Pôr do Sol
Atormentada pela própria dor de perder o homem que amava, Gina afastou-se de todos e enclausurou-se numa ilha trouxa em busca de paz. Encontros e desencontros que aconteceram por um acaso do destino, e um amor que viverá até o ultimo Pôr-do-Sol.
Capitulo Um
There is something that I see
In the way you look at me
There's a smile, there's a truth in your eyes
But an unexpected way
On this unexpected day
Could it mean this is where I belong
It is you I have loved all along
Respirou profundamente o mormaço ao entrar no carro e bater violentamente a porta. Num impulso descontrolado de necessidade em se agarrar a algo, fechou as mãos em punhos sobre o volante.
Por anos vinha lutando contra as lembranças, os sentimentos e o motivo que a fizeram abandonar todos e isolar-se numa pequena ilha trouxa, excluída do mapa e que ficava em algum ponto do oceano Atlântico. Conseguiu conviver com a dor por um ano ao lado de sua família. Um ano para notar que conviver diariamente com os olhos tristes e os sorrisos de compaixão apenas fazia com que o ferimento aberto em seu peito ficasse ainda maior.
Fora uma época excruciante.
Ao final, sua única notificação fora um bilhete deixado sobre seu travesseiro na madrugada seguinte ao seu aniversário. Sem explicações longas ou justificativas coerentes. Os Weasley's jamais entenderiam; Provavelmente sua mãe tentaria dar-lhe algum apoio a respeito. Mesmo que tudo fosse pensando em seu bem estar, jamais suportaria olhar para Molly e escutá-la dizer que deveria sair de casa e ir conhecer alguém. Um rapaz educado, bonito e que poderia pedir-lhe em casamento e assim construírem uma linda família.
Não! Não poderia envolver-se com ninguém. Seria um relacionamento tardado ao fracasso antes mesmo de começar, e não era uma questão de tentar, mas sim de sentir e saber que nunca conseguiria ser feliz ao lado de alguém que não fosse a pessoa certa.
O rapaz que lhe roubou o coração quando tinha apenas onze anos nunca mais o devolveu.
Em seu peito batia um órgão de necessidades vitais para seu organismo, não mais um lugar que guardava seus sentimentos. Tornou-se imune a qualquer tipo romance no mesmo instante em que o corpo do homem que amava desfaleceu em seus braços. Quando ele morreu a levou junto, fazendo com que deixasse na Terra apenas um casulo. A sombra d imagem que ela fora um dia, as que por dentro encontrava-se vazia.
Encostou a cabeça no banco e fechou os olhos.
As lembranças sempre apareciam quando alguma coisa mexia violentamente com ela. Daquela vez, não fora capaz de salvar a vida de um garoto que sofreu de um atropelamento no caminho para casa. O carro que o atingiu estava sendo dirigido por surfistas bêbados, ansiosos para irem surfar e preocupados demais em chegarem o mais rápido possível à praia. Ao final, o único lugar em que aqueles irresponsáveis rapazes chegaram foi à delegacia, enfurnados num furgão.
Estava terminando de tomar um café quando seu nome foi chamado pelos alto falantes do Hospital. Correndo para o Pronto-Socorro, a primeira coisa com o que se deparou foi com os olhos do pequeno Michael Dublin; Eram como duas esmeraldas molhadas, brilhantes e preciosas. Um tom tão intenso e precioso de verde que fez seu peito prender o fôlego enquanto o coração apertou-se o suficiente para abrir as feridas que há anos vinha tentando cicatrizar diante da cor que vira apenas em uma única pessoa em toda sua vida... A mesma pessoa que agora jazia com as pálpebras fechadas e nunca mais tornaria a abri-las.
Sua entrada na sala cirúrgica fora às vinte horas, o óbito aconteceu cinco horas mais tarde. Michael havia falecido por causa de uma gravíssima hemorragia no fígado.
