Uma short fic Felicity. Talvez só tenha mais um capítulo. Não sei ao certo. Mas a inspiração bateu, e precisei escrever. Espero que alguém leia, e caso aconteça, espero que gostem! :D
Assim que a porta se abriu, ela ergueu a cabeça, esperançosa. Um suspiro escapou por entre seus lábios. Era apenas Carl, o único funcionário além dela a trabalhar no departamento de informática. Eles se conheciam há tempos, embora nunca tivessem sido realmente amigos, e ele a convidara para sair algumas vezes nos últimos anos. Carl jamais entendeu porque ela sempre disse não.
Felicity Smoak sabe o que quer. Se lhe perguntar, ela dirá que esta é uma de suas muitas qualidades. Além de ser, obviamente, muito inteligente, ótima com computadores e, modéstia parte, muito bonita. Ou, ao menos, era o que costumava ouvir dos caras quando tinha vontade de sair em encontros. Durante a faculdade. E, talvez, até um pouco depois disso. Contudo, após conhecê-lo, ela nunca procurou por mais ninguém.
Ela sempre achou estranho como eles se encaixavam tão bem. Não deveria ser assim, ou deveria? Os opostos não se atraem. Pessoas não são partículas, pelo amor de Deus! E quem inventou esse ditado idiota? De qualquer forma, ela jamais esperou que pudesse funcionar. Ela e ele. O cara bonito que largou a faculdade, e provavelmente iria herdar a maior empresa da cidade. O que vivia aparecendo nos jornais ou na televisão por estar envolvido em escândalos. O que disse que iria voltar em algumas horas — e, cinco anos depois, ainda não fora encontrado.
Felicity queria odiá-lo. Queria mesmo. Mas não conseguia. A única pessoa a quem ela contou sobre seu relacionamento secreto com Oliver Queen foi para sua melhor amiga, Sarah Lance, e como recompensa, levou uma apunhalada dupla pelas costas. Descobriu da pior forma possível que os dois estavam juntos no barco de Robert Queen — o pai do Oliver — durante o naufrágio. Só que, ao pensar em nele, ela sentia saudades. Daqueles sorrisos arrogantes. Daqueles olhos azuis. Da forma como ele falava, e como se movia. Era tão familiar. Embora, claro, ele nunca tenha realmente se aberto para ela. Ollie sempre foi um mistério. E Felicity era uma garota que gostava de descobrir coisas.
Ela sabia que cinco anos era tempo demais para não ter seguido em frente. Ela sabia que as chances dele voltarem eram ínfimas — mas, ainda assim, tinha esperança. Era uma bobagem. Esperar por ele. E, ainda que Oliver voltasse, não era garantia alguma que eles ficariam juntos. Ele estaria mudado. Ela certamente estava. Talvez não fosse capaz de reconhecê-lo. Talvez ele sequer lembrasse que ela existisse. Talvez nem mesmo se sentisse culpado por tê-la deixado dessa maneira.
— Licy? Está escutando?
Felicity franziu o cenho para Carl. Odiava aquele apelido. Já o pedira para nunca usá-lo, mas ele parecia sentir algum prazer nisso. Ela tinha quase certeza que o motivo eram todas as vezes que ela o dispensou. Chegava a pensar, divertida, que guardar rancor por todo aquele tempo não era saudável — até se lembrar que ela tinha seus próprios rancores guardados dentro do peito.
— Desculpe, não ouvi. O que você estava dizendo?
— Você viu o noticiário hoje? — perguntou ele, sentando-se em sua cadeira.
— Não, estive trancada aqui desde que cheguei. Como uma escrava. Sinto como se fosse um elfo doméstico.
— Você é tão nerd — ele disse, revirando os olhos e rindo.
— Oh — ela retrucou, arqueando a sobrancelha —, acabou de falar o cara usando uma camisa do Star Wars.
— Ponto feito — Carl resmungou, erguendo as mãos em sinal de rendição. — Escuta essa, todos os canais estão noticiando. Parece que ele foi encontrado. Não disseram se já está em Starling City ou não. Enfim. Está em todos os cantos. Lá em cima, ninguém fala em outra coisa. As pessoas estão eufóricas no refeitório.
— Você respira entre as falas? — perguntou Felicity divertida, cruzando os braços sobre o peito. — Não entendi nada, Carl. Quem foi encontrado? Aquele cara desaparecido do Glades? Um deputado, ou alguma coisa assim?
