EU VOLTEEEEEIIIIIII!

E então pessoas, tudo bem com vocês?

Pois é. To de volta e displicência a parte, eu devia ter voltado com alguma continuação das minhas fics, mas não seria eu mesma se não tivesse voltado com alguma coisa nova, néam...

Acho que alguns de vocês vão reconhecer a personagem principal dessa fic... xD

Sim... Ela mesma.

Então... para aqueles que não conhecem, eu tinha escrito essa personagem para ser participante de uma fic de fichas, mas, como o destino é mágico, ela voltou pras minhas mãos e agora EU posso fazer o que quiser com ela! E eu pensei, pensei, pensei... encostava a cabeça no travesseiro e ficava imaginando cenas e diálogos pra uma historia só pra ela e aos poucos foi surgindo e posso dizer q to muito satisfeita com o rumo que a historia aos pouco vai desenvolvendo (sim, já tenho outros capítulos prontos). Mudei alguns aspectos do BG dela, inseri outros detalhes, pesquisa aqui e ali e as coisas vão fluindo. Muito melhor do que ser sub-aproveitada.

Mas whatever... Hope u like it.


Guerras de Sangue: Império.

Capítulo I:

Complexo Vampírico Sul, 9:21 P.M.

Estava parado diante da enorme janela que ia do chão ao teto daquela sala. Os braços estavam cruzados nas costas e ele observava o imenso jardim lateral. Era alto, quase dois metros de altura. Usava um terno cinza chumbo, camisa e gravata negras, tal qual seus longos cabelos, presos num rabo de cavalo baixo por uma tira de couro.

- Estamos com um sério problema Saga, e só você pode resolvê-lo. – disse o homem de cabelos longos e platinados. Seu visual era bastante andrógino, mas por trás daquela delicadeza se escondia um assassino frio e sanguinário. Estava sentado diante da larga mesa de mogno e mármore, os pés cruzados e descansados em cima do tampo.

- E por que eu faria isso?

- Porque você está no comando como regente. – respondeu o outro. – E você sabe muito bem a merda toda que vem acontecendo lá fora.

- Sim. Sei. E por ter conhecimento disso, me responda: por que eu devia me importar com mais um problema?

- Porque você precisa fazer algo pelo seu povo.

- Não sou filantropo.

- Se não fizer nada, é possível que as coisas piorem. Talvez haja uma revolta ou qualquer coisa do tipo.

- Acha mesmo que uma revolta me preocupa, Afrodite? Eles nada podem fazer contra mim. Um dedo levantado com a intenção de me machucar assina a sentença de morte de qualquer um deles. Eu estou no comando.

- Não é só a classe mais baixa, Saga. Os aristocratas também.

- Não ligo nenhum pouco.

- Saga, seria melhor ouvir o que Afrodite tem a dizer. A situação está realmente delicada. – outro homem havia se aproximado dos dois. Já estava presente no escritório e apenas mantinha-se no canto da sala, observando. Cruzou os braços quando alcançou a quina da mesa.

- Aiolos, já disse que não me importo nem com um e nem com outro.

- Saga se uma revolta acontecer, ninguém ficará ao seu lado. – disse Aiolos. Os olhos verdes brilhavam na direção do regente, que permanecia de costas para os dois.

- Há muitas reclamações ao seu respeito. – disse Afrodite observando as unhas.

- E sobre o que esse bando de desocupados reclama?

- São atacados com frequência, reclamam da falta de segurança.

- E por acaso eu não sei disso? Por acaso não é por essa merda de motivos que eu ando puto? Porque não consigo pensar numa maneira de melhorar a segurança de todos! Estou aqui com as mãos atadas porque não posso eu mesmo sair e cuidar disso com minhas próprias armas. Shion não devia ter me colocado nesse posto. Eu não nasci pra essa merda.

- Mas você está onde está, então, demonstre um pouco que se importa com o povo.

- Mas eu não me importo. Eu quero sair e lutar e não me importar com um monte de gente que eu nem conheço!

- Ao menos finja!

- Não tenho interesse.

- Mas precisa criar. A Aristocracia está armando algo. Eles tem se reunido muito frequentemente. Você lhes nega audições, veta seus pedidos... O conselho deles diz que você se importa apenas em ser esnobe e em carregar a coroa sobre sua cabeça. Dizem que não é digno do cargo que carrega se não cuida da própria raça.

- Apesar de esse bando de idiotas só querer chamar atenção, eles têm razão Não sou digno de onde estou. Pelo amor de Deus, eu sou um guerreiro e não a porra de um monarca! Qualquer um de vocês dois estaria muito melhor no meu lugar.

- Mas Shion escolheu você. Ele enxergou algo em você que nós não temos, então se contente com isso e faça alguma coisa pra honrar o que ele lhe deixou até que ele mesmo volte de onde quer que ele esteja. Ou talvez você preferisse que Kanon estivesse vivo pra estar no seu lugar. – disse Aiolos

- Kanon está morto e nada vai mudar isso. – Saga finalmente virou-se para olhá-los – Além do mais, meu irmão nunca nem demonstrou interesse algum em ascender ao trono ou ser alguém dentro deste círculo aristocrático. O único interesse dele era fazer da minha vida um inferno.

