Quando dois corações batem ao mesmo tempo...
-Júlio, eu...eu...- Laura se inclinou, de maneira que sua boca ficou a poucos centímetros da de Júlio. Ele a olhou bem , via que o brilho do sol, que anunciava um dia quente de primavera tornava aquele momento mais do que único. Os dois fecharam os olhos, tentando se esconder dentro de si próprios, já que o nervosismo os preenchia de maneira que a qualquer momento, um poderia sair correndo.
...pouco pode se fazer quando são separados...
-Quer dizer que tudo isso que a gente viveu, tudo que a gente...que nós sonhamos...- Júlio olhava para Laura com certa repulsa. Não acreditava que a pessoa que mais amava poderia ter cometido tamanho erro.
-Nós não tinhamos nada! Eu...eu fui ingênua! – as lágrimas escorriam pelo rosto de Laura, enquanto ela tentava se justificar. Sabia que no fundo não havia desculpas, tinha errado, e agora, a única pessoa que esperava amparo e carinho, lhe dava as costas.
-Burra! Isso que tu foi! Burra!
-Por favor, Júlio! Não me deixa!
...pois um jamais vai aprender a bater longe do outro...
Júlio estava sentado em um dos bancos da rodoviária. Ainda tinha esperanças de ver Laura correndo ao seu encontro, de abraça-la, tê-la nos braços, poder lhe beijar, leva-la junto. Ainda sentia o peso das últimas palavras ditas para Laura, e sentia vontade de desistir de tudo aquilo. Mas desistir de tudo, era como por fim a um sonho que construía desde pequeno, algo que junto de Laura, sempre fantasiara e inventara. O ônibus que lhe levaria para a capital estacionou no boxe 4, junto de uma pequena fila que já se formava para depositar as malas no bagageiro. Júlio deu uma última olhada para os lados, antes de se levantar e fazer parte da fila que já se movimentava.
...não importa se são os amigos...
-Larga essa vida, guri! A gente precisa se divertir! Tu fica com essa cara amarrada...não pode, não é meninas!
Júlio olhou serio para Laura, que virou o rosto antes de dizer qualquer coisa. Paola puxou a amiga pelo braço, e disse de maneira que ninguém, além das duas escutou:
-Tua decisão já esta feita. Não fica se machucando por dentro, ele vai perceber que te ama.
-Parô o momento deprê! Eu mais do que ninguém tenho motivos pra chorar, e tô inteira! Vamos, eu não quero começar a chorar!
Todos olharam para Camila. Viram que perto dela, seus problemas era insignificantes. Primeiro foi Laura que segurou forte a mão de Paola, que imitou o gesto com Marcelo, que já tinha havia dado as mãos para Camila e Júlio. Foi então que Júlio percebeu no olhar triste de Laura toda a sua redenção, o seu perdão, sua inocência. Estendeu a mão, que foi segurada como se fosse uma resposta de paz, uma frase que jamais conseguiria ser dita.
...mas sim, o motivo pelo qual todos batem ao mesmo tempo...
O Último Abraço
...porque um gesto, explica tudo o que seu coração não soube dizer...
