Este fic foi escrito considerando como base o manga de Poseidon e não o anime.

Capítulo I- O REENCONTRO

"É o mar que representa o nosso inconsciente em sonhos ou metáforas. As emoções afloram na superfície e em suas camadas profundas habitam seres misteriosos, primitivos e miríades de formas que representam o inconsciente coletivo. É das profundezas do mar que Poseidon, por vezes, ergue-se enfurecido para depois recolher-se novamente. Ele é conhecido também como o "Portador das Inundações" e "Aquele que a Terra sacode", exprimindo seu enorme poder."

: Athenas - Grécia :

Um mar de sons, sim numa oscilação perfeita percorria todo aquele lugar. A orquestra prosseguia num ritmo forte e vibrante. Muitos na platéia deliciavam ao escutar tão belo acorde. Uma figura estava sentada na parte superior daquele imenso teatro. Extasiado ele apreciava aquele momento de beleza e graça. Este era Julian Solo, que em outros tempos era nada mais e nada menos que Poseidon, o senhor dos mares. O que restou após uma grande batalha contra a deusa Athena foram apenas lacunas de memória. Julian retornou a ser apenas um jovem normal e Poseidon retornou ao seu sono profundo.

"Ele realmente é muito bom. Sorento toca magnificamente bem. O teatro está lotado, a arrecadação vai ser bem grande. Valeu o esforço para trazer a orquestra para esta cidade." – ele dá um sorriso de contentamento.

Julian percorre rapidamente seus olhos pelo local e então observa os outros assistentes. E então ele vê uma imagem que o deixa paralisado. Seu corpo sofre de um tremor súbito e então balbucia baixinho para si.

- Saori.

A partir deste momento ele não conseguia tirar os olhos dela. Aquela que o atormentava em seus sonhos noite após noite, estava ali presente diante de si.

"Desde que a conheci minha vida mudou, vivo entre o céu e o inferno. Uma parte da minha vida foi totalmente apagada. Contudo, isso me ajudou a amadurecer, aprendi a olhar as pessoas ao meu redor e dar maior valor a elas. Como fui arrogante e leviano." - ele relembra o sorriso de cada criança que ele ajudara após a enorme tragédia que assolara todo o planeta. Chuvas torrenciais e maremotos gigantes. Este sorriso dava uma sensação de alivio inexplicável em seu ser.- "Porque Saori você ainda atormenta tanto minha alma?"

Julian num ímpeto resolve se levantar e sair dali. Rapidamente se dirige para fora do teatro, respirando o ar noturno das ruas gregas. Um carro passa velozmente e parte deixando apenas o vazio. Do outro lado da rua um mendigo sentado na calçada bebe solitário.

"Eu também queria beber algo agora."

Ele então escuta passos atrás dele. E subitamente se vira, olhando tão bela figura a sua frente. Era Saori, que mantinha um olhar que era capaz de alcançar as profundezas da sua alma.

- Julian, a quanto tempo. Como vai?

Como num reflexo, ele pega as mãos de Saori e beija em sinal de cumprimento. O contato de seus lábios naquela pele tão suave o fez trazer a tona sentimentos que pensara já ter enterrado há muito tempo. Ele então se recompõe e indaga.

- Vou bem. O que a traz aqui senhorita Saori?

- Eu estava na cidade resolvendo alguns assuntos da Fundação Kido. E eu vi que haveria um grande concerto beneficente hoje e resolvi assistir.

-Entendo. Fico feliz que tenha vindo e dado a sua contribuição. Com certeza várias crianças serão amparadas.

Ela sorri levemente e fala a seguir.

- Perdão Julian, não quero ser indelicada, mas eu preciso ir, estou exausta. Foi um prazer revê-lo. Até logo.

Ele balança a cabeça, indicando que compreendia e ao mesmo tempo se despendindo. Ela virou as costas para partir, porém algo dentro dele fez com que fosse atrás dela e segurasse seu braço levemente, forçando-a parar.

-Desculpe Saori, mas não posso deixá-la partir sem antes falar algumas palavras. Aconteceram tantas coisas desde aquela noite. Diversas lacunas ficaram em minha mente e não sei se algum dia poderei descobrir o que realmente aconteceu comigo. - ele suspira e continua, olhando para os olhos dela. - Só sei que após este lapso de memória, algo mexeu dentro de mim. Eu senti um enorme desejo de ajudar as pessoas e cada vez que faço isso aprendo mais e mais. Eu olho para trás e vejo o rapaz orgulhoso e fútil que eu fui. Enfim Saori, eu gostaria de falar tantas coisas, mas queria lhe pedir desculpas pelo fato ocorrido no meu aniversário. Hoje vejo o quanto fui um tolo. -no fundo Julian queria dizer que de alguma forma estava sendo punido todas as noites com o rosto dela a lhe perseguir. Com certeza tinha esperança de que tudo terminaria ali. Saori calmamente responde.

- Eu sei Julian. Não se preocupe com isso, já é passado. Estou feliz com suas novas atitudes. E sei que está fazendo o melhor. Perdoe-me não poder ficar mais, mas realmente preciso ir. Tatsume deixou o carro na esquina, já que não podia entrar aqui. Espero poder reencontra-lo novamente.

-Sim, lógico. Não quero mais atrasá-la. Fico contente que tenha me perdoado. Espero poder revê-la algum dia. Até logo e boa noite Saori.

Novamente ela lhe sorri e dá um ultimo olhar para trás antes de partir. Julian observa aquele ser que parecia feito de luz se distanciar aos poucos até sumir de sua vista. Foi então que notou algo brilhante no chão. Aproximou-se mais e então percebeu que era um colar.

"Certamente é dela.

Sem pensar duas vezes, ele corre para poder entregar o objeto. E então quando estava preste a virar a esquina, escuta um som de vozes que ele conhecia muito bem. Uma era a própria Saori e a outra para sua completa surpresa era de Sorento. Ele preferia ficar parado ali, encostado a uma parede, escutando aquelas palavras tão enigmáticas trocada pelos dois.

- ...eu não disse nada. Acho que foi melhor as coisas terem terminado assim. Julian não teve culpa e sinceramente eu não quero mal nenhum pra ele e nem você.

-Acho que me preocupei demais.

- Eu compreendo, mas tudo acabou agora e meu desejo unicamente é de paz.

-Eu acredito nisso...Athena.

"Athena."

Ele repetia seguidamente aquele nome, que o fazia estremecer por inteiro. Tinha vontade de aparecer ali, mas suas pernas não respondiam ao comando.

-Bom, então boa noite.

- Boa noite.

Julian escuta o barulho da porta de um carro e então se esconde nas sombras, criadas pelas reentrâncias das paredes daquela rua. Em seguida escuta o veículo cada vez mais longe. E então começa a escutar passos, era Sorento retornando ao teatro e que ia em sua direção. Subitamente Julian sae das sombras e pega Sorento pelos ombros jogando-o contra a parede. Seu olhar era de indagação e fúria.

-O que você está escondendo de mim, Sorento? Vamos, eu exijo uma explicação para o que acabei de ouvir.