— Há — ele riu. — Como se ele fosse receber essa atenção toda. Não, estou falando dele. Oliver Queen. Você sabe, o filho do dono da empresa. Aparentemente, continua a ser nosso futuro patrão. O que é uma droga, porque eu amo meu emprego. De qualquer forma, parece que foi encontrado. Em uma ilha, ou coisa assim.
Felicity levou alguns segundos para entender o que estava sendo dito. Seu coração começou a disparar no peito, e ela encarou o rosto de Carl, procurando por qualquer sinal que indicasse que ele estivesse brincando. Mas não parecia estar. As piadas dele eram geralmente nerds, como "Qual o tipo de doença transmitida pela urina do mouse? Laptopspirose". Então, ela fingia achar graça, eles se dava por satisfeito, e ficava calado por um bom tempo. Só que, pela expressão séria em seu rosto, ele só poderia estar falando a verdade.
Ela fechou os olhos por alguns segundos, tentando recuperar o fôlego. Não sabia o que fazer. Como reagir. Ela sabia que alguma coisa estava prestes a acontecer quando acordou naquela manhã, uma sensação estranha no peito. Ela observou a porta da sala de abrir todas as vezes com expectativa. Ela o viu em suas memórias, e pensou nele, e ele estava a salvo.
— Você devia ir pra casa — sugeriu Carl.
Seus olhos se abriram, e ela observou o homem parado a alguns metros perto de si. "Então ele sabe", ela pensou para si mesma. O olhar em seu rosto não a enganava. Há quanto tempo Carl sabia? Não o suficiente, ou certamente não a teria chamado para sair quando ela e Oliver já estavam juntos. Quis dizer alguma coisa, qualquer coisa, mas a voz parecia presa em sua garganta. A visão não parecia estar funcionando direito, também, porque ficou momentaneamente borrada. Felicity piscou, e tudo entrou em foco. Ela percebeu que estava chorando.
— Digo que você passou mal e precisou ir embora. Vá para casa, Licy.
Ela concordou com um aceno de cabeça, pegou sua bolsa e saiu, sentindo o coração pesar no peito, dividida entre a dor e a felicidade.
~x~
O trajeto para casa não foi fácil. Ela chamou um táxi, porque não se sentia bem o suficiente para dirigir, e não conseguia colocar os pensamentos em ordem. Parte de si queria encontrá-lo. Correr para os seus braços. Beijá-lo. Tocar seu rosto. Sentir seu coração batendo em seu peito. Mas a mãe de Ollie, Moira, não sabia sobre o envolvimento do filho com a simples empregada do setor de informática. Se é que ainda houvesse algum envolvimento.
A outra parte de si, a racional, dizia-lhe que essa era apenas a confirmação que ela precisava para seguir em frente. Esquecer o passado. Esquecer Oliver Queen, e a bagunça na qual ele transformou sua vida. Ela conhecia seu próprio valor. Ela sabia que merecia algo melhor que aquilo. Um cara que a traiu. Um cara que a fez imaginar, por cinco anos, se ele estava vivo ou morto. Um cara que a fez chorar quase todos os dias, por sentimentos diferentes, e levara uma parte dela consigo. Ela sentia como se Oliver fosse um ladrão. Como se tivesse tirado algo dela — algo que só ele poderia devolver, ou, então, estaria perdido para sempre.
Seu coração.
Ela subiu as escadas para o seu apartamento com dificuldade, tropeçando nos próprios pés, e assim que entrou, andou até seu quarto e se jogou na cama. As lágrimas estavam lá, novamente, e ela não as impediu de caírem. Chorou até que não havia mais nada a ser chorado. Recuperou a voz, gritou, e a perdeu novamente. Sentiu seu peito se apertar. Sentiu suas mãos tremerem. Sentiu raiva. Tristeza. Traição. Saudades. Preocupação. Amor.
Foi quando ela tomou sua decisão. Precisava vê-lo novamente. Nem que pela última vez. Porque ela nunca disse que o amava. Porque ela nunca disse a ele que Sarah não fora sua única bagagem naquele navio — ele levara consigo, também, o seu coração. E ele precisava saber disso. Precisava saber dos danos que havia causado. Precisava saber que ela o esperou por todo esse tempo.
Mas, acima de tudo, ela precisava seguir em frente. Com ou sem Oliver. E ela faria isso.
Não sei mexer direito no , e não conheço muito o sistema de reviews. Não sei se pode responder, ou não, mas se alguém deixar algum, seja apenas dizendo que gostou, seja elogiando ou criticando, quero que saibam que estarei lendo e agradecendo pelo feedback.
Espero que tenham gostado!
Feliz ano novo :D