- Suspeitamos que uma revolta pode estar se formando, Saga. – disse Afrodite tirando os pés da mesa. As calças pretas com textura de couro de cobra formaram vincos na altura dos joelhos e ele calmamente os arrumou, assim como ao punho da camisa branca. – E isso não é nada bom. Nem a lei e nenhum de nós dois vai poder fazer nada se você morrer.

- E o que vocês querem que eu faça? Lute? Ótimo! Lutarei e matarei cada um que ousar erguer o dedo contra mim. Estou louco para voltar a ativa outra vez! E não quero nem saber se é vampiro, lobo ou humano degenerado!

- Não queremos nem uma coisa e nem outra. – respondeu Aiolos.

- O que então?

- Pra início de tudo, ao menos finja que se importa com a raça. Faça mais aparições, ouça-os algumas vezes, acate seus pedidos. Podemos ajudá-lo com isso. Apenas finja.

- Que seja.

- Há outro ponto. – acrescentou Afrodite.

- Qual?

- Estão todos em polvorosa com esse caçador misterioso que também vem nos dando dor de cabeça por deixar as cenas de caça dele pra que nós limpemos a bagunça. Estão dizendo que ele tem sido muito mais eficiente que nós e estão também procurando descobrir quem é ele. Suspeitamos que eles queiram isso pra que ele assuma seu lugar.

- Nunca. Eu posso não ser a melhor pessoa neste lugar, mas nenhum caçador filho da puta que não tem coragem de mostrar a cara vai me tirar daqui.

- Saga...

- O que?

- Ele tem sido melhor que nós.

Com uma risada sarcástica Saga retrucou.

- E o que vocês também estão fazendo pra melhorar isso? Esperando por mim? Vejam, nós três sempre trabalhamos bem em conjunto antes de Shion me dar esse fardo. Mas agora, não há muito que eu possa fazer porque não posso sair a campo como antes! Eu mal saio daqui desse maldito complexo! Eu dependo de vocês também pra fazer algo, porra! Sempre fomos bons nessa merda! O que está acontecendo agora?

- Acho que estamos mais voltados a nossos assuntos pessoais do que na guerra como costumávamos fazer antes. – respondeu Aiolos – Afrodite tem seus negócios, eu preciso administrar as coisas como conselheiro.

- Acontece que os tempos são outros. A guerra se expandiu pra outras áreas. Nos dispersamos dos tempos passados.

- Então que isso seja mudado imediatamente. Eu to de saco cheio de tudo isso.

- Vai abordar esse assunto no Conselho amanhã?

- Eu preciso pensar sobre isso.

- Ótimo. Mas por favor, tome essa decisão rápido. Não temos tanto tempo assim.

- Não me apresse Afrodite. E não me faça perder a paciência com você. Se esqueceu de quem sou?

- De maneira alguma. Mas é bem verdade que não temos tempo.

- Eu disse que vou pensar. Agora vá. – Saga usou um tom frio. Tão frio quanto o olhar que lançou ao loiro, Aiolos pode sentir o medo que emanou dele. Afrodite não tinha medo de nada, exceto de Saga.

- Sim.

O loiro levantou-se, arrumou novamente as calças, a camisa branca, alisou a gravata cinza, o colete preto cheio de correntes prateadas e saiu. Percebendo a irritação de Saga, Aiolos resolveu sair também. Já estava a meio caminho da porta quando ouviu a voz do outro.

- Você não Aiolos. Você fica.

- Claro.

Aiolos tomou então o lugar que antes era de Afrodite. Quando se sentou, o jeans da calça se repuxou, marcando os músculos extremamente trabalhados das coxas. Cruzou as pernas na altura dos tornozelos, os coturnos surrados contrastando com o caríssimo tapete que adornava o chão.

- Diga-me a verdade. E se não o fizer, eu vou saber.

- Eu não tenho porque enganá-lo sobre nada, Saga.

- Aiolia. Ou algum dos meninos dele.

- Não. Já investiguei cada um deles mais de três vezes. Meu irmão e os guerreiros que o seguem não tem nada a ver com esse maldito caçador. Aiolia adora acabar com seus inimigos quando os encontra, mas ele não é tão preciso nos golpes quanto esse vampiro caçador porque adora se divertir numa boa luta. Os outros fazem mais ou menos como ele, pois são seus aprendizes, mas jamais chegariam ao nível de luta que as investigações de Máscara da Morte revelaram.

- Como temos tanta certeza de que é um vampiro?

- Havia sangue chamuscado nas cenas. Desde gotas até manchas maiores.

- Não significa necessariamente que seja um vampiro. De repente um dos nossos inimigos conseguiu sangrar um dos nossos antes de ser emboscado e morto pelo caçador.

- Acontece que Máscara também achou símbolos vampíricos bem antigos nas cenas ou perto delas. Não sabemos o que significa cada um deles.

- Foram todos diferentes?

- Sim. Sem sabermos o que significam não sabemos dizer qual a intenção de alguém tê-los deixado ali. Apenas sabemos que são antigos. Como hieróglifos ou algo do tipo.