- Vá para casa, doutora. Foi um longo dia. – Sua assistente pessoal, Mary Bennet, havia lhe pedido com gentileza quando a encontrou no terraço do hospital, os olhos focados em algum ponto escuro do horizonte.
A maior dor que uma médica pode enfrentar diante de um paciente que não conseguiu salvar – ainda mais de um garoto de dez anos que sonhava em ser policial – era olhar-se no espelho e se deparar com a face do fracasso.
Depois de tanto tempo, sabia que já deveria ter se acostumado com aquele semblante cansado, abalado e pálido. Também deveria saber que seu reflexo mostraria olhos escurecidos pela dor e uma boca que raramente contorcia-se num sorriso, mesmo que sempre dedicasse às pessoas com quem conversava palavras doces e amigáveis.
Mas a carreira de medicina a ensinou que sempre há mais espaço para as derrotas, mais espaço para a dor e a desilusão. Há cinco anos perdera o amor de sua vida, hoje permitiu que a morte embalasse a alma de um garotinho que apenas estava no lugar errado na hora errada.
Nada poderia ter sido feito... Nem para salvar aquelas vidas, e muito menos para melhorar como estava se sentindo, e naquele exato momento, Virgínia Weasley estava se sentindo uma completa e total fracassada.
It's no more mystery
It is finally clear to me
You're the home my heart searched for so long
And it is you I have loved all along
There were times I ran to hide
Afraid to show the other side
Alone in the night without you
Ao entrar na avenida principal da Ilha do Sol, permitiu-se ao delicioso capricho de abrir o capo do conversível. Era quase duas da manhã e a brisa oceânica estava fresca e perfumada com o aroma das flores que enfeitavam o calçadão.
Mesmo vivendo a mais de três anos naquele lugar paradisíaco, Gina duvidada que algum dia encontraria um lugar onde a fizesse se sentir verdadeiramente em casa. A´Toca fora seu lar na infância e adolescência, mas sempre mostrou-se mais independente do que seus irmão, onde desde pequena sonhava com sua própria casa para decorá-la do jeito que queria.
Tinha realizado esse desejo. Mas sua casa de madeira branca construída na crosta de uma montanha de frente para o reverenciado mar, não lhe dava conforto ou satisfação plena. A única hora em que realmente sentia-se bem era quando sentava em sua cadeira de balanço posicionada na varanda redonda de sua sala de estar erguida por paredes de vidro, e permitia que os últimos raios de Sol a aquecessem.
A doce lembrança desses raros momentos causou-lhe uma agradável sensação de bem estar, onde fez um imperceptível sorriso curvar-lhe os lábios.
Harry a beijara pela primeira vez diante de um glorioso pôr-do-sol em Hogwarts, onde as diversas cores dos raios se refletiam na superfície do lago.
Os olhos trouxeram a ameaça de lágrimas, e com eficácia e rapidez que aprimorou ao longo dos anos, Gina conseguiu encapsular a emoção. Mas como acontecia em todas às vezes, sua força de vontade mostrou-se insípida perto da intensa tormenta de suas lembranças que ainda reapareciam para lembrá-la do gosto amargo da solidão.
But now I know just who you are
And I know you hold my heart
Finally this is where I belong
It is you I have loved all along
It's no more mystery
It is finally clear to me
You're the home my heart searched for so long
And it is you I have loved all along
Cinco anos atrás.
O campo de batalha mostrava-se coberto por corpos e sangues. Varinhas soltavam poderosos feitiços ao mesmo tempo em que o som metálico de espadas eram sintonizadas com os trovões que ameaçavam chuva.
Conseguindo se esquivar do letal golpe de espada de um Comensal, agilmente o estuporou e varreu o campo com os olhos.
- Hermione! – Chamou pela amiga que jazia agachada ao lado de um Auror.
