NOTA DA AUTORA - Resolvi modificar um "pouquinho" os acontecimentos entre o período em que Abby e Luka retomam a relação e o episodio em que Abby decide ter o bebê
Prólogo
QUARTO DO LUKA
Abby acorda e por um momento, percebe que tem algo estranho... Aquele não é o seu quarto!
Aos poucos vai se lembrando da noite anterior. Meu Deus, o que eu fiz?Pensa. Minha intenção era apenas desabafar com Luka... Será que não consigo ter uma conversa civilizada entre quatro paredes com ele sem acabar na cama!
Ela olha para o homem que dorme a seu lado e percebe que ele tem um sorriso no canto dos lábios. E agora! Espero ele acordar? Saio de fininho? O que ele vai pensar?
Quando começa a se levantar, com todo o cuidado para não acordá-lo, percebe que está nua. Detalhes íntimos da noite anterior começam a martelar em sua cabeça e, mesmo a contragosto, não consegue conter um sorriso.
Abby sai da cama lentamente. Luka se mexe, mas não acorda. Aos poucos vai achando suas roupas. A blusa... A calça... Dá uma olhada ao redor, mas não consegue encontrar suas roupas íntimas. Droga! Era só o que faltava! Recrimina-se Como posso sair desse jeito!
De quatro no chão, ela tateia embaixo da cama procurando as peças que faltam quando percebe um movimento vindo da cama. Lentamente vai se levantando. Luka olha pra ela com um sorriso irônico nos lábios...
Capítulo UmNA TRIAGEM
Passaram-se alguns dias desde a noite fatídica. Abby e Luka conversaram e, decidiram manter sua relação apenas na amizade.
Abby está preenchendo prontuários.
Neela – Dá pra você dar uma olhada em um paciente? Ele reclama de dores no peito e batimentos acelerados. Já fiz todos os exames e não detectei nada. Pode ser que esteja deixando passar alguma coisa...
Abby (aérea) – Ahn!
Neela – Não ouviu uma palavra do que eu disse... Faz dias que você está assim. Quer conversar?
Abby – Não... Desculpe. O que foi mesmo?
Neela – Meu paciente. Gostaria que você desse uma olhada...
Abby – Ok
As duas se encaminham em direção ao paciente. Neela vai passando as anotações para Abby.
Neela – Ernest. J. Louis, 40 anos. Deu entrada no início da manhã. Chegou a desmaiar na triagem. Queixa-se de dores no peito e dificuldades para respirar. Os exames estão absolutamente normais. Mas ele continua se queixando.
Abby – Talvez seja apenas mais um solitário querendo um pouco de atenção. Você tentou conversar com ele?
Neela – Tentei... Mas ele continua afirmando sentir dores. Não tenho muito jeito pra essas coisas. Porque você não tenta?
Abby – Vou ver o que eu posso fazer.
Abby caminha em direção ao paciente que está no leito recebendo oxigênio e encontra um homem baixinho, ligeiramente acima do peso. Seus olhos transmitem grande insegurança.
ENFERMARIA
Abby – Sr.Louis, sou a Dr. Lockart. O senhor deu entrada queixando-se de dores no peito. No entanto, seus exames não mostraram nenhuma anormalidade.
O paciente tira a máscara e interrompe exasperado – Já falei que estou sentindo dores! Porque ninguém acredita! (levanta-se e faz menção de retirar-se)
Abby – Calma. Quero ajudá-lo
Paciente – Faz tempo que me sinto mal. Como se alguém passasse com um rolo compressor em cima do meu peito. Procurei um médico e ele falou a mesma coisa. Que os exames estão normais... Mas hoje está pior. Está difícil respirar... Só que ninguém acredita (nervoso) Vou embora!
Abby segura o paciente pelos ombros e faz que ele sente-se no leito.
Abby – Escute (senta-se na sua frente) Sr. Louis... Não estou dizendo que não acredito em você... Quero ajudá-lo!
O paciente mostra-se mais calmo. Abby continua. – O fato de seus exames estarem normais não significa que você não esteja sentindo nada... Significa apenas que pode não ser algo físico.
Ele olha pra Abby sem entender – Quer dizer que você acha que eu estou inventando? Que pode ser coisa da minha cabeça? (levanta-se agitado) Não estou louco!
Abby – Por favor, sente-se. Não estou dizendo isso.
O paciente senta-se novamenteAbby continua – Preste atenção. Muitas vezes nosso corpo reage de maneira estranha quando passamos por certas situações e nos dá a impressão de ser alguma doença. Há quanto tempo vem sentindo estas dores?
Paciente – Alguns meses... Quer dizer que se o exame não mostrar nenhum problema vocês não podem fazer nada! Foi isso que o médico disse no outro dia...
A porta se abre. Malik entraMalik – Vítima de atropelamento chegando em um minuto!
Abby olha para Malik e para o pacienteAbby – Sr. Louis, preciso sair, mas volto logo.
Abby sai seguida por Malik.
Duas horas depois Abby volta procurando o paciente, mas ele não se encontra.
TRIAGEM
Abby – Frank, você viu o paciente que chegou queixando-se de dores no peito!
Frank – Foi embora.
Abby – Como isso aconteceu!
Frank (irônico) – Ele falou que os exames estavam normais e passou por aquela porta. Um passo, depois outro...
Abby – Engraçadinho! Porque ninguém impediu?
Frank – E eu lá tenho cara de babá de marmanjo! Se os exames estavam normais, ele não estava doente. Se ele não está doente, pode ir onde bem entender.
Abby encara Frank, pensativa.