- Espera. Você disse hieróglifos?

- Sim. Algo parecido a isso. Máscara e eu estamos procurando informações sobre o significado.

- Havia um clã bem antigo que teve sua origem e seu fim no Oriente médio. Eles se chamavam de "Povo das Estrelas". Mas, ele foi completamente extinto num ataque de lobisomens.

- Você acha que pode haver alguém falsificando os símbolos ou se aproveitando disso?

- Tudo é possível. Até que vocês descubram o significado dos símbolos trabalhamos apenas com possibilidades. Agora preciso que você me diga que isso não pode me afetar mais ainda.

- Gostaria de dizer que sim, mas Afrodite e eu esgotamos todas as opções. Uma disputa de poder dentro da nossa própria raça seria um verdadeiro holofote aos nossos inimigos. Além do que, não teríamos tantos ao nosso lado. Como eu lhe disse, os aristocratas têm se reunido com frequência, isso é bem perigoso, pois eles podem pedir que você seja deposto. E de certa forma, eles são um poder bem influente na nossa raça. Não seria nada agradável para você. Na verdade, pra nenhum de nós.

- Não tenho saco para isso.

- Eu sei. Mas o poder é seu. Estamos aqui para lhe aconselhar e te ajudar, além de guardar seu traseiro. E esses boatos parecem bem reais.

- E onde diabos estão os guardiões? Eles deveriam estar facilitando nossa vida!

- São poucos guardiões pra todo esse trabalho Saga. E demora conseguirmos mais. Encontrar membros da raça que estejam dispostos a passar anos de treinamento não é assim tão fácil. Todos no momento estão mais preocupados em cuidar dos próprios rabos do que se importar com a raça no geral. Afrodite tem dobrado as escalas, mas são muitas áreas a cobrir. Temos cerca de 8 guardiões no momento.

- E querem cobrar de mim qualquer coisa que seja!

- Na verdade, eles estão certos em fazê-lo. Você está no poder. Deveria proporcionar a eles esse tipo de coisa.

- É pra isso que eu tenho você e Afrodite. Eu nunca me importei com nada e nem com ninguém. Você sabe disso. Eu só quero lutar. Enquanto eu tinha minhas armas em mãos e podia matar meus inimigos tudo era melhor. Isso não muda só porque tenho uma coroa, que nem é minha, na cabeça.

- Deveria mudar Saga. E tem que mudar. Continue sem se importar, mas ao menos finja. Afrodite e eu faremos o trabalho pesado, como sempre fizemos.

- Vai jogar isso na minha cara agora?

- Não leve pro lado pessoal. Devemos muito a você.

- E eu nunca cobrei nada de vocês a respeito disso, mas não me obriguem tomar essa atitude. Então façam algo sobre isso. E apesar de odiar estar onde estou, eu também devo muito a Shion e não posso perder tudo que foi dele assim.

- Você sabe que não facilita as coisas. Fazemos o que está ao nosso alcance, mas não podemos passar por cima das suas decisões.

- Que seja Aiolos! Vou me esforçar em fingir alguma coisa. – disse Saga sentando-se na cadeira de couro negro e cruzando as pernas em cima da mesa.

xXxXxXxXx

Mansão Luna, 19:23 daquela mesma noite, região leste da cidade.

Havia acordado já tinha algum tempo. Estava se sentindo um pouco cansado. Fraco. Mas sabia bem que isso era resultado da quantidade de sangue que havia alimentado sua irmã na noite anterior. Esperava que ela estivesse melhor. Céus! Ela precisava parar com aquelas coisas!

Resolveu levantar.

Dirigiu-se até o banheiro da suíte. Agradeceu mentalmente os azulejos das paredes serem escuros, caso contrário, a luz teria incomodado seus olhos de uma maneira que não seria legal. Escovou os dentes, fez aparou a barba e entrou no Box. Aquela ducha rápida de repente lhe devolveu um pouco de energia.

Foi até o enorme closet e vestiu a boxer preta, uma calça esportiva de nylon da mesma cor e uma camiseta branca.

Saiu pelo corredor em direção ao quarto adjacente. Tudo era tão diferente! Enquanto o seu era bem minimalista, com a cama de casal toda negra, os criados-mudos ao lado, contendo nada mais que uma luminária e alguns livros, um tapete felpudo onde ele adorava passar os pés, uma poltrona, uns quadros na parede e nada mais; o quarto dela era todo vermelho, bege e dourado. A cama de dossel, tapetes por quase todos os lados, cortinas, prateleiras com livros, estatuetas, porta-retratos, e mais um infinidade de coisas. Se perguntava como ela conseguia se encontrar ou se concentrar em algo ali dentro.

- Vamos preguiçosa. Levante logo daí. – Farraj abriu a porta do quarto da vampira deixando que a luminosidade do corredor entrasse e roubasse um pouco da escuridão plena em que se encontrava o quarto dela, graças às persianas de aço e às grossas cortinas com blackout, que não deixavam entrar um raio de luz que fosse. Amani sempre ficava enrolando na cama para levantar, mesmo sabendo das responsabilidades que tinha ao longo do dia e da noite.

