Summary: Cidade nova, vida nova, amigos novos.
N/A: ta escrito no capítulo, mas só pra deixar claro… A universidade tem uma área destinada ao Ensino Médio acoplada à parte universitária. Eu fiz assim porque daí o grupo poderia continuar junto e seria mais legal. Não gostou, me processe. Hunf. Além disso, eu devo me referir sempre ao espaço como "universidade" e similares, mas não é que eu tenha me esquecido do colégio, só dá muito trabalho resgatar esse detalhe o tempo todo. Também se lembrem de que as conversas se passam em inglês (mas eu não curto tanto assim a língua nem sou a maior gênia nesse quesito), apesar de poucas frases estarem, efetivamente, em inglês. Quando ocorrer mudança de idioma, eu vou avisar, então não surtem. Agora aproveitem a história! Ja ne.
Era o primeiro mês de aula ainda. Os dias passavam lentamente. Ninguém na escola em Boston parecia minimamente interessante. Pelo menos era o que os integrantes do Host Club – exceto Haruhi – pensavam. A garota, por sua vez, não tinha se preocupado com isso. Sempre que os colegas protestavam, ela respondia com "estou aqui para estudar". Mas as coisas pareciam estar para mudar. No meio daquele mar de gente usando sempre roupas nas cores da universidade – apesar de não haver uniforme obrigatório –, algumas garotas pareciam querer se fazer notar.
No início do dia, antes de as aulas do colégio acoplado à faculdade começarem, os gêmeos avistaram, do outro lado do corredor em que estavam, uma garota de rabo-de-cavalo alto contendo o cabelo negro como a noite passando em roupas coloridas. O vermelho forte da blusa chamava atenção no mar bordô. Eles não conseguiam ver direito o que ela usava embaixo, mas não parecia a calça jeans escura que todos os alunos usavam quase como se seguissem uma regra que ninguém dizia, mas todos sabiam haver.
Os olhares de todos que estavam por perto a acompanharam até que ela entrasse na sala de aula, seguidos de cochichos que logo cobriram todo o corredor.
- Parece que aquela garota veio vestida daquele jeito extravagante de novo. – disse um rapaz perto de Hikaru, com um tom de perceptível desprezo.
O ruivo baixou o olhar. O garoto batia em seu ombro e lançava olhares tortos para os ruivos. Seus olhos verdes transmitiam a estranheza que o menor sentia ao ver os dois tão diferentes no meio de tantos morenos e loiros. O rapaz ao lado, levemente mais alto que o amigo, tinha o cabelo loiro, quase dourado, curto e espetado, e brilhantes olhos azuis. Sua voz transmitia um desprezo mesclado à admiração que fez o gêmeo mais velho sorrir de canto.
- Pelo menos ela ainda se mantém nas cores da escola. Vermelho e preto. E as amigas dela?
- Aquelas quatro? – os dois americanos logo tinham se posto a andar, de forma que Hikaru não conseguiu ouvir o final da conversa, mas viu o segundo rapaz concordar com a cabeça.
- Hikaru. – a voz de Kaoru fez o outro voltar à realidade – Devíamos ir para a sala também.
O mais velho concordou, então os dois se puseram a andar.
No meio do dia, quem percebeu que nem todos se vestiam igual foi Kyouya. Tamaki, apesar de estar junto do amigo, não pareceu perceber. Caso contrário, teria feito uma cena tão escandalosa que poderia compor uma novela. O moreno acompanhou brevemente, passando a poucos passos de onde eles estavam no jardim da universidade, uma garota loira de cabelos cacheados – que já chamavam atenção por si só, uma vez que poucos não tinham o cabelo liso – trajando uma blusa verde-musgo, com uma grande caveira branca estampada nas costas na altura da lombar. Havia algo escrito em cima, mas ele não conseguiu ler porque Tamaki o impediu. A calça era de um jeans claro e tinha boca larga – algo bastante destoante no meio de tantas pernas agarradas pelo tecido. Um modelo simples, mas com alguns rasgões de fábrica que diziam "não sou do tipo comportadinha para professor ver".
Como de praxe, os olhares a fitavam como se vissem um peixe sobreviver fora d'água. Os cochichos vieram assim que ela virou em um corredor, entrando no prédio de Artes da universidade. Kyouya apenas captou um "gente estranha" no meio do zunzunzum que se instalou.
