Disclaimer: Saint Seiya pertence a Massami Kurumada, TOEI e empresas licenciadas. A fanfic Darkest Night pertence a Darkest Ikarus. A personagem Charlotte "Charlie" Vermont é de minha autoria para a fic antes mencionada.

Eeeeu aqui outra vez. Gostei tanto do papo do desafio que agora trago pra vocês o gaiden do Saga. Será que o resultado vai ser bom? Vocês me dizem depois. xD

Bom, o período da mini-fic é o mesmo período que o do Gaiden da Charlie, mas dessa vez contado pelo ponto de vista do Saga. Algumas coisas que não podiam ser contadas na outra história serão contadas aqui, além claro, de mostrar (ou tentar mostrar) a relação entre os dois. Os sentimentos dele por ela. E com o Insanidade perturbando vez ou outra. xD

Vou aproveitar esse espaço pra responder as reviews do Gaiden da Charlie aqui tb... xD

Krika Haruno: Brigada Krikaaaa! Também amo o Saga. Demais. Doeu escrever eles brigando daquele jeito. Nossa. Tive de me colocar no lugar dela nesse momento e putz... Acho que deve ter sido a cena mais dolorosa. Enquanto imaginava ela no meu travesseirinho antes de dormir, cheguei a chorar. xD (Sim, eu faço isso horrores com todas as minhas fics. E já cansei de acordar de cara inchada por conta disso! Auhauaha). Acho que o gaiden do Saga vai ser mais difícil de escrever pq ain... Ver o Saga sofrendo dóóóóiiii...

Pure-Petit Cat: A cena do hospital foi tensa. E nem foi do jeitinho que eu queria mesmo. Mas como o foco não era esse, saiu o que saiu e bom... foi marromenos... xD Charlie é a rainha da fossa! UAHUAHAU As bebedeiras dela que o digam. Doeu fazer o Saga FDP... Mas foi como ele disse, não fez pq quis. Fez pq precisava fazer. Até que no fim, mandou tudo às favas e ficou com ela s2

Darkest Ikarus: hauihaiua Não imaginava que a Charlie fosse dar tanto trabalho assim. Mas como eu tinha colocado na ficha a priori, ela ia sofrer por ele, por ficar meio que friendzoned, apesar de saber que rolava algo da parte dele, mas que ele não podia se deixar levar por causa do passado. Achei que isso fosse facilitar... xD Mas como já disse pra vc, a forma como vc a conduziu, eu curti pacas, tanto que o Gaiden foi todo baseado no que vc já tinha escrito dela. Eu nem sabia que a Charlie chegaria a tanto. Auhauiahiauaa Depois da Jillian, é a minha personagem favorita agora. xD Bom saber que o Gaiden lhe deu mais ideias! E tnx pelos elogios!


Capítulo 1: A minha Charlie.

Estava escuro. Muito escuro E estava frio. Um frio inexplicável e insuportável. Me sentia observado por mais de mil olhos cruéis que me condenavam e uma risada feminina podia ser ouvida. Ela debochava de mim.

"Traidor. Você e todos os outros. Ladrões profanadores. Assassinos. Que vocês paguem por esse pecado pro resto da vida".

Outra voz feminina se fez ouvir.

"Onde você esteve? Por que não me salvou dele? Você jurou"...

Eu conhecia as duas vozes. Conhecia-as muito bem.

- Pare com isso! Pare maldito!

"A morte estará sempre ao seu lado. Será um peso por toda sua vida. Morte de inocentes. Morte de pessoas que você amou. Morte daqueles que você amará. Você nunca vai viver em paz. Pagará a morte com a morte. Você e todos eles". – a primeira voz disse. Pandora.

- Pare com isso Pesadelos!

"Não é Pesadelos. É você mesmo. Suas lembranças. Suas mortes".

De repente não havia mais nada outra vez. Nem frio, nem vozes, nem olhares. E eu estava num campo, sem saber como havia chegado ali, ou o que tinha acontecido antes. Então eu a vi. Linda. Nos campos de colheita. Os cabelos negros, caindo numa cascata de cachos largos. A pele bronzeada, em contraste com os olhos verdes. Os lábios vermelhos. Delicados.

- Guerreiro. – ela passou e me cumprimentou.

Parei-a, puxando-lhe pelo braço e beijando-lhe ali mesmo. Penélope. Esse era seu nome. E eu estava apaixonado por ela. Completamente apaixonado. E ela era minha. Apenas minha. Fugiríamos no dia seguinte para ficarmos juntos para sempre.

