30ºC em Abril, que inferno. Definitivamente o clima estava todo trocado, Nova York nunca foi tão quente e eu não tinha a noção do calor que ia ficar por isso trouxe manga comprida... Estava frio de manhã, aliás frio não, estava a temperatura habitual, por isso tenho justificação. Até há uns dez minutos estava tudo bem, no meu escritório vale-me o ar condicionado e aguentei-me bem, mas a rua parece um forno, apenas uns minutos e já estou a suar, definitivamente, odeio este tempo!

Ainda tinha de atravessar a cidade de metro para chegar a casa e voltar a desfrutar da maravilha da tecnologia refrescante. Desci as escadas que me levavam aos subterrâneos e esperei cerca de 5 minutos pelo meu transporte habitual. Sentei-me num daqueles bancos de quatro que estava vazio e tirei o meu livro, ainda ia estar ali meia hora por isso podia aproveitar para me adiantar na minha leitura. Estava a meio de Antes de eu morrer e estava na verdade a adorar, a história era muito tocante e eu sempre preferi esse tipo de livros e depois ele entrou, uma estação depois de mim. Com os cabelos cor de cobre e os olhos verdes. Era lindo e parecia tão sensível, um pouco frágil até.

Ele sentou-se ao meu lado e todos os outros lugares foram ocupados também. Estavamos mesmo ao lado das portas automáticas e o metro só ficava cada vez mais lotado, aumentando o calor que se fazia sentir. Ele olhou discretamente para o meu livro e sussurrou:

-É um óptimo livro, estás a gostar?

Eu não sabia se havia de responder, ou melhor não sabia se conseguiria responder... Mas fiz um esforço e disse:

-Sim, é muito bom mesmo, já leste?

-Sim, e adorei. Todos dizem que é livro típico de mulher mas é o meu tipo de livro, o que já me valeu algumas humilhações...-respondeu ele sorrindo.

-Oh não ligues, não tem mal nenhum gostares de livros com uma boa história. – confortei eu.

-Eu sei. Então e quantos anos tens? – perguntou ele.

-Vinte e três e tu? – revelei.

-Também. És daqui de Nova York? – indagou.

-Sou, aliás a minha saída é daqui a duas estações. – comentei eu.

-Oh. – exclamou ele desapontado.

-E tu, és daqui? – questionei.

-Sim, saio daqui a 4 estações. – respondeu.

-Ok. Trabalhas em quê? – quis saber curiosa.

-Na empresa do meu pai e tu? – sorriu ele.

-Também. Quer dizer, na impresa do meu pai, não do teu. – Meu deus, em tão pouco tempo e já fiz figura de ridicula, tenho mesmo uma tendência para o desastre, pensei eu.

-És engraçada. E muito bonita também. – elogiou ele timidamente.

-Oh obrigada. – Neste momento já estava corada e olhei pelo vidro para que ele não reparasse. Percebi que já estavamos na minha estação de saída e levantei-me apressada, saindo a correr. Já do lado de fora perguntei – Como te chamas?

-Robert Pattinson e tu?

Mas antes de poder responder as portas fecharam. Fiquei ali de boca aberta a vê-lo ir embora. Não podia ser verdade. Como é que nos voltámos a encontrar? Ele mudara tanto, agora estava com um ar de homem e com uma aparência de deus grego, mas ele não me iria querer ver mais se soubesse quem eu sou. Ainda assim, tarde demais, eu respondi:

-Kristen Stewart.

Fui para casa e caí no sofá ainda em choque. Acabara de reencontrar o amor da minha vida. Relembrei tudo o que viveramos até há cerca de 7 anos atrás, ele foi o meu primeiro namorado. Um namoro que durou 3 anos. Foi com ele que perdi a virgindade. Foi com ele que tenho sonhado desde a trágica noite da separação, desde a noite em que cometi o maior dos meus erros. Ele odiava-me com certeza, mas se ele soubesse o que se tinha passado, o que me levara a fazer o que fiz. Mas não valeria a pena, ele quando soubesse quem eu sou não me ia querer ouvir, isto é, se nos voltarmos a ver.

Acabei por adormecer. Escusado será dizer que sonhei com a noite em que tudo acabou e acordei a chorar. Mas não vale a pena, ele não vai querer ouvir as minhas desculpas.