Salve, salve! Este é o primeiro capitulo da You and I. Avisos básicos, não sou dona dos personagens ou tenho qualquer direito ou benefício sobre eles (apenas meu eminente sucesso com fics kkk). É uma fic smut, pra quem não sabe isso lê-se: conterásexo ou NC-17. Não gosto de Wemma, por isso meu ship é Shell, fazer o que né. Gosto é gosto. Minha beta é a linda e fofa ex colega de escola da wickedlittlegirl. Sinta-se a vontade para falar se não gostar da fic, eu vou te ouvir, posso ficar puta da vida, mas vou te ouvir =) Ah é, tem palavrão também na fic. Ultimo aviso: Bitches love Shell!
Enjoy ;)
Capitulo Um
Cristina Corcoran era uma mulher refinada, da alta sociedade. Morava no estado de Indiana, ao norte dos Estados Unidos. Estava em seu segundo casamento e tinha duas filhas. A primeira tinha sido exatamente como ela. Loira, popular e desejada. Fora rainha do baile de formatura, tinha namorado o garoto mais popular da escola – o quarterback do time de futebol – e com ele se casado.
Hoje Sophie Kimberly Corcoran, a filha mais velha, tinha duas lindas filhas, uma casa espetacular e Peter, seu marido, que era um empresário bilionário do ramo de tecnologia. A mãe tinha um orgulho que não cabia em si graças à magnífica filha. Sempre falava com fervor no quanto admirava tudo que Sophie havia conquistado. Mas Cristina não tinha somente uma filha. E quando lhe perguntavam sobre a outra, a mais nova, ela apenas sorria notavelmente desgostosa.
Obviamente que as duas tinham puxado o incrível gênio do pai, engraçado e falante, mas Sophie era arisca, o que voltou toda atenção dos amigos de Cristina para a mais nova. Claro que eles ficam muito felizes em saber sobre a loura que tinha se dado bem, mas nenhum deles entendia muito bem porque Cristina sempre mudava de assunto quando se tratava da divertida e inteligente Shelby Jenna Corcoran.
─ Como está a pequena Shel? – um amigo próximo de Cristina, Andy, havia perguntado no churrasco que aconteceu na casa de Sophie, para o aniversário de uma de suas filhas. Ele nunca conseguira parar de chamá-la de pequena Shel, mesmo ela sendo uma adulta agora. – Achei que ela fosse vir ao aniversário. Mary estava doida para vê-la! – referiu-se a esposa que, ao lado do marido, afirmou.
─ Há tanto tempo que não a vejo. E soube que a escola que ela leciona ganhou o tal concurso de coral de novo. Com certeza está muito orgulhosa dela. – Mas Cristina não tinha a menor ideia, havia três meses que não falava com a filha. Nem sabia que o Carmel havia ganhado as Regionais. Mesmo assim sorriu.
─ Shelby está muito atarefada. – limitava-se a dizer isso, como se fosse uma forma de esclarecer que era por aquilo que a filha não estava na festa.
─ Ela mandou um presente para Maureen. – Sophie falou, notando o leve constrangimento da mãe por não saber o porquê da filha não estava presente. – No cartão ela mandou lembranças a todos, provavelmente não pode vir por causa do coral, já que ela saiu de lá depois que ganhou as competições Regionais. – Cristina franziu o cenho, olhando a filha. – Ohio não tem muitas escolas com o nível de exigência dela, provavelmente está procurando emprego.
─ Oh, pobre Shelby. – Mary lamentou-se. – Espero que não esteja passando por um momento difícil. – todos sabem que ela se referia à questão financeira daquela situação. Todos ali eram muito ricos para simplesmente cogitar um estilo de vida abaixo daquilo. Um estilo de vida que aconteceria na falta de um bom emprego.
─ Não, não. Diferente de mim, Shelby sempre soube poupar dinheiro. – Sophie riu juntamente com Andy e Mary. – O presente que ela mandou para Maureen foi mais caro do que eu e Peter demos.
