Hell yeah! ò.ó
Uma fic completa de Naruhina e um pouco de Kibasaku, só para adocicar :P E sim, eu não sou muito boa com sumários ;-;

Disclaimer: O Naruto, infelizmente, não me pertence
Vamos á história! ^^ Atsuko, gambarimasu! :D

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- Hinata-san, sabe que é perigoso andar fora dos seus aposentos a esta hora, não sabe?
- Eu sei. Mas é que a lua cheia está tão bonita, não lhe consigo resistir.

A lua cheia iluminava o vasto jardim que se estendia em redor da enorme mansão. Cada flor, cada gota de água, cada erva tinha o seu próprio brilho mas, no entanto, algo brilhava mais que tudo junto. Uma bela rapariga. Uma bela rapariga que jazia deitada sobre a relva húmida. Os seus cabelos negros como o breu encontravam-se espalhados em redor da face, os seus cabelos negros davam a ideia de um rosto ainda mais delicado. Várias madeixas relaxavam sobre aquele rosto de anjo. A pele branca e brilhante, pela luz do luar, toda ela parecia ser uma boneca. Uma boneca feita pelo mais hábil artesão. Mas o que mais se destacava nesta criatura, que não poderia ser humana, era os seus olhos cor de pérolas. Examinavam cada ponta do jardim, cada formigueiro e cada rã, a saltar para o pequeno lago rodeado de pedras.

- Hinata-san, sabe que o seu pai não gosta que esteja no jardim até tão tarde. – Como um simples ser humano ousava falar à rapariga que repousava na relva.

A rapariga suspirou. Queria ter ficado ali a admirar a lua e as estrelas, apenas por um pouco mais. Nunca saberia qual seria a última vez que as veria. Levantou-se habilmente e prendeu o cabelo com um gancho prateado. Agora, de pé, conseguia-se imaginar cada traço do seu corpo. O quimono azul-escuro com acabamentos prateados, davam um ar celestial á rapariga. O seu cabelo negro caía, como uma cascata pelos seus ombros, até chegar á sua cintura, decorada com o obi dourado. Caminhou até alcançar o corredor exterior. A criada de olhos verdes estendeu-lhe uma toalha. A rapariga de cabelos negros recusou gentilmente, não precisaria dela. Sentou-se na madeira e tirou as meias e pousou os pés na relva húmida, sentido cada pedaço de terra. Aquela sensação sabia tão bem. Esboçou um pequeno sorriso. Deveria ter experimentado aquela sensação mais cedo, mas parva como tinha sido ao longo dos últimos dezassete anos, deixou-se ficar confinada no seu quarto, sob as ordens do seu pai, Hiashi Hyuuga. Voltou a levantar-se, com as meias de linho na mão e caminhou até ao seu quarto. Mas a criada com peculiares cabelos rosados, interceptou-a.

- Não será bem vista se andar com as suas próprias meias nas mãos, pois não? O que diria o seu pai e o seu noivo? – A criada retirou as peças de indumentária das mãos da dama.
- Sakura-chan, quantas vezes eu já te disse que não precisas de me tratar assim quando estamos só nós as duas? – Hinata sorriu meigamente, um dos seus sorrisos conseguiam acalmar até o fogo mais ardente. Colocou uma mão sobre o ombro da dona dos olhos verdes. – Nós conhecemo-nos desde crianças, à dezassete anos. Não precisas dessas formalidades.
- Peço desculpa, Hinata-san. Mas de acordo com a tua posição, é a maneira mais adequada de me dirigir a ti. O teu pai não gostaria nada de saber que tens amizades com umas das criadas da casa.
- Mas, Sakura-chan…

Hinata foi interrompida por passos pesados e vigorosos. Ambas, tanto a morena quanto a rosada, viraram-se para vislumbrar o dono de tal rigorosidade. No fundo do corredor, uma figura alta destacava-se por entra a escuridão, iluminada apenas pelo luar.

- Kiba-san… - O nome saiu como um suspiro dos lábios finos de Hinata, que se recompôs logo.

A figura alta saiu da penumbra com apenas três passos grandes. Um rapaz dos seus dezoito anos, encontrava-se em frente das raparigas, de pé. O cabelo castanho-escuro como chocolate, rebelde como sempre, fazia a sua cara parecesse mais madura, as íris castanhas escuras, quase negras, penetravam nos olhos de qualquer um que se atravessasse á sua frente. Os músculos firmes destacavam-se por baixo da camisa de linho branco. Hinata conseguiu ouvir um leve suspiro detrás de si. Sabia que a sua amiga, Sakura, se tinha apaixonado á primeira vista por aquele rapaz lindo. Quem no seu perfeito juízo não o faria? Pois, ela, Hinata não estava no seu perfeito juízo.

