Santa Claus is coming to town

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Por: Faniicat

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"You better watch out
You better not cry
You better not pout
I'm telling you why
Santa Claus is coming to town

He's making a list
And checking it twice
Gonna find out
Who's naughty and nice
Santa Claus is coming to town

He sees when you are sleeping
He knows when you're awake
He knows when you've been bad or good
So be good for goodness sake
"

/Sugarcult.

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20 de dezembro de 2009, Manhattan.

Tudo bem, isso é normal. Quero dizer, desde o nosso primeiro momento na terra, quando somos desalojados de nossa casa quentinha e confortável para um mundo frio e desconhecido, é um fato irrefutável de que somos despejados. Não é nenhuma novidade. Não é nem grande coisa! O fato de ter acontecido comigo só prova o quão bobo isso é.

Eu não preciso me desesperar.

Isso, Kagome, boa menina, inspire e expire bem lentamente...

Porra, quem eu estou querendo enganar?! Eu fui despejada do meu apartamento (qualquer confusão boba e perfeitamente reparável quanto ao pagamento do aluguel... Dos últimos quatro meses. Mas a culpa não foi minha, de verdade, foi só um engano, ninguém precisava me EXPULSAR de lá!), é quase véspera de natal e eu não faço a MENOR idéia de onde eu possa ficar.

Eu nem tenho dinheiro para pagar um hotel descente... Porque, hum, a pensão que meu pai me deixou só sai dia 5 do mês (e ano!) que vem e a do mês passado meio que já acabou. Onde é que foi parar o espírito natalino dessa gente? O que eles esperam que eu faça? Que eu me abrigue debaixo de uma ponte e cante Jingle Bell Rock na esperança que alguém me dê uma esmola?

Tudo bem, eu estou exagerando um pouquinho. Preciso ser racional nesse momento. A coisa mais lógica a se fazer seria ir pra casa da Sango, eu sempre passo o natal com ela e o marido de qualquer forma, são meus dois melhores amigos desde que eu me entendo por gente – sabe, dês do meu primeiro despejo, do útero da minha mãe. Mas... Mas... Mas eu simplesmente não posso.

Não dá. Eu não posso ir pra lá esse ano, porque ele vai estar lá.

Aquele estúpido arrogante e sem coração roubou (além da minha sanidade, paz de espírito e três anos de noivado inúteis da minha existência) os MEUS dois melhores amigos e ELE vai pra lá este natal! E daí que também são amigos dele de infância? Eu sou a mulher pobre e frágil aqui. Caham, mais ou menos. E, se eu já não podia ir antes, porque eu não consigo nem cogitar a idéia de ver o Inuyasha outra vez, agora mesmo é que eu não vou pra lá de jeito nenhum! Humilhada, expulsa e sem-teto.

Eu quase posso vê-lo abrir aquele conhecido sorriso sardônico, como se me dissesse 'sempre soube que isso ia acontecer' sem nem mesmo precisar abrir a boca. E é claro que eu não posso me sujeitar a isso, não posso perder o pouco de dignidade que ainda me resta.

Mas se eu não for...

Bem que a mamãe falou que eu ia me arrepender de mudar de país quando aparecesse uma emergência. Droga, odeio quando ela está certa. Talvez eu devesse ter ficado em um subúrbio londrino sem qualquer esperança enquanto meus melhores amigos e meu namorado se mudavam para Nova York. Ok, talvez não.

O que eu vou fazer?

Meu Deus... Eu não posso ir. Se há um jeito de ficar pior do que sozinha, cheia de malas no frio absurdo dessa cidade sem uma casa para voltar, esse jeito habita o mesmo cômodo que Inuyasha Taisho, seja ele qual for.

oOo

Quando eu disse que o único jeito de piorar a minha situação estava situado no mesmo cômodo que Inuyasha, eu esqueci que isto é Manhattan num inverno abaixo de zero e que meu nome do meio é azar, em suma, começou a nevar. Não floquinhos escassos e delicados, mas bolas de neve que derretia em contato com o meu corpo e eu comecei a tiritar de frio três vezes mais forte. Eu permaneci sentada no meu banco, resistindo bravamente enquanto a neve se acumulava sobre os ombros do meu casaco.

Por mais ou menos um três minutos e meio, foi aí que eu... Mudei de opinião (desistir é para os fracos, mas apenas as pessoas inteligentes mudam de opinião). Se eu ficasse lá ia morrer de hipotermia, fato.

