SABOR DA PAIXÃO
Título do Capítulo: O QUE ACONTECE EM VEGAS...
Capítulo: 1/?
Par: Sora/Leon
Classificação: PG-13 (mas pode mudar de acordo com os cptlos)
Gênero: Universo (muito) Alternativo, Amizade, Comédia romântica.
Resumo: Quando Sora acordou em uma cama que não era sua, soube que aquele dia marcaria sua vida. Mas não esperava que fosse tanto!
Disclaimer: Nada do que você reconhece me pertence.
Nota da Autora:
Eu sei que a idéia é bem clichê, mas são as receitas mais batidas que geralmente dão certo. E mais uma vez chamo atenção para o fato da fic se passar em um Universo Alternativo, se não gosta, não leia.
O KaleidoStar era simplesmente o Hotel-Cassino mais famoso do mundo. Por seus corredores e quartos, todos os anos, passavam desde os hospedes mais exigente e exclusivos a astros ganhadores de Oscares, senadores, presidentes e até mesmo, alguns príncipes europeus e sauditas. Qualquer um que estivesse em destaque e possuísse meios de pagar, não pensaria duas vezes antes de se hospedar no KS, mesmo que estivesse em Las Vegas apenas por um dia ou uma noite. O hotel também era famoso por seu empenho em proporcionar oportunidades para jovens recém-formados em busca do primeiro emprego, e graças a isso, uma vez ao ano recebia talentos do mundo todo, dispostos a fazer um teste em busca de uma vaga.
Sora mal podia se conter de tanta felicidade. Aquela era a primeira vez que viajava sozinha e também a primeira que saia de São Francisco, se tudo corresse bem, ficaria ali durante um ano como estagiária interna do restaurante mais concorrido, do hotel mais badalado de Las Vegas!
Aquilo era tão surreal que sentia como se estivesse em um filme, só esperava que fosse um filme onde todos eram bons e simpáticos com a heroína e não um aonde a pobre estagiária acaba sendo explorada por uma chefe maluca e metida. Sorriu ao se imaginar no papel de Anne Hathaway em O Diabo Veste Prada, mas assim que pôs os pés para fora do Aeroporto McCarran e sentiu o ar quente e empoeirado do deserto de Nevada, soube que estava no lugar certo, o sol dominava o céu azul e sem nuvens e parecia lhe dizer que tudo iria correr bem. Se deixou levar pelo entusiasmo e a excitação do momento enquanto empurrava o carrinho com as malas até a fileira de táxis parados na porta.
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Pouco mais de meia hora depois, Sora se encontrava em uma ampla sala de espera, junto com outras cem pessoas. Não pode deixar de notar que era a única ali com malas e que graças a isso tinha ficado isolada em um canto de difícil acesso, a sala era perfeitamente quadrada e em cada parede havia uma porta, sendo que apenas aquela por onde eles tinham entrado permanecia aberta.
Dentro de alguns minutos um supervisor apareceria e os dividiria em três grandes grupos, de acordo com seus interesses profissionais e depois disso, eles passariam as próximas horas fazendo testes práticos. Pelos menos era isso o que ela esperava, normalmente não se sentiria tão confiante, mas havia separado a melhor receita do restaurante dos pais para apresentar, tinha certeza que agradaria quem quer que provasse e o mais importante, impressionaria a grande Layla Hamilton.
Layla era tão famosa quanto o restaurante e o Hotel em que trabalhava, com apenas 17 anos havia se tornado a Chef mais jovem do mundo e apenas um ano depois disso, quando criou sua grande especialidade, o prato "Fênix Dourado", conheceu o verdadeiro sucesso. Cinco anos já tinham se passado, mas nenhum outro restaurante ou Chef do mundo conseguira reproduzir a receita. E Sora estava ali para se tornar tão grande quanto ela.
Uma comoção mais a frente chamou sua atenção, as portas tinham sido abertas, mas não conseguia ver as pessoas que haviam entrado na sala, tinha certeza que a srta. Hamilton estava entre elas.
-Os candidatos ao programa de treinamento Top-Chef do KaleidoStage por favor, dirijam-se a porta à sua direita. – Um homem disse em alto e bom som.
Sora olhou desesperada para a multidão de cabeças que estavam entre ela e a porta indicada, agarrou as malas e tentou abrir caminho sem muito sucesso.