Kiba Inuzuka, herdeiro do clã Inuzuka. Um clã com um grande poder bélico. Talvez tenha sido por isso que o seu pai e o pai de Kiba, decidiram que os jovens, ao completarem dezoito anos, deveriam casar-se. Unir os dois clãs: Inuzuka e Hyuuga. Desde pequenos que Hinata e Kiba brincavam juntos, os seus pais tinham esperanças que o amor entre eles viesse a florescer mais cedo ou mais tarde, mas tal não aconteceu. Em vez disso, uma amizade de estabeleceu. Uma amizade que duraria para sempre, tão forte como se fossem irmãos. Irmãos. Eles não passavam disso. Só de pensar que teria de ter a sua primeira vez em tudo, com um amigo que considerava "irmão" um nó no estômago começava a formar-se. Não gostava nada daquela ideia e sabia que Kiba também não a apreciava.

Sakura mantinha os olhos verdes em Kiba. Tantas vezes sonhara com aquele rapaz. Mas não passava disso, apenas sonhos. Todas as noites o tentava alcançar, todas as noites falhava miseravelmente nessa tarefa. Se tivesse nascido em berço de ouro, talvez tivesse a mesma sorte que a sua amiga e casar com aquele rapaz maravilhoso. Se observasse com atenção conseguiria imaginar-se a perder-se dentro dele. Naquele mundo, tudo era novo. Aquele mundo era totalmente oposto ao seu! Não seria possível que um herdeiro das quatro casas se apaixonasse uma simples e pobre criada.

Aquele silêncio estava a incomodá-la. Queria quebrá-lo mas não sabia como. Alguém conseguiu adiantar-se a ela. A rapariga de olhos pérola, saiu dos seus devaneios e olhou para o rapaz que estava á sua frente.

- Passasse alguma coisa, Kiba-san? – Com aqueles olhos mágicos, ela fintou o rapaz. – Pareces alterado. Queres conversar?
- H-Hinata-sama, eu irei andando para o seu quarto. Por favor, fique aqui e fale com Kiba-sama. Mas não se demore muito. Com a sua licença. – Sakura fez uma vénia e seguiu para dentro da mansão de madeira e argila, deixando os dois a sós. Só Deus sabia como tinha custado a Sakura fazer aquilo.

Hinata olhou a rapariga por cima do ombro. Percebeu o lance de tristeza que ela continha na voz. Não queria culpar-se por fazer a amiga sofrer, tinha sido uma decisão de ambos os líderes ao nascimento deles os dois. Não haveria nada que conseguisse fazer para impedir o matrimónio. Sentiu-se interrompida da sua linha de raciocínio. Uma das mãos grandes de Kiba, pegou numa das mãos delicadas dela. Não tinha notado que ele se tinha tornado um homem. Sorriu para si mesma. As mudanças do amigo não foram evidentes aos olhos dela. Deixou escapar um leve suspiro. Estaria assim tão cansada daquela vida que já não conseguisse ver as mudanças que aconteciam todos os dias?

- Hina-chan – Tinha sido o apelido que Kiba lhe tinha dado quando tinham apenas sete anos. – Sabes, estiver a pensar bastante sobre a situação em que nos encontramos…aceitas um passeio comigo, sob o olhar desta magnifica lua? – Ela conseguiu vislumbrar um sorriso tímido a nascer nos lábios dele e assentiu com a cabeça. – Não terás frio nos pés?
- Tens razão, mas não será um simples passeio que me fará mal aos pés, Kiba-kun. – Mais um sorriso dela.

O rapaz, dono dos olhos castanho-escuro, tomou a mão dela delicadamente e saltou para a relva molhada pelo orvalho. Em seguida, estendeu os braços para que ela se apoiasse. Tinha o degrau de pedra para descer, mas quis ter a sua querida amiga nos braços por mais uns momentos. Pousou a rapariga, gentilmente, no chão e ofereceu-lhe o braço, para que ela se apoia-se no mesmo. Assim que sentiu o toque meigo de Hinata, uma caminhada iniciou-se pelo jardim.

- Hinata… - Mau sinal. Quando Kiba a chamava pelo nome e sem sufixos, era mesmo muito mau sinal. – Eu tenho andado a pensar, na verdade já ando a pensar nisto á bastante tempo, mas só agora é que tomei coragem necessária para falar contigo sobre isto…

Ela apenas o olhou, com aqueles olhos pérola, cheios de ternura. Adorava quando ela o olhava assim. Sentia-se mais leve. Não era por acaso que ela era a sua melhor amiga.

- E chegas-te a alguma conclusão? – Levou a mão à boca. – Peço perdão, não te deveria ter interrompido. – Disse ela calmamente.
- Não tens que pedir desculpa. Também não tens que falar tão formalmente, conheces-me desde que nasci. Quer dizer, se formos ver bem as coisas, eu é que te conheço desde que nasceste. – O rapaz fez um ar pensativo engraçado, o que fez ela soltar uma graciosa gargalhada. – Adoro quando ris, Hinata. É pena rires tão pouco. Farias as pessoas mais felizes se risses mais vezes. E além disso, ficas mais bonita. – Kiba sorriu abertamente.