- Amanhã a essa hora já estaremos casados.

- Tem mesmo certeza de que quer isso? Você sabe que eu...

- Nunca tive tanta certeza de nada em minha vida.

Ela era a filha única de um pescador viúvo que passava boa parte do dia no mar, de forma que ela tomava conta da propriedade dele, mas estava cansada disso. Fugimos no meio da noite, nos casamos e em pouco tempo já tínhamos nossa casa, nossa pequena plantação e dentro de cinco meses ela me deu uma das melhores notícias que eu já tive em toda minha vida.

- Estamos esperando um filho!

Eu nem sabia como reagir. Um amaldiçoado como eu, pai. Céus! Ela me escondia isso há três meses, apenas para ter certeza. E quando teve, fez de mim o homem mais feliz. Esperançoso de que, mesmo com aquele maldito demônio dentro de mim, eu poderia ter uma vida normal. Havia me esquecido até que Esperança também era um demônio.

Passei dias comemorando o fato de que minha esposa esperava meu primogênito. A chance de uma vida simples. A minha própria família. Mas nem tudo que reluz é ouro. Num desses dias eu estava comemorando numa taverna e um rapaz que sempre nos ajudava em algumas tarefas invadiu a minha procura.

- Senhor Saga! Precisa vir rápido! Eles vão matá-la!

- Matar a quem?

- A senhora Penélope!

Sai correndo no mesmo momento. Quem eram eles e por que queriam matá-la? Ninguém tiraria minha esposa de mim! Nem meu filho.

Cheguei em casa e havia muitos homem. Alguns tão bêbados quanto eu. Não me viram aproximar. Eles formavam uma roda e no meio dela, Penélope, sendo abusada, gritando, chorando. Humilhada.

- Está gritando desse jeito, por quê? Você é uma vadia! Faz isso com aquele demônio todas as noites!

Penélope implorava para que eles a deixassem em paz, mas eles continuavam.

- Não adianta gritar assim. Seu demônio assassino não vai salvá-la!

- Você que pensa.

Soquei a cara de uns empurrei outros e a puxei dali, procurando seu rosto para olhar em seus olhos e lhe dizer que estava tudo bem. Mas ela estava ferida. Muito ferida. E o cheiro do seu sangue o despertou. Insanidade. O demônio dentro de mim.

Havia tanto tempo que ele não sentia aquele "perfume" que foi difícil até pensar que eu teria chances em tentar contê-lo. Fui jogado de escanteio para o fundo da minha própria mente. E foi como se eu tivesse batido a cabeça e ficado inconsciente, porque não me lembro de ter visto nada do que aconteceu. Quando dei por conta de mim, tudo já havia acabado. Corpos e pedaços de corpos por todos os lados, torturados, mutilados com requinte de crueldade. Mas apenas um corpo se destacava dentre os demais. Penélope. Minha linda Penélope e nosso filho. Insanidade havia feito dela sua vítima mais cruel. Havia uma lança atravessada em sua barriga e um punhal cravado em sua garganta.

Removi tudo aquilo de seu corpo miúdo e aconcheguei-a em meu colo. Chorei. Gritei. Amaldiçoei a tudo e a todos, embalando-a entre meus braços. Eu mesmo construí a pira onde queimei seu corpo, com quatro moedas para o barqueiro. Jurei que nunca mais deixaria que isso acontecesse novamente. Aquela seria a última vez em que eu choraria por alguém a quem não pude proteger de mim mesmo. Insanidade nunca mais me tiraria nada precioso. Mesmo que eu tivesse que sofrer com aquilo.

Me tornei alguém que não queria. Introspectivo em tempo integral. Egoísta. Solitário. Melancólico. Miserável.

Sou um guerreiro milenar e já tive muitas mulheres. Mas nenhuma como Penélope. Machuquei seus corações, fi-las sofrer por não me envolver além do sexo. Mas era melhor que elas sofressem por conta daquilo e não por alguma tortura sádica antes da morte. E eu também sofria. Sofria por não ter mais Penélope. Sofria por não poder ter ninguém. Sofria por fazer alguém sofrer. O único que se satisfazia com isso era Insanidade, que ria diante de tanta tortura, ainda que eu não lhe desse o banho de sangue que ele tanto amava.

Tudo ficou escuro outra vez. Senti uma dor lancinante pelo corpo inteiro, como se tivesse sido eletrocutado e logo senti o chão. Mas alguém me embalava em seus braços. Uma terceira voz.

