Eu tinha marcado com ele às sete horas na Sala Precisa.

Ele foi pontual, como sempre. A porta abriu assim que meu relógio marcou sete horas, parecia até que ele tinha ficado atrás da porta, só esperando o momento certo.

Ele chegou com um sorriso e sentou na cadeira à minha frente. Procurei encarrar o chão para não deixá-lo perceber minha aflição.

-O que houve, Rose? Parece meio triste. - ele falou enrugando a testa.

-Nada. - menti.

Ele continuou me olhando, me analisando. Ele sabia que eu estava mentindo, mas pareceu não ter muito o que falar sobre isso.

-Me chamou aqui por que, então? - ele pegou a varinha do bolso e ficou mexendo com ela entre os dedos.

Dedos longos e brancos. Dedos que noite passada estavam dentro de mim.

-Eu quero... Quero dar um tempo. – murmurei envergonhada, era a primeira vez que fazia algo assim.

-O que? – ele perguntou surpreso – Como assim "um tempo"? Por quê?

Scorpius se levantou da cadeira e ficou me olhando de cima para baixo. Odeio quando ele faz isso.

-Ninguém quer nos ver juntos. – falei perdendo a vergonha.

-Então é por isso? - ele perguntou irritado

-Passamos mais tempo defendendo nosso relacionamento do que nos relacionando!- falei sendo contagiada com sua irritação.

Um flash com todas as vezes que briguei com meus primos e meu irmão ou que Scorpius brigou com os amigos veio na minha cabeça. Tanto tempo perdido brigando...

-É por isso que você quer dar um tempo? Acha que assim vamos nos relacionar melhor? – ele perguntou cínico.

-Não é isso. – passei minhas mãos pelo rosto – Seria bem mais fácil se...

-Fácil? Fácil? É isso que você quer? Que as coisas sejam fáceis? – ele perguntou se aproximando, nesse momento percebi que já tinha me levantado da cadeira – Deveria imaginar algo assim, afinal, sempre teve as coisas fáceis, não é mesmo?

-Não fale assim! – gritei chegando mais perto dele, estávamos cara a cara.

Podia sentir meus olhos ardendo e malditas lágrimas sairem dos meus olhos, fazendo minha pele queimar.

-Vou falar, sim! - ele gritou de volta -Cadê aquela maldita coragem grifinória em você? Não acredito que você ta me falando isso... - ele passou a mão pelo cabelo, nervoso.

– Só não quero botar tudo a perder para uma semana depois você me largar! - murmurei e percebi que ele parou o que estava fazendo para me ouvir com mais atenção - Não quero enfrentar minha família e a sua por nada! Não quero... – meu rosto provavlemente vermelho já devia estar manchado pelas lágrimas. Fechei os olhos com força. – Não quero ceder à pressão. Nem que você ceda.

A mão dele segurou o meu rosto e seu polegar acariciou minha bochecha molhada. Abri meus olhos lentamente e vi ele sorrindo. Maldito garoto bipolar.

-Talvez eu ceda. – ele murmurou e eu arregalei meus olhos. – Talvez você. Mas lembre-se que se algum de nós ceder o outro estará lá para apoiar e para lembrar por tudo que já passamos e o que ainda teremos que passar, mas que no final ficaremos juntos.

-V-você acha?

-Tenho certeza, Rose.

Ele se aproximou e me deu um selinho demorado.

-Nesse momento você cedeu. - ele voltou a murmurar - E aqui estou eu a te mostrar o seu erro.

Eu sorri.

-Certo.

Ele tinha razão. Eu já o amava, assim como ele me amava. Não podia deixar isso passar assim, devia lutar, mostrar minha toda a coragem grifinória para que no final ficássemos juntos.

Não podia ceder à pressão. Eu não ia ceder. Não mais.

Era isso mesmo que eu ia fazer.