-Acho melhor você deixar as malas aqui, soube que se eles fecharem a porta e você não estiver lá dentro, não te deixam fazer o teste. – Uma garota ruiva segurou o braço dela e a puxou sem a menor cerimônia pelo resto do caminho.
As duas foram às últimas a entrarem na sala, mas conseguiram passar antes que a porta fosse fechada. Para surpresa de Sora, apenas outros dez candidatos estavam ali, separados em duplas, cada qual em uma bancada de cozinha profissional, com fogão e pia.
-Se a senhorita fizer o favor de se encaminhar para sua parceira, o teste vai poder começar...
Sora sentiu o rosto queimar de vergonha ao olhar para o lado e ver que era com ela que falavam, e sentiu ainda mais quando notou quem tinha falado. Layla Hamilton.
Caminhou rapidamente para a única bancada onde havia uma pessoa só e no esforço de olhar para os pés quase derrubou sua parceria.
-Desculpe!
-Não foi nada, mas da próxima vez seria interessante olhara para frente. – A outra riu ao responder e Sora notou que era a garota que tinha lhe ajudado a entrar.
-Muito bem, agora que todos estão em seus lugares, vamos começar. – Todas as atenções se voltaram para a jovem mulher que falava na frente do grupo, pouco atrás dela haviam dois homens sentados, um era loiro e tão jovem e bonito quando ela, e o outro era mais alto, mas velho e bem moreno, esse observava os candidatos com interesse e seriedade através de seus óculos de lentes coloridas.
-Como devem ter notado, há duas sacolas à sua frente, dentro delas vocês irão encontrar ingredientes suficientes para fazer uma determinada receita. Notem também que dentro de cada sacola há uma coisa incomum, um ingrediente que normalmente não se usaria nessas receitas, o desafio de vocês é adiciona-lo e usa-lo com sabedoria. Os que conseguirem um bom resultado serão aceitos na turma de estagiários e terão aulas comigo e o Chef Kirian. – Layla sentou-se na cadeira vaga entre os dois homens depois que terminou de falar.
Todos imediatamente começaram a esvaziar suas sacolas, alguns não conseguiam conter exclamações de alegria ou decepção diante do que encontravam, mas ninguém reclamou, aparentemente ninguém tinha se surpreendido com o teste. Ninguém além de Sora, que continuava imóvel encostada em seu lado da bancada, olhando para frente, como se estivesse assistindo a um filme ou coisa assim.
-Aham... Acho melhor você começar a se mexer, não sabe o que tem aí, nem se a sua receita vai demorar ou não para ficar pronta. Sabe um dos pontos mais importantes da culinária profissional é a rapidez do Chef... – A garota ruiva falou enquanto separava os ingredientes da sua sacola e lançava olhares preocupados para Sora.
-Eu... Eu pensei que nós fossemos fazer uma receita própria...
-Foi assim no teste do ano passado, mas eles mudam a cada ano. – A outra respondeu, ainda mais preocupada, abriu a sacola de Sora e começou a separar os ingredientes para ela. – Olha, seu ingrediente surpresa é azeite.
Sora piscou algumas vezes antes que conseguisse fazer as palavras da garota terem sentido, olhou para sua parte da bancada e viu o que tinha recebido. Chocolate em pó, ovos, essência de baunilha, açúcar, farinha de trigo, um pacotinho de café instantâneo, leite e uma garrafinha de azeite puro. Voltou a olha para a garota confusa.
-Tem café também.
-É, mas várias receitas de bolos e tortas de chocolate levam café. Eu não conheço nenhuma que leve azeite e você? – A outra respondeu enquanto picava uma cebola com rapidez impressionante e botava uma frigideira para esquentar.
-Também não... – Respondeu desanimada.
-Então você vai fazer um bolo de chocolate com azeite e café. Será que eles nos deixam experimentar o resultado? Parece que vai ficar interessante, a propósito, meu nome é Mia Guillem, apertaria sua mão, mas no momento a minha está suja de cebola, isso pode atrapalhar a sua receita.
Mia falava e se mexia sem parar, era impressionante como conseguia fazer tantas coisas ao mesmo tempo. Estava deixando Sora tonta apenas em olhar.
-O meu é Sora Naegino. – Falou quando finalmente resolveu se movimentar.
-Japonesa?
