Chocolate e Esmeralda - Por Gih Black
Dizer o que há comigo? Parece fácil, mas nem faço idéia. Isso estava bem incompreensível, assim como todas as coisas que aconteciam.
James Potter sempre foi sinônimo de confusão. E quem acabou confusa fui eu. Sempre fomos como água e óleo... Mas não hoje.
Era época da guerra, e toda manhã éramos bombardeados com noticias de novos ataques. As informações eram manipuladas, e não era raro ver colegas chorarem ao lerem o Profeta Diário. As maldições proibidas pareciam ser os feitiços mais executados no momento. Talvez, naquela manhã, o maior choque tenha ocorrido. Charlus Potter¹ havia sofrido um ataque de Comensais. Olhares furtivos se direcionavam à mesa da Grifinória, ao lugar que os Marotos sempre ocupavam. Sempre não parecia significar hoje.
Tentei me convencer de que precisava buscar algum livro no dormitório. Não consegui, mas fui até a sala comunal mesmo assim. E lá estava ele, sentado, em frente à lareira. Seus olhos estavam vermelhos, mas não parecia alterado. Desviou o olhar para mim. E naquele momento, pude pronunciar as mais sábias palavras da minha vida.
- Você está bem?
Burra. Idiota. Estúpida. Tentei consertar.
- É que... sabe, você provavelmente não está.
- Uau, Evans. Sua percepção está como a de um trasgo.
Eu deveria entender o momento dele, mas meu primeiro impulso foi gritar um Vá a merda, Potter. Mas eu sou um ser racional, e sentimental. E sou perceptiva, como ele mesmo disse, e usei todo esse dom para prever que ele subiria as escadas para o dormitório.
- James.
James? JAMES? O que aconteceu com o "Potter"? Não existia James, apenas Potter. As coisas estranhas pareciam mesmo fugir do controle.
- Quero que saiba que sinto muito.
Levantei o olhar e percebi que ele já estava no alto da escada, mas parado, de costas para mim. Sabia que ele estava em ouvindo.
- Sei como é ter a família atacada por idiotas que só sabem executar três feitiços...
Isso pareceu confortá-lo por alguns segundos. Ele se virou e desceu os degraus da escada, parando no penúltimo antes de chegar ao chão. E começou a rir. Riu durante alguns minutos. Fiquei meio confusa. E aí o riso se misturou ao choro. É, talvez não tenha confortado ele.
Esperei no pé da escada até o choro cessar. Ele em encarou, durante um tempo que não sei dizer qual foi. Pude ver meus olhos verdes refletidos nos olhos chocolate dele. Desviei o olhar, incapaz de sustentá-lo.
- Obrigado.
- Sei como se sente. Papai dizia que quando algumas coisas ruins quase acontecem, você sempre faz uma escolha: Ou elas podem acontecer, ou não.
Quando voltei o olhar para ele de novo, senti nossos narizes se tocarem. Como se fosse inevitável, as mãos dele seguraram as minhas. Não sabia se devia fechar os meus olhos, enxugar minhas mãos, ou jogar um feitiço para que elas parasse de tremer. Eu estava prestes a beijar James Potter. Fechei os olhos.
Não havia ninguém que testemunhasse o que aconteceu, mesmo que em Hogwarts as paredes tivessem olhos. Foi um beijo doce e profundo. Calmo e eletrizante. Anestésico e instigante, que despertou todos os sentidos. Era sublime e quente. Chocolate e esmeralda, doce e precioso. Foi como se eu estivesse com um pé no céu e outro no inferno. E mesmo que eu fosse céptica para previsões, acreditei que meu futuro estaria repleto de divindade e pecado.
¹ Pai de James Potter
N/A Essa foi minha primeira fanfic. Postei ela porque tenho um... carinho por ela. Escrevi ela antes da Ordem da Fênix, mas mudei algumas coisas para soar melhor.
