Fic escrita para o II Challenge Harry/Hermione. Se vocês gostarem, não esqueçam de comentarem! (rimou).
Até.
Você era o menino-que-sobreviveu, o rapaz que derrotou Lord Voldemort e passou por várias outras coisas. Todos os anos de sua vida escolar você enfrentou algum tipo de perigo, e mesmo que não saísse completamente ileso, conseguiu sobreviver. Mas não conseguia falar com uma garota. Não conseguia dizer o que sentia.
E você se achava extremamente estúpido por isso. Qual era a dificuldade? Medo de ser rejeitado? Ou, talvez, culpa por gostar da garota que seu amigo gostava.
Mas um dia você resolveu fazer diferente. Em uma tarde. A tarde.
Você resolveu tentar, ao menos, demonstrar o que sentia.
A relação que tinham não durou muito depois daquela tarde – a tarde onde tudo acontecera.
Mesmo que por um momento se sentisse culpado, não conseguiu deixar de sentir certo alívio. Não precisava mais esconder o que sentia, nem fingir que o frio que sentia no estômago era resultado de um mal-estar. Naquela tarde, você pôde fechar os olhos, e se entregar aos seus sentimentos, sem culpa.
Você guardaria durante anos na sua memória a frase que havia desencadeado o que aconteceu depois.
.X.
"Seus óculos estão tortos."
Ela se aproximou com o intuito de endireitá-los. E seu coração disparou, e suas mãos tremeram. Você se torturou com a possibilidade dela descobrir...
Ela não poderia saber, certo?
E ela se aproximou ainda mais, e você não fez questão de pará-la. Não agora, que os lábios dela estavam tão próximos. Não agora, que as mãos trêmulas dela estavam roçando sua pele. Trêmulas. As mãos dela eram mornas. E estavam trêmulas.
Ela deixou os óculos escorregarem do seu rosto, e vocês riram. A sua tensão era quase palpável, mas ainda assim você tentava disfarçá-la. Se ela soubesse...
Ela saberia?
Com uma das mãos nas hastes dos óculos, e a outra estendida, ela se aproximou de você. Automaticamente o rosto dela se aproximou do seu. Seus lábios secaram e foram cobertos pelos dela.
Ela também gostava de você.
E você dela, mesmo que as palavras não saíssem de seus lábios. E foi em uma tarde como aquela – onde tudo começou – que tudo terminou.
.X.
"Eu não posso mais fazer isso."
Como ela poderia falar isso? Ela sabia o que você sentia por ela, certo? Ao menos era isso que você queria.
Afinal, ela não deveria saber?
E você se torturou com a lembrança de como tudo começou: com seus óculos tortos e escorregadios. E a relação de vocês era extremamente escorregadia, como os seus óculos. Precisava de algo a mais para mantê-la, algo equivalente a apertar as hastes.
Então você se lembrou como ela gostava de metáforas. Ela era inteligente, gostava de tentar interpretar sinais e significados. Mas ela não captou seus sinais, ela não te entendeu. Talvez porque as pessoas sejam lentas para entender sentimentos, quando esses lhes dizem respeito.
No dia seguinte, seu melhor amigo a pediu em casamento. Era isso então. Ela queria estabilidade. Ela queria saber.
Ela não sabia.
Você a amava, mas ela não percebeu. E depois de presenciar a felicidade dos dois, preferiu omitir a ignorância dela em relação ao que você sentia. Seu erro.
Talvez, um dia, ela soubesse.
