"Não demore"
Foi a última coisa que ouvi da minha mãe antes de sair de casa naquele domingo chuvoso. Não precisei dizer pra onde estava indo, porque era de comum conhecimento que a baía Lobo Mal era o único lugar em que eu me sentia bem. E não que 'bem' significasse, nem que singelamente, feliz, não havia um dia em que eu acordasse e tivesse a esperança de ser feliz. Porque eu não iria ser. Não sem ele. Não sem o meu Doctor. Nem que eu vivesse por mil anos. E era ridículo imaginar a vida dessa maneira, como se ele fosse mais importante até que o oxigênio entra pelos meus pulmões. Mas ele era. Eu precisava dele. E ele precisava de mim, se havia uma pessoa – mesmo que pessoa não fosse exatamente a melhor definição para um Time Lord – que não deveria nunca estar sozinho, era o Doctor.
E era tão estranho imaginar uma vida normal depois de todas as coisas pelas quais passamos, não era... natural, era errado. Era um pesadelo.
As imagens de todos aqueles planetas desconhecidos e espécies novas de vida que eu conheci, passavam devagar pela minha mente enquanto eu dirigia. O céu estava claro, embora a chuva ainda caísse devagar pela estrada já decorada e tão conhecida. Talvez fosse difícil de admitir em voz alta, mas eu me encontrava dirigindo na esperança de encontrar uma caixa azul com um homem de quase 1000 anos, com ótimo cabelo e com dois corações ainda mais lindos. E estava frio como sempre, mas eu não me importava, o caminho era longo e a vista era linda. O frio não se fazia tão presente quanto a saudade. Essa sim, estava lá o tempo inteiro, junto com toda aquela onipresença.
De vez em quando, em um pôr do sol qualquer eu pensava sozinha 'o que será que meu Doctor está aprontando por aí?' e então eu sorria, sorria porque tinha certeza de que sonharia com ele a noite. Sonharia com as mil e uma aventuras que tivemos e que ainda poderíamos ter.
Mas maldito seja o futuro do pretérito e seu 'iria'. O que poderia ser pior do que o futuro que não veio?
"Você deveria estar feliz, está a salvo", "você deveria estar feliz, estamos todos juntos". Mas, na verdade... Eu deveria estar com ele. Eu deveria estar dentro da TARDIS me desequilibrado e o ouvindo se gabar de algum passado incrivelmente distante pra mim, mas não pra ele, o Senhor do Tempo.
Dois meses e eu já não aguentava mais.
Sempre soube que ia doer, sempre imaginei que ia chorar até não ser mais possível. Mas não imaginei que fosse assim tão desgastante. Sabia que ia sentir falta, só não sabia que essa falta iria me consumir um pouquinho mais a cada dia.
Quando cheguei a baía mais uma vez, deserta e linda, não pude evitar de sorrir. Mesmo que não houvesse nenhuma caixa azul ou um homem de ótimo cabelo e com dois corações ainda mais lindos, havia eu. Eu que sou toda rosa e amarela. Eu com uma chave no pescoço e um amor tão grande dentro do peito. Eu que não desisti das outras vezes e que não iria desistir agora.
Respirei fundo aquele ar familiar e sorri sentindo o vento impor sua presença sobre mim.
Meus olhos estavam fechados e eu sussurrei um 'eu estou chegando' inconscientemente.
Ele não vai se livrar assim tão fácil de mim.
Oh Doctor, better wait for me.
Disclaimer: Sem fins lucrativos, os personagens não me pertencem. infelizmente
Sempre imaginei que a Rose soubesse que iria encontrar o Doctor de novo mesmo estando muito triste por... bem, por tudo. Afinal, ela ainda era a garota que absorveu o vortex temporal da TARDIS só para não deixá-lo, para salvá-lo, para salvar a todos.
Enfim, desculpem pelo final horrível ): e por possíveis erros, tenho uma agonia enorme em ler o que acabei de escrever, sei lá o que é, deve ser frescura mesmo.
