Capítulo 1 - Epifania
Era madrugada e eu estava nos braços do meu anjo. Uma última noite antes de sua viagem prolongada de caça com Jasper. Ele iria ficar uma semana fora e mesmo enquanto ele ainda estava ali comigo, eu já sentia meu coração oprimido de dor e saudade.
Não conseguia conter meus pensamentos de que se fôssemos iguais ele não precisaria me deixar. Eu poderia estar ao seu lado nessas viagens,poderíamos nos tocar como eu sempre quis, poderíamos viver juntos para sempre.
Meu aniversário de 18 anos seria na próxima semana e eu tinha uma esperança secreta de que com minha maioridade, Edward se sentisse mais confortável com a idéia de me fazer sua para sempre. Já que ele sempre alegava que eu era muito jovem para ter certeza do que queria para minha vida, palavras que sempre me magoavam mais do que ele poderia imaginar. O fato de ele ter 107 anos e poder ler a mente das pessoas, o haviam tornado extremamente arrogante no que se refere as emoções e personalidades de quem o rodeava. E como ele não conseguia ler a minha mente, era enervante como ele minimizava meus sentimentos por ele.
Eu vivia pensando em maneiras de fazê-lo entender a enormidade do meu amor. Mas ao mesmo tempo eu pensava que se minhas ações no dia a dia com ele não eram suficientes, nada poderia fazê-lo. Sendo que a verdade era que eu preferia morrer a estar com qualquer outra pessoa. Sem drama ou pieguice, era a verdade nua e crua.
- O que você está pensando? – Edward me olhava tentando ler minha mente através dos meus olhos.
- No quanto eu te amo. – Nada mais do que a verdade dos meus pensamentos.
Ele tocou meus lábios com os seus, do modo casto que ele sempre fazia. O suficiente para começar a corrida do meu coração e eu me esquecer de respirar.
Não sei se foram os meus pensamentos anteriores, a opressão por saber que ficaria longe dele uma semana, a saudade das coisas que eu não sabia se um dia eu teria, mas de repente esse beijo foi muito pouco. Subi no seu colo e comecei a beijá-lo com toda a fome que eu tinha. A vontade de consumi-lo, de me impregnar com seu cheiro, seu gosto.
Edward pareceu chocado com minhas ações, ele sempre foi muito claro com os limites de nossa relação física e naquele simples espaço de segundos, eu havia desrespeitado todas.
Gentilmente ele segurou meus pulsos, tirando as minhas mãos que corriam pelo seu cabelo e me tirou do seu colo.
- Bella... Eu pensei que tivesse sido claro... Não podemos, eu não posso... Eu poderia te matar.
Senti meu rosto quente, as lágrimas já inundando meus olhos. Me sentia sozinha, perdida, humilhada. Baixei meu rosto, sem conseguir responder.
- Bella? Porque você está chorando? – ele suspirou frustrado – Achei que você tivesse entendido...
- Você nunca vai me transformar não é mesmo? – Eu o cortei. Simplesmente eu não podia ter essa conversa mais uma vez.
Ele virou a cabeça sem querer enfrentar meus olhos, respondendo com uma voz sombria:
- Não Bella, não vou! Não vou condená-la a essa vida. Não vou tirar sua alma. Você vai casar com alguém que te fará feliz, terá filhos, envelhecerá. É assim que tem que ser, você sabe disso.
Então toda a raiva, frustração, medo, tudo explodiu dentro de mim. Como ele podia banalizar meu amor por ele dessa maneira? Ele podia realmente me imaginar na cama com outro homem que não fosse ele? Era assim que ele dizia me amar? O que estávamos fazendo juntos então? Passando um tempo até que esse hipotético pai dos meus filhos aparecesse na minha vida? Foi então que a epifania me bateu como uma parede de tijolos. Edward iria me abandonar. Talvez não hoje, talvez não amanhã ou no próximo ano, mas em algum momento ele me abandonaria para que eu pudesse ir ao encontro do futuro que ele tinha escolhido para mim.
Porque era assim, ele havia escolhido meu futuro, sem me dar chance de opinar, sem levar em consideração meus sentimentos ou desejos. Em nome do que ele achava ser certo. Mais uma vez ele me achava imatura para tomar minhas próprias decisões.
Eu não podia continuar com isso, eu o amava com todo o meu coração e eu sabia que seria o único homem que eu poderia sonhar em ter ao meu lado. Homem algum poderia me beijar novamente, me tocar novamente. Eu nunca mais seria de ninguém, apesar dele não acreditar nisso, minha vida era dele. Mas eu não podia continuar ao seu lado vendo meu amor sendo desprezado, vivendo sempre no limite, esperando o dia em que ele simplesmente desapareceria. Eu precisava tomar as rédeas de minha vida. Eu iria embora.
E agora era o momento perfeito, ele estaria fora por uma semana. Eu estava fazendo 18 anos e poderia oficialmente viver sozinha. Charlie não ficaria feliz, nem Renee, mas acho que eles entenderiam. Eu precisava ficar só.
Tomei uma respiração profunda, tentando ocultar o turbilhão que passava na minha mente. Eu não pretendia contar minhas decisões para Edward, assim como eu sabia que o dia em que ele resolvesse me abandonar ele também não seria sincero comigo. Ele iria sem uma explicação ou contaria alguma mentira, mais uma vez minimizando os sentimentos que tínhamos um pelo outro.
- Edward, por favor, vá embora. Eu preciso ficar sozinha.
Ele me olhou assustado, lendo meus olhos por um longo tempo. Alguma coisa que ele viu deve tê-lo deixado realmente com medo.
- Porque Bella? O que foi? Fale comigo? – Sua voz era um sussurro. Ele me segurou com força, quase como se eu fosse desaparecer na sua frente.
Tentando conter as lágrimas que começavam a cair eu respondi:
- Vá para sua viagem, está tudo bem... Eu só preciso pensar.
- Pensar em que? Não, eu não vou deixá-la assim. Por favor me perdoe, eu não quis ser duro ou insensível, eu só preciso que você entenda...
- Eu entendo tudo Edward, mais do que você pode imaginar. Agora por favor, vá! Quando você voltar poderemos conversar. - Dizer essas palavras doía tanto, porque eu já havia tomado minha decisão de estar muito longe quando ele retornasse.
Eu havia tomado minha decisão. Eu precisava somente falar com Alice, porque pela primeira vez na minha vida, eu iria pedir ajuda a alguém.
- Você tem certeza? Eu posso ficar, posso adiar a viagem. Posso ir após seu aniversário. Eu não quero ficar longe de você agora. – Eu podia sentir o desespero em sua voz. Acho que inconscientemente ele sabia o que se passava em minha cabeça.
- Eu tenho certeza Edward. Eu realmente quero ficar sozinha. Não se preocupe comigo. Você pode pedir para Alice vir me verificar se isso vai deixá-lo mais tranqüilo. Agora por favor, você precisa ir.
Ele ficou durante muito tempo olhando em meus olhos, tentando ver o que eu estava escondendo, tentando entender minhas emoções.
Então ele se levando lentamente, beijando minha testa:
- Eu te amo Bella! Por favor nunca duvide disso! Vou estar pensando em você a cada segundo.
Com isso ele se encaminhou para minha janela. Antes que ele saísse para a noite eu lhe respondi:
- Eu também te amo! Adeus!
Queria poder lhe dizer que quem duvidava da força do nosso amor era ele e não eu.