Ela corou levemente. As suas maçãs do rosto tornaram de um branco quase pálido para um tom de rosa claro. Desta vez, foi a vez dele soltar uma gargalhada. Era tão engraçado ver a reacção de Hinata aos elogios.

- N-não digas coisas a-assim, Kiba-kun. Tu s-sabes que fico envergonhada. – Hinata baixou a cabeça ligeiramente, o suficiente para que a sua franja lhe tapasse parte dos olhos.
- Peço desculpa, mas não consigo resistir. – O seu sorriso era meigo. – Poderemos sentar-nos a conversar, ao lado do lago? Parece um bom sítio.
- Claro, não vejo qualquer problema. Mas, Kiba-san, queres falar sobre o quê?
- Ao chegarmos, logo te direi.

Caminharam os dois por um trilho de pedras brancas e lisas, até alcançarem o destino final. O herdeiro Inuzuka ajudou Hinata a sentar-se no relvado, sentando-se logo ao lado dela. Viu-a a ajeitar o seu quimono. Como ela era bonita, pensava ele. Mas mais bonita que ela só mesmo uma outra rapariga que ele sabia. Perdido em pensamentos, ele imaginava todas as noites como seria a sensação de estar ali a ver estrelas cadentes. Já tinha visto algumas, mas sempre pensou em vê-las com uma pessoa especial. Claro que Hinata era especial para ele, eram como irmãos! Mas não passava disso, amor de irmãos. Não…ele sabia bem quem queria ali ao seu lado.

Hinata percebeu os devaneios de Kiba e fez logo questão de o acordar, com um estalar de dedos. Ele olhou para ele, como se tivesse acabado de sair de um sonho bom e profundo. Mas logo se recompôs. Uma postura séria, séria demais para um jovem de apenas dezoito anos. A lua iluminava os seus cabelos castanhos como chocolate, mas o que se apreciava melhor naquela imagem eram mesmo os seus olhos quase negros. Ele pegou na mão delicada e suave da rapariga que se encontrava á sua frente. Um pequeno rasgo de confusão passou pela mente da doce menina, que ficou as suas duas pérolas no rapaz á sua frente.

- O que se passa, Kiba? – Perguntou-lhe sem rodeios.

Ele respondeu de uma vez só.

- Tanto tu como eu não queremos este casamento forçado. Sei que não queremos casar um com um outro, porque seria contra-natura. És como uma irmã mais nova para mim, Hinata. Eu irei sempre proteger-te, não importa qual for a situação. Eu irei lá estar para te ajudar. – Levou a mão aos lábios e plantou um beijo meigo na mesma. – Eu tenho um plano. – Murmurou. – Não sei se dará resultado, mas temos que tentar. – Levantou a cabeça para contemplar a rapariga, que agora estava com um ar de total surpresa. – Estás disposta a aceitar o plano?

Um silêncio instalou-se entre eles. Hinata olhava para a sua mão e de Kiba, ainda surpresa com o facto de Kiba não querer casar. Ela lembrava-se de vários momentos da sua infância em que ele dizia que quando se casasse com Hinata teriam muitos cachorros. Esboçou um leve sorriso ao recordar as palavras do amigo. De facto, achava imensa piada à paixão que Kiba tinha com canídeos. Gostava tanto deles que até chegava a ser uma mania engraçada. Mas tinha que manter a mente dentro da conversa, senão não conseguiria achar uma simples resposta para uma pergunta complicada como aquela.

- Aceitarei… - Ouviu-o a suspira de alívio. – Mas apenas quando ouvir esse tal plano. O que pensas fazer? Tu sabes qual será o nosso castigo senão nos casarmos, não sabes? – Um leve tremor na sua voz, fez que Kiba arrepiar-se. Não a queria ver assustada, mas seria a única opção que tinha.
- Tenho consciência disso, mas Hinata… - Fez uma pequena pausa. – Isto não é vida para nenhum de nós. Especialmente, para ti.

Hinata suspirou. Na verdade, aquilo não era vida para ninguém. Desde pequena que foi ensinada a comportar-se como uma autêntica dama da sociedade. Ensinaram-na a bordar, ensinaram-na a fazer um chá digno, ensinaram-na a tratar das flores, do seu jardim, ensinaram-na a conversar adequadamente e ensinaram-na como se deveria comportar perante os demais. Mas nunca a ensinaram a viver. Nunca soubera como era subir até a uma árvore, nem nunca a ensinaram os encantos do mundo. Desde pequena que nunca tinha saído da sua mansão, no meio das montanhas, vivia apenas com o seu pai, irmã e criadas. Estava enclausurada naquele mundo triste e cinza. Apenas os seus dois amigos, Kiba e Sakura, a conseguiam alegrar nos momentos mais melancólicos. Achou-se muito sortuda por os ter conhecido.