Foi ali que Cristina se deu conta do quanto Shelby estava sumida. Até então ela não havia notado que fazia três meses que ficara tentando ligar e contatá-la. E que, aparentemente, eram somente os telefonemas dela que Shelby não estava atendendo. Naquele fim de semana ela se decidiu que no dia seguinte iria pegar um carro até Ohio e só voltaria de lá quando a filha lhe desse explicações plausíveis.
O cheiro de fritas e bacon era uma coisa que deixava Cristina Corcoran enjoada, e o aroma podia-se sentir da porta do elevador. Com aquela mistura todas de cheiro ela ficou com medo de encontrar o corpo de algum animal morto lá dentro, esta realmente terrível. Mas ela preferiu pensar que era só sua repulsão por frituras enquanto girava a chave reserva – escondida sob o tapete – na porta. Na mesma hora que entrou viu Shelby saltando assustada do sofá.
Ela estava realmente acabada. Vestindo um blusão, daqueles que usava quando estava no colegial – Shelby tinha sido do tipo nerd inteligente e calada. Camisetas pretas com fotos de bandas e quadrinhos da época, todas grandes demais. Todas ridículas demais para Cristina.
A mãe que fora rainha da formatura, presidente dos mais diversos clubes na época do colegial, não conseguia aceitar aquilo. E apesar do gigantesco talento de Shelby para cantar, ela nunca desejara nada do que a mãe obtivera e no fundo, para Cristina foi uma grande decepção. Mas ela não culpava a menina. Shelby sempre fora mais parecida com John, o pai, mas como ela estava agora realmente preocupava Cristina.
Os cabelos negros e grandes estavam bagunçados e se ela não estava enganada, havia um pedaço de frango preso nele. Ela descobriu da onde vinha o bacon e as fritas, estavam todos sobre a mesa de centro, junto de milhares de outras porcarias. Doces, pães de mel, balas, salgadinhos industrializados e chocolates.
─ Ma-mãe? – Shelby perguntou perplexa, ainda olhando com o rosto confuso para a mãe.
─ Não, a Miss Universo! – Cristina rolou os olhos, fechando a porta e dando alguns passos. Ela caminhou até a mesa para depositar sua bolsa ali, mas havia alguns restos de um lanche mal comido do Mc Donald's então ela simplesmente pendurou-a na cadeira. – Por Deus, Shelby, o que aconteceu com você?
─ O que aconteceu com você, mãe? Não pode bater na porta? – Shelby revirou os olhos, entediada. Estava prestes a se jogar de volta no sofá quando Cristina a segurou.
─ E você ia atender quando descobrisse que era eu?
─ Claro. – mentiu, olhando para o lado oposto.
─ Você não atende minhas ligações há três meses, Shelby!
─ Eu estava ocupada. – Shelby mentiu, não queria ficar dando satisfações de sua vida a ela.
─ Posso ver como está ocupada. – Cristina desdenhou, olhando tudo a volta, era decadente. Cada canto da casa parecia estar repleto de lanches e pacotes não terminados.
─ Está vendo porque eu não atendo? – reclamou irritada, sentando-se em seguida no sofá.
─ Por que não me contou que estava sem emprego? – Cristina ignorou o desaforo da filha e cruzou os braços. – É por isso que está agindo assim? Podíamos ter revolvido Shelby.
─ Não, mãe. Primeiro não é por isso que estou assim. E segundo não é uma coisa que você e seus contatos possam resolver. – Shelby resmungou, enquanto passava os canais da TV de maneira incansável e impaciente. Precisava apenas se distrair e não olhar para Cristina.
─ Foi um homem, não foi?
─ Não! – Shelby bravejou impaciente, jogando o controle no sofá. Ela sabia que sua mãe chegaria lá, sabia que tocaria no assunto de homens, e isso a irritava. – Você pode ir, mãe, eu sei me cuidar.
─ Estou vendo bem como sabe. Olhe para essa bagunça, Shelby! Você está vivendo num chiqueiro, você está um lixo. – Shelby revirou os olhos, não acreditava que Cristina tinha ido até lá para botá-la ainda mais para baixo. – Você pode não me atender, mas ainda sou sua mãe. Vá se trocar que nós vamos ao mercado. Comprar coisas decentes para você comer, não essas porcarias. E só vou embora quando você estiver agindo como uma pessoa normal de novo.
