Era uma daquelas tardes de calor maçante, que os grilos gritavam impacientes ao longe.

E lá estava Sakura, suando, emburrada, enquanto carregava pilhas de tábuas e tijolos.

Sasuke realmente havia insistido que os assistentes dos construtores podiam muito bem fazer aquilo sozinhos, sem a necessidade dela gastar chakra.

Mas eles era lentos demais para Sakura, que a cada dia sentia mais ânsia pelo seu casamento com o único homem que tinha seu coração.

Homem, que por sinal, estava em missão rank-S (por que casas não se constroem de graça). E Sakura estava extremamente emburrada por que também fazia pouco tempo chegara de uma missão de mesmo nível – cinco minutos depois que seu noivo partira com a equipe designada para a missão dele.

Mais um dia e seriam três semanas sem vê-lo. E ela achava que já havia provado demais da ausência dele.

Secou o suor enquanto levantava uma quantidade enorme de tábuas com um braço só. Largou-as delicadamente próximo ao construtor que as solicitara, e admirou o avanço da construção.

Seria uma casa relativamente grande. Sasuke negou veementemente quando Sakura mostrou o projeto da antiga casa onde Sasuke morara com os pais – e onde os vira morrer.

Meu objetivo é um novo começo. Sem lembranças do meu passado doloroso. Vamos pensar nossa própria casa, Sakura.

E ali estava ela, ganhando forma. Haveria uma cozinha confortável, uma sala aconchegante, um bom dojo, um banheiro grande, o quarto do casal e mais meia dúzia de quartos que Sasuke fez questão de incluir. Tudo distribuído em dois andares.

Sakura resolver não questionar o por que dos quartos, por que tinha medo da resposta e já sabia qual era. Ali mesmo, soltou uma risadinha nervosa.

Ao fim do dia, Sakura já estava esgotada, mas o trabalho avançara bastante. Fora direto para casa, após constatar que não precisariam mais dela por aquele dia.

- Sakura, minha querida, você está parecendo um pedreiro – Mebuki comentou quando a filha passou pela porta da cozinha suja, suada e descalça.

- Sorte que Sasuke está longe, para não ver você fazendo papel de macho – Kisashi caçoou a filha.

- Eu estou fazendo o papel que sou capaz de fazer – Sakura resmungou – Força não é papel de macho, papai.

Kisashi se amaldiçoou secretamente pelo comentário idiota. A força de sua filha virou lenda na última guerra ninja, enquanto ele pouco fez.

- Desculpa – Resmungou.

Sakura suspirou, sorriu fracamente e entrou na cozinha para beijar a careca do pai de um jeito meigo.

- Tudo bem, papai.

E saiu, subindo as escadas para tomar banho.

- Como ela está calma e amorosa mais que de costume, não é meu bem? – Mebuki comentou com o marido enquanto colocava as louças para a janta na mesa.

- Se eu fosse uma mulher que a vida toda lutou por um amor que parecia tão improvável com um cara bonitão e de repente ele aparecesse, me pedisse para ficar ao seu lado e me beijar, eu também estaria.

- Está sabendo demais, hein? – Mebuki falou surpreendida e sem jeito. Sakura não era de comentar as intimidades com ela.

- Tenho meus contatos – Kisashi riu, sorvendo um gole de chá.

Sakura subiu dormir logo após lavar a louça da janta. Estava exausta, então apenas tirou suas roupas e se aninhou embaixo das cobertas. Então mergulhou profundamente num sono tranquilo, embalado por um sonho calmo onde Sasuke mexia em seus cabelos.

Estava muito bom, obrigada, até que as três da manhã seu telefone fixo na cabeceira da cama fazia barulhos rítmicos e irritantes. Sakura tateou colocando apenas o braço pra fora da coberta, e trouxe o telefone para baixo da coberta, encostando no ouvido ainda de olhos fechados, e como uma dama elegante disse:

- Hãn? – E suspirou.

- Sakura-chan! Mais respeito com o Nanadaime-sama!

- Hãn.

- Eu sei que é uma hora horrível para ligar.

- Ahãn.

- Mas precisamos urgente de um ninja médico para ir em reforço de uma equipe que estava retornando e foi atacada. Conseguiram eliminar os inimigos, mas há feridos que impedem o deslocamento. Precisam de primeiros socorros ou até uma interferência mais complexa.

- Ãn... – mais um suspiro.

- Sabe como é... Você é ninja médica referência e tal...

- Hmmmmm...

- ... E é, por acaso, a equipe do seu futuro marido.

Naruto ouviu um baque do outro lado da linha. Sorriu.

Ela já devia estar colocando a roupa de missão.

- Em cinco minutos no portão principal.

- Entendido, Nanadaime.

E desligou.

O cansaço sumira a menção do nome do amado.

Em cinco minutos pousou entre Sai e Ino, que reclamava ao marido que aquilo iria lhe causar olheiras no dia seguinte, e Sai tentando convencê-la que iria acha-la bonita de qualquer jeito, numa voz meio robótica, meio cansada.

Ao verem Sakura, bastou um olhar decidido e um aceno de cabeça, para os três logo dispararem pela floresta.

Já era cinco da manhã, quando o trio alcançou o grupo prejudicado.

Como Sakura já esperava, Sasuke estava intacto, claro. Sentado em uma pedra ao lado da barraca meio chamuscada.

A rosada deu um leve aceno de cabeça para o noivo, e adentrou a barraca com Ino, enquanto Sai procurou se inteirar das informações. Sakura queria mesmo era se atirar naqueles braços fortes e ganhar muitos dos beijos gentis dele.

Mas agora ele era uma kunoichi médica a serviço de Konoha com a missão de salvar vidas. Por enquanto, não poderia ser a noiva apaixonada de Sasuke Uchiha.

Três horas depois, quando o sol já dera as caras, Sakura saiu da barraca com o cabelo em rabo de cavalo, coberta de sangue e com o olhar abatido, mas tinha um sorriso gentil no canto dos lábios.

Uma das componentes da equipe foi aflita em direção a rosada, que logo deu o relatório otimista.

- O mais novo teve uma parada cardiorrespiratório, mas consegui reanima-lo a tempo. O moreno, Ino ainda está estimulando a produção de mais hemácias para compensar o sangue perdido, já que suturamos todos os ferimentos. E o mais velho danificou uma vértebra, que é o que mais me preocupa. Vamos leva-los assim que o segundo reforço char com as macas e...

O segundo reforço chegou na hora. Sakura respirou aliviada. Só queria voltar logo, encaminhar os novos pacientes e poder descansar antes do plantão da noite.

Enquanto todos se preparavam para partir, Sakura sentiu uma mão em seu ombro, despertando Sakura do estado enevoado que sua mente se encontrava.

- Está tudo bem, Sakura?

Seu nome saindo daquela boca arrepiava a nuca da rosada.

- Ah, Sasuke-kun... Olá. Só estou esgotada, obrigada por se preocupar.

- Não agradeça, você é minha noiva e futura Uchiha. Sempre vou me preocupar com você.

Sakura corou. Sasuke continuava com a voz contida e monótona, mas ali havia sinceridade. Ela sorriu meigamente sem mostrar os dentes. Beijou gentilmente o rosto do noivo.

- Precisam de mim.

E saiu em direção as macas, para fazer ajustes para a viagem. Seria delicado.