Haruhi, que estava no colégio com os gêmeos, avistou duas garotas que se destacavam na biblioteca quando foi buscar um livro. Uma delas, de piercing atravessado na orelha e cabelo castanho tingido em mechas roxas, parecia se divertir com o que a amiga dizia. Elas estavam na seção de Saúde da biblioteca. Apenas uma das garotas parecia precisar de algo ali, mas a outra ajudava como podia.
A que procurava pelo livro tinha o cabelo parecido com o de Haruhi: escuro, curto e liso. Usava um vestido longo, justo até a cintura, de um cinza escuro, quase grafite. O sapato de salto baixo mal aparecia e, de onde estava, a integrante do Host Club não conseguia ver a cor. As mangas lhe cobriam todo o braço, mas sem lhe impedir o movimento. A gola era alta, com uma corrente dourada, que refletia a luz em intervalos conforme a garota se mexia, passando por cima.
A outra também usava um vestido, mas este lhe ia até o joelho. A bota de preto e marrom lhe cobria toda a canela e o salto a deixava quase dez centímetros mais alta. O vestido era mais solto que o da outra, com a saia esvoaçando conforme a garota andava. Era de um dégradé de roxo embaixo para lilás em cima. Não tinha mangas e parecia ser frente única. Nos braços, a morena carregava um bolero cor de creme. Não havia nada lhe adornando.
Haruhi sorriu, admirada com a forma como as duas se destacavam e não pareciam se importar. Os demais alunos, no entanto, lançavam olhares tortos à dupla. Inicialmente a garota achou que fosse pelo barulho, mas, ao se sentar para analisar os livros que tinha pegado e ver qual levaria para casa, ouviu duas alunas mais velhas comentando sobre as roupas "desnecessariamente extravagantes" com tom de repúdio.
Quando estavam saindo da universidade, foram Mori e Hani que avistaram a última componente daquele grupo diferente. A garota, de cabelo castanho nem claro nem escuro, lhe caindo sobre os ombros numa indecisão entre liso e ondulado, estava encostada em uma árvore, parecendo esperar alguém. O short preto ia até o meio da coxa. Por baixo, uma meia-calça preta fina que terminava dentro de um par de coturnos pretos de cano curto que ficava logo acima dos tornozelos. O short era preso por um cinto marrom de uma grande fivela dourada. A blusa azul clara que a garota usava era justa, mas sem lhe demarcar demais. Pelo menos era o que parecia, considerando que uma jaqueta folgada de couro azul escura estava por cima, parando dois dedos antes do cós do short. Ademais, se via apenas a gola alta da blusa que ia por baixo.
Ao redor, as pessoas comentavam com desgosto, lançando olhares furtivos para a morena. Mori e Hani estavam visivelmente desconfortáveis com a atitude dos colegas, mas nada fizeram. Eram novos lá, era melhor não chamarem mais atenção do que já chamavam. Antes que fossem embora, no entanto, a garota "estranha" pareceu notar o olhar voltado para ela, acenando brevemente com a mão e logo voltando a mexer em seu celular.
Pouco depois que a dupla se retirou, quatro garotas se juntaram àquela que esperava, se cumprimentando de forma alegre e sem se importarem com os olhares pouco amistosos dos colegas em volta. Tinha sido difícil no começo, mas elas logo decidiram que o conforto deveria vir acima das aparências. E, definitivamente, a roupa-uniforme que os alunos todos usavam, apesar de não terem a obrigação de se parecerem, não as deixava confortáveis. "Aperta", dizia uma. "É feia", dizia outra. Os motivos eram vários. Por isso, juntas, tinham decidido quebrar aquela "convenção social" da universidade. Se estivessem fazendo algo errado, algum funcionário já as teria avisado. Mas ninguém tinha feito nada.
A bem da verdade, os professores pareciam se alegrar mais com o jeito delas. Irreverente, determinado, descontraído. Elas davam a cara à tapa sempre que precisavam, às vezes provocavam os colegas por diversão. Mas nunca haviam passado algum limite. Tudo se mantinha em níveis saudáveis. Assim não causavam problemas. Afinal, elas estavam ali com um objetivo bem definido: conseguirem um cargo bom para mudarem a sociedade quadrada em que viviam. Cada uma a seu modo.
- Só eu notei os alunos novos fitando a gente como se fôssemos celebridades? – a garota de vermelho parecia se divertir com a ideia, olhando pelo retrovisor para ver se podia mudar de faixa enquanto dirigia para casa.
Moravam juntas desde o primeiro ano, o que tinha facilitado a amizade.