─ Eu não vou. – a morena deu de ombros, deixando a mãe furiosa.
─ Vai sim. E não discuta comigo, Shelby Jenna Corcoran. – Shelby estremeceu, detestava ser chamada pelo nome inteiro. Sabendo como Cristina era não descansaria enquanto não fosse feito o que ela queria, algo que Shelby puxara muito dela. Então suspirou derrotada, mas não disse nada enquanto se virava e ia para o quarto se trocar.
Havia uma fileira de pequenos pés de manjericão, pimenta e salsa frescos, estrategicamente posicionados ao lado dos limões, cebolas, tomates, pimentões e outros milhares de legumes que Shelby ficara com estômago embrulhado só de ver. Ela gostava daquilo tudo, ou pelo menos grande parte, sempre se acostumara a ter uma alimentação balanceada. E ela gostava de cozinhar também. Mas simplesmente estava numa fase que não queria nada daquilo. Nem cozinhar, nem se alimentar direito.
Ela não culpava Cristina por não entender. Na verdade sua mãe não tinha como entender, ela não fazia nem ideia de tudo que Shelby estava passando. A verdade é que ela não sabia muita coisa que Shelby passara, já que as duas não tinham a melhor relação do mundo. Shelby sempre fora mais chegada em John, mas quando houve o divorcio dos dois, ele também ficou distante da vida da filha. E quando Cristina casou-se novamente, Shelby ficou meses sem falar com a mãe, foi quando atendeu ao anuncio no jornal e ficou gravida de Rachel.
Cristina não sabia que era avó. Nem Cristina nem John sabiam o que Shelby tinha feito no ano que passou em Ohio. Shelby falara pouco com seu pai e durante sete meses absolutamente nada com a mãe. E por mais que Indiana fosse o estado ao lado de Ohio e fosse fácil chegar lá, Cristina nem John o fizeram. Quando Shelby e a mãe voltaram a se falar, ela não mencionou o bebê que já carregava há sete meses na barriga.
Com tudo aquilo que não sabia, Cristina nunca ia entender o que Shelby estava passando.
─ Shelby? – Uma voz masculina chamou atrás de si quando ela depositou uma caixa de morangos, que sua mãe lhe entregara, no carrinho. Ela conhecia a voz, então se virou.
─ Will! – eles trocaram um sorriso afetuoso e Will se inclinou para cumprimenta-la com beijos no rosto.
─ Quanto tempo, uh. Como estão as coisas?
─ Hm, mais ou menos. Eu saí do Vocal Adrenaline. – ela deu de ombros, torcendo os lábios.
─ É, eu fiquei sabendo. Logo depois das Regionais, certo? – Ela apenas confirmou. Will pareceu olhar para sua mãe, quando Shelby se virou, ela parecia sorrir para eles, mas era de um jeito estranho.
─ Hm, Will, essa é minha mãe, Cristina. – Shelby rolou os olhos.
─ É um prazer. Sou Will.– ele se inclinou para apertar educadamente a mão de Cristina.
─ O prazer é meu. – Ela sorriu de volta. – Shelby, vou pegar mais alguns tomates, não fuja de mim. – Shelby acenou com a cabeça enquanto Will ria da atitude.
─ Ela decidiu ficar no meu pé. – Shelby explicou. – E como somos de Indiana e ela dirigiu até aqui, tenho que aturá-la.
─ Parece ser simpática. – Will riu quando Shelby negou com a cabeça. – O que houve com você, Shelby? Era a ultima que eu esperasse que fosse deixar o Vocal. Ainda mais depois das Regionais. Surgiram boatos que você foi demitida.
─ Não foram boatos. Foi o que aconteceu. – Ela não se importou quando ele ficou surpreso, era normal naquele caso.
─ Mas... Como?
─ Meu rendimento caiu muito despois das Regionais. – Shelby torceu os lábios, pensando em como explicaria aquilo. – Não estava, não estou na verdade, muito bem com muitas coisas.