"- Eu te amo, Saga... Pode me ouvir? Eu te amo"...

Como um elixir. A dor foi diminuindo e eu me sentia sonolento. Mais calmo.

"- Tive tanto medo por você. Por nós. Tive tanto medo dele".

Mãos macias passeavam pelo meu cabelo enquanto me diziam aquelas palavras. Eu sabia a quem elas pertenciam. Charlie. A minha Charlie.

Eu quis lhe perguntar o que tinha acontecido, mas as palavras não conseguiam sair. Pensei em me desesperar, mas a presença dela ao meu lado era como um sedativo, como sempre. Ela sempre exerceu uma força diferente sobre mim. Minha própria droga. Um vício que eu não procuro nenhum tipo de cura.

Não sei quanto tempo passei ali, naquele momento. Aos poucos uma espécie diferente de consciência tomou conta de mim. Havia dor, mas também havia aquele perfume. Tentei abrir os olhos, mas não consegui. Um clarão absurdo me incomodou. Onde eu estava? Será que havia sido capturado pelos caçadores e agora estava a mercê de suas torturas? Tentei outra vez, agora com mais calma. Alívio enquanto eu me acostumava com a luminosidade. Eu reconhecia aquele lugar. Estava na fortaleza. Estava no meu quarto. O perfume ainda me inebriava, me deixava anestesiado junto a uma sensação boa, mesmo sabendo que havia muita dor. Havia maciez e suavidade. Charlie. Ela ainda estava ali comigo.

Apertei-a suavemente contra meu corpo e sorri. Depositei-lhe um beijo no topo da cabeça. Uma das suas mãos repousava sobre meu abdômen e sua perna cobria a minha. Havia uma expressão de cansaço em seu rosto, talvez como o cansaço que tomava conta de mim. Passei a mão pelo rosto na tentativa de espantá-lo de mim. Havia hematomas, ferimentos e escoriações nos meus pulsos. Percebi que elas também estavam pelo meu corpo. A fonte da dor. Flashes do que havia acontecido ribombavam na minha mente e eu tive medo. Se Insanidade acordasse, poderia tentar matá-la outra vez. Tive vontade de pular para longe dali, como um gato assustado, mas isso a acordaria, então tentei ser o mais gentil o possível.

Me perguntava quem e quantas pessoas eu havia matado. Será que eu a havia machucado? A resposta àquela pergunta veio com a sensação de algo entre meus dedos. Sim. Eu havia machucado Charlie. Quantas vezes? Não conseguia lembrar. Mas não importava. Só o fato daquilo ter acontecido me causava uma dor maior do que a que eu já sentia.

"Ora, então você acordou?"

"Não enche o saco".

"Estava tão divertido ver você se lembrar daquele passado".

"Ah vai se foder seu idiota!"

"Prefiro foder a mulher. Vamos lá. Você está a fim que eu sei. Acorde-a. Foda com vontade e no final, me deixe matá-la. HAHAHAHAHA".

"Você não vai fazer nada disso! Eu não vou deixá-lo machucar a Charlie. Ouviu bem?"

"E como você pretende fazer isso?"

"Ficando longe dela."

"Sério? E você acha que essa idiotice vai dar certo?"

"Tem de dar."

Insanidade estava certo em me fazer aquela pergunta. Eu já havia tentado me manter longe dela e não tinha dado certo. Mas dessa vez tinha de dar. Eu precisava me afastar da Charlie. Pra sempre. Era a única forma de mantê-la a salvo.

Enquanto Insanidade ficava cacarejando na minha cabeça sobre levar Charlie pra cama e fodê-la de todos os jeitos para que depois pudesse matá-la, eu me dirigia ao meu antigo cárcere. Agrilhoei novamente meus pulsos e dessa vez, ninguém me tiraria dali.

"O que está fazendo imbecil?" – a voz gutural dele arranhava meu juízo.

"Deixando você longe dela."

"Já falei que essa porra não vai dar certo! Solte-nos daqui! Eu preciso matá-la! Quero sangue dela!"

"Você não vai matar ninguém. Grite o quanto quiser ai dentro."

" E vai deixá-la sofrer por ficar longe de você? Ela estava o tempo todo ali, sabia? Chorando por você. Resmungando que te ama. Patético. Vocês dois. Vai deixar que ela sofra assim? Logo você que prometeu não machucá-la mais?"

"Ela vai entender".