-Não, meus bisavós eram. Eu sou de São Francisco. – Tentou lembrar de alguma receita de bolo de chocolate que levasse café, mas não teve sucesso.
-Oh é mesmo? Estive em São Francisco no verão passado! Eu sou holandesa. – Mia já havia picado todos os vegetais que tinha retirado da sacola e agora fritava uma posta de salmão.
-Você fala quase sem sotaque... – Sora resolveu optar por uma receita de bolo de chocolate normal e incrementa-la com o café, procurou não pensar no azeite ainda. Esperava que desse mais sorte com aquele bolo do que com os que costumava fazer em casa. Por algum motivo todos solavam.
-Obrigada. – Mia conseguiu virar o peixe sem precisar toca-lo com a espátula e sorriu feliz.
Sora engoliu em seco e desviou o olhar tentando se concentrar no que estava fazendo. Não sentia mais como se estivesse em um filme, a não ser, é claro, que aquele fosse um filme de humor negro.
Algumas horas, depois cada bancada exibia dois pratos, uma entrada ou refeição principal e uma sobremesa. A bancada de Mia e Sora era a única que exibia apenas um prato, o peixe que a garota holandesa tinha preparado com maestria. As duas garotas estavam agachadas olhando preocupadas para a forma de bolo no forno.
-Sora é impossível que não esteja pronto, você tem certeza que não esqueceu de nada?
-Absoluta, eu usei tudo!
-Você não botou nada demais?
-O azeite.
-Você usou aonde?
-Na massa, na cobertura, em tudo.
-Certo... Não vão poder dizer que você não experimentou.
-Eu não vou passar Mia!
-Calma, calma, nós não sabemos como ficou...
-Mas o bolo não cresceu.
-Quem sabe você não criou um suflê sem querer?
-Mas suflês também não crescem?
-Guillem e Naegino! – Uma voz de mulher chamou.
As duas ficaram de pé em um salto, cada uma com o rosto mais vermelho e preocupado do que a outra. Layla Hamilton estava diante delas, o Chef Kirian parado ao seu lado esquerdo e o homem moreno no direito.
-Então? – Layla levantou a sobrancelha bem feita, questionando.
-Esse peixe é meu, mas a Sora me ajudou a fazer! – Foi a primeira coisa que Mia falou quando abriu a boca.
-Mia! Não srta. Hamilton, ela fez tudo sozinha e foi a primeira da turma a acabar a tarefa. – Sora corrigiu a amiga.
Os homens trocaram olhares significativos e cada um pegou um garfo, Yuri entregou o dele a Layla, nenhum deles fez qualquer comentário sobre o que elas tinham dito, de fato parecia que nem tinham escutado, provaram o peixe em silêncio. Enquanto isso, Mia lançava olhares nervosos de Sora para o forno e fazia sinais frenéticos com as mãos tentando fazer com que a amiga tirasse logo o "bolo-suflê" de lá. Pena que Sora não entendeu a tempo.
-Onde está a sua tarefa Naegino? – Layla perguntou friamente.
Todos os outros candidatos estavam olhando para a bancada delas, Layla e os outros dois jurados tinham passado apenas por outras duas duplas.
-É... Eu...
-O que você fez? – O Chef Kirian falou pela primeira vez.
-Um... "Bolo-Suflê"?- Respondeu incerta.
-Bolo-Suflê? Interessante, e ele ainda está no forno porque tem que ser servido bem quente? – O homem de óculos perguntou.
-É, é por isso mesmo! – Mia se adiantou em responder.
-Ela te ajudou a fazer o peixe e você a ajudou a fazer o "Bolo-suflê"? – Layla perguntou para Mia.
-Não! Não, eu fiz sozinha! Sozinha! – Sora falou mais alto do que desejava, na esperança de não estragar as chances da outra caso as coisas não tivessem ido bem com sua receita.
Desligou o fogo, colocou as luvas e abriu a porta do forno o mais rápido que conseguiu, mas assim que olhou para dentro da forma soube que não havia a menor possibilidade de ser aceita. A massa tinha diminuído e agora não passava de uma coisa seca e feia, recolhida ao final da forma. Respirou fundo sem se importar com o ar quente do fogão e levantou, mostrando sua obra prima para os que estavam esperando. Ninguém sorriu.