─ A Rachel está no meio disso, não está? – Will franziu o cenho, olhando-a. Ela acenou que sim com a cabeça.
─ Ela me ligou há um mês, mas na ocasião eu não pude atender, então ela deixou uma mensagem na secretária eletrônica. Acusou-me de arruinar tudo, disse que podia ter dado certo, que agora ela já não tinha mais a mesma inspiração nem a mesma vontade e era tudo culpa minha... – os olhos de Shelby marearam, e a necessidade de abraça-la cresceu em Will. Mas ele não se moveu. – E ela tem razão.
─ Rachel saiu do New Directions, há um mês. – Shelby ficou chocada e Will seguiu. – Eu não imaginei que pudesse ter algo haver com você, ela estava um pouco abatida, mas enquanto namorava Finn isso transparecia menos. Mas depois que os dois terminaram ela ficou arrasada. Acho que as coisas se acumularam.
─ Eu não sabia que ela tinha ficado assim... Eu sou mesmo uma mãe horrível. Eu a reneguei, Will.
─ Você ainda pode concertar as coisas, Shelby. Sabe bem disso.
─ É difícil. Como vou mudar isso, Will? Rachel me odeia e com razão. – Shelby tentou olhar alguns enlatados na prateleira do mercado, para não lembrar daquilo. – Você devia ter ouvido como ela parecia arrependida de ter me procurado...
─ Shelby, você sabe que eu não concordo com modo que agiu. Acho realmente que podia ter contado a ela o que contou a mim naquele dia na escola. Mas o fato de não concordar, não quer dizer que eu não possa te ajudar. – Ela o olhou com o canto dos olhos, com um sorriso murcho, quase que agradecido. Mas não disse nada. – Rachel é uma garota muito, muitoboa. Tem um enorme coração, quase do tamanho da sua capacidade de irritar. – E por um momento Shelby se permitiu rir, abafadamente. – Mas ela está precisando de você. E arrisco a dizer que você dela. – ele falou depois de ver o quanto ela parecia deprimida.
Shelby não respondeu, mas olhou-o mordendo os lábios. Ela tinha muito de um olhar infantil, como o de uma criança que não sabe muito bem o que fazer. Ele achava aquilo algo engraçado e até fofo. Mas obviamente que nunca comentaria nada.
─ Vamos fazer assim, eu ligo para você e combinamos uma maneira te ajudar com ela. – ele sorriu quando os olhos dela pareceram concordar. Will nunca havia notado como eles eram grandes e intrigantes. Tinham uma cor mesclada de azul e verde intenso. Ele estava levemente hipnotizado.
─ Tudo bem. – ela disse finalmente, afirmando também com a cabeça e com um sorriso no canto de seus lábios chamativos. Will lembrava-se como era tocá-los. Lembrava-se muito bem. Ela era uma mulher interessante e o matava vê-la daquele jeito. Ele faria de tudo para que ela ficasse bem, mesmo que tivesse convencido que fazia aquilo por Rachel e pelo coral também.
─ Foi bom ver você. – disse simplesmente, com um sorriso. Porque não era nenhuma mentira. Shelby notou que de repente eles estavam flertando, exatamente como na vez que se conheceram, e não entendia de onde aquilo havia surgido. Ela se arrependeu de ter ido com moletom e o suéter do Mickey para contraria sua mãe.
Quando Will se inclinou para abraça-la, os joelhos de Shelby ficaram bambos. Ela não esperava que o aroma peculiar e másculo fosse atingir cada poro de sua pele com tanta veracidade, arrepiando-a. No final o suéter havia servido para esconder aquilo.
Instintivamente ela envolveu os braços em torno da cintura dele e espalmou as mãos em suas costas enquanto se abraçavam e sua cabeça pousava brevemente em seu peito largo e forte. A sensação foi gostosa para Will. Ele não tivera a intensão de abraça-la naquela hora, acabou sendo por instinto – necessidade de proteção, em verdade. Mas no final acabou rendendo-lhes um momento terno, que ele obrigou-se a pensar que era puramente fraternal.