- Hinata, poderias falar alguma coisa? Estás a deixar-me com o coração nas mãos. – O rapaz rompeu a linha de pensamento dela, fazendo-a acordar.
- Peço desculpa, não era minha intenção deixar-te nesse estado. – Fez uma pausa e largou a mão do rapaz, para entrelaçar as duas mãos sobre o colo. – Seria óptimo sair deste lugar. Não vejo a hora de ir embora, mas sei que isso nunca acontecerá. – Baixou a cabeça, mas tratou logo de a elevar de novo com um dos seus adoráveis sorrisos. – Qual é o teu plano, Kiba?

O rapaz sorriu. Sabia que aquele sorriso era como se ela dissesse que estaria disposta a tudo. Conhecia a jovem demasiado bem. Alegrou-se por serem amigos, mas lá no fundo uma tristeza tomava conta dele. Pensar que teria de deixar a amiga sozinha, queimava-lhe a alma.

- O plano será posto em prática amanhã à noite. Fica preparada para qualquer coisa. Passo a explicar – Respirou fundo. – Amanhã à noite será a reunião dos líderes das quatro casas: Inuzuka, Hyuuga, Nara e Uchiha. Nessa reunião serão discutidos vários assuntos, entre eles a nossa união ou, como o meu pai gosta de chamar, "um evento a recordar". Eu estarei presente nessa reunião enquanto tu te preparas para fugir. Durante a reunião a guarda estará mais concentrada nas portas da sala onde decorrerá o encontro, por isso os portões das traseiras estarão abertos. Será a tua oportunidade para escapar.
- Mas, então, e tu? Kiba, o que é que farás? Não te podes colocar em perigo! – A preocupação inundara-lhe a voz. Não queria perdê-lo. Era demasiado importante. Apenas se recusava a acreditar nisso.
- Não te preocupes, não me farão mal algum. – Passou a mão pela face branca da amiga. – Eu direi que recuso casar-me contigo. Tenho a certeza que eles ficaram pior que estragados, mas eu estou-me bem nas tintas para o que eles pensam ou deixam de pensar. Mas voltando ao plano. À meia-noite em ponto, os portões das traseiras estarão sem guarda, pois a essa hora estará toda reunida no portão principal. Essa será a tua oportunidade, Hinata. Foge para as montanhas!
- Sozinha? Tu não virás comigo? – Ela agarrou-lhe os braços, musculados por sinal.
- Eu irei ter contigo, assim que possível. Mas levarei uma pessoa. Essa pessoa também te ajudará a fugir, mas estarás por tua conta por uns tempos. Não é um plano perfeito mas é o único que tenho. – Deu um beijo na testa da pequena. – Atenção numa coisa…
- No quê? – Olhou para ele com atenção.
- As montanhas guardam muitos segredos, muita magia também. Com certeza já ouviste a história que circula na aldeia, certo? – Ela negou com a cabeça. – Os teus professores não te ensinaram isso? – Ele fez uma careta, surpreso. – Então, eu conto-te, não seja por isso. Nas noites de lua cheia, como esta, se estiveres bem atenta conseguirás ouvir os urros de desespero da besta.
- Do que estás a falar? Eu não acredito em histórias de terror.
- Mas o mais interessante é que isto não é uma simples história, é real.
- Tu…tu viste?
- Não, mas…
- Então, é uma história, Kiba. Não é real. Mas, que besta estás a falar?

Ele sorriu. Ela sempre fora curiosa, sempre quisera saber coisas sobre magia e lendas, só que não a deixavam estudar essa matéria.

- Da raposa, Hinata. A Raposa das Nove Caudas. Durante as três noites de lua cheia, a raposa, sai do seu esconderijo para se alimentar de pobres almas inocentes. Não me admiraria se a tua fosse a próxima.
- Kiba, tu sabes que eu já não me assusto com essas histórias de criança, não sabes? – Ela olhou para o amigo com um ar de relativa superioridade, como se dissesse que já não era uma criança que teima em não querer ir dormir.

Kiba suspirou. A amiga continuava teimosa como sempre, mas isso não o fez mudar de ideias. Apertou ligeiramente as mãos macias da amiga e aproximou-se do ouvido dela, murmurando.

- Fechas os olhos…
- Kiba, a sério, não creio que isso vá resultar. Não vais conseguir assustar-me. – Um pequeno sorriso atravessou o rosto de anjo da rapariga.
- Apenas faz o que te digo. Fecha os olhos. – A menina de olhos pérola suspirou e fechou os olhos. Kiba sorriu ao ver que ela tinha dito o que ele lhe tinha dito. – Agora, concentra-te.