- Não quero levantar Farraj. Meu braço esquerdo ainda dói.

- Vai passar. Isso é só manha sua.

- Não é, e você sabe. – respondeu Amani recostando-se nos travesseiros.

- Fatin, já disse, você precisa parar com isso. Ou pelo menos deixar essa luta pr...

- Não comece com isso.

- Tudo bem. Quem sabe um pouco mais de sangue ajude a melhorar. – Farraj já ia morder o próprio pulso para ceder seu sangue a ela, mas Amani recusou.

- Não. Já abusei de você na noite anterior. Você também precisa se manter forte. Está com cara de cansado.

- Um pouco. Mas é passageiro. Cinco minutos pra você trocar de roupa e podermos treinar. Acha que seu braço aguenta? – ele sentou-se na beira do colchão macio e colocou uma mecha de cabelo escuro atrás da orelha dela.

- Acho que sim.

- Tem certeza?

- Podemos tentar.

- Tudo bem. Aguardo você lá embaixo. – o vampiro se levantou e saiu do quarto de Amani.

Enquanto ele atravessava a porta ela ficou observando-o, pensando na oferta que ele tinha lhe feito. Ceder mais um pouco de seu sangue a ela para que pudesse se sentir recuperada de verdade. O que seria dela se não fosse ele? Teria sumido da face da Terra há muito tempo. Talvez naquela maldita noite há tanto tempo. Se ele não tivesse lhe puxado para a praia depois de aquele lobisomem tê-la atacadou e desmaiado logo em seguida, poderia simplesmente ter sumido no mar ou receber um novo ataque. Farraj era muito mais que um amigo pra ela. Um verdadeiro irmão. Como havia sido para Tarik.

Amani ficara feliz que depois de um tempo ele passou, ou melhor, voltou a "viver". Com seus 1,82 de altura, os músculos volumosos em seu corpo, os olhos azuis e o cabelo, hoje, em estilo militar, Farraj volta e meia arranjava alguns encontros e se dava verdadeiramente bem. Meu Deus, quanto tempo ele levou pra fazer isso de novo? Tanto tempo recluso. Tanto tempo dedicando-se a Tarik e depois a ela. Sentia-se aliviada e até eufórica quando ele chegava com um sorriso de orelha a orelha depois de tórridas horas de sexo com alguma mulher.

Ah sim... Aquilo era realmente bom. E ela sentia na pele aquela sensação quando passava tórridas horas de puro sexo com Saga.

O envolvimento dos dois havia começado quando Shion, o atual rei ainda era o príncipe dos vampiros. Saga, que agora era o regente, sempre havia reprovado a decisão de Shion de aceitá-la no Conselho, sempre reclamando da sua rebeldia, da sua falta de respeito para com o rei, sempre dizendo que o lugar dela não era ali. Ele a detestava. Tinha ficado bem claro por várias vezes, quando ao fim das reuniões eles trocavam farpas. E ela não era indiferente à ele. Não mesmo. Amani também detestava aquela arrogância de Saga, a prepotência que ele ostentava como um troféu, principalmente depois de ter de engolir a inclusão dela no clã da cidade. É difícil até mesmo dizer como aquela relação começou, já que ambos se odiavam.

Num momento eles batiam boca e trocavam ofensas, como se fossem iniciar a terceira guerra mundial, e no outro, beijavam-se como se o mundo fosse acabar no momento seguinte.

A vampira levantou-se da cama e se espreguiçou, sentindo logo a dor no braço ainda em recuperação, mas não achava que isso fosse lhe incomodar por muito tempo. Foi até o banheiro, tomou uma ducha rápida e voltou ao quarto, dirigindo-se ao closet para se vestir. Alguns minutos depois, foi ao encontro de Farraj na academia montada no subsolo da mansão, que havia tirado a camisa e agora estava apenas com a calça preta de nylon fazendo flexões com um dos braços apoiado nas costas.

- Eu disse 5 minutos, você levou o triplo disso.

- Desculpe o atraso. – respondeu ela, que agora trajava uma calça semelhante a de Farraj, um top vermelho e trazia os cabelos num rabo de cavalo. – Acabei me distraindo.

- Foi o braço?

- Não. Outra coisa.

- Algum problema? – perguntou preocupado.

- Nenhum. Pronto?

- O que vai ser hoje?

- Você escolhe.

- Tem certeza?

- Absoluta.

- Tudo bem então.

Farraj deu as costas a ela, como se estivesse decidindo o que seria e começou a caminhar com uma das mãos no queixo. Amani permaneceu no mesmo lugar, com os braços cruzados, esperando e observando-o. Ela sabia o que ele faria, mas ambos gostavam de um teatrinho antes. Afinal de contas, a sondagem fazia parte do início de toda luta. Difícil dizer quem deu o primeiro golpe, mas o treino entre eles havia começado de verdade.

Chutes, voadoras, socos, joelhadas, rasteiras, arremessos, golpes baixos... O treinamento deles era sempre assim. Pesado. Até que geralmente Farraj pedia que parassem. Mas naquele dia, havia sido ela. Após correr na direção do vampiro e preparar um salto, ele lhe lançou para o alto, agarrou-a pelos quadris e lançou-a ao chão. Amani caiu de costas, mas o impacto foi todo absorvido pelo braço machucado. E ela gritou.

