Fandom: Supernatural, Padackles

Personagens Principais: Jared Padalecki e Jensen Ackles

Gênero: Romance, Amizade, Homossexualismo e Universo Alternativo

Rating: 16+ Não contem Lemon

Beta: Angiolleto ( Todos o erros são dela. Obrigada anja!)

Desafio: Contos da carochinha - Desafio proposto pela xPsychOx (Acho que venceu)

Era uma vez um próspero mercador que morava em uma pequena vila no interior do Reino Perdido, tinha esse nome, por que quem o procurasse não o achava. Há alguns anos, reis, rainha, príncipes e princesas se perderam, ninguém sabia onde estavam. Desde o desaparecimento do reino, naquele pedaço do mundo, existiam apenas duas estações de ano, a de pouco frio e a de muito frio.

Esse mercador supria a pequena vila de tudo quanto é tipo de mercadoria necessária para a sobrevivência da população local, ganhava muito dinheiro, mas sua maior riqueza era sua família.

O Sr. Gerald Padalecki, casado com a linda Sharon, com quem teve três filhos, Jeff, Jared e a Meg.

Jeff era o mais velho e trabalhador. Ajudava o pai na venda e viajava com ele quando necessário.

Jared, o filho do meio, era alegre, caçador e também ajudava o pai, mas sua maior obrigação era cuidar da mãe e da irmã quando o pai e o irmão estavam viajando.

Era muito bonito, despertava amores por onde passava, tinha um sorriso com covinhas, e um olhar que conseguia o que queria, até as coisas mais difíceis, pois não existia ninguém que resistiria a pedido daqueles olhos ora verdes ora azuis. Por sua imensa beleza sua mãe o chamava, para o seu desgosto, de Belo.

Meg era a caçula, princesa da casa. Seus irmãos dariam a vida por ela.

Certa época ocorreu na região uma epidemia de gripe cuja febre era altíssima e apenas o chá de uma semente baixava a temperatura. A semente estava acabando, e mesmo com o filho mais velho, Jeff, acamado devido um acidente de cavalo, Gerald viajou, sozinho, para ir comprar mais dessas sementes.

Jared ficou, pois não gostava de deixar as mulheres sozinhas na casa por tanto tempo. A viagem seria longa, três dias para ir, mais três dias para voltar. E mesmo preocupados com chefe da família não podiam fazer nada, pois a população já sofria com a falta do medicamento.

Na ida tudo ocorreu bem, mas durante a volta enfrentou uma nevasca, e devido à falta de visibilidade errou o caminho.

Estava anoitecendo e a floresta cada vez mais assustadora, o frio, a fome e cansaço tomavam conta do pobre homem. Perdido, apenas pensava na sua família, que devia estar preocupada, pois sua chegada estava prevista para esse dia. Quando o desespero quis envolver seu coração, apareceu na sua frente, à salvação, assim pensou o mercador.

Gerald parou na frente de um grande portão de ferro, entrada de propriedade protegida por muros tão altos que seria quase que impossível escalá-los, ao fundo apesar da escuridão a silhueta de um castelo.

Como passe de mágica os portões se abriram, e sem muita escolha Gerald entrou. Pelo caminho estatuas que pareciam estarem o observando, e mesmo com medo continuou até a escadaria que dava acesso a uma porta de madeira, que aparentemente abriu sozinha, revelando um grande salão, majestoso, mas com seus moveis e riquezas todos cobertos com panos brancos empoeirados, tochas nas paredes faziam a iluminação do local.

Olhando ao redor Gerald, visualizou uma grande mesa e se aproximou, estava posta para o jantar, com ricas iguarias, dignas de um príncipe, seu estomago ronco e sua boca salivou diante de tantas delícias.

- Sirva-se – Uma voz forte, rouca e poderosa ecoou pelo salão assustando o Sr. Padalecki, mas mesmo assim ele obedeceu com prazer.

- Seja quem for não vai me acompanhar? - Perguntou Gerald entre uma garfada e outra.

- Já me alimentei por hoje. Fique a vontade. - Responde a voz.

Após comer e beber até se fartar, Gerald sem se conter começou a bocejar demonstrando cansaço.

- Suba a escada e na segunda porta a direita encontrará um quarto onde poderá descansar. -

- Antes tenho que acomodar meus animais. - Respondeu Gerald.