Então eu andei, andei e andei (por todas as quatro quadras até a casa da Sango). E, sinceramente? Agora que eu estou aqui no elevador, admito que foi tudo drama, eu nem me importo em ver o Inuyasha de novo, depois de quase um ano. Na verdade, dez meses e uns vinte e três dias, só para constar. Porque eu superei totalmente, sou uma mulher madura e independente, é isso. As portas metálicas se abriram diretamente na sala do apartamento onde Sango me esperava, com ambas as mãos nos quadris e aquele ar pedante nos olhos verdes.

Incrível como a imagem de Sango nessa posição ainda me assusta. Tudo bem, não sou madura e independente, até porque isso no meu dicionário significa velha e sozinha.

"Kagome, o que diabos está acontecendo?" Eu abri a boca para responder, inutilmente, já que Sango continuou a falar sem me dar tempo. "No que você estava pensando, sua maluca? Ficar tomando banho de neve em um banco de praça? Você devia ter vindo para cá no exato segundo em que saiu do apartamento!"

Talvez eu não devesse ter ligado pra ela choramingando tanto pela injustiça do mundo de, logo eu, ter que estar desalojada em meio a uma nevasca enquanto todo mundo tomava chocolate quente em frente à lareira vendo os anúncios de promoções natalinas na TV.

"É, Sango, é bom ver você também." Eu sabia que estava com cara de cachorro sem dono, Sango abandonou a pose autoritária e veio correndo me abraçar, gritando para Miroku sair do sofá e vir buscar as malas, quando ele apareceu, abriu aquele sorriso aquecedor de almas que só nosso melhor amigo pode dar. Viu? Estava sendo boba, com eles eu sempre estaria em casa.

"Meu Deus, garota, que furacão pegou você no caminho?"

Eu ri, totalmente sem graça, consciente do meu cabelo revirado e cheio de pontos brancos e úmidos e do meu jeans empapado.

"Continua linda, é claro." Independente das minhas roupas encharcadas, foi a voz que veio de trás de Miroku que me deixou gelada por dentro. Escorado no umbral da porta, Inuyasha parecia de algum modo mais alto e grande. Por alguns segundos eu não consegui desviar o olhar, ele tinha cortado o cabelo cor de ébano na altura da base do pescoço. Eu sempre adorei os cabelos longos dele, mas aquele desalinho súbito me pareceu inesperadamente sexy. Seu tom respingava sarcasmo e seu olhar era desafiador e aí eu não tive tanta certeza assim se ele era melhor do que a neve. Poxa, eu canto Jingle Bell Rock tão bem.

"Foi um furacão bem forte, Miroku, a ponto de eu realmente vir pra cá no final das contas." Eu repliquei, sorrindo para Miroku ainda em meio aos braços de Sango.

"Como se ela não fosse vir pra cá de qualquer jeito." Sango comentou também pra ele, piscando como se eu nem estivesse ali. "Vai pegar uma toalha enquanto eu e o Miroku guardamos suas malas."

"É rapidinho, a gente só vai precisar de umas vinte viagens de ida e volta pra conseguir levar isso tudo." Eu dei a língua para o Miroku e sua bobeira, tentando não rir. Apesar de tudo, eu sentia meu corpo tenso, estancado no lugar sob o olhar familiar e irritante do ser restante na sala.

Virei em direção ao corredor dos quartos, onde ficava a dispensa de roupas de cama e de banho (A casa da Sango é linda e enorme, tem dispensas, salas e quartos para tudo que se imaginar.), tomando cuidado para não deixar meus olhos recaírem sobre Inuyasha. Vai ficar tudo mais simples para mim se eu simplesmente fingir que ele não existe.

Mas é claro que eu não tenho direito a ter paz. O encosto me seguiu.

Eu abri a porta do armário, errando o rosto dele por milímetros e comecei a procurar a gaveta de toalhas.

"Parece que você ainda não aprendeu a controlar seu dinheiro, não é?" Eu não respondi, mas achei a gaveta e tirei uma toalha azul de dentro dela. Foi preferível me ocupar de secar meu cabelo rebelde e molhado do que dar atenção à Inuyasha. Ficamos algum tempo em um silêncio sagrado e só Deus sabe por que ele resolveu quebrá-lo. "Desculpe, esqueci que é um dos seus 'tópicos sensíveis'. Vou falar de outra coisa, prometo. Aliás por quanto tempo você pretende ficar secando seu couro cabeludo? As pontas estão encharcadas também."

Eu tirei rapidamente a toalha de cima da minha cabeça e lancei a ele um olhar cortante.

"Vai mesmo ficar de criancice e continuar me ignorando? Achei que tivesse resolvido agir como uma mulher, e não como uma criança, quando decidiu vir para cá, ao invés de ser infantil e deixar de vir só porque eu estaria aqui."

