Notas: Mais uma fic com Brasil e Portugal, já que nenhuma multidão apareceu atrás de mim com tochas e espadas depois da última. De novo, no pairings!

Aproveitem,

PhoenixOfWind

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"Miúdo! Não saias assim correndo!"

As palavras repletas de exasperação, ternura e autoridade paternal foram carregadas pelo vento marítimo que entrava no cais e dançava por entre as bancas do local, saindo em brisas por entre as casas mais próximas. Em meio à confusão de som oriundo dos vendedores, do ribombar das vozes dos marinheiros e do incessante bater das ondas contra a madeira e as pedras do porto, um menino, não parecendo ter mais de 10 anos, congelou onde se encontrava, seus pés criando raízes nos paralelepípedos da rua. Seus olhos, verde escuros repletos de uma inocência que parecia deslocada entre as pessoas que passavam, arregalaram-se em apreensão e expectativa mal contida ao olharem para trás, na direção de seu acompanhante, que o alcançava a passos largos.

Portugal soltou um suspiro quando finalmente parou ao lado do pequeno Brasil, e aproveitou o momento para lhe lançar um olhar repreendedor.

"Pois, menino, quantas vezes irei precisar repetir para permaneceres ao meu lado? Não concordei em trazê-lo até aqui para poderes sair correndo pelo porto feito uma galinha decapitada!"

A jovem colônia sorriu-lhe com uma total falta de preocupação.

"Mas, Afonsooooo!"

O português franziu o cenho, mais como resposta ao tom agudo da resposta do que por raiva com a criança que estava ao seu lado.

"Se não comportar-se, sem pastéis de Santa Clara depois da janta."

O sorriso de Brasil sumiu mais rápido que um relâmpago, sendo substituído por um beicinho.

"Tá bom..."

"'Está bem', miúdo! Eu não lhe ensinei minha língua para..."

Como sempre, Luciano ignorou o sermão de sua metrópole.

"Olha, olha, Afonso! Uma gaivota!", e, acompanhando a exclamação, saiu correndo pela beira do cais.

Naquele momento, Portugal teve certeza que sua (nem tão) pequena colônia lhe causaria um infarto um dia.

"Luciano!"


"Miúdo! Não saias assim correndo!"

Brasil travou sua arrancada da sala de reuniões tão instantaneamente que quase acabou indo de encontro às costas de Suíça, o que seria um sinônimo a ir de encontro à morte certa. Seus olhos verdes embaçaram-se por um momento, evidência da luta mental que travava para tentar lembrar-se porque as palavras de Portugal haviam lhe atingido com tal força, e porque elas lhe causavam um curioso sentimento de nostalgia. Nesse meio tempo, o português já conseguira alcançá-lo.

"Honestamente, Luciano, o fato da reunião ter acabado não é motivo o bastante para sair em debandada como... Luciano?"

Afonso abaixou-se um pouco para conferir o rosto do brasileiro, que ainda encontrava-se imóvel, feito uma estátua de mármore.

Uma gaivota voando num céu azul brilhante... As ondas do mar batendo contra o cais do porto... Ele correndo, sentindo o vento passar zunindo por seus ouvidos... A mão firme de Portugal de repente trancando-se em uma de suas orelhas, uma âncora dolorosa em meio ao infinito que o porto parecia ser...

"Miúdo?"

Brasil piscou, voltando à realidade bruscamente. Os olhos azuis de sua ex-metrópole lhe encaravam resolutamente embaixo de sobrancelhas franzidas pela preocupação.

"Ah? Desculpa aí, velho. Rolou um dejá-vu aqui."

Portugal afastou-se, porém sua expressão não mudou.

"'Rolou'? 'Rolou'?! Ora pois, Brasil, recuso-me a acreditar que serias capaz de destruir tão completamente o idioma que lhe ensinei! Pois, é de se pensar... Menino!"

A gargalhada de Brasil interrompeu as palavras do português.

"Ora pois, pois, Portuga, 'cê não muda nunca mesmo!"

Como para provar o ponto de Luciano, mais uma vez a mão de Afonso fechou-se em torno de sua orelha esquerda.

"Ai! Ei, tá doendo! Ai! Corta essa, velhote! Ai!"

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Review?