- Eles já estão sendo cuidados, não se preocupe, vá descansar. - O tom dessa voz não admitia recusa, por tanto Gerald obedeceu.

O quarto também refletia a riqueza do proprietário, um grande espelho que tomava conta de toda uma parede, belas cortinas, uma penteadeira, e sobre ela escovas, pentes, vidros que pareciam ser de perfumes de todos os tamanhos, tipos e cores. Mas o que encheu os olhos do foi a cama dossel, enorme, toda a sua família caberiam nela folgados, e seus filhos não eram pequenos, por sinal eram bem grandinhos.

Vencido pelo cansaço seu corpo agradeceu a macieza do colchão, e mesmo ainda receoso, logo adormeceu.

Acordou cedo e seguiu até o salão da noite anterior, onde o café já estava servido com a mesma elegância e fartura do jantar. Chamou por alguém, mas não foi respondido, resolveu se servir para seguir viagem.

Quando terminou a refeição matinal foi atrás de seus animais e os encontrou na frente do castelo, pareciam bem alimentados, selados e carregados, prontos para partir.

Agora na luz do dia o castelo imponente a noite apresentava sinais de abandono e descuido, mas ainda não perdera a majestade.

Apesar de não ter visto ninguém a sensação de está sendo observado era constante e por isso resolver partir imediatamente.

- Obrigado por tudo! - Gritou o Sr, Padalecki em direção ao castelo. - Podem me indicar o caminho do Reino Perdido.

- Após o portão siga em frente e dobre a direita, depois de atravessar o rio, na primeira entrada à direita novamente voltará ao seu caminho normal. - Respondeu a mesma voz da noite anterior.

Pelo caminho em direção a saída da propriedade, Gerald observou as estátuas. Eram horríveis, retorcidas, deformadas. Olhando ao redor percebeu que aquele caminho deveria ter sido rodeado de belos jardins no passado, pois agora roseiras secas que ofereciam apenas espinhos se entrelaçavam uma na outra em um quadro desolador.

Antes de chegar ao final Gerald avistou um rosa, era vermelha, belíssima, um contraste diante de tanta decadência. E pensando em sua esposa Sr. Gerald a apanhou.

- Ingrato. - A forte voz do seu anfitrião, agora tomada de irá. - Depois de tudo que fiz por você! Como pode roubar e matar a única coisa bela que tenho?

- O que eu roubei? - Perguntou apavorado Gerald.

- A minha rosa!

- É apenas uma flor!

- Uma flor! - Gritou com mais irá. - Para você era apenas uma flor, mas para mim, era o único ser vivo e belo em minha vida. Ela alegrava minhas tristes manhãs.

Nesse momento o dono da voz apareceu, enchendo de pavor o Sr. Padalecki. Era uma fera monstruosa, enorme, andava em pé como um homem, mas tinha o corpo coberto de pelos, inclusive no rosto, suas mãos lembravam a de um ser humano, mas tinham garras, os olhos eram escuros e estavam carregados de ódio.

-Eu... É...Me...Eu... - Gerald gaguejava diante de tamanha monstruosidade.

- Você vai pagar com vida. - Falou o Fera vindo em sua direção.

- Não! Por favor! Tenho esposas e filhos, a população da minha vila está esperando o remédio para a gripe. Não foi por mal, peça qualquer coisa que lhe darei.

O Fera parou e pareceu refletir.

- Qualquer coisa?

- Sim! Qualquer coisa!

- Quero o primeiro ser vivo que pertence a sua casa, que você avistar quando chegar. Ou isso ou a sua vida.

O Sr. Padalecki pensou e lembrou que sempre ao chegar de viagem o cachorro da família é o primeiro ser vivo de sua casa que vê.

- Eu aceito!

- Posso confiar na sua palavra?

- Claro!

- Terei como saber que mentiu! E se não cumprir a sua promessa matarei toda a sua família! – Ameaçou o Fera.

- Pode confiar senhor!

- Leve este cavalo, e mande por ele o que me deve. – O Fera entregou o belo animal.

O Sr. Padalecki segui viagem, estava triste pelo destino do cachorro afinal era um animal que vivia desde pequeninho com a família, seus filhos iriam reclamar, mas era melhor não ariscar e cumprir a palavra dada.