─ Obrigada, Will. – Shelby sorriu assim que se afastaram. Ela também agradecia pelo abraço, já que não sabia, mas o estava precisando. – Você é sempre tão paciente comigo.
─ Que isso, Shelby. Não é nada. Paciente eu sou com os alunos do coral. – os dois acabaram gargalhando. Sabiam bem como ali era preciso muita paciência.
─ Obrigada mesmo assim. – os dentes pressionaram os lábios, num ato constrangido. Ele observou, com um desejo mutuo que os dentes pressionassem os lábios dele. Balançou a cabeça como se fosse possível afastar os pensamentos. E sorriu enquanto corava. Ela achou aquilo fofo, principalmente por causa das covinhas que lhe haviam surgido.
─ Bom, eu te ligo.
─ Vou esperar. – Ela sorriu e ficou observando-o ir, depois que trocaram um olhar de despedida.
─ Então, quem é esse? – sua mãe despertou-a do transe, com um sorrisinho malicioso.
─ Ele treina corais também. Competimos um contra o outro nas Regionais. – ela deu de ombros, capturando uma caixa com barras de cereais na prateleira e jogando-a no carrinho.
─ Onde está todo aquele seu jeito perfeccionista e irritante que puxou do seu pai? - Cristina negou com a cabeça e revirou os olhos, inclinando-se sobre o carrinho e colocando a caixa lindamente posicionada sobre uma pilha de outras coisas.
─ Está de férias. – Shelby disse sarcasticamente, emburrando o carrinho corredor à dentro. – Vamos embora, quero ir para casa.
─ Ainda preciso comprar mais algumas coisas... – Ela deu uma corridinha atrás da filha que já estava na metade do caminho.
─ Depois mãe. Eu preciso fazer umas coisas. – Cristina gostou da atitude, e concordou.
─ Esse cara te fez bem, uh. – Shelby rolou os olhos, parando na fila do caixa. – Não, Shelby, é sério. Você viu como de uma hora para outra já está diferente? Colocou barras de cereal e não chocolate no carrinho... – A mãe apontou. –... E vai fazeralgo.
─ Mãe, pare.
─ Eu não sabia que concorrentes podiam se envolver, mas é melhor, não é? Tem aquele aspecto selvagem e perigoso. – Shelby sentiu vontade de vomitar com o olhar da mãe para ela, mas riu, riu com vontade.
─ Cristina Corcoran, você não presta.
─ Você não negou. – acusou com um sorriso. Shelby deu de ombros.
─ Foi só uma vez. – explicou, mordendo os lábios e encarando as compras no carrinho.
─ Eu sabia! Você saiu da minha barriga, Shelby Jenna! – Shelby tremeu na base da espinha quando ouviu o nome composto.
─ O nome todo não, mãe. Por. Favor. – disse bufando.
─ Pare com isso, é um nome lindo. – reclamou, mas com um risinho.
Quando conseguiu deixar Cristina distraída com a vizinha que amava fazer bolos, Shelby se trancou em seu quarto com o telefone sem fio e um número anotado num postit amarelo. Por um tempo ela só sentou na beira da cama e encarou os números rabiscados numa caligrafia corrida. Os dedos tremeram um pouco quando os pressionou contra as teclas. Deram uns dois toques e ela já estava prestes a desligar quando alguém atendeu. Era uma voz masculina.
─ Alô?
─ Hm... Kevin? – ela não esperava que fosse ele quem atenderia. Mas em todo caso era melhor que fosse Kevin invés de Richard. – É a Shelby.
─ Oh. – houve um silencio que se tivesse durado mais dois segundos, teria feito Shelby desligar tamanho constrangimento. – Como está?
─ Rachel está ai? – por mais que soasse mal educado, ela não queria dizer o quão arrependida de tantas coisas estava, o quão destroçado seu coração parecia se encontrar, não para um dos pais de sua filha biológica.
─ Não.