- Você tá bem? – Farraj logo agachou-se ao lado dela, preocupado. Sabia que não era um golpe baixo, sabia que não era fingimento.

- Tô. Eu... Não foi nada. Vamos continuar.

- Não. Acho que já chega. Não só por você, mas por mim também. Não vou durar muito tempo mais.

- Seu braço está dormente? – ela perguntou sentando-se no tatame ao lado dele.

- Começando a ficar. – o vampiro abria e fechava a mão direita. – Mas você foi muito bem hoje. Apesar da dor. E esses treinos físicos que fazemos são bem revigorantes.

- Você também. Tem ficado mais forte. Quem sabe não volta a lutar como antes?

- O dano foi permanente Fatin. Eu nunca mais vou ter a força que tinha antes. Sei que sente minha falta ao seu lado, pra treinarmos mais pesado, mas vai ter de se contentar com a minha limitação e cobertura de longe. – ela riu.

- Um bom guerreiro luta com os dois braços sem nenhum problema Farraj.

- É, mas um bom guerreiro também sabe quando está derrotado.

- Você não está derrotado.

- Não, mas sei meus limites. E eu seria um péssimo guerreiro tentando lutar com a mão esquerda. Tarik era bom nessa coisa de lutar com as duas mãos, eu não.

- E ainda assim você lutava melhor que ele.

Os dois riram diante da lembrança.

- Continue assim e logo estará tão boa quanto eu era.

- Às vezes sinto a falta dele. Fico me perguntando como seria se ele estivesse aqui conosco.

- Também me faço a mesma pergunta, mas temos de lembrar que ele não está mais aqui.

- Eu sei. E isso me dói.

- Dói mesmo?

- O que? – perguntou surpresa.

- O que dói é a ausência dele ou o fato de você não conseguir mais lembrar dele como antes?

- Farraj!

- Não me condene. Conheço você. E conheço muito bem. Gosto que esteja se envolvendo com o Saga e entendo perfeitamente que a memória que você tem de Tarik já não seja mais a mesma. A minha não é. E já faz tanto tempo Fatin.

- Eu o amava! E ainda o amo!

- Você ama a memória dele e o que ela representa pra você. E tá tudo bem que as coisas tenham mudado. Eu sei como você se sente.

- Zahira, não é?

- Sim. – Farraj respondeu com certa amargura.

- Você quase não fala dela.

- Porque a perda dela me foi muito dolorosa. No pior dos sentidos.

- A minha também.

- O que acha de trocarmos de roupa e darmos uma volta? Uma olhada na cidade atrás de mais um ponto de negócios. Estou pensando em uma casa noturna agora.

- Vai competir com Afrodite?

- De certa maneira, sim.

- Ele vai ficar furioso.

- Ótimo.

- Ele odeia você.

- Não, não odeia. Apenas quer ser como eu.

Boate Pandemonium, 23:47, região sudeste da cidade.

Ah sim. As coisas não estavam nada fáceis. Boatos maldosos sobre o rei e o regente, uma guerra infindável contra as criaturas noturnas, uma provável guerra dentro da raça, contas à pagar... Tudo se unia num estresse absurdo. Mas ali estava, vestindo uma calça escura, uma camiseta vermelha, jaqueta de couro e botas também de couro. Saiu pela noite com destino certo.

Adentrou o clube noturno, cumprimentou a todos os outros que trabalhavam ali consigo e logo assumiu seu posto atrás do balcão do bar. Não era pra estar ali aquela noite, era sua folga, mas sempre que alguém lhe pedia pra tirar uma folga, não hesitava em aceitar. Uma grana a mais sempre era bem vinda.

- Achei que era sua folga hoje. – Afrodite encostou-se no balcão do bar de maneira displicente.

- Achou certo.

- E o que está fazendo aqui?

- Ganhando dinheiro.

- No meu escritório. Agora. – disse o loiro sem muita paciência.

- Por quê? Vai me demitir?

- Agora.

Com um suspiro, serviu os últimos pedidos que lhe tinham sido feitos e pediu pra outra pessoa assumir seu posto, pois o chefe tinha chamado.

- Pronto, estou aqui. Pode despejar tudo que tem.

- Como espera fazer seu outro trabalho de maneira exemplar se, na noite em que deveria estar de folga, você está aqui?

- Você sabe que eu preciso de grana.

- E você sabe que pode contar comigo para o que precisar. Não precisa fazer esse tipo de sacrifício. – disse o outro sentando-se na enorme poltrona de veludo azul atrás da mesa com tampo de vidro jateado.

- Não quero que me dê grana de graça. Já disse isso.

- E também não quer emprestada.

- Já tenho dívidas o suficiente pra adquirir mais uma. E sei bem como cobra seus devedores. Não. Eu passo.

- Jamais cobraria de você dessa forma, e você sabe. Mas me diga, e se eu lhe oferecer um salário maior e melhor dentro de sua outra função?

- Como assim?

- De todos os Guardiões que temos, você é em quem mais confio pra fazer isso.