Quando ele virou a curva que dava acesso a sua casa, para o seu desespero, não era o cachorro da família o primeiro ser vivo que veio lhe receber.

- Pai! Pai! Que bom que chegou estávamos tão preocupados. – Sua filha, Meg, corria em sua direção.

Desmontando do cavalo o Sr. Padalecki, chorando abraçou a filha. Seu pranto era tanto que Meg ficou preocupada achando que seu pai estivesse ferido, ou doente.

Sharon e Jared correram em direção ao chefe da família quando o viram chegar apoiado na filha, ainda chorando sem conseguir explicar o acontecido.

Sentado na sala da casa, já mais calmo contou o que aconteceu e a promessa que fez e o que aconteceria se não cumprisse a sua palavra. Sua esposa caiu em prantos, Jeff lamentava não poder andar e matar o Fera para salvar a irmã, e Jared adotou a idéia do irmão como se fosse sua.

- Sou um bom caçador! Matarei esse monstro e nada vai nos acontecer!

- Não! – Falou Gerald. – Eu voltarei lá e me entregarei! Peço apenas que vocês cuidem de sua mãe e irmã.

- Pai, o senhor disse que foi muito bem tratado até o momento da rosa. Então com certeza ele não me matará! É melhor cumprirmos a promessa.

- De jeito nenhum! Não posso permitir tamanho sacrifício, por um erro meu! E está decido. Amanhã partirei!

Durante a noite, Meg vestiu a sua capa e achando que todos dormiam, resolveu ir de encontro ao seu destino, pegou o cavalo do Fera e montou-o.

Jared desconfiava que essa fosse atitude de sua irmã, por isso não dormiu, vigiando-a. Deixou seu cavalo preparado para segui-la caso fosse necessário, e foi o que aconteceu.

Quando Meg chegou ao portão do castelo este se abriu sozinho conforme o pai lhe contara, Jared escondeu o cavalo e passou pelo portão antes que este fechasse e pelas sombras seguiu até a entrada do castelo.

A porta também se abriu sozinha dando passagem para a garota, Jared correu e entrou junto com a irmã, assustando-a.

- O que você está fazendo aqui?

- Vim impedi-la de fazer alguma besteira.

-Qual é a idéia maninho? – Perguntou com ironia.

- Claro que tenho uma idéia. – Mentiu. Na verdade ele seguiu a irmã na intenção de matar o Fera, mas não sabia como iria fazer isso, pois pela descrição que o pai fez do ser, ele era bem maior do que um urso.

- Me conte! – Falou a irmã já se alterando.

- Na hora certa!

- É mentira você não tem idéia nenhuma!

- Tenho sim!

- Não tem!

- Que confusão é essa no meu castelo? – Uma voz forte interrompeu a discussão sem propósito dos irmãos. – Quem são vocês? – O dono da voz ainda não tinha aparecido, mas o tom usado causava arrepios.

- Somos Jared e Meg Padalecki. Filhos do pobre homem que você covardemente ameaçou de morte.

- Pobre homem? Você quer dizer pobre ladrão ingrato, depois de ser tão bem recebido e tratado, morde a mão de quem lhe salvou de morrer no frio da floresta. E mesmo diante de tamanha traição, o perdoei, pedindo apenas algo vivo para minha companhia. – Com esse discurso o Fera apareceu, causando medo nos irmão que se abraçaram, tentando proteger um ao outro.

Meg começou a gritar e Jared tampou com a mão a boca da garota que olhava assustada para o Fera, que instintivamente se recolheu as sombras.

- Descul...Desculpe, pela minha irmã, ela é muito boba! – Disse Jared tentando se recuperar do impacto da aparência do Fera. – Mas viemos pedir que perdoasse o nosso pai, dessa dívida!

- Nunca! Basta ele me mandar o que eu pedi.

- Mas o que veio receber meu pai, quando ele chegou não foi o cachorro como ele pensava, e sim minha irmã.

- Trato é trato, apesar de sua irmã ser mais barulhenta que um cachorro, terei que me conformar.

- Ora seu...

- Mandamos o cachorro para você. – Disse Jared interrompendo a irmã. Tentou sorrir, mas o seu sorriso morreu nos lábios pela saída do Fera das sombras.