"Deus sabe que minha vida estaria muito melhor se eu tivesse ficado de criancice, bem longe de você, mas eu não tive opção."

"Hum, sem opção significa sem namorado também, ótimo. Incrível como a sua vida não funciona sem mim. E imagina se estivesse de criancice, nossa!"

"Você é ridículo." Eu desviei atenção do meu cabelo e joguei a toalha sobre o ombro, tentando ignorar como eu tremia de frio e de raiva. "E, se eu estou sendo infantil, o que você está sendo então? Andando atrás de mim tentando me provocar como uma criança mimada?"

Eu passei reto ao seu lado, andando de volta para sala.

"Tentando te provocar?"

Babaca.

OoO

Isso vai ser difícil.

Já estava de noite, nós estávamos na sala de televisão, quando a Sango me aparece com várias caixas embrulhadas em papéis de presente coloridos.

"Esses são os seus presentes, né Inuyasha?" Ela perguntou com um enorme sorriso animado no rosto.

"São sim, Sango, obrigado por trazer. E, antes que você pergunte, não, você não pode saber o que é o seu. Nem o de ninguém." O sorriso dela murchou um pouco e eu ri, sentindo uma onda de flashback atravessar meu corpo. Só que a cena que eu revi tinha mudanças sutis, como por exemplo, ao invés de estar deitada na almofada de um dos sofás com as pernas no colo de Miroku, eu estava abraçada com Inuyasha, descansando o rosto em seu peito e brincando com as mechas do cabelo comprido que ele tinha.

Então, tentando me livrar dos pensamentos indesejados eu olhei para os presentes. A maior caixa, quadrada, estava destinada ao Miroku – forçando os olhos deu para ler na letra grande e de imprensa de Inuyasha, a retangular era para Sango, assim como a outra, consideravelmente menor... Isso significa que a última caixa de presentes. Não. Ele não fez isso. Eu disse que não vinha! Forcei bem a vista para o cartãozinho minúsculo...

"É, a caixa rosa é o seu presente." Ele soou propositalmente entediado, mas com o olhar de relance que eu lancei a ele deu pra ver claramente que tinha um sorriso divertido despontando no canto do rosto. Encrespei os olhos.

Garota, FOCO!

Ok, agora eu tenho um problema.

É claro que eu tenho presentes para o Miroku e a Sango (nem ouço o que a Sango está dizendo, acho que pra mim, neste momento tenho maiores preocupações.), mesmo que eu não viesse, passaria aqui depois... Mas eu não comprei nada para o Inuyasha.

Claro que não!

Esse... Esse... Argh! Ele faz essas coisas de propósito, eu sei que é. Idiota. O que eu vou fazer? Todas as lojas estão lotadas com aqueles despreparados que fazem compras de ultima hora! Ah, legal, agora eu sou um deles! Droga.

Inuyasha se levantou da poltrona e deu um beijo de boa noite em Sango, depois se aproximou de mim.

"O que foi querida, esqueceu meu presente no seu antigo apartamento?" Controlei minha vontade de bufar – e agarrar o abajur no criado mudo atrás de mim e quebrá-lo na cabeça dele. Não posso não dar nada pra ele. Aí ele vai ser a vítima e eu vou soar realmente infantil.

Eu te odeio, Inuyasha.

Ele aproveitou meu momento de distração para dar um beijo na minha testa, piscando um olho pra mim irritantemente.

"Você é um imbecil!" Ok, talvez eu tenha dito isso num tom um pouco alto demais.

"Boa noite pra você também, Kagome, te amo." Eu podia ouvir ele rindo mesmo quando fechou a porta da sala e me deixou lá dentro, fumegando de ira. Eu realmente te odeio, Inuyasha.

Espera, eu disse difícil? Vai ser muito, muito mais que isso. E a minha testa ainda está quente no lugar onde ele encostou.

OoO

N/A: Meus pinguiiiins! Meu presente de natal atrasado para vocês...

Ok, eu SEI que não devia postar mais nada dividido em capítulos, mas foi incontrolável. A propósito, não eu NÃO DESISTI de república, eu estou tentando terminar o capítulo 16 o mais rápido possível, mas tá difícil. A boa notícia é que meu PC foi pro conserto e volta esse mês ainda. Não desistam de mim, por favor, e me desculpem pela demora, eu realmente sinto muito.

De qualquer forma, espero que gostem e se divirtam com a historinha nova, e se puderem deixar reviews, eu vou ficar muito feliz.

Milhares de beijos, feliz natal atrasado e um MARAVILHOSO 2010 pra vocês!