- Eu também notei. Aquele grandão parecia realmente incomodado com os babacas em volta enquanto eu esperava vocês. Foi fofo. – a morena do coturno riu, se lembrando da falta de reação dele quando ela acenou – O loirinho baixinho também é uma graça.
- Eu quase não resisti à vontade de jogar o cabelo para trás quando o quatro-olhos virou para mim. É legal não ter olhares te julgando de vez em quando. – a loira se ajeitou no meio do banco traseiro. Ao seu lado, as duas de vestido olhavam distraídas pela janela, mas ainda acompanhando a conversa.
- Não sei, não vi ninguém muito fora do normal. – comentou a de cinza.
- Ah, isso porque você queria muito um livro. A menina nova apareceu na biblioteca e quase começou a rir junto comigo. Pensei em chamá-la para conversar, mas ela parecia com pressa. – a de piercing sorriu de forma marota.
- Eu só consegui ver que dois são ruivos. Parecem gêmeos. Estavam na Escola de Artes na hora, acho que devíamos procurá-los amanhã, loira. – a motorista sorriu de canto com certa satisfação ao ver a outra concordar prontamente com a ideia – No intervalo.
- Sim! Acho que todas nós devíamos caçá-los e fazer com que eles se tornem parte do nosso grupo! Imagina que legal! Mas… Eles são em quantos? – a loira tinha se prostrado para frente, apoiando o ombro no banco do passageiro.
- Depende. Podemos estimar. – a morena dos coturnos se virou para as amigas – Dois ruivos. Dois que eu vi na saída. Se tinha uma na biblioteca… São seis então, contando o quatro-olhos.
- Ah, tinha um loiro empolgado com ele. Sete, então. – a loira tornou a se encostar ao banco de trás.
- Sete, huh? Se supusermos que a garota já faz par com algum dos outros, sobra um pra cada uma de nós. – a garota que dirigia riu de canto com a ideia, logo estacionando o carro – Mas tudo que eu quero agora é um banho e escolher como chocar nossos coleguinhas amanhã.
As outras riram.
-Podíamos ir com as cores do arco-íris. – o comentário da garota de cabelo tingido veio em tom de piada, divertindo as amigas.
- Claro, vai seduzir a faculdade toda. Inclusive, quem for de amarelo vai ficar A sedução. – a que ia no banco de passageiro desceu, abrindo a porta da casa. As outras quatro a seguiram – Eu só quero dar uma limpada no meu coturno, a terra estava mais úmida do que eu esperava em alguns pontos.
- Por que não podemos simplesmente deixar tudo isso para amanhã de manhã? Nossas aulas são só de tarde mesmo e eu to com sono. – a de vestido cinza bocejou ao acabar de falar.
- Ninguém mandou fazer Odontologia. Fica trabalhando que nem desesperada pra fazer aqueles moldes. – a garota de vermelho e a outra de vestido comentaram em coro, dando de ombros.
- Bom, melhor que virar noites fazendo maquetes. – a loira suspirou – Acho que dormir é uma boa.
- Só não se esqueça de tirar a maquiagem, fofa. – a de coturno passou carinhosamente a mão sobre a cabeça da loira, que era a menor das cinco, ao falar.
- Eu me sinto um bichinho assim. Já sei, vou de orelhinhas amanhã! – dito isso, o quinteto riu.
- Devo ter um rabinho em algum lugar, se você quiser também. – o tom irônico da garota de vermelho se fez facilmente presente. Na maior parte do dia, na verdade, ela usava aquele tom com as pessoas.
- É por isso que ninguém gosta de você, ok? Porque você sempre fala com esse tom de "sua idiota". Hunf. – apesar do que dizia, a loira se divertia.
- Só gente que tem probleminhas mentais, não é, meu amor? – a morena apertou a bochecha da amiga, rindo ao se retirar para o quarto – Ok, chega por hoje. Boa noite para vocês. Se eu amanhecer com uma mancha de tinta na cara, me deixem saber. – ela acenou, já de costas para as outras quatro, e fechou a porta do quarto assim que entrou.
- E lá vai ela desenhar nossa mascotinha. – a morena dos coturnos se divertia com a cena – Bom, eu vou tomar um belo banho, que eu mereço!
As outras três acenaram com a cabeça, indo cada uma para seu canto também. A de cabelo curto foi para a sala ver um pouco de televisão, a loira foi para o escritório que elas mantinham no quarto que sobrava e a de piercing foi para a cozinha fazer janta para o grupo.