- Fazer o que?

- Bom, você sabe que estamos passando momentos difíceis dentro da raça. Saga precisa se impor, caso contrário poderá sofrer um golpe. Em reunião com ele hoje, Aiolos e eu lhe fizemos algumas propostas. Apesar dele confiar em mim, não sou a melhor pessoa para convencê-lo a aceitá-las, então isso ficou a cargo do Aiolos, e comigo ficou a missão de cuidar dos pormenores. E foi por isso que lhe chamei aqui. Precisaremos de reforços.

- E você quer que eu faça isso? Vai aumentar minhas escalas, é isso?

- Sim. Como disse, dentre todos os Guardiões, você é quem mais se destaca. Nada foge de você. Nada escapa aos seus olhos. Suas noites de ronda são as mais produtivas.

- Afrodite, isso é muito mais complicado. Você sabe que eu preciso dos dois empregos!

- Vai ser mais complicado ainda do que você imagina. Estaremos juntos e você sabe que eu não sou muito paciente com algumas coisas.

- O que?

- Você tem mais culhões que qualquer um. Você não vai fazer nada de diferente, apenas melhorar o que já sabe. E vai fazer isso comigo. Além do mais, estou lhe oferecendo um aumento, você ouviu bem?

- Isso é loucura. Eu não posso fazer isso! Você é louco.

- Está tudo bem. Sei que você capaz. Começaremos em alguns dias. Não se preocupe com nada. Apenas mantenha tudo em segredo.

- Você fala como se eu já tivesse aceitado.

- Aí é que está. Você vai aceitar. Só você pode fazer isso. E como eu disse, o salário é bem alto. Vai saldar suas dívidas, melhorar a situação de vida dos seus pais.

- E me colocar em risco de morte caso eu não me dê bem. Ou você acha que eu não sei que se algo der errado, você vai me deixar pra morrer?

- Você vai se dar bem. E não, eu jamais faria isso com você. Com qualquer outro, sim, Mas com você, não.

- Duvido muito. Mas... Como sabe disso? Como sabe que eu vou me dar bem?

- Porque você é a melhor, Saraya. Além do mais, ninguém espera ser derrubado por uma mulher. A grande maioria é bem sexista.

- Inclusive você, Afrodite...

- Saraya, por favor. Somos amigos há muito tempo e eu nunca pedi nada a você. Você sempre foi boa nisso, sempre foi uma ótima Guardiã. A melhor de todos eles e não uso elogios pra convencer você a aceitar, sabe disso. Mas a situação é complicada. Realmente complicada. Então preciso de tudo que tenho de melhor.

Após um tempo, que para Afrodite parecia uma eternidade, mas ele jamais demonstraria sua ansiedade na frente de quem quer que fosse, Saraya respondeu.

- Tudo bem. Mas não faço isso pelos seus belos olhos. Faço pela grana.

- Não vai se arrepender.

- Mas preciso saber como tudo vai funcionar realmente.

- Vai saber. Assim que eu tiver um retorno de Aiolos sobre o posicionamento de Saga.

- Me faz uma proposta indecente como essa e nem sabe como tudo vai acontecer realmente?

- Estamos falando de Saga, querida. Com ele ninguém consegue saber ao certo como tudo vai acontecer. Portanto, acho que você, além de seu treinamento, vai precisar ser boa em improvisos também.

Saraya revirou os olhos e respirou fundo, se levantando da cadeira.

- Vou voltar ao bar.

- Sabe o quanto me irrita vê-la atrás daquele balcão?

- Não, e sinceramente, não me importa. Eu preciso trabalhar. Servir bebidas na sua casa noturna é um trabalho. Você tem dinheiro de sobra, por isso não entende.

- É que, sabendo da sua história, me incomoda vê-la fazendo algo que não é da sua linhagem.

- Minha linhagem agora é comum. Estamos falidos há muitos anos. Sou civil, meus pais são civis, então preciso disso pra sobreviver. Goste você ou não.

xXxXxXxXx

"Mas que bela droga!" era o que pensava Saga enquanto andava de um lado para o outro na imensa suíte máster alugada para aquela noite. Afinal de contas, se queria ter um encontro como o que teria dali alguns minutos, não poderia fazê-lo na mansão do complexo extremamente bem escondido onde vivia.

Havia acabado de ter aquela maldita conversa com Aiolos onde ele lhe disse que tinha que agir como o regente que era. Tudo bem. Até poderia fingir uma situação melhor com a aristocracia e os civis, só pra pararem de encher seu saco, mas... Queria era voltar às ruas. Deixar de usar aquelas roupas finas, cheias de goma. Queria voltar ao couro surrado, às botas de combate, aos milhares de armas escondidas pelo corpo. Caralho. Shion havia errado muito feio em tê-lo colocado naquela situação.

- Meu senhor. – a voz feminina se fez ouvir no meio do cômodo.

- Você demorou.

- Perdão meu senhor.

- Não lhe avisaram que não gosto de esperar?

- Sim, meu senhor. Avisaram.

- Então por que me deixou esperando?

- É que...

- Ah, deixe pra lá. Não me importa. Tire a roupa.