Hinata respirou fundo e concentrou-se em tudo á sua volta. Por momentos, não ouviu nada. Silêncio. Silêncio esse que se estendeu por mais uns meros momentos. Ou terão sido longos momentos? Não sabia ao certo. Parecia que a Natureza a tivesse engolido e que tudo em seu redor se passasse em câmara lenta. Mas finalmente, conseguiu interceptar algum som. O vento. O vento que dançava nas folhas verdes, que brincava na relva húmida, que fazia o seu cabelo longo esvoaçar, o vento que lhe trazia outros sons. O som da água a deslizar pelas pedras. O som da sua respiração, e de Kiba. O som…somente o som. Manteve-se em contacto com a Natureza por mais uns momentos e quando finalmente ia para abrir os olhos raros, o seu coração quase lhe saltava do peito. Ao longe, nas montanhas, ouvia espasmos. Espasmos, gritos, gemidos, urros de dor. Se Kiba não estivesse ali com ela e a segurar-lhe as mãos, ela correria ou choraria. A montanha sempre lhe parecera amigável e linda. É certo que nunca tinha oportunidade de explorá-la, devido a todas as lições que tinha para se tornar uma autêntica dama, mas não fazia ideia que o seu amigo de infância estava certo. De facto, era noite de lua cheia e conseguia ouvir os tais urros nas longínquas planícies. Por momentos, o seu coração foi tomado pelo medo. O que seria aquilo? Viria atrás dela? Atrás da sua família? Estariam a salvo naquele local?

- Abre os olhos. – Um murmuro perto do seu ouvido, fez com que ela saltasse mais que imaginava, abriu logo os olhos pérola. Olhou para o amigo, que notou o receio nela e a abraçou. – Estás bem? Ouviste alguma coisa?

Como se tinha ouvido alguma coisa? Claro que tinha ouvido qualquer coisa! Ele não? Como é que ele não tinha conseguido ouvir aqueles sons de arrepiar até o mais bravo guerreiro? Ou se calhar, era ela que estaria a dar em doida. Era capaz de ser isso. Já tinha ouvido falar que as pessoas imaginam sons e sentimentos e tudo mais quando estão assustadas. Não queria admitir mas, a verdade era que, estava completamente assustada. Vivia naquelas montanhas á muitos anos e nunca nesses anos tinha ouvido sons daqueles. Por muitos anos deitava-se na relva e observava a lua cheia, que tinha um efeito agradável nela, e nunca, nunca lhe tinha passado pela cabeça que tal coisa existisse! Um monstro? Talvez, não tinha a certeza. Mas com certeza não era humano. Nenhum homem, são ou doido, conseguia imitar os ruídos. Tinha que se acalmar. Ficar nervosa não ajudaria em nada de nada! Respirou bem fundo, várias vezes, e olhou nos olhos castanhos-escuros do Kiba, que a fintavam com atenção e curiosidade.

- Com que então não tinhas medo! – Ele soltou um riso. – Que mariquinhas saíste, Hinata! – Ainda a rir, Kiba, não notou que a amiga tinha tirado as mãos das suas e se tinha levantado. Quando reparou, ela já se dirigia ao seu quarto. Pôs-se logo de pé. – Hinata! Espera, Hinata! – Não demorou muito para chegar até ela e alcançar-lhe o braço. – Desculpa, não te queria assustar.
- Não faz mal. – Ela sorriu levemente. – Não te preocupes, não estou zangada apenas cansada. – Ainda a sorrir, colocou a mão branca sobre a mão forte e grande dele. – Acho que está na hora de todos nós irmos descansar, não te parece? Já ficámos muito tempo cá fora, ainda apanhamos uma constipação ou algo do género. Boa noite, Kiba. – Plantou um beijo cheio de ternura da bochecha de Kiba e seguiu para o seu quarto, onde se encontrava Sakura.