- Além de ladrão seu pai é trapaceiro, no lugar da minha rosa ia me mandar um cachorro pulguento. Deixe a garota e vá embora.

- Não! – Jared se colocou na frente protegendo a sua irmã. – Deixe-me ficar no lugar dela.

- Não, o destino é meu! Eu fico! – Disse Meg saído de trás da proteção do irmão.

- Você não pode!

- E por que você pode e eu não?

- Nossa mãe te apenas você como filha, mas tem Jeff e a mim! Então posso ficar! – Falou para Meg. – Permita que eu fique no lugar dela. – Pediu para o Fera usando o seu melhor olhar de cachorrinho.

- Não, o papai está precisando de você! Jeff está doente, eu fico!

- Eu fico! – Gritou Jared.

- O destino é meu, e não seu! Eu fico! - Meg gritou de volta.

- Eu fico!

- Parem! – Gritou o Fera.

- O que é! – Gritaram os dois para o Fera, que arregalou os olhos surpreso pela reação dos irmãos. E achou a situação tão engraçada, que riu, e fazia tanto tempo que não ria, mas imaginem o sorriso de uma fera. Ficaram com medo? Jared e Meg também.

- Eu já decidi! – Sua voz saiu triste, pois percebeu que seu sorriso assustou os dois. - O rapaz fica.

- Não meu pai precisa dele! – Retrucou Meg ajoelhada aos pés do Fera. – Meu irmão Jeff está doente e não tem como ajudá-lo na venda e em casa, com caçar e reparos, trabalhos masculinos entende? Eu posso ficar!

- Meg, o ...O...O mo... O moço já decidiu e logo Jeff estará curado e poderá ajudar nosso pai, mas a nossa mãe morreria com saudades de você, afinal é sua única companhia.

- Mas...

- Por favor, parem! – Pediu o Fera antes que os irmãos começassem a discutir novamente.

- Você, Meg, volta para a sua família, aceito a troca! – Disse o Fera e fazendo gesto para ela se levantar dos pés dele. - Enquanto seu irmão estiver doente, seu compromisso será trazer toda sexta-feira uma caça e prepará-la para minha refeição, você sabe fazer isso? E quando seu irmão estiver recuperado, vira morar aqui como meu escravo.

- Está perfeito! Nesta sexta, começarei a cumprir minha promessa. Obrigado. – E Jared sorriu, mostrando as suas adoráveis covinhas.

Ao ver o belo sorriso o coração do Fera acelerou. Quase libertou todos de qualquer compromisso apenas para ver de novo aquele sorriso.

- Agora vão! O dia está nascendo e não correm perigo. Espero-te na sexta com uma bela caça!

- Claro! – E de novo o sorriso.

- Cuide sua irmã!

- Cuidarei! – Outro sorriso.

- E... – O Fera queria falar alguma coisa, para pode ver de novo o sorriso de Jared, mas não veio nada em sua mente, frustrado rugiu.

- Até sexta! – Rapidamente Jared e Meg saíram.

No castelo

- Alteza! Acho que você jogou a sua ultima chance fora, quando aceitou esse acordo. – O comentário veio de um violino.

- Steven, não pedi a sua opinião. Por favor, toque uma musica. – Disse o Fera se dirigindo para uma das inúmeras janelas, de onde ficou observando os dois irmãos indo embora, duvidando que Jared cumprisse sua promessa.

Jared e Meg iam discutindo pelo caminho devido à decisão do irmão, mas se calaram ao ouvir uma bela musica, executada de maneira brilhante por um violino, mas apesar da beleza, a tristeza contida em cada nota calava o fundo do coração. Antes de ultrapassar os portões Jared olhou em direção ao castelo, se perguntando quem tocava com tanto sentimento. Seria algum prisioneiro do Fera?

Na sexta-feira no final da tarde, Jared chegou com um belo cervo, entrou pela cozinha pegou uma grande travessa, colocou o animal abatido em cima e levou para o grande salão colocando na cabeceira, local em que o Fera sentava.

O Fera olhou para o cervo e olhou de maneira interrogativa para Jared.