A mulher a sua frente deixou cair o longo casaco que trajava, revelando nada além da pele nua e os pés calçados num scarpin preto com solas vermelhas. Provavelmente alguma imitação de um Louboutin, porque aquela prostituta, definitivamente, não tinha jeito de ser de luxo. Aqueles cabelos mal pintados diziam isso. Mas tudo bem. Ele havia escolhido dessa maneira. Queria algo diferente essa noite.

- Hum... É. Acho que dá pro gasto.

- Eu posso fazer o que quiser, meu senhor.

- Pode? Querida, você VAI fazer o que eu quiser. – o sorriso sádico que Saga trazia no rosto fez com que a prostituta engolisse em seco e Saga sentisse, não pela percepção da grade emocional, mas pelo cheiro, que ela começava a sentir muito medo dele. – Estou sentindo medo vindo de você?

- N-não meu s-senhor...

- Hum... que mentirosa. Mas tudo bem. É bom que tenha medo de mim. Isso significa que me respeita. Agora venha aqui.

Ela obedeceu e ele pode avaliá-la mais de perto. Ah sim. Não era uma prostituta de luxo. A maquiagem não era das melhores, o cabelo realmente estava mal pintado, o perfume era uma imitação barata... Os seios não eram tão fartos, mas o quadril avantajado e as pernas grossas faziam um bom conjunto. Tudo bem. Aquela noite seria apenas uma noite de foda, pois podia apostar que o sangue daquela prostituta da sua raça estava cheio de porcarias. Não. Ele não sujaria o sangue dele assim. A fome podia esperar um pouco mais. Até porque, havia alguém bem melhor pra fazer isso. Alguém que ele não conhecia a fundo, mas que sabia ter o sangue mais puro e limpo, além de delicioso, que ele já tinha provado. Uma pena ela ser tão irritante daquela maneira.

Às vezes se perguntava como diabos aquela loucura aconteceu. Detestava Amani. Cara, como odiava aquela mulher! O nariz empinado, aquele jeito arrogante de falar, de se portar, a maneira como o enfrentava nas reuniões do Conselho Vampírico. O sarcasmo que sempre a acompanhava...

Nunca entendeu o motivo de Shion ter permitido sua entrada no círculo mais poderoso do clã daquela cidade. Ninguém sabia ao certo de onde ela tinha vindo ou o que fazia antes de ir parar ali. Até onde sabiam, ela poderia ser uma assassina da própria raça e estar foragida ao longo daqueles dois séculos em que estava ali. Ainda que essa hipótese o agradasse, pois ele estava louco para lhe arrancar fora a cabeça, ela se tornou falsa, pois com tanta notabilidade que Amani tinha alcançado, se ela fosse uma fratricida, alguém já teria reclamado sua cabeça.

Definitivamente, ele odiava a presença dela ali. Ainda que ela fosse tão rica quanto cada um deles ali, ela sequer sabia empunhar uma arma, ou sabia estratégias de guerra ou carregava histórias e cicatrizes por ter sangrado em defesa à raça. Além do mais, apesar de todos aqueles vestidos, sapatos e joias caras, ela sequer fazia parte do circulo aristocrático. Era a cadeira mais inútil que existia naquele Conselho. Sempre com opiniões que não tinham sentido. Sempre com sugestões absurdas sobre um assunto que ela sequer dominava. O pior era que seu discurso era tão bem colocado que alguns dos membros já paravam para ouvi-la. Verdadeiro absurdo.

Mas o fato era que, ela tinha sua utilidade. Apesar de tudo, ela o atraía. Seu corpo era maravilhoso, seus cabelos sedosos, ondulados e castanhos, a pele morena e macia, e o olhar sedutor natural que aqueles olhos cor-de-mel lhe lançavam, seu cheiro delicioso, o sabor de seu sangue e o que ela sabia fazer na cama... Céus! Ela se tornou irresistível naquele mesmo momento em que a discussão entre somente os dois se inflamou. Cigana dos infernos! Bastava ela se aproximar dele e ele ficava doido para rasgar seu vestido e meter-se no meio de suas pernas. Só de pensar nisso, sua ereção pulsava absurdamente dentro das calças. Das duas uma: ou aquela prostituta ia se dar muito bem aquela noite, ou ela se daria muito, mas muito mal.

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Farraj e Amani saíram juntos na Range Rover totalmente negra que pertencia a ela e que ela mesma dirigia.

- E então? Aonde pretende ir? – perguntou ele

- Não sei. Procuro galpões ou lugares bem amplos.

- Vai mesmo competir com Afrodite?

- Sim e não. Minha proposta é diferente.

- Diferente como?

- Você vai ver. Mas antes de qualquer coisa, estou morrendo de fome. Vamos parar no Black Swan, comer alguma coisa e depois rodar a cidade.

- Tudo bem. Eu também estou bem faminto pra falar a verdade.

O Black Swan era um restaurante fino, de propriedade dela. Conseguir uma reserva naquele lugar era quase impossível, já que a agenda era lotada o tempo inteiro. Meses de espera até. Chefes renomados já haviam passado por ali. Por obter uma Estrela Michelin, ele havia se tornado a menina dos olhos de Amani, mas ela ainda contava com outros tipos de negócios pela cidade.

