Capítulo 1 - Passado

A brisa fresca da noite batia na pele de Elizabeth. Lizzie estava sentada convés do navio enquanto pensava no que diria. Pois estavam próximos de encontrá-lo, muito próximos. Até demais. Já havia se passado dois meses desde que Jack havia sido devorado pelo Kraken e fora enviado para os Domínios de Davy Jones pela besta (N/A: A pergunta é... Qual delas?).

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O capitão vagava pelo convés do navio repleto de sósias, dando ordens a eles e recuperando seu chapéu, que era furtado de quinze em quinze minutos. Não tinha nenhuma noção de tempo naquele lugar que nenhum substantivo poderia descrever. Inferno? Não deveria ser tão ruim. Paraíso? Intriga da oposição. As noites pareciam durar semanas, e os dias, meses. Não sentia fome, frio, medo, dor, pesar, ressentimento, ódio. A única coisa que conseguia sentir, latejando em sua alma, perseguindo a sua mente e completando o silêncio era o vazio total e absoluto.

Preenchendo as memórias, tomando lugar das lembranças, o vazio o invadia e completava suas necessidades; Estaria ele se tornando um zumbi como Barbossa, após a posse do tesouro de Cortez? 'Não', ele teimava em dizer para si próprio, 'Você é o Capitão Jack Sparrow!'. Porém, há tempos que aquele título lhe rendia apenas problemas. Sua ambição em continuar vivo para estar à frente do Pearl fora maior do que seu medo em relação ao futuro, e aceitou realizar um trato com o Capitão do Flying Dutchman. O mesmo, treze anos, veio buscar sua parte do trato. Porém, Jack não conseguiu escapar daquela vez.

Jack sempre tentara fugir das responsabilidades. Sempre existia um jeito de driblar as conseqüências, uma maneira de não arcar com as obrigações. Ele era um pirata desventurado, sem leis ou ideais. Não possuía honra ou lealdade; ajustava-se à situação sem escolher um lado pelo qual lutar. Sempre escapava das situações embaraçosas e/ou perigosas, de modo que chegava a ser até cômico. Nunca era pego desprevenido: Toda vez que era indagado, respondia com classe e/ou lançava uma dúvida sobre o questionador. Sorrisos e caretas eram respostas freqüentes, mas não deixando de serem úteis e efetivas.

Mas, naquele dia, não funcionou. Nada funcionaria, por mais que ele tentasse. 'O beijo da morte', como ele costumava o intitular. Fora tão envolvente quanto uma tempestade de raios em pleno oceano, tão embriagante quanto o rum e tão mortífero quanto a Marca Negra. Mas não importava mais. 'Lizzie Luv', como costumava a chamar, havia o traído. Mortalmente, cegamente, impiedosamente. Mas aquela ferida estava se cicatrizando, pouco a pouco, assim como todas as outras marcas que trazia de um passado desgastante e nocivo.

Um pardal voando sobre as ondas. Um 'P' marcado a ferro. Uma mancha apagada que um dia fora a temida Marca Negra. A veia do braço esquerdo cicatrizada. Dois tiros no peito direito. Talvez fossem aquelas marcas que o mantinha ciente de que ele possuía um passado repleto de infortúnios e peripécias. Mas agora? O vazio o preenchia, tornando-o, de pouco a pouco, mais uma lembrança no meio daquelas que eram apagadas diariamente.

N/A Outra fic... Hehe. Espero que gostem. É pequenininha, mas é de coração . Terá mais dois capítulos, e o segundo já está quase pronto! Se não deu para perceber, a fic se passa quando Jack ainda está nos Domínios de Jones e Lizzie, à procura dele :D À propósito...

'Não estou vivo então não posso morrer; mas não estou morto. (...) Eu não sinto nada. Não sinto o vento no rosto, as gotas borrifadas do mar. Nem o aconchego da pele de uma mulher. ' – Adaptado do discurso que Barbossa faz a Elizabeth durante o jantar no Pérola, em Pirates of the Caribbean – The Curse of the Black Pearl.