- Lupin foi ferido! – A garota gritou, rasgando um pedaço da capa vermelha que usava sobre os ombros para usar como atadura sobre um feio ferimento no peito do professor. – Fique quieto Lupin, você vai ficar bem. Já mandei um sinal branco para os Curandeiros do acampamento. Em instantes eles estarão aqui.
- Ha... Harry, onde ele... está? – Lupin perguntou entre dolorosos ofegos. Os olhos mantinham-se fechados por causa do inchaço causado pelos fortes golpes que recebera no rosto.
- Ele está fazendo a parte dele. – Hermione respondeu evasiva, olhando desesperada em busca dos curandeiros.
Idiotas incompetentes. Depois me ridicularizam por ter oferecido a idéia de colocarem os elfos como ajudantes. Eles fariam um trabalho muito mais eficiente! Pensou com revolta, fazendo maior pressão sobre o ferimento de Lupin para tentar estacar o sangramento.
- Ele não pode... morrer. – Lupin tornou a falar, a voz macia e lenta indicando sinais de inconsciência. – Prometi a... Sirius... que cuidaria... dele.
- Todos nós estamos cuidando dele. – Agradeceu com um sorriso fraco quando Gina veio em sua direção e colocou-se ao seu lado.
- Desculpe a demora, Rony estava precisando de uma mãozinha.
Hermione arfou, encarnando a ruiva com terror.
- Ele está bem?
Gina assentiu ao mesmo tempo em que passava a mão suja de sangue pelos cabelos presos num fraco coque. Mostrava-se pálida e com os olhos escurecidos por uma sombria névoa de preocupação e medo.
- Sim, agora ele está bem.
- O que aconteceu?
- Um Comensal conseguiu atingi-lo com um feitiço que o lançou forte o suficiente para lhe quebrar umas duas costelas. Mas ele vai se recuperar. – Garantiu suavemente ao observar como os olhos de Hermione se arregalaram. - Me garantiu que nenhum comedor de réptil iria nocauteá-lo antes do segundo round.
- Que segundo round?
A resposta de Gina foi interrompida por gritos ensurdecedores e ferozes rugidos. As duas estremeceram pelo susto e ergueram os olhos. Observaram com horror enormes dragões perfurarem as nuvens com suas asas negras e iluminarem o céu com poderosas cuspidas de fogo.
- Meu Deus! Os Comensais conseguiram um exercito de dragões! – Hermione exclamou aterrorizada.
As duas jogaram-se contra o corpo desmaiado de Lupin para protegê-lo da explosão que ocorreu quando um dragão passou zumbindo por cima delas e lançou uma poderosa baforada de fogo nas árvores que usavam como esconderijo.
- Precisamos encontrar o Harry. – Gina comunicou, colocando-se de pé e observando três comensais cavalgando em direção a elas. – Hermione, vá para trás daquelas rochas e mantenha-se escondida ali com Lupin. Vou buscar o Rony e vocês juntos voltam para o acampamento.
- Não vou deixar você, Gina. Por Merlin!
- Lupin precisa mais de você, Mione. – A ruiva disparou num tom que não permitia discussões.
- O que você vai fazer?
Lançando um último olhar a amiga, sorriu com a confiança e arrogância que era uma das mais fortes características dos Weasleys além da cor berrante de seus cabelos.
- Vou lutar o meu segundo round.
Tirando de dentro da própria capa vermelha sua varinha e uma espada, Gina caminhou calmamente em direção aos Comensais da Morte, tentando mantê-los o máximo possível de distância do lugar a onde Hermione estava escondida.
Observou com frieza os Comensais que avançavam ferozmente contra ela, forçando os enormes corcéis a formarem buracos na grama a cada poderosa trotada. Já estavam com as espadas erguidas e prontas para acertá-la num golpe mortal. O Comensal do meio mostrava-se mais adiantado do que os outros, insinuando quem era o líder do grupo.