Caminhou pela relva até chegar ao corredor de madeira. Subiu os pequenos degraus de pedra, segurando o quimono, para que este não lhe atrapalhasse a locomoção. Dirigiu-se até ao seu quarto e, desviando as portas de madeira de bambu e papel fino, entrou. Sakura já a esperava, perto do tocador. Hinata ajoelhou-se em frente do espelho e observou-o atentamente. Cada traço do seu rosto, cada fio de cabelo que lhe caía pela face. Levou os dedos á sua pele e tocou-a levemente. Pensou nas palavras que o seu pai lhe tinha transmitido desde pequena: "És a desgraça da nossa família, Hinata. Fraca e ingénua. Como é que a tua mãe conseguiu dar á luz uma criança como tu? E mesmo assim, a sua foi alma ter sido retirada de nós", uma de muitas conversas que tivera com o seu pai ao longo da sua insignificante vida, pensava ela. "Servirás para algo assim que te casares com o herdeiro do clã Inuzuka. Talvez assim conseguirás trazer alguma paz a esta casa". Lembrava-se dessa conversa. Na noite em que seu pai tinha anunciado a todos, inclusive a ela mesma, que as duas casas, Inuzuka e Hyuuga, se iriam unir em matrimónio. Momentos antes do anúncio ser feito, o seu pai falara-lhe sobre isso. Ela nem conseguiu responder direito ao "pedido" dele. Apenas ficou calada a observar o seu destino ser traçado por outros, sem ser ela. Nunca se conseguiu prenunciar. Saberia o que lhe aconteceria se o fizesse. As mulheres, principalmente as dos quatro clãs, não tinham o direito de meterem em assuntos dos mesmos. Apenas assistiam. Apenas eram utilizadas para gerarem um próximo herdeiro e nada mais. Eram meros objectos, nas mãos deles. Ela queria ser diferente, pensar por si mesma! Mas o seu pai nunca a deixara atrever-se a tanto. Aquela rapariga, prestes a completar as dezassete primaveras, talhada nas malhas da mais alta sociedade, a ser manuseada pelos mais habilidosos mestres. Não era vida. A sua pele era branca e perfeita, os seus lábios eram vermelhos e finos, os seus olhos eram levemente salientados do seu rosto e o seu cabelo cheirava ao mais doce perfume. Sakura, pelo contrário, tinha a pele morena de trabalhar de sol em sol, os seus lábios estavam levemente gretados, os seus olhos eram ainda mais lindos que os dela, mas o seu cabelo não demonstrava qualquer sinal de estar bem tratado, o coque feito á pressa deixava alguns fios de cabelo escaparem o que lhe dava um toque silvestre. Sorriu para si e só acordou ao sentir a mão quente da amiga no seu rosto.

- Hinata-san, o que se passa? Porque choras? – Perguntou a rapariga de cabelos rosa. O tom de preocupação assentava-lhe na voz. – Doi-te alguma coisa? Queres que vá chamar um médico?

Chorar? Ela estivera a chorar e não dera por nada. Passou os dedos pelos olhos e limpou as teimosas lágrimas.

- Está tudo bem, Sakura-chan. – Sorriu, como sempre fazia. – Não me dói nada, apenas me perdi em pensamentos tristes.
- O seu pai não gostaria de saber que está a chorar. – Sentou-se ao lado dela, para a acalmar. – Quer um chá para acalmar?
- Creio que o meu pai não se importaria que eu estivesse a chorar. – Sorriu mais uma vez, mas desta, sorriu tristemente. – Podes ajudar-me a tirar o quimono? Já está na hora de dormir, deverias fazer o mesmo.
- Claro que a ajudo a tirar o quimono, afinal de contas é o meu trabalho como sua criada.

Sakura levantou-se e posicionou-se atrás de Hinata, retirando-lhe o gancho adornado com pérolas que desfazia o leve arranjo. Os cabelos da morena caíram até à sua cintura. Os cabelos longos, e soltos, emanaram o aroma leve que possuíam. A dona dos olhos verdes desapertou o obi na parte de trás e colocou-o sobre o chão. Levou as mãos às golas do quimono e puxou-o para trás, deixando o quimono branco interior à mostra. Hinata levantou-se e dirigiu-se até á sua cama, sentou-se e tirou o que restava do quimono, ficando em roupa interior.

- Hinata-san, se tiver frio durante a noite tem aqui o seu robe e não hesite em usá-lo. – O que Sakura disse parecera mais uma ordem do que um pedido.
- Obrigado. – Foi tudo o que ela conseguia dizer.
- Obrigado? Obrigado pelo quê, Hinata-san? – Perguntou Sakura, confusa.
- Por sempre tomares conta de mim. Apesar de teres a minha idade, ás vezes considero-te a minha mãe. Quem me dera que ela estivesse aqui, neste momento. Ao menos poderia reconfortar-me. – Desviou o olhar da amiga, até nos momentos mais simples conseguia ficar triste. Suspirou. Ela era tão insegura que até se tornara estranha para si mesma.
- Mas se quiser eu posso reconfortá-la, embora eu saiba que não possa ocupar o lugar da sua mãe. – Sakura sentou-se ao lado da morena e colocou a mão sobre a cabeça dela, para que a pusesse sobre o seu ombro. – Está tudo. Tudo irá correr bem.

Hinata sorriu e fechou os olhos. Deixou levar-se pelas recordações e bons momentos que passara com a sua mãe. A sua mãe que morrera ao dar á luz a sua irmã, que também não conseguiu resistir ao parto. Ela tinha dez anos quando isso aconteceu. Ficou desolada ao saber o que tinha acontecido á sua mãe, mas ao observar a face inerte de sentimentos do pai, a tristeza transformara-se em solidão. O pai transformou-se no bloco de gelo mais gelado de todo o mundo. Com a sua mãe ao seu lado tudo teria sido mais fácil de suportar. Tinha conseguido sentir o carinho e amor que ela lhe dera em dez anos, mas que o pai nem em dezassete se atreveu a transmitir. Sabia que o seu pai não gostava dela. Para ele, Hinata, tinha apenas um objectivo: casar com alguém dos quatro clãs. Seria esse o seu destino, estava definido desde a sua nascença. Tinha prometido que não derramaria uma lágrima, mas a promessa, naquele tempo, parecera-lhe mais fácil de cumprir do que agora. Acabou por adormecer no ombro amigo. O dia seguinte estaria cheio de surpresas, pensou ela antes de dormir. Seria melhor preparar-se.