Após a maravilhosa refeição e uma conversa animada, Farraj e Amani voltaram a procurar lugares pela cidade. Mas ele percebeu que ela havia mudado seu humor.

- Ei, o que foi?

- Sabe, eu estava pensando sobre o que você disse mais cedo.

- O que?

- Sobre Tarik.

- Ah sim. Ei, desculpa se eu fui invasivo. Mas é só que...

- Você está certo. O que dói é o fato de eu não conseguir mais me lembrar dele como antes. E eu me sinto culpada por isso, porque se não fosse por ele, eu não estaria viva. E eu não sei mais o que amo, porque eu não sei mais o que lembrar.

- Amani, tá tudo bem. Você não precisa se sentir culpada. Já faz tanto tempo. Nossas vidas e nossos costumes precisaram mudar para que pudéssemos seguir aqui. Eu sei como se sente. EU também não me lembro dele como antes. É algo remoto na minha memória. E olha que eu passei mais tempo convivendo com ele que você. Mas as coisas são assim, Amani. Ele não está mais aqui entre nós. Está morto. E não podemos fazer nada pra mudar isso.

- Não fale assim.

- Não é ofensa dizer que um homem morto está morto. O que quero que você entenda é que você não precisa ficar mal por ter ido adiante sem ele. Tarik vai sempre estar nas nossas memórias porque ele foi importante pra nós dois de maneiras diferentes, mas com igual intensidade. Você não trai a lembrança dele por seguir em frente.

- Eu o amo... Amava... tanto. É estranho não sentir isso agora na mesma intensidade ou da mesma maneira. É tão diferente.

- Porque o que você ama agora é a memória dele e o que a presença dele na sua vida significou. Mas não quer dizer que tudo acabou. Sei por que está se sentindo assim. Veja, quando eu perdi Zahira achei que nunca mais em toda minha vida eu iria ser capaz de estar com outra pessoa que não fosse ela. Com medo de esquecer o que passamos juntos ou esquecer nossas promessas. Mas isso não aconteceu. Eu lembro de tudo, porém, o sentimento não é mais o mesmo. Mas não me sinto culpado por isso, porque sei que, onde quer que ela esteja, ela não ia gostar de me ver parado na vida. O mesmo vale pra você. Tarik jamais permitiria que você deixasse de viver a sua vida por culpa dele. Então não se sinta culpada em ter um caso com o Saga e de repente, se deixar levar.

- Não tenho um caso com Saga.

- Não me tome por um tolo, Amani. Eu conheço bem o cheiro de sexo e conheço o cheiro dele. Sempre que você vai às reuniões do Conselho volta com o cheiro dos dois. Sabe que não precisa esconder isso de mim. Eu não me meto na sua vida, mas não vou permitir que minta pra mim.

- Não tenho um caso com Saga. E não estou mentindo.

- Então é só sexo? Que seja. Fico feliz do mesmo jeito por você.

- Talvez não devesse. Eu não me sinto feliz com isso! Eu odeio o Saga e ele me odeia. É tão errado que já começa por ai.

- É normal sentir tesão por outra pessoa.

- Mas não uma pessoa que a gente odeia.

- Você, mais do que ninguém, devia saber que o destino nos prega peças. Ei, pra onde estamos indo? Estamos próximos demais do território dos lobos.

- Eu sei.

- O que você planeja?

- Estamos próximos do território de Aiolia também.

- Meu Deus, você planeja fazer o que? Uma arena de luta? Está louca Amani?

- Não. Só quero observar mais de perto um de nossos inimigos. Eles não precisam saber que o lugar vai pertencer a dois vampiros. Algo com um pouco de classe, mas meio bagunçado, musica de qualidade, porém barulhenta. Comida boa, porém saudavelmente proibida.

- Isso não vai dar certo.

- Ele me chama de "cigana", sabia?

- Quem?

- Saga. Ele não sabe de onde vim, ou o que fazia antes. Não sabe nada de mim. Daí faz essa relação idiota e totalmente errada.

- Bom, levando em conta nossas origens, poderíamos ser comparados dessa maneira.

- Mas ele faz isso no sentido pejorativo. Enfim. Não me sinto confortável com isso.

- Mas não consegue evitar, não é?

Diante daquela pergunta ela ficou calada. Mas Farraj continuou

- Como eu disse, você, muito mais do que ninguém deveria saber que o destino nos prega peças. Às vezes nos apaixonamos por pessoas que nem esperávamos.

- Não estou apaixonada.

- Mas está atraída. As coisas começam por ai.

- Não tente diagnosticar uma coisa que não existe.

- Tudo bem então. Se você, acredito em você.

- Vou colocar um ponto final nisso. Eu nem sei porque esse tipo de coisa acontece! Ele me desmoraliza e me constrange na frente de todos do Conselho. Você sabe que eu odeio esse tipo de coisa!

- Mas você não deixa isso barato, não é mesmo?

- Você deixaria?

- Não mesmo.

- Então você entende o que acontece.

- Sim. Entendo muito bem.

Continua.