vez em quase um ano, o vi perto da vulnerabilidade. O sentimento voltando pr'aquela sala mal-iluminada, com poucos raios de sol entre a cortina.

Estava de costas e não precisava encarar o rosto amado após silêncio, escuridão. Olhava apenas para o pouco brilho do sol. E ele ali, parado, apoiado com as costas na parede.

Eu respondi com a mesma calma.

- E a banalidade nos leva para a chatisse.

Era verdade, eu o conhecia. Sabíamos disso. E novamente insisti para ele poder falar que eu estava errado. O problema é que eu sempre fora o erro; apenas o deixei falando de dor. Ele estava ali, afinal.

- Eu não errei. Tudo o que disse era verdade. - meu orgulho de volta.

- Então a realidade errou?

- A realidade está quase sempre errada.

E como sempre, eu dava a última palavra sobre o assunto.

Fazia tempo que não jogávamos rugbi.