Cartas serão sempre Cartas
Por Pikenna
Daisy Hookum para Otto Bagman
Não sei como deveria estar começando essa carta, sinceramente. Ensinaram-me a lutar desde cedo pelos meus sonhos, enfrentando todos os tipos de obstáculos que a vida iria impor em minha caminhada. Entretanto, nunca me explicaram como fazer para vencer as batalhas que aparecem no minado campo do amor. Por um problema, que talvez para você seja pequeno, eu o estou abandonando. Não sei como me sair vitoriosa perante algumas dificuldades que foram postas no caminho que me levaria até o seu coração. Simplesmente não sou capaz de enfrentá-las. Chame-me de medrosa ou covarde, não me importo, apesar de saber que não é uma verdade. Seria um ato egoísta meu continuar ao seu lado, pois além de correr risco de vida, eu colocaria também em risco aqueles que me são especiais – e nessa lista inclui você. Peço desculpas por não ser forte o bastante para suportar tamanho peso em minhas costas, deixando-o para você carregar sozinho. Desculpe-me meu doce amado. Desculpe-me, por favor. Sei que é mais capaz que eu. Vou correr atrás daquilo que me faz feliz e do meu destino, peça que faça o mesmo e não estanque no tempo. Já aviso de antemão que não há possibilidades de retorno. Estou, literalmente, permitindo que você voe livremente por essa imensidão azul. Você sempre foi como um pássaro que anseia pela liberdade de abrir as asas e se desprender da gaiola, estou lhe dando esse direito e, por favor, não o desperdice me esperando. Eu realmente não pretendo voltar. E novamente peço desculpas. Acredite que tudo o que estou fazendo é por amor a você e a mim também. Não duvide um minuto se quer desse sentimento que possuo por ti. Eu o amo, o suficiente para deixá-lo ir e sumir de sua vida. Você sempre será meu primeiro e grande amor, não pense que vou esquecê-lo, ainda que eu venha a me casar com outro homem. E também não ache que não encontrará outro amor em sua vida, pois você é novo. Haverá ainda milhares de garotas bonitas que roubarão seu coração se você não se fechar, é claro. Nosso amor foi bonito e aproveitamos o quanto podíamos dele, mas agora, é hora de seguir em frente e transformar o passado em apenas boas lembranças. Foi um amor juvenil. Coisa de adolescente. Você vai superar. Eu vou superar. Nós iremos superar. Desculpe-me por não ser capaz de lhe dizer tudo isso cara a cara e, dessa forma, colocar um ponto final no nosso romance. Eu não conseguiria fazer isso frente a frente contigo, eu iria fraquejar... Todavia, eu preciso ser forte. E nesse momento derramo lágrimas por estar lhe dando adeus sem nem se quer lutar pelo seu amor. Não me verá novamente Otto. Eu amo você, entendeu? Amo você! Mas eu quero conhecer o mundo trouxa, quero interagir com eles, pois sou simpatizante deles. E seu irmão está envolvido com quem não deve. Mais uma vez desculpe-me. Dessa vez estou me desculpando contigo por ter ouvido a sua conversa particular com Ludovic. Ele lhe pediu ajuda. E eu sei que vai ficar ao lado dele. Eu não posso estar ao seu lado e não vou pedir para que escolha entre mim e seu irmão, seria crueldade e egoísmo. Irmãos em primeiro lugar. Então voe Otto, voe para longe sem mim, viva e sorria por nós dois, seja feliz e se cuide, permita-se embarcar em novas viagens em direção a outros corações e alcance as altas nuvens, eu sei que é capaz de tudo isso, porque eu acredito em você, meu grande pássaro. Amo-te e sempre o amarei! Perdoa-me e, por favor, não me odeie por essa fuga, largando-o quando mais necessita de mim. Se ainda precisar de uma amiga, me escreva.
Com carinho,
Daisy Alexandra Hookum.