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Quando Sora acordou na manhã seguinte notou duas coisas. A primeira foi uma fragrância deliciosa que a fazia lembrar de correr pelos pomares de laranjas e tangerinas da casa dos avós na Flórida, pimentas moídas e do cheiro das árvores depois de uma chuva de verão, um sorriso de contentamento estava espalhado por seu rosto quando notou a segunda coisa. Aquele sem dúvida não era o avião, muito menos o quarto onde dormira durante toda a sua vida. Arregalou os olhos assustada quando escutou um suspiro ao seu lado e sentiu o ar quente e ritmado da respiração da pessoa que estava deitada ao seu lado atingir seu pescoço, virou a cabeça o mínimo possível, apenas o bastante para espiar a pessoa, e o que viu fez com que ela se sentisse quente e fria ao mesmo tempo. Era possivelmente o homem mais lindo que já tinha visto em toda sua vida.
Se remexeu na cama e afastou as cobertas de si como se estivessem pegando fogo, mas logo respirou aliviada ao ver que estava totalmente vestida, inclusive de sapatos. Olhou de volta para o homem adormecido, o fato de estar vestida não mudava o de ter acordado na cama de um desconhecido, apenas fazia com que ela desejasse saber a boa razão que tinha levado-a até aquela cena.
Levantou-se e saiu do quarto depois de checar mais uma vez que o desconhecido estava mesmo dormindo. Sua vontade era ir embora correndo, mas uma dor de cabeça insuportável, seguida de uma vontade sobre-humana de vomitar impedira-na de conseguir chegar em outro lugar que não fosse o banheiro. Para sua sorte ele estava à apenas uma porta de distância do quarto.
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Quando Leon Oswald acordou naquela manhã notou duas coisas, primeiro que por algum motivo tinha dormido totalmente vestido e segundo, que tinha alguém passando muito mal em seu banheiro. Tomado pelo pânico de ter um invasor em seu apartamento, levantou-se imediatamente, ignorando a dor de cabeça causada pela ressaca e correu na direção do som.
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Sora não conseguia pensar em nenhuma idéia lógica para o que tinha e estava acontecendo, na verdade, ela quase não conseguia pensar graças à cabeça que parecia preste a explodir. A única explicação que conseguia achar para aquilo a remetia ao fracasso vergonhoso no teste do KaleidoStar, provavelmente em algum momento entre sua expulsão da cozinha experimental até ali, tinha passado mal e aquele lindo estranho tinha salvado-a e oferecido sua casa para ela descansar até melhorar. Provavelmente teria continuado a exagerar aquele pensamento se o tal estranho não tivesse escolhido aquele momento para entrar trovejando no banheiro e olhar para ela como se nunca tivesse visto antes.
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-Quem diabos é você e o que está fazendo aqui? – Leon gritou para a garota abraçada a seu vaso sanitário.
-Sora Naegino, e no momento estou... – Não conseguiu terminar a frase graças à onda de náusea que a dominou.
Leon ficou parado sem saber o que fazer diante da cena estava diante de uma garota que nunca tinha visto em toda sua vida, mas que evidentemente precisava de ajuda e que por um motivo desconhecido estava dentro do seu apartamento. Se fosse alguém cheio de amigos provavelmente pensaria que estava no meio de alguma pegadinha, mas como não era, a possibilidade nem passou pela sua cabeça. Saiu do banheiro sem dizer nada e foi até a cozinha, quando voltou tinha um copo d'água na mão e um pacotinho de sal-de-fruta na outra. É lógico que queria explicações, mas preferia que a garota estivesse viva quando chamasse a polícia para prende-la por invasão.
Notas e mais notas:
Fiquei muito em dúvida de como começar essa fic. A cena inicial era para ser a Sora acordando e então o desenrolar que vocês vão ver no segundo cptlo, mas depois que escrevi achei que as pessoas iriam se confundir com esse "Mundo Diferente". Então resolvi mudar as coisas e adicionei uma pequena "apresentação" desse universo onde eles estão. Eu sei que sou doida, que adoro mudar tudo, mas só quem já escreveu uma fic Universo Alternativo pode entender como é legal dar uma nova leitura para aquilo que já conhecemos.
Eu sei que as coisas não ficaram muito claras nesse, mas vou tentar explicar tudo nos próximos.
Beijos.
P.S: Não se preocupem, todos os personagens vão aparecer, até o Jonathan vai kkkkkkkkkkkkk