Sakura virou a cara para a morena adormecida e esboçou um leve sorriso. Hinata nunca deixaria de ser a mesma. Preocupava-se sempre demasiado com os outros e pouco com ela, mas ela deveria tornar-se um pouco mais egoísta. Se assim fosse para sempre a sua vida iria ser carregada de problemas. Com cuidado, deitou a sua "mestra" na cama e tapou-a com os finos lençóis de linho, perfeitos para uma noite de verão. Saiu do quarto despedindo-se com um olhar meigo. Caminhou para aquilo que chamava "quarto" mas que, na verdade, era apenas um cubículo. Suspirou. Como odiava aquele trabalho. Tinha a certeza que adorava Hinata como uma irmã mais nova, mas tirando isso mais nada a prendia ali, naquelas masmorras que se intitulavam "mansão". A sua mãe tinha servido a mãe de Hinata, eram grandes amigas até a mestra morrer. Assemelhavam-se a irmãs, embora não fossem de sangue, consideravam-se irmãs em tudo. Mas assim que a senhora mãe de Hinata morrera no parto, juntamente com a bebé, a sua mãe adoeceu e morrera também. Nessa época, Sakura, faria qualquer coisa para esquecer aquela dor de perder um ente querido, por isso tornou-se criada, estremeceu ao pensar no nome, de Hinata. Não era mau de todo, pois podia cuidar dela, não que ela desse muitos problemas, muito pelo contrário! Era uma boa menina. Sorriu para si mesma e caminhou para o seu dito quarto. Quando estava a meio do trajecto, ouviu algo a cortar o ar. Virou a cara para o jardim e ali estava ele. O vento teimou em brincar com os seus cabelos rosa e longos. Os olhos verdes brilharam ao encontrar aquela pessoa. Kiba Inuzuka treinava com a sua katana ao sabor da luz da lua cheia. O cabelo castanho-escuro rebelde balançava a cada investida, algumas gotas de suor percorriam aquele rosto que ela tanto adorava, os olhos quase negros pareciam perfurar qualquer coisa que se metesse na sua frente. Sakura escondeu um pequeno sorriso. Também conhecia Kiba desde criança. Quando acompanhava Hinata nas brincadeiras de criança sempre via Kiba. Não sabia desde quando é que estava apaixonada por aquele rapaz, aquele rapaz impossível de alcançar. Quando se preparava para retomar o seu caminho, até á sua cela, uma voz forte chamou-a.

- Sakura-chan! O que fazes aqui a estas horas? Não devias estar a dormir? – Kiba guardou a katana na bainha, junto á cintura, e caminhou até ao corredor exterior de madeira. – Não são horas para uma rapariga andar sozinha. Imagina se eu fosse aquele tal Uchiha, estavas tramada. – Sakura notou um leve tom de gozo na voz dele.

Ele estava preocupado com ela ou seria apenas imaginação? Ela queria acreditar que não era imaginação, que era tudo real! Mas sabia que não o era, porque Kiba pertencia a um dos Quatro Clãs e ela…ela pertencia a uma classe social que no mínimo lhe engraxava os sapatos. Não eram do mesmo mundo. Podiam ver as mesmas estrelas, mas em realidades diferentes. Ela manteve as esmeraldas verdes que eram os seus olhos nos olhos quase negros dele, teve de quebrar o contacto visual. Sabia que se olhasse muito tempo ficaria presa e perdida naqueles olhos. Queria mover-se mas não conseguia, tinha quase a certeza que ele emanava algo que a deixa ali presa. Era por isso que não gostava de se encontrar com ele a sós, mas por outro lado ansiava por isso. Não soube ao certo quanto tempo ficou ali parada, sem dizer uma palavra e com uma cara de parva, pensava ela, por isso decidiu falar.

- Pergunto o mesmo, Kiba-san. O que está aqui a fazer? – Não queria parecer nervosa ao falar com ele, mas não o conseguia evitar. E além disso, tinha feito uma pergunta demasiado óbvia! Ela vira o que estava a fazer, estava a treinar com a sua katana! Sentiu-se ridícula por perguntar o que tinha perguntado, mas agora já não havia volta a dar, as palavras estavam ditas.

Ele respondeu-lhe com o mesmo sorriso que ele tinha desde criança.

