SEGREDOS
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Ser mordomo da aristocracia inglesa não era uma tarefa fácil. Nobres eram esnobes, exigentes e atentos a mínimos detalhes (de maneira não-saudável). Era uma qualidade imprescindível ser versátil e muito – MUITO – paciente.
Principalmente quando estava sob responsabilidade de comandar uma série de empregados descerebrados que faziam besteira atrás de besteira, acatando ordens de um conde adolescente (que irritantemente acreditava que seu mordomo, devido a um certo contrato, era obrigado a operar – com o perdão da ironia - verdadeiros milagres).
Nessas horas, quando tudo estava a beira do caos, Sebastian só tinha uma opção para ajudá-lo a suprimir sentimentos como fúria desenfreada e desejo profundo de esfolar alguém, etc etc...
Ele precisava vê-la.
O corpo flexível... Os olhos âmbares brilhantes...
- Ah, suas patas são tão macias... Eu podia fazer isso eternamente. – suspirou o mordomo enquanto acariciava o pequeno animal em seu colo.
Ah, gatos eram perfeitos. Calmos, não faziam escândalo, não faziam idiotices... Naquele jardim, ao fundo da imponente mansão dos Phantomhive, Sebastian podia finalmente relaxar.
Infelizmente, ele logo teria que voltar para suas tarefas, comandar os idiotas que acabariam deixando o serviço todo para ele e obedecer as ordens daquele pirr-...er, jovem mestre.
Então, o mordomo colocou delicadamente o animal no chão, bateu a sujeira do terno e voltou para a mansão, despedindo-se do felino com um leve aceno e a promessa de retorno no dia seguinte.
- Sebastian-saaaan!
- Hum?
- Onde esteve durante a tarde! Todo dia o senhor desaparece sem avisar...
O mordomo não conteve um sorriso malicioso.
- É um segredo.
- Sabe... – perguntou o tenente.
- Hum?
-Eu sempre me perguntei aonde você vai quando não está no esquadrão, Yoruichi-taichou.
Não contendo um sorriso malicioso, Yoruichi emitiu um som que lembrou vagamente um ronronar.
- É um segredo, Kisuke. Segredo...
