N/A: Shounen ai. Não digo o casal se não perde a graça. u.u
Se passa logo após o final da primeira temporada.
Inevitável
O sol morria no horizonte congelado da inóspita Moscou, usando de suas últimas forças para iluminar os dois jovens que encaravam o cenário branco lado a lado, numa pequena sacada de hotel. Quem olhasse do chão julgá-los-ia imaturos pela pouca idade, nada mais que dois garotos, pairando no meio da divisa entre a infância a e vida adulta.
Entretanto, os poucos que já tiveram a coragem de olhar em seus olhos jamais poderiam chegar a tal simplória conclusão. Não, as íris azul e violeta eram muito mais experientes, tanto na arte do beyblade quanto no próprio viver, e muito mais frias também.
Olhos de quem fora ao inferno e voltara para contar.
Olhos de guerreiros.
Mas a guerra acabara, deixando para trás apenas feridos, além dos naturais despojos aos vencedores.
Agora não havia mais o que fazer.
Essas poucas horas eram tudo que tinham. A frágil porta de madeira do quarto sua única defesa. Entretanto, não era o bastante, nem a proteção, nem o tempo.
O jovem de olhos azuis suspirou, seus cabelos ruivos sendo ondulados pela brisa leve e gélida. Não era de seu feitio se dar por vencido mas não havia mais nada que pudesse fazer. A pergunta entalada em sua garganta implorava para ser feita, o coração gritando para ser ouvido ao menos uma vez antes que tudo mais acabasse e eles fossem arrastados de volta para a silenciosa e cruel escuridão onde foram criados.
- Porque perdeu?
O garoto de curtos cabelos lavanda desviou os olhos do falido astro rei, pousando-os em seu companheiro e capitão. Sorriu de canto, fingindo-se debochado, embora o outro soubesse há muito que isso era apenas o disfarce de um sorriso verdadeiro.
- Poderia amar um assassino?
O ruivo fechou os olhos, ponderando por um segundo, não mais. Sabia muito bem a resposta entretanto, não era ela que sua compania queria ouvir. Mentiu, balançando a cabeça fingindo pesar, apesar de senti-lo, porém pelos motivos errados.
Afinal, jamais poderia negar.
Olhos violeta estudaram mais a fundo o rosto de seu companheiro, a impassividade de seus traços impedindo até mesmo Deus de adivinhar seus pensamentos. Ninguém poderia dizer se entendera o verdadeiro significado do gesto.
Entretanto, fosse destino, razão, ou mesmo pura e reles coincidência, o rapaz de cabelos lavanda logo perguntou:
- E você? Porque perdeu?
As safiras voltaram a se abrir para o mundo, mantendo-se firmes no horizonte a sua frente.
- Poderia amar uma máquina?
O garoto de cabelos lavanda negou, o sorriso ainda brincando em seu rosto. Em seus olhos, nada era revelado.
Passos foram ouvidos, seguidos por batidas na porta. Uma voz chamou seus nomes, contudo nenhum deles se importou.
Os olhares se encontraram, safira e ametista unidas da mais completa forma, iluminadas pelos últimos raios de luz. Era o último momento que teriam. Depois disso, apenas a dolorosa rotina que há tempos lhe envenenava a alma.
Os rostos se aproximaram, os lábios se encontrando com carinho e devoção. Talvez houvesse muito mais que pudessem dizer ou fazer. Talvez nenhum dos dois merecesse tal contato.
Ainda assim, era só o que precisavam.
As batidas soavam cada vez mais rápidas, crescendo no cômodo, tornando-se murros. Entretanto, eles não se apressaram nem se assustaram, transformando as últimas migalhas no mais glorioso momento de paz.
As bocas se separaram, ao mesmo tempo que a frágil porta ia ao chão.
Inevitável.
- Adeus, Tala.
- Adeus, Bryan.
Ok, não me perguntem de onde saiu isso.
São 2:00 horas da manhã, eu tô no meio da minha semana de provas na faculdade, morrendo de sono, e vem uma idéia dessas. Aff...
Bom, aos que chegaram até aqui, reviews são sempre bem vindas. ^^
Só, por favor, não me peçam continuação.
Bjs! ^^