─ Kevin... Entendo que esteja irritado, magoado ou bravo comigo, ou os três. Não sei. Mas tem todo direito. Eu sei que sim. – disse pausadamente e baixo, mesmo sabendo que se gritasse e falasse correndo ele a escutaria da mesma maneira. Kevin não era má pessoa. – Mas preciso falar com Rachel. Você não tem ideia como foi difícil para eu conseguir ligar... – ela parecia começar a ficar desesperada e ele interveio.
─ Foi difícil assim renegá-la também, Shelby? – ela engoliu em seco.
─ Foi, Kevin. Nas duas vezes que tive que fazê-lo. – disse com sinceridade. E isso chocou Kevin de certa forma, mesmo que ele soubesse o quão verdadeira ela sempre era. – Eu entendo que não me queira na vida dela, ainda mais depois disso tudo... Mas Rachel é minha filha! Eu preciso – ela parou por um segundo antes de corrigir. – Eu quero concertar as coisas com ela.
─ O que fez que mudasse de ideia agora? Você sabe que nunca fui contra sua participação na vida dela. A ideia do contrato foi de Richard, ele dizia que ela seria verdadeiramente nossa daquela maneira, você se lembra. – E como Shelby lembrava da repulsa de Richard por ela. – Mas Rachel já sofreu demais, Shelby... Ela é muito frágil, como você era quando a conhecemos. Nós erramos em exigir tanto de você naquela época.
─ Eu concordei, Kevin.
─ Sim, sei que sim. Mas você era jovem e tinha seus sonhos. Em parte nos aproveitamos disso, porque tínhamos nossos sonhos de ter uma família também. E admito nosso erro. Sinto muito também. Mas Rachel esta finalmente superando isso tudo, Shelby...
─ Não, ela não está, Kevin! – Shelby interrompeu. – Ela parou de cantar!
─ Claro que não. Ela está frequentando o clube Glee na escola.
─ Kevin... Ela não contou? – Shelby franziu o cenho, confusa.
─ Contou o que?
─ Eu encontrei com Will Schuester hoje pela manhã e ele disse que estava preocupado com Rachel, porque ela havia saído do clube Glee há mais de um mês... – Houve um novo silencio, mas dessa vez Shelby não cogitou desligar. Na verdade ela estava implorando que ele respondesse logo.
─ Mas ela nunca saiu...
─ Ela saiu, Kevin! – Shelby protestou, com uma voz dolorosa. – Me deixe falar com ela, por favor...
─ Rachel não está, Shelby. Há mais de um mês ela sai nas terças dizendo que vai aos ensaios do coral durante a tarde na escola. E agora que me disse isso... Estou realmente preocupado onde ela pode estar indo. – Shelby sentiu a preocupação de pai na voz dele, mas não havia o desespero que havia surgido dela. No entanto, Shelby tinha ideias.
─ Ela diz isso sempre?
─ Sim, todas as terças e algumas quintas. Só volta às sete, que era o horário que os ensaios acabavam. – Ele parou por alguns segundos, respirando fundo. – Você tem certeza disso, Shelby?
─ Certeza absoluta, Kevin. – ela suspirou, pensando se devia falar o que imaginava. – Se você me deixar... Acho que sei onde ela pode estar...
Shelby entrou na loja de música e a melodia leve do piano, com a voz jovem acompanhando-a, já podia ser ouvida da porta. Ela seguiu o som enquanto passava os olhos por algumas prateleiras. Conforme chegava mais perto, podia ouvir a voz de Rachel com mais clareza. Já estava no fim da música quando alcançou o piano no centro da loja, e algumas pessoas olhavam a garota com admiração enquanto a mesma embalava uma canção de Celine Dion.
Não demorou para que terminasse e enquanto isso Shelby ficou ali observando-a numa distancia considerável. Rachel era muito talentosa e tinha tanto de Shelby, chegava a deixa-la com os olhos mareados, como uma mãe boba. Ela estava ainda melhor que na ultima vez que a viu nas Regionais. Conseguia cativar as pessoas, como Shelby notava pela quantidade de aplausos. Não entendia como podia tê-la renegado. Rachel era ela. Exatamente igual. Talvez isso tivesse sido um dos fatores que assustou Shelby, mas não era algo que a deixava mais com medo. E queria mudar aquela distancia entre elas. Ia fazer por ambas.