"A que custo Saga? Das mesmas lágrimas que ela derramava por você ainda agora? Você é mesmo um imbecil por completo. Não vai funcionar. Me deixe matá-la, assim como fiz com aquela outra. HAHAHAHAHAHA!"

- Você nunca vai fazer com a Charlie o que fez com a Penélope, ouviu bem? NUNCA!

"Não. Com ela vou fazer melhor. Ela é melhor. Mais bonita."

- Pare com isso!

"Você acha mesmo que poderia realmente 'ser feliz pra sempre' com ela? Aquela primeira não lhe serviu de lição?"

- A Charlie é minha e você não vai mudar isso.

"Ela é nossa."

- Não. Ela é minha. Só minha. Desde o início.

O início. Uma lembrança doce num período um tanto amargo. Eu sentia falta de ter alguém; Assim como todos os outros já sentiram. Havia me tornado um miserável solitário. Eu tinha um ou outro caso por ai, mas de forma alguma eu poderia ir além daquilo. Qualquer caso durava tempo suficiente pra dar um jeito na melancolia apenas. Depois eu sumir ou as dispensava por u motivo tão estúpido quanto eu. Eu gostava de chamar isso de egoísmo salvador. Se Insanidade se interessasse por alguma delas, era o início de um novo inferno. Então eu nem dava chance de isso acontecer. E além do mais, não era algo que valesse a pena, me envolver de verdade com elas. Quer dizer, elas eram vazias. Tão vazias quanto eu. Mas a Charlie não era assim. Nunca foi.

Então ali estava eu, ironicamente num pub inglês no meio da Grécia, tomando cerveja, prestes a conhecer a inglesa ruiva mais linda que eu já havia visto. Não me lembro de como ela estava vestida. Só sei que era nesse estilo ousado que ela adora e eu também. É uma delícia ver como ele cai bem nela.

- Posso sentar aqui?

- À vontade.

- Se importa em dividir os amendoins?

- Nenhum pouco.

Nunca pensei que uma coisa tão simples como amendoins fosse mudar toda a minha vida. Toda a conversa que tivemos fluía de um jeito muito natural, mas eu estava desconfiado. Minha consciência tinha um pequeno peso, mas depois de tanto tempo sendo perseguido, era obrigação minha desconfiar de qualquer pessoa que chegasse perto de mim. Suas atitudes, suas palavras, sempre querendo saber de mim, sempre acompanhando o que eu fazia. Era um pouco estranho. E ela não parecia estar confortável com aquilo. Talvez ela não saiba, mas sempre foi bastante transparente.

- Nem sempre o que parece é.

- Não. Acho que isso não funciona com você. Está estampado.

- Você parece ir pelo mesmo caminho.

- Eu tento. Mas não sou o melhor exemplo de quem faz o que quer ou não.

- Perturbador.

- Você não sabe o quanto. Às vezes é como perder o controle. Tentar fazer o que quer e não conseguir.

- Acho que sei como se sente.

- Não. Você não sabe. Mas tudo bem. Já estou habituado com isso.

- E tem algo que você queira nesse momento?

-Duas coisas.

- Está controlado pra isso?

- Estou.

- E o que seriam essas coisas?

- Primeiro, mais uma cerveja. –que eu pedi ao bartender– Segundo, isso.

Beijei-a de surpresa. E aquele beijo foi como se uma corrente elétrica percorresse o meu corpo todo. Tê-la colada a mim num abraço forte. Ela não sabia, mas o tempo todo eu queria fazer aquilo. Desde que vi seus lábios pela primeira vez. Fui exigente no início. Queria a todo custo sentir sua língua na minha. Sentir seu gosto. Eu a queria pra mim. E Insanidade sentiu isso.

"Quero ela pra mim."

"Vai se foder."

Foi apenas um beijo. Um beijo e eu já a queria ao meu lado. Havia uma verdade e um mistério por trás daqueles olhos azuis que me deixava intrigado. Fascinado. Que me fazia querer saber mais dela. Por um momento esqueci todas as minhas preocupações do passado. Penélope, meu filho, as mortes. Tudo o que eu queria naquele momento era saborear aquele beijo. Aqueles lábios.

- Você... Seus lábios são altamente tentadores. Você me intriga, me encanta... Você tem algo que... Não sei.

- Fui pega de surpresa.

- Desculpe por isso.

- Não se desculpe. Eu gostei. Gostei muito, por sinal.

Só depois me dei conta da impulsividade daquele ato. Eu estava desconfiado dela. Deveria ter tomado cuidado. Mas já era. Já estava feito. Eu só queria ter uma noite "normal" apesar de tudo. Até a melancolia eu já tinha esquecido.