- Estava a treinar com a minha katana. Durante o dia nunca tenho tempo por causa dos afazeres, por isso só me sobra a noite. Normalmente, quando estou nos meus terrenos tenho quem me guie e vigie, mas enquanto aqui estiver sou só eu e ela. – Sorriu novamente. Ele não percebia que aquele sorriso já a tinha enfeitiçado? Escusava de o fazer mais! Sentou-se no corredor e olhou para Sakura. – E deixe-mos os sufixos de lado. Tu sabes que eu não gosto que me trates por "você" parecemos estranhos. – Ela não queria que eles fossem estranhos. Queria, por sinal, ser bem próxima dele. – Já te tinha dito que quando estamos os dois, ou os três, que me tratasses por "tu". – Ele olhou para a montanha e viu alguns clarões. – Devemos ir para dentro, Sakura. – Disse ele, num tom mais sério que o normal. – As noites de lua cheia são perigosas por estes lados, nunca se sabe o que há ao virar de cada rua.

Sakura estranhou o comportamento do amigo, por isso dirigiu o olhar para onde ele antes dirigira. Mas foi interceptada pelo par de olhos quase negros que a miravam como um falcão. Passados apenas alguns momentos é que reparou que a sua face estava bem próxima da dela. Um mero suspiro os separava. Não era possível, devia estar a sonhar. Somente num sonho dela isto aconteceria. Estavam cada vez mais próximos. Como é que ele conseguiu ser tão rápido ao ponto de estar frente a frente com ela em tão pouco tempo? Ela não o ouvira movimentar-se. Isso era o resultado de vários treinos que ele havia sofrido, pensou ela mais uma vez. Um rapaz de uma família nobre e com um enorme poderio de guerra tinha que se saber movimentar ou era um homem morto, no campo de batalha. Preferiu não pensar nisso. Era demasiado aterrorizador para uma hora daquelas. O que também era aterrorizador a uma hora daquelas era ver a pessoa que mais amava aproximando-se cada vez mais de si própria, quase a beijá-la! Isso sim, era bastante terrorífico, sobretudo se na mesma noite tivesse sonhos mais avançados, que a sua mente deslindava com uma facilidade incrível!

- Sakura…- Ela ouviu-o ao longe. – Sakura… - Chamou-a novamente. O seu nome vindo dos lábios dele parecia a palavra mais bonita que tinha ouvido em toda a sua vida. – Sakura! – Desta vez teve de despertar do transe em qual se encontrava.
- O que foi? – Perguntou ela confundida.
- Temos de ir para os quartos. Eu acompanho-te até ao teu, mas vais ter de me prometer que não sairás de lá esta noite, está bem?
- Porque é que eu faria isso? E porque é que eu não posso sair do meu quarto? E se eu quiser ir até á cozinha? E se…? – Ele silenciou Sakura com um mero tocar de dedo nos lábios dela.
- Não faças tanto barulho com essas perguntas. É só uma noite, não irás morrer por isso. – Tirou o dedo dos lábios da rosada. – Pode ser? – Um mero acenar afirmativo de cabeça de Sakura bastou para que Kiba tomasse a mão dela e a leva-se para o seu quarto.

Andaram pouco até chegarem a uma pequena divisão, não muito afastada do local onde encontravam. A porta de bambu deslizou, dando passagem a Sakura, que não queria largar por nada daquele mundo a mão de Kiba. A mão quente e grande dele. Sorriu para si. Tinha de o deixar ir. Confessar os seus sentimentos agora não seria boa ideia. Só o iria atrapalhar. Sabia que ele e Hinata estavam comprometidos, mas mesmo assim não conseguia suprimir os sentimentos que nutria por ele. Era triste, mas não podia fazer nada. De um momento para o outro sentiu um puxão e depois algo duro. Olhou para baixo e viu que se havia defrontado com o tronco de Kiba. As suas maçãs do rosto incendiaram-se de tal modo que ela sentia-as a queimarem como carvão. Momentos depois sentiu os lábios dele contra a sua bochecha. Se ela se virasse mais um pouco poderia encontrar os seus lábios. Que movimento mais tentador, pensou. Mas mais uma vez o seu "eu" interior não a deixou, mantendo-a imóvel. Kiba afastou-se e largou a mão de Sakura. O mundo ficou cinzento. Voltou a ser cinzento como era antes de o ver a treinar.

- Boa noite, Sakura. – Despediu-se com um sorriso. Sorriso, esse, que a fez corar de novo. – Vemo-nos amanhã, sim? – Aquilo não pareceu ser uma pergunta, mas sim uma afirmação.

O máximo que Sakura conseguiu fazer foi vê-lo a afastar-se e a desaparecer pela penumbra do corredor. Sorriu mais abertamente e deslizou de novo a porta de bambu, deitando-se no amontoado de trapos que tinha como cama. Adormeceu de imediato, sonhando com aquele rapaz seu príncipe. Adorava dormir, porque sabia que era nessa altura que a sua realidade chegava. Mas sabia que ao acordar teria de encarar aquilo que pensava ser mentira, uma mentira suja.

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Sei de uma pessoa que adoraria que deixassem reviewa :3