- Você gostaria que eu tivesse arrancado os chifres? Ou era para servir apenas as entranhas? Ou sem as entranhas? Desculpe, você não me disse qual era a sua parte predileta. Se era para servir inteiro ou não. – Jared não para de falar e o Fera não conseguia dizer nada e se perguntava como alguém conseguia viver sem respirar, pois do jeito que o moreno falava, ele não respirava. – Por sinal como é o seu nome? Eu não posso ficar chamando-o de monstro ou Fera. Mas por que você não fala? Gostaria de saber por que assim poderei ir logo embora... – Um rugido assustador conseguiu fazer Jared se calar.

- Disse alguma coisa de errado? Por que... – Mas um rugido.

- Cale-se! – A voz poderosa do Fera ecoou pelo salão. – Eu não como carne crua! Pode me chamar de Fera e agora vá embora antes que anoiteça e o caminho se torne perigoso. – Jared inda estava encolhido num canto e quando o Fera deu ordem para ele voltar para casa, correu para a porta.

Jared já estava no começo da escadaria da entrada quando resolveu voltar.

- Desculpa! Fera. Quando estou nervoso falo muito. – Ele não sabia de onde tinha tirado tanta coragem.

- Já mandei você embora! – Urrou.

- Mas nós temos um acordo, e falta uma parte a ser cumprida. – Disse carregando a bandeja de volta para a cozinha.

Jared tratou e preparou o cervo, deixando a carne bem passada, depois serviu a mesa, colocando pratos, pães, que ele não sabia de onde vinham e vinho. O Fera apenas o observava, quando estava tudo pronto se aproximou da mesa e sentou.

- Janta comigo? – Perguntou com a voz calma.

- Obrigado, mas comi na cozinha enquanto preparava, espero que não se importe, agora tenho que voltar.

- Está tarde! É perigoso sair agora, durma aqui e amanhã você pode partir. Tem um quarto preparado, suba as escadas é o segundo a direita.

Jared concordando lhe desejou boa noite e seguiu na direção indicada. O Fera o seguiu com os olhos e depois olhou para a comida e para os lugares vazios, e se sentiu tão sozinho que não quis comer. Se dirigiu para o seu quarto, para tentar dormir.

Quando o jovem Belo saiu, ainda era muito cedo, e a mesa ainda estava posta com o jantar da noite anterior, antes de sair ficou observando pensativo a comida intocada. Pelo caminho até o portão começou a escutar a musica suave, bela e triste de um violino.

Uma semana depois, Jared voltou, com umas perdizes.

- Olá, hoje trouxe um tempero de minha mãe, essas perdizes vão ficar deliciosas. – Disse Jared, sem da chance para o Fera falar alguma coisa. – Você vai gostar, se eu temperar as penas, nem elas sobrariam, mas você não vai comer com pena e tudo vai? – E foi para cozinha sem esperar resposta.

Jared não entendia como aquele castelo se mantinha organizado, ele se perguntava se não existiria outros iguais a ele, fazendo serviços para o Fera.

Como o número de aves era grande o Belo demorou a prepará-las e quando terminou já estava noite alta. Ele postou a mesa, colocando as bandejas com as aves prontas para o Fera se servir.

- Janta comigo? – perguntou o Fera.

- Obrigado, mas comi na cozinha, eu poderia dormir novamente aqui está noite?

- Claro, no mesmo quarto.

- Então, boa noite. – Disse Jared se retirando.

O Fera olhou para a comida, mas estava sem fome, e a solidão apertou novamente seu coração, e com todo esse peso no peito foi para o seu quarto.

Pela manhã Jared saiu bem cedo novamente e viu a comida estava intacta, novamente.

Durante mais duas semanas aconteceu a mesma coisa e cansado dessa situação, nesse dia resolveu esperar o Fera e perguntar se havia algum problema.

- Fera? – Começou a chamar, pois o dono do castelo ainda não tinha aparecido e ele precisava ir embora.

- Qual é o problema? – Perguntou ferozmente o Fera.

- Qual é o problema com a minha comida? – Inquiriu Jared sem se amedrontar com os rugidos que o Fera soltou. – Trouxe o tempero de minha casa, para deixá-la mais saborosa, visto que nas semanas anteriores aconteceu à mesma coisa, o que estou fazendo de errado? Por que não come?

- Não estava com fome! – Disse simplesmente o Fera.

