End
Jensen saiu da casa, batendo a porta enquanto pegava as chaves que estavam no bolso da calça jeans. Mordeu os lábios e apertou o chaveiro de anjo enquanto dava passos rápidos para chegar ao carro, mas o tempo parecia ter congelado e a cada passo, o carro ficava mais ao longe.
Parou quando ouviu a porta ser aberta, mas não se virou, ele podia ver Misha em sua mente, perfeitamente perfeito naquela beleza bostoniana, vestindo aquela camisa rosa clara de botões, que ele tinha lhe dado no último aniversário e que lhe caia tão bem na pele pálida. Ele podia ver em sua mente os cabelos bagunçados ao vento enquanto os olhos azuis estariam completamente focados em suas costas. Ele sabia que Misha esperava que ele se virasse, que ele corresse para a casa e o tomasse nos braços, ele sabia que Misha esperava que ele pedisse desculpas, mas Jensen não faria isso, não desta vez.
Continuou a andar, mas o ritmo não era mais tão acelerado, ele não queria mais ir embora, ele queria ficar. Forçou-se a mais um passo e de repente já estava colocando a chave na porta da caminhonete alugada.
_Jen!
O grito de Misha fez com que hesitasse por alguns segundos, mas então abriu a porta e entrou, colocou as duas mãos no volante e ergueu os olhos para a casa, vendo Misha descer a escada rápido e depois correr em direção a seu carro. Ainda não sabia porque continuavam com aquilo, com aquela relação tão destrutiva para ambos.
_Jen. – Misha sussurrou, as mãos espalmadas no vidro do carro, que Jensen logo tratou de abaixar, ainda encarando a casa. – Jen... Eu...
_O que? – perguntou, a voz rouca e cansada.
_Eu sinto muito, não quero brigar com você, eu não gosto de brigar com você.
_Não é o que parece. – disse baixinho, como se estivesse pensando alto.
_Me desculpe.
Jensen mordeu os lábios, fechou os olhos e encostou a cabeça no banco, respirando fundo e então soltando a respiração, para só então abrir os olhos e focá-los no rosto do moreno.
_Eu vou embora, não tem nada que possa dizer pra que eu fique. – e deu um sorriso triste. – Acho que acabou.
Os olhos de Misha encheram-se de lágrimas e Jensen quis poder dizer que eles podiam tentar mais uma vez, que ele podiam dar certo, que a incompatibilidade de gênios não era um obstáculo tão grande assim pra que eles deixassem aquilo acontecer, mas ele sabia reconhecer um fim quando via um, e aquele era um fim.
_Mas eu amo você. – Misha mordeu os lábios depois de dizer, olhando para a aliança dourada no dedo da mão esquerda, o que fez Jensen olhar para a sua.
_Eu também amo você. – disse, sem tirar os olhos da aliança brilhante que tinha um valor inestimável para si. – Mas talvez, não fosse pra acontecer agora, quem sabe quando estivermos mais maduros, mais prontos pra uma relação assim.
_'Uma relação assim'? Você quer dizer quando você tiver coragem de dizer pra todos que gosto de homens.
Jensen suspirou, iam começar a briga de novo.
_Não. – respondeu por fim. – Quero dizer, quando eu tiver coragem de dizer a todos que amo você, não qualquer homem, quando eu tiver coragem de admitir pra mim mesmo que eu não preciso seguir as regras da sociedade, Misha.
_Eu posso não estar mais esperando você. – disse, as lágrimas marcando um caminho até o queixo barbudo.
_Eu sei, mas eu não estou pronto, também não quer dizer que um dia eu vou estar.
_Tudo bem. – e deu de ombros, enxugando o rosto na manga da camisa, se distanciando do carro e então deu passos lentos de volta para a casa, aquela que era dele e Jensen, mas que seria só dele a partir daquele momento. – Eu entendo. – disse baixinho.
Ouviu quando Jensen deu a partida e então a caminhonete partiu, desaparecendo na estrada de terra. Misha virou a tempo de ver o carro virar à esquerda e desaparecer de vez, só então se permitiu desmoronar. Caiu na terra e soluçou, tentando fazer com que a dor fosse embora, mas sabia que ela sempre estaria li, assim como estaria em Jensen.