Girando a espada num movimento displicente de pulso, Gina sorriu ao mesmo tempo em que flexionava os joelhos. Ignorou o barulho a sua volta e os dragões que sobrevoavam sua cabeça. Gritos de dor e feitiços foram abafados pelas batidas de seu coração que entrava num ritmo perfeito com a corrida dos cavalos.
Um batimento, uma trotada.
Toda sua atenção focou-se nos três comensais a sua frente, as capas esvoaçando bruscamente para trás e o capuz escorregando por suas cabeças, revelando a máscara de caveiras. Quando o líder gritou, pronto para golpeá-la, Gina também já estava preparada para agir.
O Comensal empinou o cavalo, permitindo a Gina à abertura que esperava; Num movimento ágil, conseguiu escorregar por baixo do animal e pelas costas, acertou o inimigo com um desnorteante feitiço, lançando o comensal para fora de sua cela.
Com a mesma agilidade, agarrou o laço de couro da cela e impulsionou as pernas para cima, montando no animal com bela perícia. Rapidamente, lançou mais um feitiço sobre o segundo Comensal, enquanto o terceiro recebeu um poderoso golpe de sua espada... Diretamente no pescoço.
Gina controlou o cavalo com um forte puxão e procurou pelo irmão. Encontrou-o rapidamente, e ao conseguir visualizar melhor o que ele estava fazendo, girou os olhos completamente atônita antes de cavalgar até ele.
- Este é pela detenção que tomei no seu lugar. Este é por ter falado mal da minha noiva, este por ter feito aquele maldito gol, e este... – Rony enumerava a cada soco, agarrando o Comensal pelo colarinho. Sua raiva o fazia incapaz de perceber que o inimigo já estava completamente inconsciente.
- Ronald, o que você está fazendo?
O irmão levantou o rosto manchado por respingos de sangue e a fitou com os olhos azuis mergulhados na mais pura ira.
- Esse bastardo me quebrou duas costelas! Só estou devolvendo o favor.
- E você acaba de destruir o crânio dele. – Gina rebateu, severamente. – Hermione precisa de você.
Largando o corpo do Comensal e pisando em seu peito para caminhar até a irmã, Rony agarrou-lhe o tornozelo para impedi-la de afastar-se.
- Ela está bem? O que aconteceu? Se eu pego o filho da mãe que a machucou...
Gina suspirou.
- Sim, ela está bem. Mas Lupin precisa de cuidados imediatamente. Eles estão próximos a orla da floresta, atrás de uma rocha.
Sem esperar para ouvir o que Rony tinha para dizer, Gina empinou o cavalo e saiu a galope em direção ao castelo de Voldemort.
A tempestade começou.
Over and over
I'm filled with emotion
Your love, it rushes through my veins
And I am filled
With the sweetest devotion
As I, I look into your perfect face
It's no more mystery
It is finally clear to me
You're the home my heart searched for so long
And it is you I have loved
It is you I have loved
It is you I have loved all along
Continua...
Nota da Autora:
Olá.
Não, eu não morri. Muito pelo contrário, estou mais viva do que nunca e retomando ao meu posto. :D
Mesmo que a febre de Harry Potter tenha acabado, essa saga sempre será minha paixão. E depois de quase três anos desaparecida, Nani Potter volta à ativa.
Pelo que deu para perceber, a Pôr do Sol está sendo reescrita, e acredito que de um único capitulo sairá no máximo cinco.
Esse foi bem curtinho... O próximo será maior, hehehehe...
A respeito de minhas outras fics... Um Brinde ao Amor voltará, não agora, mas irei colocá-la novamente no ar, só que na versão nova. Por agora, estou escrevendo uma nova fanfic que terá apenas 10 capítulos. Talvez eu retorne a escrever em outras fanfics antigas, mas vamos dando um passo de cada vez.
Agora, desejo a todos ótimas férias.
É muito bom estar de volta.
Beijão :)
Música do capitulo: Dana Glover - It is you