- Não estava com fome? – Repetiu indignado.

O Fera olhou para o Belo e se retirou deixando o moreno com seus pensamentos.

Jared resolveu ir embora e nunca mais voltar. "Que se dane o acordo". Não gostava de fazer papel de bobo. Mas algo estranho aconteceu até a saída. Parecia que alguém sussurrava, por entre a musica triste do violino, que ele já estava acostumado a ouvir.

- Ele quer que jante com ele. – Quase que Belo não conseguia entender, era tão sutilmente repetida que ele se perguntava se não era coisa de sua imaginação.

Na semana seguinte, Jared caçou um cervo novamente, levou o tempero de sua mãe, para prepará-lo, serviu a mesa e esperou.

- Janta comigo? – Fera vez a mesma pergunta das outras vezes.

- Pensei que não fosse convidar, não comi nada na cozinha hoje, estou morto de fome. – Responde o Belo, se sentando a mesa e servindo-se das iguarias.

O Fera sorriu, e Jared parou de se servir.

- Desculpe! – falou o Belo.

- Por quê? – Perguntou estranhando a atitude do moreno.

- Eu não sei, você que fez essa cara de raiva!

- Eu só tenho essa cara feia! - E o Fera bateu na mesa, derrubando os pratos, copos e colheres.

Assustado Jared se levantou e correu para a porta de saída, mas antes de sair olhou para a mesa de jantar, e o que viu encheu seu coração de pena. A cabeça do Fera pendia para baixo numa posição de puro desolamento, e o Belo não conseguiu deixar o senhor do castelo sozinho e voltou a mesa.

– Por que ainda está aqui? – Perguntou o Fera ainda de cabeça baixa.

– Cara feia para mim é fome! E estou morrendo de vontade de acabar com a minha! – Disse Jared, mas sem coragem de olhar para o Fera.

O Belo viu um pedaço de carne passar voando em sua direção, e quando olhou para o Fera, estava literalmente brigando com os talheres, sem conseguir levar nem um pouco de comida a sua boca. Jared largou os seus talheres e começou a comer com as mãos.

- É melhor assim. Me obrigo a comer com garfo e faca por causa da minha mãe, mas demora muito. Parece que a comida perde o sabor, não concorda? – O Fera achava incrível o rapaz a sua frente comer e conversar ao mesmo tempo, sem se engasgar. – Você não vai comer? – A pergunta fez com que o Fera despertasse dos seus pensamentos, e começar a comer, e sentir o gosta da comida, como há muito tempo não acontecia.

Jared terminou a sua refeição em silêncio, tomou um pouco de vinho e se despediu do Fera.

- Amanhã, tome café comigo. – Pediu o Fera.

- Claro! Boa noite.

Assim que o belo se recolheu, o Fera foi para o seu quarto e fez algo que prometeu nunca fazer. Abriu a cortina que permitia observa o quarto ao lado, o de Jared, onde existia um grande espelho na parede, e através dele o Fera pode observa seu escravo dormir.

Ao acordar Jared se dirigiu ao salão e a mesma do café já estava pronta com o Fera sentada na cabeceira, apenas o esperando.

- Bom dia! – Exclamou Jared.

- Bom dia, dormiu bem?

- Sim, obrigado, você é muito bondoso para com um escravo.

O Fera não respondeu, apenas fez um gesto para o rapaz sentar.

- Quem preparou todas essas coisa? Existe alguém além de mim nesse castelo? São escravos? O se...

- Chega! Coma. Você tem compromissos com sua família!

Jared se calou, o Fera se arrependeu, pois gostava de ouvir a voz do Belo, mas ele não podia responder as perguntas do rapaz naquela ocasião, porém o que ele queria mesmo era ver o sorriso de Jared.

- Bom, até semana que vem! – Jared se despediu. Caminhou lentamente esperando ouvir a musica triste do violino, mas desta vez ele ouviu outra melodia bela, ainda triste, porém apesar da tristeza dava para perceber uma esperança por trás da desolação.

Na semana seguinte...

