House encontrava-se sentado em seu escritório com as pernas cruzadas sobre a mesa e a bengala rodopiando por entre os dedos, quando a imagem apreensiva da Cuddy apareceu súbita e inesperadamente através da porta de vidro. Sem parar o que fazia observou-a ir ate ele e sentar-se na cadeira em frente a sua.

- House, hoje é o dia da operação, tudo tem que dar certo e...

- Há quantos dias você não dorme?

Ela perdeu a expressão no rosto. ''Como alguém poderia ser tão frio numa hora dessas?''

- O que isso interessa? Temos uma cirurgia importante hoje! Não tenho tempo para pensar nessas coisas.

- Vá para casa, eu acompanho a cirurgia e te informo os detalhes por telefone. Pelo seu nível anormal de irritabilidade você não deve dormir direito há mais ou menos três dias.

Cuddy percebeu que ele estava preocupado com ela, mais não fazia questão de admitir, pelo menos não diretamente.

- Você não vai me esconder nada vai? Ela indagou com um pouco de receio.

- Eu te informarei o máximo que puder.

Lisa Cuddy sorriu em forma de agradecimento. House, no entanto continuou serio. Os dois ficaram um tempo em silencio, Lisa fitava o par de olhos azuis de house enquanto o mesmo olha atenciosamente para o sorriso cansado dela. Ele não queria quebrar o silencio, ela tampouco, porem a campainha do bipe ressonou pelo escritório, fazendo-os despertarem daquele momento só deles.

Tudo ocorrera bem ate a quarta hora de cirurgia, House olhava atento para os monitores, ele sabia que, Cuddy não suportaria se algo acontecesse. Toda aquela imagem de pessoa forte era apenas uma camuflagem para esconder a tristeza e a magoa que guardava dentro de si. Sua distração se esvaiu quando o monitor mostrou que o coração da paciente parou de bater. Não importava quantas vezes Robert Chase usasse o desfibrilador, ela já estava morta.

Uma expressão de medo se formou no rosto de Gregory House, como ele contaria para Lisa Cuddy que o sonho dela, havia mais uma vez sido destruído. Ele pensou em ligar, porem mesmo sendo insensível com quase todo mundo com ela ele era diferente, sabia que uma noticia dessa não poderia ser dada por telefone. Nem pensou muito ao se virar em direção a porta da sala de observação e sair o mais rápido que pode. Subiu em sua moto e em poucos instantes estava parado em frente à porta da casa de Cuddy. Bateu na porta com certo receio da reação dela afinal essa era uma das piores coisas que poderia acontecer á ela.

Não demorou muito ate Cuddy abrir a porta. Quando ela observou-o e percebeu que ele não falaria nada, sua reação foi imediata, as lagrimas brotavam de seus olhos, era impossível, faze-las pararem de sair, Lisa deu um passo para trás e sentou no chão, não acreditava que mais uma vez seu sonho havia sido destruído. House se aproximou e fechou a porta atrás de si, olhando ela naquele estado sentiu-se impotente, queria fazer algo para vê-la sorrir, embora ele sempre tivesse um jeito para concertar as coisas, hoje ele não poderia fazer nada, apenas esperar, pois essa dor que ela sentia nada faria melhorar, em um gesto único ele estendeu a mão para ela. Lisa Cuddy observou por alguns segundos antes de aceitar. Um pouco sem jeito ele conseguiu faze-la ficar de pé, quando ela se deu conta, estavam muito próximos, olhou para ele com um olhar triste, perdido, não haviam pronunciado nenhum palavra desde que ele havia chegado a casa dela, não era preciso, eles eram o tipo de casal, que mesmo não estando juntos, se entendiam com o olhar.

- Me desculpe, eu sei que esse é o seu maior sonho. House falou, com um ressentimento muito grande na voz.

Naquele momento ele afastou a franja dela que caia sobre os olhos, delicadamente com a mão sobre as bochechas molhadas dela, ele se aproximou, e uniu seus lábios, trocando um beijo apaixonado com ela, um beijo de desculpa por ter diagnosticado a paciente tarde demais, aquele momento foi para ambos, a certeza de que precisariam um do outro pra continuar, e quem sabe ele não realizasse o maior sonho dela.