Quando os aplausos cessaram, Rachel fechou sua partitura e ficou de pé. Shelby fora a única que continuara aplaudindo, por isso seus olhos se encontraram. E Shelby sorriu enquanto caminhava até a garota.
─ Você continua tão talentosa...
─ O que está fazendo aqui?
─ O que você está fazendo aqui, Rachel? – Shelby cruzou os braços, com um olhar doloroso. – Não devia estar no coral essa hora?
─ Eu saí do coral. – Respondeu simplesmente, com o cenho franzido.
─ Não foi o que Kevin me disse. – Rachel ficou embasbacada e furiosa ao mesmo tempo.
─ Você falou com meu pai? – Shelby limitou-se a afirmar com a cabeça. – Você não tinha esse direito, Shelby! – Revoltada, Rachel deu passos largos, cogitando tentar fugir. Mas Shelby foi mais rápida e a segurou pelo braço.
─ Onde pensa que vai, Rachel?
─ Me deixe em paz, Shelby. Eu já superei o fato que você quer uma família feliz comigo bem longe. Eu estou bem! Ah, mas me esqueci... Você não se importa! Pode ir embora. – as palavras a feriram, por isso que ela soltou o braço da garota. Rachel estava certa, mas enganada. Shelby sabia bem que ela não tinha superado e nem estava bem.
Rachel ficou ali por alguns segundos, observando os enormes olhos de Shelby mareados. Aquilo a feriu também, havia ferido a própria mãe. Mas foi embora.
Não era porque Shelby a havia soltado que ia larga-la, então foi atrás dela, alcançando-a do lado fora. Uma chuva torrencial parecia querer inundar Ohio e Shelby nem tinha noção quando naquele curto intervalo de tempo havia começado. Mas nenhuma das duas teve problemas em ficar ensopada.
─ Eu fui idiota! – Shelby berrou, para que a filha parasse de fugir entre os carros. Rachel parou no meio da chuva, a cabeça estava baixa encarando o chão, mas continuou de costas para ela. – Fui uma completa idiota. – Shelby também parou, quando ficou bem atrás dela, apenas dois passos. – Fugi por medo. Medo de você achar que eu não era uma relação que se valia a pena tentar tanto para manter. Medo que as coisas ficassem confusas entre nós, ficassem confusas para você. Fugi porque foi a opção mais conveniente. Porque sou uma covarde. Eu a queria tanto comigo! E você veio tão rápido que eu tive medo. Eu não estava pronta ainda e precisei perdê-la mais uma vez para notar o quão importante você é para mim, Rachel. Eu sou uma covarde, mas você é minha filha e eu a amo tanto!
─ Quando eu a conheci fiquei tão feliz. – Rachel começou baixinho, sem saber que era a única que chorava. Assim que ela se virou, Shelby viu que não eram somente as lágrimas que molhavam o rosto da garota. – Eu estava realizando um sonho. Você era meu sonho. Quantas vezes não imaginei como você era! Como era ter uma mãe para me arrumar para sair. Para me ajudar a cantar. Eu sentia que podia dar tão certo. Você era muito mais maravilhosa do que eu tinha imaginado! Barbra chegou a ficar em segundo lugar na minha lista, das pessoas mais incríveis que eu preciso conhecer, assim que eu a ouvi cantar. No primeiro refrão de FunnyGirl eu soube que era você a mulher que tinha cantado na fita para mim. E desde aquela fita nenhuma Barbra era tão maravilhosa quanto a minha mãezinha. E depois você, a pessoa que eu tanto sonhei que fosse me amar, simplesmente não me quis. – Rachel agora não era mais a única a soluçar. – Quando você foi embora, que nos despedimos no auditório do McKinley, foi a única vez que eu não consegui pensar num elogio a maneira que eu cantava. Porque você tinha partido.
─ Rachel... – Shelby soluçou, com os lábios tremendo e as lágrimas os atingindo com o salgado sabor da verdade. – Me perdoe.
─ Eu nunca quis que você fosse minha mãe, Shelby. Eu queria que você fosse minha mamãe...