- Olá, hoje conseguir apenas patos do mato, espero que goste. A semana foi boa? - O Fera sorriu, mas seus sorrisos sempre eram interpretados de maneira errada. – Desculpe, vou me calar! – E Jared foi para a cozinha. Ele ficava triste por que gostava de conversar e fazer amigos, porém o Fera parecia detestar a sua voz, sempre que começava a falar ela mostrava os dentes, como se fosse avançar sobre ele.

Assim que terminou de preparar a comida, pôs a mesa e esperou, mas o Fera não disse nada, então ele resolveu se retirar.

- Você não vai jantar comigo? – Perguntou o Fera surpreso.

- O senhor não falou nada.

- Jante comigo. – Com o pedido Jared sentou a mesa. – Como está o seu irmão?

- Às vezes melhora, mas logo em seguida tem uma recaída. Eu não entendo já deveria está em pé e recuperado. – Jared parou e ficou pensando. – Mas não se preocupe assim que ele ficar bom. Eu cumprirei o combinado. – E se calou, em seu semblante a tristeza de ter que deixar a família.

- Não tenho pressa, não se preocupe. – E o Fera tocou em sua mão, mas a retirou rapidamente como se tivesse tomado um choque elétrico. – Desculpe.

- Tudo bem. – Respondeu sem jeito o Belo. Porém aquele toque também o deixou tão sem jeito, que para disfarçar, deu um leve sorriso, e aquele sorriso tímido, provocou reações no Fera que a fizeram sorrir com gosto, no primeiro momento o belo se assustou, mas depois ele percebeu que o Fera estava rindo, na verdade gargalhando. – Se quando você rir faz essa cara de bravo, nunca quero te ver com raiva. – E começou a rir também.

Ao ouvir o comentário do Belo o Fera parou de rir, mas quando viu o rapaz rindo, jogando a cabeça para trás com gosto, não agüentou e voltou a rir.

O jantar transcorreu em um clima de camaradagem, com Jared falando de sua família, infância e vida.

- Já falei muito de mim, fale um pouco de você. – Disse Jared olhando para o Fera, em seus lábios dançava um sorriso de expectativa.

- Não tenho muito que dizer de mim. – Respondeu o Fera de maneira rude, e esta viu o sorriso morrer nos lábios de belo.

- Desculpe, vou me recolher. Boa noite.

- Não! – A voz poderosa ecoou pelo salão. – Ainda não. – Falou agora um pouco mais calmo. -Beba o vinho.

- Já está tarde, amanhã tenho que partir bem cedo. Obrigado. – E rapidamente Jared se retirou.

- Alteza! – Repreendeu o violino.

- Por favor, Steven agora não.

- Quer que eu toque?

- Sim.

Jared já estava em seu quarto, quando ouviu a musica triste que o violino tocava, a primeira que tinha ouvido, e isso o fez descer curioso em saber quem tocava. Ao chegar ao salão ficou surpreso com o que viu, um violino flutuando no ar tocando sozinho.

- Incrível! – Exclamou.

- O que faz aqui? – perguntou surpresa o Fera.

- Ouvi a música, e queria ver quem tocava. – Jared ainda olhava encantado para o violino que tinha parado de tocar, mas continuava flutuando. – Nunca ouvir som tão maravilhoso, é triste, mas é perfeito.

- Obrigado!- Respondeu o violino, e Jared arregalou os olhos, mais surpreso ainda. – Faz tempo que não ouço elogios pela minha música.

- Você pode tocar uma música mais alegre?

- Infelizmente, não! Toco de acordo com o coração de meu amo!

Jared olhou para o Fera, se perguntando como alguém poderia carregar tanta tristeza, e resolveu fazer algo. Era de sua natureza não ignorar quem necessitasse, seja de ajuda material ou espiritual.

- Vou dormir! Tenho que pensar! – Deu um belo sorriso e voltou para o seu quarto.

O Fera achou estranho, mas gostou do sorriso e seguiu o rapaz, e quando chegou na porta do seu quarto esperou-o entrar, Jared olhou para trás e o premiou com outro sorriso.

Durante toda noite o Fera ficou acordada observando belo, que passou a noite agitado sem conseguir dormir.

Jared levantou bem cedo e correu para o salão encontrando o violino ainda em cima da mesa.

- Violino, o que deixaria o Fera feliz?

- Por favor, Steven. – Respondeu o violino.

- Steven, que nome estranho para um violino.

- Que nome você daria para o seu violino?