Continuamos conversando enquanto Insanidade explodia de pedidos de "foda a mulher. Quero ela pra mim" dentro da minha cabeça. Eu o ignorava como sempre. Trocávamos beijos vez ou outra e meu desejo por ela só crescia. Percebi que ela tentava me seduzir e por um momento eu quis levar aquele jogo adiante, mas ponderei sobre aquilo. Eu não sabia em que terreno estava. E se minhas desconfianças estivessem certas? Me seduzir nos levaria a um jogo mais perigoso. As coisas já estavam começando a ficar meio complicadas para nós em Atenas. Os caçadores estavam fechando o cerco cada vez mais numa perseguição ferrenha e nós já não queríamos mais lutar. Já não tinha mais sentido continuar com aquilo. Tudo o que queríamos era ficar em paz e tentar viver uma vida normal. Se é que é permitido isso, sendo nós treze o que somos.

Charlie me encantava. Me fascinava a cada palavra dita, a cada mexida no cabelo, a cada gole bem dado no copo de cerveja. Isso tudo me fascina até hoje. Exceto pelo problema com a bebida. Ela não é dessas mulheres cheias de frescuras, que passam a maior parte do tempo pensando e falando futilidades. Ela é durona. Aguenta bem o tranco. Discute de igual pra igual. Às vezes parece até ter um pau no meio das pernas. Mas ainda assim ela saber ser uma mulher e tanto. E apesar de tudo, ainda é uma menina. O jeito como fica emburrada, como bate o pé quando quer algo. O sorriso mais lindo que eu já vi.

"Melhor que o daquela primeira?"

- Aquela primeira se chama Penélope. Você já devia saber disso.

"Como se eu ligasse."

- Vai se foder seu demônio estúpido!

"Você não respondeu a pergunta."

- Você mora tempo suficiente dentro da minha cabeça pra saber.

"Só quero que você admita pra si mesmo. HAHAHAHAHA."

- Não tenho nada a admitir. E você só quer me torturar com isso.

"Tem sim. E eu não preciso fazer isso. Você mesmo já faz por mim. Vamos Saga. Admita."

- Sim. O sorriso dela é mais lindo que o da Penélope. Satisfeito?

"Então você não amava essa outra como diz ter amado. Que idiota."

- E o que você sabe sobre isso? O que você sabe sobre esse tipo de amor? A única coisa que você ama é me torturar e levar os outros a loucura derramando sangue.

"Você que vai me enlouquecer me deixando preso aqui. Vamos! Me dê o que eu quero! Me dê o sangue da ruiva!"

- Nunca.

"Idiota. Vai ficar mesmo se regozijando só com essas lembranças?"

- Vou.

Ele rugiu dentro da minha cabeça. Um rugido alto. Não me importei. Se tivesse que viver só de lembranças da Charlie, então assim eu faria.

No meio da conversa de bar, ela me interrompeu. Um súbito puxão na minha camisa e mais um beijo urgente. Avassalador. Quando me dei conta do fim, ela já estava levantando, se dirigindo pra saída. Joguei umas notas no balcão e fui atrás dela. Foi questão de segundos e eu já estava segurando seu braço, impedindo-a de ir.

- Aonde vai?

- Pra casa. Está tarde.

- Tarde?

- Pra mim sim. E apesar de morar aqui perto, não acredito estar imune a assaltos ou coisas do tipo. Então, enquanto você continua curtindo a sua cerveja, eu vou curtir a minha cama.

- Certo. Como faço pra encontrar você de novo?

- Podíamos nos reencontrar aqui, o que acha?

- Não. Procuro não frequentar os mesmo lugares por muito tempo.

- Por que não me leva pra jantar? Surpreenda-me.

Ela me entregou seu endereço num pedaço de papel. Sem número de telefone. Foi ali que tive certeza. Caçadora. E eu tinha caído em sua investida. Quanto tempo até o ataque principal? Eu tinha duas opções. Aceitar aquilo e avisar aos outros para nos prepararmos ou sumirmos, mesmo sabendo das consequências daquilo ou entrar naquele jogo. Na verdade, o fim seria o mesmo. E Insanidade já estava excitado com a chance de outro banho de sangue. Mas aquele mistério e aquela falta de conforto que eu via atrás daqueles olhos azuis me fez pensar diferente. E eu queria vê-la de novo. Queria conversar com ela outra vez. Queria a companhia dela. Decidi entrar no jogo.

Continua...