- Nunca tive um violino, portanto não sei!

-Então não discutiremos tal fato! Mas o que faria o Fera feliz? Não sei, ou melhor, sei, mas não posso dizer.

- Por que não?

- Por que não!

- Bom dia!

- Bom dia. Arrumarei a mesa para o café.

- Não há necessidade. – O Fera bateu palmas e os armários começaram a se abrir, pires, pratos, talheres voavam para cima da mesa, a porta da cozinha se abriu, e bandejas com pães, bolos e frutas surgiram, bules com café, leite e chás, e jarras com os mais diversos sucos. Em poucos minutos uma mesa digna de um príncipe esta posta para o café da manhã.

Jared olhava para a mesa encantado e se viu sem palavras diante da magia do momento.

- Sente-se. – Ordenou o Fera.

Jared sentou ainda não refeito da surpresa. Uma voz perguntou o que ele preferia chá ou café, e ele quase caiu da cadeira quando percebeu que a voz vinha de um dos bules colocados a sua frente.

- Minha mãe ia adorar uma cozinha assim! – Esse comentário fez o Fera rir, Jared riu também, ele já tinha percebido que os olhos do Fera quando sorriam brilhavam e ficavam ternos, apesar dos dentes a mostra, como se fosse devorá-lo.

O café durou uma boa parte da manhã, pois Jared se divertia com a louça encantada. Comeu de tudo um pouco, apenas pelo prazer de se ver servido por ninguém, ver os utensílios voando de um lado para o outro. O Fera se divertia com a alegria quase infantil de Belo.

Quando o relógio bateu dez horas, Jared se lembrou que teria de voltar para casa e rapidamente se despediu do Fera, preocupado com o horário.

- Leve o meu cavalo, Misha, ele conhece um caminho mais rápido. – Ofereceu o Fera.

Jared aceitou montou no cavalo do Fera e foi guiando o seu pela floresta, e logo chegaram em sua casa, pela metade do tempo que normalmente levaria para chegar.

- Belo! Meu filho o que aconteceu? – Sua mãe vinha correndo ao seu encontro.

- Desculpe, aconteceu algo maravilhoso e eu me distrai.

- O que aconteceu de tão maravilhoso? Aquele monstro morreu?

- Não, que horror. – A idéia do Fera morta, fez se estomago embrulhar e seu coração falhar numa batida. – A senhora ia adorar. – E belo contou tudo para a sua mãe, desde o violino até as louças que faziam tudo sozinhas. Sua mãe ouvia meio que maravilhada e preocupada com a empolgação do filho pelo Fera e seu castelo.

A vida de Jared continuava no mesmo ritmo, seu irmão ainda doente, cumpria religiosamente o seu trato com o Fera. Mas com o passar das semanas, ele começou a contar os dias entre uma sexta-feira e outra. Sua volta para casa acontecia cada vez mais tarde, às vezes era por que tinha ficado até tarde da noite conversando com o Fera ou se distraiu durante o café.

Um dia ficou para almoçar, e apesar de saber que não precisava cozinhar ou colocar a mesa, Jared fazia questão de tratar da caça e servir, agora não para o seu senhor, mas para um amigo. Sua família estava preocupada com essa amizade que Jared estava devotando ao Fera.

Certa noite depois do jantar, a conversa estava alegre, Jared contava história da Villa e as novidades da semana, quando de repente o Fera se levantou, o belo se assustou com a expressão na face do senhor do castelo.

- Amanhã terminaremos a conversa. – Disse o Fera se encaminhando rapidamente para as escadarias.

- O que aconteceu? – perguntou Jared se levantando também. E quando o relógio bateu meia noite, o Fera correu e se trancou no seu quarto.

Jared bateu na porta o chamando. Mas não obteve nenhuma resposta, encostou o ouvido na porta e nada, gritou pelo Fera, mas foi totalmente ignorado. Triste sem saber o que tinha feito de errado, foi para o seu quarto.

No quarto do Fera...

- Alteza, você não pode ir lá com ele desse jeito! Agora nós temos uma chance. – Falava Steven encostado na porta como se pudesse impedir o Fera de sair do quarto.

N.A.: Espero que vocês tenham gostado da adaptação, me deixem saber, se vale a pena postar a segunda parte.